HIV. Flashcards
HIV - Etiologia, Transmissão, Período de incubação, Janela Imunológica e Janela diagnóstica:
Etiologia: HIV, retrovírus (utiliza a transcriptase reversa (RNA—->DNA)).
Transmissão: Contato sexual, Transmissão sanguínea, Transmissão da mãe infectada no período intraparto, pelo aleitamento.
Período de incubação: corresponde ao tempo entre o contato inicial com o vírus e a aparição dos sintomas da fase aguda da doença.
Janela Imunológica: período em que se está infectado pelo HIV, mas não há sinais de anticorpos anti-HIV no organismo.
Janela Diagnóstica: período entre a infecção e o aparecimento de marcadores da infecção, RNA viral, proDNA viral, antígeno P24.
HIV - Fisiopatologia:
O HIV entra em contato com os linfócitos T CD4+, e através dos Receptores CD4 e seus correceptores CCR5 e CXCR4, entram no linfócito. Nele o vírus usa a transcriptase reversa para transformar seu RNA em DNA e assim integrá-lo ao DNA da célula hospedeira, podendo entrar em latência.
Ao serem ativadas o vírus usa a maquinaria da célula para produzir outras unidades virais que se disseminam pela corrente sanguínea.
Por fim, o vírus destrói a célula por citotoxidade direta, o que leva a uma diminuição progressiva do número de linf.T CD4+, levando eventualmente para a fase AIDS da infecção.
Manifestações Clínicas - Infecção aguda pelo HIV:
Febre, cefaleia, vômitos, perda de peso, astenia, linfadenopatia, faringite, nauseas vômitos e diarreia.
Período de eclipse:
Período após a infecção em que o vírus não pode ser detectado por nenhum método laboratorial conhecido.
Manifestações Clínicas - Fase de latência:
Período em que a carga viral (sintomas da fase aguda) do vírus está ¨parcialmente¨ controlada pelo linf.T CD8+, paciente permanece assintomático exceto pela linfadenopatia, no entanto com o tempo há diminuição progressiva dos T CD4+, o que leva a entrada da fase AIDS. Pode durar de 7 a 10 anos.
Manifestações Clínicas - Fase sintomática ou fase AIDS:
Contagem de linf.T CD4+ < 200mm3, abrindo espaço para infecções oportunistas.
Doenças Oportunistas - Pneumocistose:
-Linf.T-CD4+: <200mm3
-Etiologia: Fungo/Levedura dispneia progressiva, hipoxemia, tosse seca e desconforto torácico. Infiltrado intersticial bilateral e opacidades em vidro fosco.
-Apresentação Clínica: Lavado broncoalveolar (LBA) ou biópsia, PCR de secreção respiratória. Radiografia com opacidades em vidro fosco.
-Diagnóstico e Tratamento:Trimetoprim Sulfametoxazol (TMP-SMX) por 21 dias.
Corticoides são indicados se PaO2 < 70 mmHg.
Doenças Oportunistas - Neurotoxoplasmose:
-Linf.T-CD4+: <100mm3
-Etiologia: Protozoário
-Apresentação Clínica: Cefaleia, febre, convulsões, alterações neurológicas focais.
-Diagnóstico e Tratamento: tomografia ou ressonância magnética de crânio (lesões com efeito de massa - hipodensas com realce anelar ou nodular), sorologia, PCR no líquido cefalorraquidiano (LCR).
Sulfadiazina + Pirimetamina por 6 semanas, com suplementação de ácido folínico.
Doenças Oportunistas - Neurocriptococose (Criptococose extrapulmonar):
-Linf.T-CD4+: <100mm3
-Etiologia:Fungo
-Apresentação Clínica: meningite subaguda por Cryptococcus neoformans. Cefaleia intensa, febre, vômitos, rigidez de nuca, sinais de hipertensão intracraniana.
-Diagnóstico e Tratamento:
Exame microscópico direto: tinta nanquim/tinta da China; Os fungos aparecem como células redondas, com cápsula espessa, visível como uma zona clara ao redor da célula;
Cultura: se mantém sempre na forma de levedura;
Sorologia: pesquisa de antígeno criptocócico (CrAg) por meio de teste de aglutinação em látex;
Histopatológico;
PCR: para detectar DNA de Cryptococcus.
Anfotericina B + Flucitosina por 2 semanas, seguida de Fluconazol por 8 semanas.
Doenças Oportunistas - Sarcoma de Kaposi:
-Linf.T-CD4+: <200mm3
-Etiologia: Herpes vírus 8
-Apresentação Clínica: lesões violáceas na pele e mucosas (palato, gengiva), podem afetar pulmões e trato gastrointestinal.
-Diagnóstico e Tratamento: quimioterapia antirretroviral controle HIV.
Doenças Oportunistas - Leucoplasia Pilosa Oral:
-Linf.T-CD4+:
-Etiologia: Vírus Epsteinbarr.
-Apresentação Clínica: lesões brancas e indolores com aparência “pilosa” ou enrugada, localizadas principalmente nas laterais da língua. Não podem ser removidas à raspagem.
-Diagnóstico e Tratamento: baseado no exame clínico; biópsia pode ser necessária para confirmação histopatológica.
-geralmente, não é necessário, mas antivirais como o aciclovir ou valaciclovir podem ser utilizados.
Doenças Oportunistas - Citomegalovírus:
-Linf.T-CD4+: <50 mm3
-Etiologia: CMV
-Apresentação Clínica: pode causar úlceras em boca e esôfago, febre, dor abdominal.
-Diagnóstico e Tratamento:exames: PCR para CMV, antigenemia, imunohistoquímica. Radiografia de tórax pode mostrar infiltrados em casos graves. Lesões de “olho de coruja” típicas ao exame histopatológico.
○ Tratamento: ganciclovir ou valganciclovir. Em casos graves, foscarnet ou cidofovir.
Teste laboratoriais - Teste Rápido:
Os testes rápidos (TR) são testes simples, que de forma visual demonstram a ligação do antígeno (que fica grudado na placa) com o anticorpo (que pode estar presente na amostra).
- Esses exames fornecem o resultado em até 30 minutos.
- Podem ser realizados fora do ambiente laboratorial, com amostra de sangue obtida por punção digital ou fluido oral.
- Eles possuem uma janela imunológica que pode variar de 1 a 3 meses, portanto, não são muito sensíveis para detecção de infecção aguda.
Indicado para a fase de latência.
Teste laboratoriais - Imunoensaios:
Os imunoensaios (ex. ELISA) são testes que também detectam a formação da ligação antígeno-anticorpo.
- No caso do HIV, o teste pode fazer a busca tanto de anticorpos na amostra quanto de antígenos e, se houver ligação entre eles, dizemos que o teste é reagente.
- Atualmente usamos os imunoensaios de 3ª e 4ª geração, pois são mais sensíveis e específicos.
O teste de 3ª geração passou a detectar, além do IgG, o IgM (20 a 30 dias de janela) e o teste de 4ª geração, além de detectar anticorpos (IgM e IgG), detecta simultaneamente o antígeno p24, reduzindo a janela imunológica para 15 dias (é indicado para fase aguda).
A presença do IgM não permite diferenciar uma infecção aguda de uma crônica.
- Esses testes demoram cerca de 4h para serem realizados.
Teste laboratoriais - Western Blot:
- Esse teste detecta a presença de anticorpos produzidos contra antígenos do vírus é bastante usado para confirmar o diagnóstico da infecção pelo HIV, já que é mais específico que os anteriores.
- Apresenta janela imunológica de 45 a 60 dias.
Teste laboratoriais - Teste molecular (carga viral):
- Identifica o RNA do vírus e o exame que detecta a infecção pelo HIV de forma mais precoce.
Apresenta janela de detecção de 10 a 15 dias e dessa forma é o melhor teste para identificar infecção aguda.
Diagnóstico da infecção por HIV + Seguimento e Genotipagem:
-2 testes rápidos com amostra de sangue (fabricantes diferentes);
-1 teste rápido usando fluido oral e 1 teste rápido usando sangue;
-1 imunoensaio de 3ª e 4ª geração e 1 teste molecular (carga viral);
-1 imunoensaio de 3ª e 4ª geração e 1 western blot.
-Em crianças até 18 meses: anticorpos maternos do tipo IgG podem falsear o resultado da sorologia até os 18 meses de idade. Dessa forma, o único teste usado nesses pacientes é o teste molecular.
● Seguimento: realizado a partir da contagem de linfócitos T CD4+ e da carga viral (padrão-ouro para monitorar a eficácia da TARV).
● Genotipagem
- A genotipagem é um exame para pesquisar resistência viral às medicações.
- A partir dele, conseguimos descobrir quais são os antirretrovirais ativos e eficazes para montarmos um novo esquema de tratamento.
Agentes antivirais para tratamento do HIV (TARV) - Inibidores da Transcriptase reversa análogos a nucleosídeos e nucleotídeos:
Replicação Viral - Os principais medicamentos dessa classe são o tenofovir (causa disfunção renal e perda óssea) e a lamivudina, que atuam no momento da formação da fita do DNA do HIV, se ligam à cadeia de DNA, impedindo a ligação de novos nucleotídeos.
Outros exemplos de medicações dessa classe incluem a zidovudina (análogo da timidina), o abacavir (análogo da guanosina) e a entricitabina.
- Efeitos colaterais: a toxicidade mitocondrial é o mais importante. Ela pode manifestar-se através de neuropatia periférica, lipodistrofia, pancreatite e esteatose hepática.
Agentes antivirais para tratamento do HIV (TARV) - Inibidores da Transcriptase reversa não análogos a nucleotídeos e nucleosídeos:
Replicação Viral - - Os ITRNN ligam-se e inibem diretamente a enzima transcriptase reversa sem “parecerem” um nucleosídeo/ nucleotídeo, por isso seu sítio de ação é diferente dos ITRN.
- O efavirenz é o representante mais conhecido dessa classe.
O efavirenz perdeu lugar para o dolutegravir (inibidor da integrase), pois causava terror noturno, confusão mental, sonhos vívidos, sensação constante de estar com “ressaca” e alterações psiquiátricas como efeitos adversos.
- Outras drogas dessa classe são a nevirapina (NVP), usada em alguns casos de resistência viral e na profilaxia da transmissão vertical, e a etravirina, também usada em situações de resistência viral.
Nevirapina causa síndrome de Stevens-Johnson (reações de hipersensibilidade cutânea graves) e necrose hepática.
Agentes antivirais para tratamento do HIV (TARV) - Inibidores da Protease:
Maturação Viral - Atuam inibindo a protease, enzima que quebra proteínas do vírus, impedindo a produção de subunidades funcionais. Dessa forma, o vírus liberado pela célula é imaturo e não infectante.
- Os principais representantes dessa classe são o lopinavir, darunavir e atazanavir associadas ao ritonavir.
Todas as drogas desta classe devem ser administradas juntamente com o ritonavir pelo seu efeito booster (que aumenta a meia-vida da droga).
- Atualmente, são mais usados em casos de falha terapêutica em associação com outras drogas.
- São medicações potentes, mas que estão associadas a efeitos colaterais gastrointestinais e metabólicos, como resistência à insulina, hiperglicemia, diabetes, dislipidemia e hepatotoxicidade.
Agentes antivirais para tratamento do HIV (TARV) - Inibidores da Integrase:
Integração viral ao núcleo -Os grandes representantes dessa classe são o dolutegravir e o raltegravir.
- Atua na integrase, levando a um bloqueio do processo de integração do novo DNA do vírus ao genoma do hospedeiro, impedindo assim a replicação viral.
- São medicações bem toleradas, com elevada potência e poucos eventos adversos. Contudo, podem estar associadas a ganho de peso, tontura e insônia.
Agentes antivirais para tratamento do HIV (TARV) - Inibidores de Fusão Viral:
Fusão Viral - Essa classe só tem um representante, que é a enfuvirtida (T-20).
- Atua se ligando à glicoproteína 41 (gp41), que fica no envelope do vírus, e evita sua fusão com a célula do hospedeiro.
- Essa medicação é injetável e só é usada em pacientes previamente experimentados com outros antirretrovirais.
Agentes antivirais para tratamento do HIV (TARV) - Antagonistas do CCR5:
Entrada Viral - Apresenta apenas o maraviroc como representante dessa classe.
- Atua se ligando ao CCR5, que é um correceptor que ajuda na entrada do HIV na célula do hospedeiro. Dessa forma, ele bloqueia a entrada do vírus nos linfócitos T CD4+.
- Também só é usado em casos de resistência viral.
Agentes antivirais para tratamento do HIV (TARV) - Inibidores do acoplamento de CD4
Entrada Viral - Representantes: Ibalizumab (anticorpos monoclonais).
- Liga-se ao receptor CD4 nas células T, impedindo a entrada do HIV nas células, bloqueando a interação do HIV com o CD4.