Introdução e entrevistas: Criança Flashcards
O que é a psicopatologia?
Perturbação clinicamente significativa na cognição, regulação emocional ou comportamento. Geralmente está associada a angústia ou prejuízo em áreas importantes do funcionamento
É utilizada uma mesma definição de psicopatologia para a infância\adolescência e para a idade adulta?
- Sim a base da definição é a mesma, no entanto não podemos utilizá-la em tudo.
- há determinados comportamentos que são adaptativos na infância mas na vida adulta são preocupantes.
O que é a avaliação?
coleta de dados com os quais identificar as características distintivas de casos individuais. Cada caso pode ser distinguido de outros casos em várias maneiras.
O que é a classificação?
qualquer ordenação sistemática de fenómenos em classes, grupos, tipos
O que é a taxonomia?
efere-se a um subconjunto de classificações que pretendem refletir diferenças intrínsecas
O que é o diagnóstico?
- coleta dos dados necessários para decisões diagnósticas
- são atribuidas categorias aos casos
- esforços para elucidar múltiplos aspetos da condição de um indivíduo.
Quais as 3 funções da classificação e diagnóstico?
- Permitem a organização de informação sobre certos tipos de problemas, facilitando o desenvolvimento de conhecimentos especializados
- Permitem o desenvolvimento de informações epidemiológicas sobre a incidência e a prevalência de diversos problemas
- Proporcionam uma linguagem comum através da qual clínicos e investigadores são capazes de comunicar entre si
Que sistemas de classificação existem para crianças e adolescentes ?
- DSM-5
- DC: 0-5
Quais as vantagens da abordagem categorial?
- Permite a codificação simples e breve de informação complexa sobre vários aspetos do caso clínico, sem a simplificação excessiva de um sistema categorial com um único eixo poderia introduzir
- Permite que um determinado caso tenha mais do que um diagnóstico (eixo 1), o que proporciona aos clínicos e investigadores um meio de lidar com o problema da comorbilidade
- Uniformiza critérios
- Auxilia o diagnóstico diferencial
Quais as limitações da abordagem categorial?
- problemas de fidelidade, abrangência e comorbilidade
- pouca atenção a especificidades desenvolvimentais e multiculturais
- Menor atenção, podendo levar à desvalorização de quadros subclínicos
Quais as vantagens da abordagem dimensional?
- Ao estar ancorada em dimensões empiricamente validadas, apresenta maior consideração por fatores contextuais e culturais
- Valoriza e considera as especificidades desenvolvimentais
- Assente num continuum, esta abordagem não desperdiça informação potencialmente importante (p.e., sobreposição entre síndromes é clinicamente relevante)
- Valoriza e considera os quadros subclínicos, permitindo um foco no diagnóstico
- Possibilita o estudo das trajetórias, mais flexível e informativa face à mudança
Quais as limitações da abordagem dimensional?
- Pode conduzir a dificuldade de comunicação entre os profissionais
- Limita a resolução de problemas práticos ou concretos (p.e., acesso a serviços, intervenções e outros apoios)
Comente o instrumento ASEBA.
Sobre este instrumento é importante saber que tem como base uma abordagem dimensional e apresenta uma panóplia de questionários que definem onde e como os sintomas se agrupam (clusters) e os seus informadores:
- CBCL (pais)
- TRF (professores)
- YSR (crianças dos 11 aos 18)
Explique os diferentes problemas que existem na idade escolar, nomeadamente: internalização, externalização e outros.
- Internalização: ansiedade, depressão, queixas somáticas e isolamento
- externalização: comportamento agressivo e comportamento deliquente
- outros problemas: problemas de pensamento, problemas sociais e problemas de atenção
visão multidimensional
avaliação de múltiplos domínios
visão multinível
contextos de desenvolvimento - proximal a distal - que contribuem para a trajetória
visão dinâmica
interação de domínios, contexto e criança
avaliação baseada em hipóteses
etapa guiada por hipóteses baseadas na informação que têm naquela fase. para cada caso é importante ter em consideração:
- objetivos de avaliação
- domínios de avaliação
- metodologias e testes apropriados
- relação entre os instrumentos selecionados
- fatores contextuais (com potencial impacto nos resultados)
- síntese e interpretação
Porque é que a psicopatologia na infância e na adolescência é um processo desenvolvimental e recursivo?
- tarefas nucleares da etapa desenvolvimental e a sua resolução com sucesso
- as etapas sucedem-se e podem justificar o retrocesso a etapas anteriores
Quais as etapas de avaliação?
- Planeamento
- Avaliação e formulação
- Intervenção
- Finalização
Quais as diferentes etapas na avaliação e formulação?
são 8 etapas
- pedido
- entrevista
- formulação de hipóteses
- seleção de testes
- aplicação de testes
- rejeitar\modificar\aceitar hipóteses
- interpretação
- devolução e recomendações
descreva a fase de planeamento
tem como objetivos planear os intervenientes (quem encaminha, cliente, tutores, cuidadores primários, professor, assistente social ou outros profissionais), planear o que questionar a cada um e decidir os procedimentos de avaliação a utilizar (na sessão inicial e subsequentes)
Como planear uma entrevista aos pais da criança?
Nesta fase, será importante ter em conta relatórios anteriores, avaliações psicológicas, médicas e psicossociais caso estas existam.
Para orientar a entrevista devem seguir-se os seguintes pontos:
- história do problema
- fatores predisponentes, precipitantes, de manutenção e de proteção
- história desenvolvimental da criança
- desenvolvimento da família
- genograma
como planear a entrevista centrada na criança?
Deve-se passar por vários domínios durante a entrevista:
- percepções da criança sobre o problema e estratégias de coping
- percepções da criança sobre a qualidade das relações
- competências cognitivas e académicas
- autoestima, autoeficácia e estilo atribucional da criança
- amizades e competências de resolução de problemas
- posicionamento da criança sobre possíveis mudanças (p.e., alteração de residência, divórcio)
- capacidade da criança para se envolver em terapia (individual, grupo, familiar)
- genograma e linha da vida
como planear o contacto com a escola?
tendo em conta relatórios anteriores e resultados em testes padronizados, resultados em avaliações escolares e testes de avaliação e outros registos escolares e até se pode pedir para ver os cadernos da criança.
- desempenho académico atual e passado
- desempenho atual e passado noutras atividades, p.e., desportivo
- relações atuais e passadas com os professores e pares
- crenças do professor sobre o problema e possíveis soluçõese expectativas dessa resolução
- expectativas do professor quanto ao desempenho académico e comportamento da criança
- disponibilidade para aulas de apoio
- quantidade e qualidade da relação entre pais e professores
- utilização de reforço positivo e envolvimento da criança nos assuntos da escola
como planear a avaliação psicométrica?
- tabela com o construto, instrumentos utilizados, informadores e número da sessão.
- relevância dos instrumentos para a avaliação do caso (incluindo abordagem contextual à avaliação),
- avaliação das características psicométricas do instrumento
- brevidade e facilidade da utilização do mesmo
descreva a fase de avaliação e formulação
- contrato de avaliação
- reformulação recursiva
- construção de aliança terapêutica
- formulação e feedback
como construir um contrato de avaliação?
- explicar em que consiste a avaliação, destacar a natureza voluntária de avaliação e limites à confidencialidade e dar aos pais e à criança a oportunidade de aceitar ou rejeitar a realização de avaliação
- clarificar expectativas
- definir um acordo para trabalho conjunto
como fazer uma reformulação recursiva?
o processo encontra-se concluído quando a formulação se ajusta:
- aos aspetos significativos do problema
- às vivências dos elementos significativos da rede da criança em relação aos problemas apresentados
- conhecimentos disponíveis sobre problemas semelhantes descritos na literatura
como construir uma aliança terapêutica?
a. comunicação: aceitação, empatia e autenticidade
b. Parceria colaborativa
c. Postura de curiosidade terapêutica
d. Abordagem participativa e convidativa
e. Reconhecimento da possibilidade dos processos de transferência e contratransferência
o que é a formulação?
a formulação é teoria que explica como é que os problemas apresentados se desenvolveram, porque persistem e quais os fatores de proteção que podem impedir o agravamento ou contribuir para resolver o problema
como fazer formulação?
- Listar os problemas identificados durante a avaliação (p.e., encoprese, problemas de comportamento)
- Resumir dos pontos mais relevantes das entrevistas e restantes sessões de avaliação
- Classificar e articular pontos como fatores predisponentes, precipitantes, manutenção e proteção
o que é feedback?
providenciar à família feedback sobre a formulação ajustado às suas capacidades cognitivas e disponibilidade emocional para o aceitar e delinear com a família opções para a subsequente gestão do caso
o que é uma entrevista clínica?
- Tem uma finalidade específica (seleção de temas anterior à entrevista) e ocorre num determinado contexto (relacional específico)
- foco em múltiplos aspetos da interação (verbal e não verbal)
- técnicas para manter o fluxo da conversação
- aceita a expressão de sentimentos e pensamentos
- sem julgamentos
- segue diretrizes da confidencialidade
quais os pressupostos da entrevista centrada na criança?
- Não existe uma única metodologia\instrumento gold-standart para a avaliação da criança
- O comportamento da criança varia de acordo com as situações e relações
- O grau de concordância entre os diferentes informantes é entre baixo a moderado (observação da criança em diferentes situações, tipo e qualidade de relação)
- A estrutura e o conteúdo da entrevista varia em função do informante e objetivos
quais os objetivos da entrevista centrada na criança?
- estabelecer uma relação
- perspetiva da criança sobre o seu próprio funcionamento e as intervenções possíveis
- Observar o comportamento e o estilo de interação da criança
- Identificar os pontos fortes e as competências da criança que podem ser mobilizados
como se utiliza a abordagem multi-método?
observação - teste A
entrevista com os pais - teste B
entrevista com o professor - teste c
o que se deve ter ter em consideração numa entrevista feita a uma criança pré operatória (3-5 anos, período pré-escolar)
- Grande expansão no uso do pensamento simbólico
- Crescente entendimento da causalidade, das identidades, das categorizações e do número
- Capacidade para se envolverem em jogo recíproco
- Dificuldade em considerar o ponto de vista de outra pessoa (egocentrismo)
- Tendência para vincular mentalmente determinados fenómenos, havendo ou não relação causal lógica (transdução)
- Limitações na atenção (incluindo em interações de jogo) e memória
- Apesar dos avanços, existem limitações nas capacidades de nomeação e reconhecimento das emoções
- O certo\errado de um comportamento é definido pela consequência (“castigo”) – moralidade pré-convencional
que comportamentos se devem adotar numa entrevista a uma criança pré operatória (3-5 anos, período pré-escolar)
sentar ao nível da criança
* √ período mais curto para questões
* √ período mais longo para as respostas
* √ questões abertas
* √ menor complexidade das questões e ajuste do vocabulário
* √ brinquedos, adereços e outros materiais lúdicos
* √ balançar questões e jogo
* √ “Hmm”; “okok”;
que comportamentos NÃO se devem ter numa entrevista a uma criança pré operatória (3-5 anos, período pré-escolar)
controlo inflexível da entrevista, questões que produzem respostas sim\não e fluxos constantes de resposta-pergunta
o que se deve ter ter em consideração numa entrevista feita a uma criança operacional concreta (6-11 anos, período escolar)
- Aumento da capacidade para avaliar causas e efeitos
- Progressos mais sólidos no processamento e retenção de informação
- Conseguem concentrar-se mais do que as crianças mais novas, e podem concentrar-se numa informação necessária\desejada enquanto eliminam a que não lhes serve (atenção seletiva)
- Melhores capacidades de raciocínio indutivo e dedutivo
- Dificuldades no raciocínio abstrato
- O certo\errado de um comportamento é baseado nas regras e convenções sociais (moralidade convencional)
que comportamentos se devem adotar numa entrevista a uma criança operacional concreta (6-11, período escolar)
- √ tempo para o estabelecimento da relação
- √ seguir as pistas da criança para a entrevista
- √ questões abertas e exemplos
- √ pistas contextuais (imagens, dar exemplos)
- √ simplificar questões ou reformular
- √ pedidos diretos e claros (p.e., transições entre tópicos)
que comportamentos NÃO se devem ter numa entrevista a uma criança operacional concreta (6-11, período escolar)
- × Evitar o controlo inflexível da entrevista
- × Evitar questões que produzem respostas certo\errado
- × Evitar questões abstratas
- × Evitar questões de retórica
- × Evitar questões dos “porquês”
- × Evitar julgamento
- × Evitar contacto ocular constante
o que se deve ter ter em consideração numa entrevista feita a uma criança operatória formal (12-18 anos, adolescência)
- Capacidade para gerar conclusões abstratas a partir do raciocínio lógico
- Capacidade para se envolver na resolução sistemática de problemas
- Aumento da capacidade de comunicação verbal
- Capacidade para considerar os pontos de vista de um terceiro elemento
- Reações emocionais intensas e labilidade
- Consciência social e auto-percepção
- Experimentação e identidade
- Importância da aceitação pelos pares
que comportamentos se devem adotar numa entrevista a uma criança operatória formal (12-18 anos, adolscência)
- √ clareza nos limites à confidencialidade
- √ respeitar os pontos de vista próprios e sentimentos
- √ solicitar estratégias alternativas para a resolução dos problemas
- √ risco de suicídio
que comportamentos NÃO se devem ter numa entrevista a uma criança operatória formal (12-18 anos, adolscência)
- × Evitar termos técnicos
- × Evitar uso de técnicas e espaço infantil
- × Evitar julgamentos
- × Evitar contacto ocular constante
Relativamente ao SCICA (entrevista clínica para crianças e adolescentes) integrada no sistema ASEBA, que tópicos se devem referir?
- atividades e interesses (atividades favoritas, desporto, hobbies, tarefas, trabalho)
- escola (o que gosta mais e menos, notas, trabalhos de casa, relações, etc)
- amizades (nº de amigos, atividades, problemas, bullying, estratégias de coping)
- autopercepções e sentimentos (objetivos futuros, desejos de mudança, sentimentos e preocupações, pensamentos estranhos, ideação suicida)
- relações familiares (pessoas, regras e castigos, relações com pessoas)
- questões específicas da adolescência (alcool e drogas, comportamentos antissociais e justiça, namoro, redes sociais e internet)
como descreveria o SCICA (entrevista clínica para crianças e adolescentes) integrada no sistema ASEBA?
- Conteúdos e outras questões desenvolvimentais (com técnicas incorporadas)
- Entrevista semiestruturada
- Introdução dos itens problema
- Observação a relato
- Confidencialidade
- Ajuste desenvolvimental e materiais que acompanham a entrevista
- O entrevistador regista o comportamento da criança e o seu relato
- Perspetiva da criança sobre os problemas relatados pelos adultos
Descreva o desenho da família cinética
deve ser aplicado a crianças entre os 6 aos 11 anos, com objetivo de pedir à mesma que desenhe a sua família a fazer algo. posto isto, deve pedir-se à criança que esclareça algumas questões relativas ao desenho, como quem são as pessoas, o que estão a fazer, descrever um pouco as pessoas e as suas relações, etc
descreva o exercício “frases por completar”
este exercício deve ser aplicado a crianças com mais de 8 anos, tendo como intenção explorar um pouco os seus pensamentos e sentimentos. é importante ter em atenção:
* Evitar que a técnica seja vista como um teste
* Auxiliar as crianças mais novas, escrevendo as respostas por elas
* Permitir a crianças mais velhas\adolescentes que sejam os próprios a escrever as suas respostas
Descreva o exercício “três desejos”
- direcionado para crianças ou adolscentes
- perguntar sobre que três desejos pediria e quais as razões para tal
descreva os testes de realização
administrar testes standarizados que não duram mais de 15 a 20 minutos que têm como base exercícios
* matemática
* leitura
* escrita
descreva os testes de motricidade
- feitos a crianças com mais de 12 anos
- baseia-se em pedir para mostrarem determinados membros do corpo ou moverem-nos para se avaliar o nível de motricidade
descreva o instrumento DAWBA (development and well being assessment)
este instrumento tem uma versão para pais de crianças dos 5 aos 17 anos e a versão de adolescente dos 11 aos 17 anos. aconselha-se que em casos que seja possível se aplique à criança e ao seu cuidador. avalia os seguintes tópicos:
1. ansiedade de separação
2. fobia específica
3. fobia social
4. ataques de pânico e agorafobia
5. PTSD
6. compulsões e obsessões
7. ansiedade generalizada
8. depressão
9. atenção e hiperatividade
10. outros problemas e preocupações
quais os objetivos da entrevista com pais\cuidadores?
- Promover o estabelecimento da relação
- Conhecer as preocupações atuais dos pais sobre o funcionamento da criança
- Identificar e priorizar problemas específicos da criança para a intervenção
- Conhecer as competências e forças da criança que podem potenciar a intervenção.
- Conhecer aspetos da história de vida e saúde da criança que podem estar associados ao problema.
- Saber se foram previamente implementadas outras intervenções.
- Se foram recolher informação sobre a sua eficácia.
- Avaliar a viabilidade e aceitabilidade de uma futura intervenção.
quais os tópicos essenciais na entrevista com os pais\cuidadores?
- preocupações com a criança
- preocupações sobre o funcionamento emocional e comportamental (natureza do problema, prioridades, antecedentes e consequências, expectativas e forças da criança)
- funcionamento social (amigos, problemas sociais, lutas, ansiedade)
- funcionamento escolar (notas, problemas, professores, apoios, comportamento, trabalhos de casa)
- história de desenvolvimento e médica (doenças, gravidez, atrasos desenvolvimentais e temperamento)
- relações familiares (qualidade, regras e castigos, tarefas e recompensas, ambiente familiar e problemas dos seus membros)
quais os objetivos na entrevista com o professor?
- Conhecer as preocupações atuais dos professores sobre o funcionamento da criança.
- Identificar e priorizar problemas específicos da criança para a intervenção na escola.
- Conhecer as competências e forças da criança que podem potenciar a intervenção.
- Conhecer aspetos da história escolar da criança que podem estar associados ao problema.
- Saber se foram previamente implementadas outras intervenções.
- Se foram recolher informação sobre a sua eficácia.
- Avaliar a viabilidade e aceitabilidade de uma futura intervenção.
quais os tópicos que devem ser abordados na entrevista com o professor?
sempre relativamente ao ambiente escolar:
1. preocupações com a criança
2. problemas emocionais e de comportamento
3. desempenho académico (notas, atividades, relações, trabalhos de casa)
4. estratégias pedagógicas (trabalhos de casa, projetos, tutoria)
5. intervenções realizadas (estratégias específicas com a criança, p.e., time-out)
6. apoios e serviços (ensino especial)