Insuficiência Renal Aguda Flashcards

1
Q

O que é a Insuficiência Renal Aguda (IRA)?

A

É uma síndrome clínica que se caracteriza pelo aumento da creatinina sérica em 0,3mg/dL ou mais nas 48h após a observação ou 1,5 vezes da linha de base superior conhecida (de creatinina sérica basal; se conhecida ou que se presume ser aquela dos últimos sete dias) ou presumida num período de 7 dias ou uma
redução no volume urinário 0,5 ml/Kg/h
durante 6 horas.

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2
Q

O que é o critério R I F L E?

A

R = risco
I = injúria
F = falência
L = lesão
E = estágio final

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3
Q

Quais as subdivisões da IRA?

A
  1. IRA oligúrica: débito urinário <500ml/24h
  2. IRA não oligúrica: diurese > 400-500 ml.
    Mais de 50% dos casos
  3. IRA anúrica: débito urinário inferior a 50
    ml/24h.
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4
Q

O que é a azotemia?

A

É o aumento das “escórias nitrogenadas”, detectado pela elevação de ureia e creatinina no sangue - diversas outras substâncias nitrogenadas, que também se elevam nos quadros azotêmicos, não são habitualmente mensuradas.

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5
Q

O que é uremia?

A

É um termo sindrômico (síndrome urêmica), e faz referência aos sinais e sintomas que resultam da injúria renal grave - não deve ser usado para indicar o aumento da ureia.
OBS.: A uremia costuma ocorrer com TFG < 15-30ml/min.

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6
Q

Quais são as principais medidas da função excretória renal?

A

Ureia sérica; creatinina sérica, clearance de creatinina e outros marcadores (a exemplo de clearance de insulina).

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7
Q

Qual a fórmula do Clearance de creatinina?

A

Cl = (140-idade) x Peso/ 72 x Cr. Sendo que, quando mulher, multiplica-se o resultado por 0,85.

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8
Q

Qual a razão de não utilizar as fórmulas de Cockroft-Gault e MDRD na injúria renal aguda?

A

Na IRA, a creatinina sérica leva de 48-72h para se elevar por completo após uma queda na TFG. Assim, estimar o clearance de creatinina através de fórmulas, num momento em que a creatinina sérica ainda não tenha atingido seu valor máximo, inevitavelmente resulta numa superestimativa da TFG.

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9
Q

Quais os 3 mecanismos básicos da etiopatogenia da IRA?

A
  1. Hipofluxo renal - azotemia pré-renal
  2. Lesão no parênquima renal - azotemia renal intrínseca (sendo a causa mais comum: necrose tubular aguda)
  3. Obstrução do sistema uro-excretor - azotemia pós-renal (a exemplo de sondas por longos períodos).
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10
Q

Qual a fisiopatologia da IRA pré-renal?

A

Os vasos renais possuem autorregulação do fluxo renal e da filtração glomerular, quando a PAM (Pressão arterial média) cai, as arteríolas aferentes dilatam, sendo preservado o fluxo renal em PA sistólica de até 80 mmHg, abaixo disso, a autorregulação não é mais capaz de manter o fluxo, instalando-se a azotemia pré-renal.
Idosos, hipertensos,
diabéticos podem apresentar hipofluxo antes da PAS <80 mmHg pois possuem desajuste na autorregulação (disfunção crônica da arteríola aferente – menor capacidade de vasodilatação).
Essa vasodilatação das arteríolas aferentes depende de: estímulo de
barorreceptores e liberação intrarrenal de vasodilatadores endógenos (prostaglandina E2, NO, sistema calicreína-cinina) que agem predominantemente nessa arteríola.
A TFG também pode ser regulada de forma independente, pela angiotensina II, que é um potente vasoconstritor da a. eferente, promovendo aumento da pressão de filtração glomerular, contribuindo para manutenção da TFG. AINES, IECA, antagonistas do receptor de angiotensina II prejudicam a autorregulação do fluxo renal e da TFG precipitando a IRA nos casos de hipovolemia moderada a grave, ICC
descompensada, nefropatia crônica e estenose renal bilateral.
A redução do volume circulante efetivo é estímulo para ativar o SRAA, a angiotensina II, as catecolaminas e vasopressina levam a vasoconstrição periférica
de modo a desviar o fluxo sanguíneo para órgãos alvo.
Tentando promover retenção hidrossalina, a angio-II aumenta reabsorção de sódio e água pelo néfron proximal enquanto a aldosterona aumenta a reabsorção de sódio e água no néfron distal. A vasopressina aumenta a reabsorção de água livre no néfron distal. Resultado final: oligúria, urina hiperconcentrada e pobre em sódio.

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11
Q

Quais são as causas pré-renais/azotemia pré-renal?

A
  1. Hipovolemia
  2. Estados de choque (hipovolêmico e cardiogênico)
  3. Cirrose hepática com ascite
  4. Nefropatia isquêmica
  5. Uso de AINH
  6. Uso de IECA e antagonistas de Ca2+ (principalmente, quando paciente já tem lesão renal)
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12
Q

No hipofluxo renal, quais as causas de hipovolemia?

A

1) Desidratação (vômitos, diarreia, fístulas digestivas, poliúria, sudorese intensa)
2) Perda para o terceiro espaço, como na pancreatite, ascite, obstrução intestinal
aguda, íleo paralítico
3) Estado de choque: redução generalizada de fluxo orgânico, choque
hipovolêmicos, cardiogênicos, séptico e obstrutivo.

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13
Q

O que ocorre em quadros de hipovolemia na IC descompensada?

A

Na IC descompensada temos uma diminuição do fluxo renal por baixo débito
cardíaco (no início a ativação do SRAA é benéfica, porém em estágios avançados torna-se excessiva a retenção hidrossalina, sobrecarregando o ventrículo levando a
congestão). Assim como na cirrose hepática com ascite há vasodilatação esplâncnica levando a diminuição também do fluxo sanguíneo arterial.

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14
Q

Como se dá o hipofluxo renal na nefropatia isquêmica?

A

Estenose da artéria bilateral ou unilateral em rim único, em pacientes previamente hipertensos com aterosclerose. A placa de ateroma gera
hipovolemia (associada ao uso de IECA/AINE)

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15
Q

O que é a Síndrome hepatorrenal (SHR)?

A

É uma forma peculiar de IRA pré-renal, que acomete 10% dos pacientes portadores de cirrose avançada. Há uma disfunção hepática levando a vasodilatação esplâncnica -> diminui a resistência vascular sistêmica -> diminui a PA (tende à hipotensão quando os mecanismos
compensatórios não conseguem manter homeostase e se tornam deletérios).

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16
Q

Quais são os 2 tipos de SHR?

A

Tipo 1: a creatinina sérica dobra (>2,5 mg/dl) em menos de duas semanas, IRA oligúrica.
Tipo 2: a creatinina sérica
aumenta de maneira lenta e gradual, geralmente não há fatores agudos desencadeantes (evolução natural da doença de base)

17
Q

Quais são os critérios diagnósticos para SHR?

A
  1. Cirrose com ascite
  2. Creatinina acima ou igual 1,5 mg/dl
  3. Creatinina mantida após expansão volumétrica com albumina (1g/kg) após 2
    dias sem uso de diurético
  4. Ausência de choque circulatório
  5. Ausência atual uso de drogas nefrotóxicas (AINH e aminoglicosídeos – pacientes com cirrose fazem peritonite espontânea, tratada com esse ATB)
  6. Ausência de sinais de doença parenquimatosa (doente diabético, hipertenso)
    a) Proteinúria < 500 mg/dia
    b) Presença de EAS <50 hemácias p/c
    c) US renal sem sinal de obstrução urinária
18
Q

O que é a IRA intrínseca?

A

É a disfunção renal aguda causada por lesão no próprio parênquima renal.

19
Q

Qual a causa mais comum de lesão renal intrínseca aguda?

A

É o comprometimento
tubular, sendo o tipo mais comum a NTA, que é mais
presente na UTI, tem 80% de letalidade, e cursa principalmente com sepse.

20
Q

Quais as principais causas oligúricas e não-oligúricas de IRA por lesão intrínseca?

A
  1. Necrose tubular aguda
    a) Isquêmica
    b) Rabdomiólise
    c) Hemólise intravascular
    d) Medicamentos, a exemplo de anfotericina B, ciclosporinas, aciclovir, entre outros.
    e) Venenos
    f) Síndrome da lise tumoral (ácido úrico)
  2. Leptospirose
  3. Nefrite intersticial aguda “alérgica”
  4. Glomerulonefrite difusa aguda
  5. Glomerulonefrite rapidamente progressiva
  6. Nefrosclerose hipertensiva maligna
  7. Ateroembolismo por colesterol
  8. Síndrome Hemolítico-urêmica
  9. Crise renal da esclerodermia
  10. Trombose de veia renal bilateral
21
Q

A IRA intrínseca pode cursar com o que?

A
  1. Oligúria: NTA isquêmica, rabdomiólise,
    glomerulonefrites ou nefropatia microvascular.
  2. Anúria: necrose cortical aguda, algumas
    glomerulonefrites.
  3. Não oligurica/poliúrica: NTA por aminoglicosídeos.
22
Q

Quais as principais causas oligúricas de IRA por lesão intrínseca?

A
  1. Necrose tubular aguda
  2. Rabdomiólise
23
Q

Quais as principais causas não-oligúricas de IRA por lesão intrínseca?

A
  1. Nefrotoxicidade por aminoglicosídeos
  2. Nefrite intersticial aguda
  3. Glomerulonefrite difusa aguda (síndrome nefrítica)
  4. Doenças microvasculares agudas
  5. Necrose cortical aguda
  6. Trombose da veia renal bilateral
24
Q

Como é possível ter insuficiência renal sem oligúria?

A

Por definição, na IR há redução significativa da TFG. Com a queda na filtração glomerular, espera-se que haja uma redução proporcional do débito urinário, levando à oligúria. Entretanto, nas doenças tubulares, o débito urinário pode não diminuir (ou até aumentar), apesar de haver queda da TFG e injúria renal grave. A explicação é a seguinte: na tubulopatia, há uma queda desproporcional da reabsorção tubular.
No néfron normal, cerca de 98% do que é filtrado é reabsorvido. Com o túbulo muito doente, a reabsorção pode cair, por exemplo, para 85%. Assim, mesmo com uma filtração glomerular reduzida (ex.: 10ml/min ou 12L/dia), se a reabsorção for de apenas 85% (10L/dia), o débito urinário poderá se manter em 2L/dia. Se a reabsorção piora (ex.: 9L/dia), o paciente urina cerca de 3L/dia.

Como toda NTA, a lesão renal por aminoglicosídeos tende a ser autolimitada, havendo recuperação paulatina da função renal após a suspensão da droga, pelo mecanismo de regeneração tubular.

25
Q

Quais as principais causas da IRA pós-renal?

A

Obstrução aguda do sistema coletor bilateral, uretral, colo
vesical, uretral ou ureteral em rim único.

26
Q

Qual a progressão da obstrução urinária na IRA pós-renal?

A

Aumento súbito na pressão nos túbulos renais -> grande aumento das prostaglandinas
nas primeiras 12 -24 h -> vasodilatação da arteríola aferente -> filtração glomerular –
fase hiperrênica (aumenta filtração glomerular devido elevação da pressão
hidrostática do tufo glomerular)

27
Q

O que ocorre na obstrução urinária de um paciente com IRA pós-renal após 24 horas?

A

Aumento da síntese progressiva de substância vasoconstritoras: angiotensina II e
tromboxane -> e diminuição da filtração glomerular.
Se a obstrução persistir, o epitélio tubular sob efeito da maior pressão luminal libera substâncias quimiotáxicas que atraem células inflamatórias, sendo o resultado a longo prazo uma nefrite tubulointersticial crônica
(nefropatia obstrutiva).

28
Q

Quando se pensar em IRA pós-renal?

A

Paciente idoso com
história de prostatismo e que repentinamente
ficou anúrico (IRA anúrica também pode ser
encontrada na NCA e GNRP mas sempre deve
levar suspeita de obstrução também).

29
Q

Qual o quadro clínico da síndrome urêmica aguda?

A

É resultado de três distúrbios básicos: acúmulo de toxinas nitrogenadas
dialisáveis + hipervolemia + desequilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico. Na IRA, para
desenvolver a síndrome urêmica, a creatinina geralmente está >4 mg/dl e a ureia >120 mg/dl.

1) Manifestações cardiopulmonares
2) Manifestações hematológicas
3) Manifestações neurológicas
4) Manifestações gastrointestinais
5) Distúrbios hidroeletrolíticos