Leveduras — Candidoses e Criptococose Flashcards
Leveduras
- Fungos unicelulares
- Anaeróbias facultativas — permite o crescimento numa variedade de ambientes:
» oxigénio disponível — respiração aeróbia
» oxigénio não disponível — fermentação de carboidratos, com produção de etanol e dióxido de carbono - São classificadas de acordo com os critérios :
» morfológicos. características das células vegetativas, modo de reprodução vegetativa
» fisiológicos
Características morfológicas — Células vegetativas
- Morfologia das leveduras — redondas, ovais, elipsóides, …
» a forma e dimensões podem variar dependendo da estirpe numa mesma espécie - Meio de cultura (cor, textura, superfície)
- Filamentação, pseudofilamentação
Características morfológicas — Tipos de filamentação
- Verdadeira filamentação:
» crescimento contínuo da levedura através da sua extremidade
» as paredes do filamento são paralelas
» os septos surgem secundariamente para separar todos os artículos
» cada artículo tem dimensão idêntica aos outros, com exceção do último que tem comprimento superior
» podem haver ramificações - Pseudofilamentação:
» sucessão de “gémulas” alongadas produzidas em cadeias ramifiadas
» cada gémula pode alongar-se sem se destacar da célula mãe e das gémulas precedentes
» as paredes formadas não são paralelas
» não há formação de verdadeiros septos, mas antes de constrições entre cada gémula
Características morfológicas — Modo de reprodução vegetativa
- Gemulação: modo de reprodução mais frequente. Surge uma evaginação num ponto da célula mãe, que cresce e se separa
- Fissão: forma-se um septo ao longo do eixo da levedura
- Astrósporos: esporos formados pela desarticulação da hifa de fungos filamentosos ou leveduras
- Blastosporos e blastoconídios: esporos formados por brotamento ou gemulação
- Formação de tubo de germinação (característico de Candida albicans)
Características morfológicas — Clasmidoconídios ou clasmidosporos
- Têm função de resistência
- Células geralmente arredondadas, de volume aumentado, com paredes duplas e espessas, nas quais se concentra o citoplasma
- Localização no micélio, pode ser apical ou intercalar
- Forma-se em condições ambientais adversas, como escassez de nutrientes, de água e temperaturas não favoráveis ao desenvolvimento fúngico
- São produzidos por Candida albicans e Candida dubliniensis
Características fisiológicas
As leveduras obtêm a energia de que necessitam por oxidação ou fermentação de determinados compostos azotados, carbonados ou outros
- Utilizado na identificação bioquímica das leveduras
Características fisiológicas — Compostos azotados
- Assimilação do nitrato de potássio
- Hidrólise da ureia — ainda que as leveduras sejam todas capazes de utilizar baixas concentrações de ureia como composto azotado, a maioria não tem a capacidade de hidrolisar fortes concentrações (exceção de Cryptococcus ou Rhodotorula)
Características fisiológicas — Compostos carbonados
- Assimilação dos açúcares
- Fermentação dos açúcares
Características fisiológicas — Redução do tetrazólio
- Algumas leveduras têm a capacidade de reduzir os sais de tetrazólio e de os transformar num composto corado, o formazan que, incorporado na levedura irá colorir a colónia (ex.: C. tropicallis passa a violeta; C. albicans — permanece praticamente branca)
Características fisiológicas — Resistência à cicloheximida (actidiona)
- Antifúngico que impede o crescimento de fungos contaminantes em meio de Sabouraud preparado com este AF. Algumas leveduras são sensíveis, e outras, tais como C. albicans são resistentes
Características fisiológicas — Atividade da fenoloxidase (enzima)
Crescimento a 37ºC (verificação do seu poder patogénico)
Nas análises micológicas para identificação de leveduras, os critérios de identificação são morfológicos e fisiológicos; É indispensável associar os dois. A identificação destes critérios permite identificar Género/Espécie
Candidoses
Agente etiológico: Candida sp.
- Leveduras do género Candida — mais frequentes em patologia humana
- Flora endógena comensal do Homem (ex.: pele, mucosas do trato gastrointestinal, orofaringe e vaginal) em cerca de 80% de indivíduos saudáveis sem evidência de doença
- Espécies reconhecidas como agentes patogénicos humanos: C.albicans — mais importante e prevalente; C. glarata; C. parapsilosis; C. tropicalis; C. guillermondii*; C. Krusei; C.dubliniensis
Candidoses superficiais: infeções locais de membranas mucosas
Infeção/Candidose focal invasiva: invasão de um órgão (aguda ou crónica)
Candidose disseminada (candidémia): disseminada em vários órgãos
Resposta imune é um importante determinante do tipo de infeção
Candidoses superficiais
- Candidose cutânea
- Candidose orofaríngea
- Candidose genital
- Candidose esofágica (Esofagite)
- Candidose mucocutânea crónica
Candidose Cutânea
- Inclui candidose intertriginosa, periónica e das pregas
- Ocorre preferencialmente em:
» regiões interglúteas — extensão de vulvovaginites
» regiões sujeitas à sudação excessiva e maceração
» regiões infra-mamárias, axilares, inguinocrurais, suprapúbiana
» pessoas obesas, alcoólicos, diabéticas e crianças que usam fralda
Clínica: - Lesões eritematosas, húmidas, com bordos mal definidos e escamosas, formadas por vesículas que se rompem
- Interdigitais: fissura central, circundada por pele macerada, desprendida e esbranquiçada
Candidose orofaríngea
- Infeção comum
- Hospedeiros: crianças, adultos mais velhos, pacientes tratados com antibióticos, estados de imunidade celular deficitária
» Crianças — “sapinhos” - C. albicans e C.dubliniensis v pacientes HIV positivos
- Candidoses bucais e peribucais são as mais frequentes
Clínica: - Pequenas pápulas brancas, confluentes, aderentes (camada cremosa, que pode cobrir o palato, língua e faringe)
- Cantos da boca podem ser atingidos — boqueira, espessamento e fissuração da mucosa
- Por vezes assintomática
Candidose genital
- Hospedeiros: mulheres (mais frequente), homens
- Aproximadamente 85% dos casos por C.albicans e 5-10% por C. glabrata
- Fatores de risco:
» Associado a aumento de níveis de estrogénio
» Antibióticos, corticosteróides
» Diabetes mellitus, infeção HIV
» Utilização de dispositivos intrauterinos
Clínica: - Na mulher - prurido de grau variável e corrimento esbranquiçado, abundante e floculoso
- No homem - eritema, mais ou menos pruriginoso, pequenas pústulas no sulco balanoprepucial, corrimento mais ou menos abundante (Balanite). Pode haver extensão às virilhas e à região perianal
Candidose esofágica
- Forma rara
- Observada em imunodeprimidos
- Diagnóstico por endoscopia, biopsia e consequente cultura
Candidose mucocutânea crónica
- Infeções superficiais crónicas que podem atacar a pele, as unhas e as mucosas orais
- Infeções raras, por vezes em associação com dermatofitoses
- Em recém-nascidos: candidose cutânea congénita
- Acompanhada de ID celular
Candidose focal invasiva
- Invasão de um órgão (aguda ou crónica)
- Formas de candidose:
» Faringites, amigdalites, gastrites, queratites, uretrites, otites e quadros pulmonares
Candidose disseminada (candidémia)
- Disseminada em dois ou mais órgãos não-contíguos
- Dispersão hermatogénea
- Cultura de sangue positiva
- Fatores de risco:
» Inerentes ao hospedeiro (imunossupressão, baixo peso em bebés pré-termo)
» Relacionados com cuidados de saúde (cateterização intravascular (líquidos contaminados), procedimentos cirúrgicos, hemodiálise, etc.)
Manifestações clínicas bastante variáveis e não específicas:
- Febre, lesões cutâneas, etc.
- Cardíaca, digestiva, respiratória, hepática, etc.
- Síndrome de sépsis
Tipos de Candida
Candida parapsilosis - infeções sistémicas (cateteres), bebés prematuros, equipamento prostético contaminado
Candida tropicalis - infeções invasivas — neoplasias, neutropénicos e transplantados de MO
Candida glabrata - consequência de terapêutica ou profilaxia fluconazol. Transplantes de medula óssea. Cirurgia. Uso de cateteres urinários ou vasculares. Neutropenia
Candida krusei - resistência à terapêutica com azóis constitui um desafio para os clínicos
Diagnóstico Laboratorial Candidose
Diferenciação: Colonização x Doença
- Grande número de leveduras
- Exibição de características de invasividade (pseudo-hifas e/ou hifas)
- Associação com as características clínicas
- Associação com a imunidade/ uso de medicamentos
Amostras clínicas:
- Escamas, pele, unhas, exsudado de mucosas, fluxo vaginal, biópsias, secreções, urina, líquido cefalorraquidiano, pleural e peritoneal, sangue, medula óssea
Exame micológico direto: observação direta com KOH e esfregaço corado
Cultura:
- Saberoud + clloranfenicol (obtenção de culturas puras)
- Pseudomicélio ou verdadeiro micélio (colónias com 8-15 dias)
- Identificação das espécies:
» Testes bioquímicos (galerias de identificação)
» Meios específicos para Candida sp.
» Indução de clamisdósporos terminais em meios pobres
PCR
Diagnóstico micológico Candida albicans
Exame macroscópico:
- Saberoud — colónias brancas, aspeto cremoso, superfície lisa e brilhante
- Existem meios comerciais que permitem a identificação de C. albicans
Exame microscópico:
- Células redondas ou ovais; gemulação; em colónias com 8-15 dias; pseudomicélio ou verdadeiro micélio
Teste de formação de tubo germinativo-blastese
Galerias de identificação rápida (ID-32)
Terapêutica Candidose
Diferentes formas de candidose: medicação tópica com derivados imidazólicos (ketoconazol, fluconazol, …) e sistémica; nistatina
Candidose disseminada: Anfo B, derivados azólicos (Fluconazole, Itraconazole, Voriconazole), remoção dos fatores predisponentes
Criptococose
Agente etiológico: levedura encapsulada (polissacárida) — Cryptococcus sp.
Espécies reconhecidas como agentes patogénicos humanos:
- C. neoformans var. neoformans (serotipos A e D) (cosmopolita)
- C. neoformans var. gatti (serotipos B e C) (regiões tropicais)
Encontra-se na natureza
Transmissão Criptococose
- Inalação (leveduras do meio ambiente)
- Inoculação traumática
- Homem-Homem — tecido de transplante contaminado
- Zoonótica (fezes de pombos, vegetais e frutos em decomposição e eucaliptos (var. gatti))
C. gatti
- Curso clínico mais prolongado com maior morbilidade e mortalidade
- A infeção requer terapia antifúngica prolongada
- Está associada a sequelas neurológicas e intervenções neurocirúrgicas
- Afeta principalmente pacientes imunocompetentes
C. neoformans
- Pacientes imunocomprometidos (transplantados, HIV/SIDA)
- Febre e infeção disseminada
- Micose oportunista
Quadro clínico Criptococose
Fase assintomática: sem sinais e sintomas; Com provável comprometimento pulmonar
Fase sintomática:
- Quadro pulmonar (sinais e sintomas de gripe, dor torácica e febre
- Meningoencefalite (envolvimento do SNC)
- Forma cutânea (lesões variáveis)
– Forma disseminada
Neurocriptococose (acometimento do SNC)
- Líquor: excelente para meio de cultura
- Quadro clínico com duração variável (semanas ou meses), com períodos alternados de exacerbação e remissão
- Meningoencefalite: comprometimento cerebral difuso associado com meningite
Criptococose — forma disseminada
A partir de foco pulmonar ou do SNC:
- Vias de disseminação: sanguínea (principal) e linfática
- Fígado, rins, baço, gânglios linfáticos, suprarrenais, pele e ossos
Diagnóstico laboratorial (Criptococose)
- Exame direto (observação de leveduras redondas com cápsula-tinta da China)
- Serologia
- Cultura (48-72h; 30-35ºC)
- APIs
- Serotipagem (4 serotipos A-D)
Terapêutica (Criptococose)
- Anfotericina B (tratamento de escolha para as infeções do CNS)
- Anfotericina B + F-Fluritosina
- Fluconazol