Lindb e Princípios Gerais Flashcards
Quais as características básicas da lei, enquanto fonte primária do Direito
a) Competência: Como pressuposto de validade a norma, para valer contra todos deve:
1 ) Emanar de autoridade competente;
2) Respeitar ao processo de elaboração (Processo Legislativo); e
3) Ser materialmente compatível com a constituição.
b) Obrigatória, ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece.
c) Generalidade – a norma jurídica dirige-se a todos
os cidadãos, sem qualquer distinção, tendo eficácia
erga omnes.
d) Imperatividade – a norma jurídica é um imperativo, impondo deveres e condutas para os membros da coletividade.
e) Autorizante – o conceito contemporâneo de
norma jurídica traz a ideia de um autorizamento (a
norma autoriza ou não autoriza determinada
conduta), em contraposição à visão de Hans Kelsen de que não há norma sem sanção (Hans Kelsen).
f) Coercibilidade - algumas normas jurídicas, ao contrário das sociais, podem prever em razão de seu descumprimento, repressão/sanção.
Defina Costume
Práticas e usos reiterados com conteúdo lícito e relevância jurídica.
Vale dizer, para a caracterização do costume é necessário o Corpus, o elemento material, e Animus, o elemento psicológico.
O Corpus é a própria prática em si, que deve ser repetida com constância e uniformidade dentro da sociedade em questão. Animus, por sua vez, é a convicção de que essa prática é necessária e obrigatória.
Qual a classificação ou espécies de costumes
a) Costumes segundo a lei (secundum legem) – há referência expressa aos costumes no texto legal (não há integração, mas subsunção)
b) Costumes na falta da lei (praeter legem) – aplicados quando a lei for omissa, sendo denominado costume integrativo.
Exemplo de aplicação do costume praeter legem é o reconhecimento da validade do cheque pós-datado ou pré-datado.
Súmula 370 do STJ
prescreve: “caracteriza dano moral a apresentação
antecipada do cheque pré-datado”.
c) Costumes contra a lei (contra legem) – incidem
quando a aplicação dos costumes contraria o que
dispõe a lei.
Diferença entre Direito Consuetudinário x Costume
O Direito Consuetudinário é aquele que de forma a partir dos costumes da sociedade, que se consolidam em normas jurídicas. Essas normas não precisam passar por um processo legislativo e nem estar expressas na forma escrita.
O costume é elemento formador do direito consuetudinário, necessário mas não suficiente para sua caracterização, portanto, é necessário que a sociedade se organize e tenha como premissa o respeito a um conjunto de costumes que, pela sua aplicação, passam a ter relevância jurídica num determinado meio social.
Fale sobre a licitude e a relevância jurídica dos costumes
Lícito porque em vários dos dispositivos da vigente codificação é encontrada referência aos bons costumes, sendo seu desrespeito considerado abuso de direito:
Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Relevância jurídica em razão da consciência da sua obrigatoriedade.
Como se da a contagem de prazos da vacatio legis.
A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabelecem período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral. LC 95/1998.
Como aponta a doutrina, não interessa se a data final seja um feriado ou final de semana.
Ex.: Lei publicada em 29/02/2020 e com vacatio legis de 1 ano, entrará em vigor dia 02/03/2021, cf. lei 810/49.
Quais as hipóteses em que a lei posterior revoga a anterior?
Quando expressamente o declare;
Quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
Ex.: o código civil regulou inteiramente as disposições relativas condomínio edilício.
Quando estabeleça disposições gerais ou especiais, a par das já existentes não modifica nem revoga a lei anterior.
Ex.: o Código Civil dispôs de maneira especial sobre a locação urbana, não revogando, nem modificando a lei de locações.
Fale sobre a repristinação e o efeito repristinatório
O efeito repristinatório no Direito Brasileiro se dá, por exemplo, em situações de declaração de inconstitucionalidade ou concessão de medida cautelar suspendendo a eficácia de norma impugnada.
Inclusive a concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário. Ou seja, o efeito repristinatório afigura-se automático, exigindo-se manifestação expressa apenas para o caso de se querer afastá-lo.
O efeito repristinatório tem aplicação no âmbito do controle de constitucionalidade, a repristinação tem aplicação no plano da legislação, precisamente em relação à sucessão de leis no tempo.
Discorra sobre o princípio da obrigatoriedade das leis.
Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
a) Teoria da ficção legal, eis que a obrigatoriedade
foi instituída pelo ordenamento para a segurança
jurídica.
b) Teoria da presunção absoluta, pela qual haveria
uma dedução iure et de iure de que todos conhecem
as leis.
c) Teoria da necessidade social, amparada, segundo
Maria Helena Diniz, na premissa “de que as normas
devem ser conhecidas para que melhor sejam
observadas”, a gerar o princípio da vigência
sincrônica da lei.
O princípio da obrigatoriedade das leis admite exceções?
Não afasta a existência de erro substancial quando a falsa noção estiver relacionada com um erro de direito (error iuris), desde que este seja única causa para a celebração de um negócio jurídico e que não haja desobediência à lei.
Ex.: concessão de assistência médica suplementar com base em acordo coletivo de trabalho revogado.
Ex.: acordo celebrado em separação judicial destinando à esposa bem incomunicáveis.
Há ordem nos métodos de integração: analogia, costumes e princípios gerais do direito?
O Direito não é lacunoso, mas há lacunas.
Visão clássica: analogia, costumes e princípios gerais do direito devem ser utilizados na ordem em que se apresentam.
Escola de Direito Civil Constitucional: não há ordem na aplicação dos métodos de integração. Neste sentido:
CPC: ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Defina analogia
A analogia é uma forma de auto-integração da lei, uma forma de aplicação da norma legal, um método de integração do sistema jurídico, que pressupõe a ausência de lei que discipline especificamente a situação que enseja a extensão de uma norma jurídica de um caso previsto a um caso não previsto, com fundamento na semelhança entre ambos.
Funda-se no princípio geral de que se deve dar a casos semelhantes tratamento igual.
Miguel Reale: “É de presumir-se que, havendo correspondência de motivos, igual deve ser o preceito aplicável”
Dê exemplos de aplicação da analogia
Prevê o art. 499 do CC/2002 que é lícita a venda de bens entre cônjuges quanto aos bens excluídos da comunhão. Aplica-se, por analogia, ao companheiro, por não ser norma restritiva à liberdade contratual.
Quando não havia previsão legal do casamento homoafetivo, aplica-se a lei da sociedade civil ou o Código Civil (união estável).
(Ex: direitos sucessórios na união estável - equiparados ao casamento, conforme o STF)
No procedimento do júri, admite-se a substituição dos debates orais por memoriais, em analogia, ao que ocorre no procedimento comum ordinário.
Aplicação da responsabilidade civil objetiva a transportes diversos do ferroviário em analogia ao decreto-lei que o regulava. Atualmente, tais contratos de transporte são típicos, não sendo necessária a utilização da analogia.
Aplicação da revisão do negócio (oferecimento de suplemento suficiente) ao estado de perigo, em analogia ao que ocorre na lesão.
Defina Interpretação Extensiva
Trata-se de processo de extração do autêntico significado da norma, ampliando-se o alcance das palavras legais, a fim de se atender a real finalidade do texto. A interpretação extensiva atua dentro dos limites do sentido literal possível dos termos e expressões empregados pelo legislador
Dê exemplos de aplicação do instituto da interpretação extensiva
O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. Aplica-se ao companheiro, extensivamente.
O crime de racha na condução de veículo automotor, aplica-se também motocicletas e caminhões.
O alcance da extensão do conceito de casa deixando de ter o sentido apenas de residência para o sentido de propriedade privada (garagem, terreno, apartamento, escritório, áreas comuns de condomínio, etc)
Na causa de aumento de pena da extorsão, se o crime é cometido com emprego de arma ou na antiga causa de aumento de pena do roubo se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma. Mas, o que é arma?
Aplicação da revisão do negócio (oferecimento de suplemento suficiente) à lesão usurária, em analogia ao que ocorre na lesão.
Diferencie Analogia e Interpretação Extensiva
A interpretação extensiva atua dentro dos limites do sentido literal possível dos termos e expressões empregados pelo legislador, levando à aplicação da regra a situações que se enquadram na dicção legislativa, compreendida num sentido amplo.
Contrariamente, a analogia extrapola os limites semânticos da lei: vai além do dito pelo legislador, para estender a aplicação da regra impositiva àquilo que é análogo, mas distinto do fato tributado.
Por fim, Analogia é forma de integração pois, a norma que se deseja aplicar não contém a previsão para o caso que se deseja resolver.
Quais normas não admitem analogia e interpretação extensiva?
As normas de exceção ou normas excepcionais não admitem analogia ou interpretação extensiva.
Entre essas podem ser citadas as normas que restringem a autonomia privada que, do mesmo modo não admitem socorro a tais artifícios, salvo para proteger vulnerável ou um valor fundamental.
Cite um exemplo de uma norma restritiva em que cabe analogia.
A exemplificar, imagine-se que um pai quer hipotecar um imóvel em favor de um de seus filhos. Para anto, haverá necessidade de autorização dos demais filhos? A resposta é negativa, pela ausência de tal requisito previsto em lei. Na verdade, há regra que exige tal autorização para a venda entre pais e filhos (ascendentes e descendentes), sob pena de anulabilidade (art. 496 do CC). A norma não pode ser aplicada por analogia para a hipoteca, salvo para proteger um filho incapaz, por exemplo.
Diferencie Interpretação Analógica e Interpretação Extensiva
É o processo de averiguação do sentido da norma jurídica, valendo-se de elementos fornecidos pela própria lei, através de método de semelhança. não representa uma “falha” da norma, mas uma intenção dela, ou seja, há necessidade de buscar elementos externos aos do texto em si mas tal necessidade é extraída do próprio dispositivo
Existe um rol de exemplos seguido de forma genérica, como o art. 121, § 2º, I do CP - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe - a paga ou promessa de recompensa em si, são exemplos de motivo torpe.
Comente Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
Toda interpretação da lei deve ser teleológica, sociológica, isso porque diz que toda interpretação da lei deve atender aos fins sociais a que ela se dirige. E se é assim, toda interpretação deve ser teleológica, finalística, sociológica, deve se preocupar com a impactação social da norma jurídica.
Exemplo: a prova do tempo de serviço de atividade rural deve ser feita através de documentos e não por meio exclusivamente testemunhal. Contudo, nos casos em que o trabalhador rural não tem como provar através da prova documental, irá se admitir a prova exclusivamente testemunhal, desde que ela seja idônea.
Qual a primeira atividade interpretativa do intérprete?
A primeira atividade interpretativa que se impõe, em qualquer caso, é a interpretação conforme a Constituição.
Um bom exemplo disso é a perda da propriedade pelo abandono.
O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.
MESMO COM A PRESUNÇÃO ABSOLUTA, deve ser oportunizada a possibilidade de defesa, daí a interpretação correta: Presume-se, portanto, de forma absoluta, que o proprietário teve chance de se defender na via administrativa
Quais os casos em que uma interpretação deve ser ampliativa
No caso de garantias e direitos sociais e individuais
Quais os casos em que uma interpretação deve ser declarativa
Normas de direito administrativo
Quais os casos em que uma interpretação deve ser restritiva
Normas que estabeleçam privilégio, sanção, renúncia, fiança e aval.
Defina princípio
A palavra princípio vem de principium, que significa início, começo, ponto de partida, origem.
Em linguagem científica princípio quer dizer fundamento, causa, estrutura.
O termo foi introduzido na filosofia por Anaximandro de Mileto
São diretrizes gerais e básicas, fundamentam e dão unidade a um sistema ou a uma instituição.
Qual a natureza jurídica dos princípios
São espécies de normas dotadas de maior abstração do que as leis.
Qual a diferença entre princípios e leis?
Princípios além de maior densidade normativa, tem menor concretude, não estando sujeitos à rigidez de necessidade de aplicação no caso de subsunção nem estando o indivíduo sujeito aos ônus de sua não aplicação já que outros princípios podem ter sido aplicados no caso concreto.
Com relação à distinção lógica entre princípios e regras jurídicas, Dworkin sustenta que as regras são aplicáveis à maneira de um “tudo ou nada” (all-or-nothing), ou são completamente aplicáveis ou não possuem nenhuma aplicação. Os princípios, por outro lado, constituem-se em razões para decidir, não sendo aplicáveis automaticamente quando satisfeitas as condições previstas como suficientes a sua aplicação.
Fale sobre princípios gerais do direito
No Direito Romano, os princípios eram utilizados como forma de integração: viver honestamente, não lesar a ninguém e dar a cada um o que é seu.