Gastrites, Gastropatias, Dispepsia Flashcards
O que é dispepsia e como ela é caracterizada?
A dispepsia é uma síndrome, não uma doença, caracterizada por sintomas de epigastralgia (dor na região superior do abdômen) e/ou desconforto pós-prandial (após as refeições). Ela pode ter diversas etiologias, incluindo infecção por H. pylori, doença ulcerosa péptica, e câncer de estômago. Quando nenhuma causa orgânica é encontrada, a condição é denominada dispepsia funcional.
Quais são os principais sintomas da dispepsia?
Os sintomas principais incluem empachamento pós-prandial, saciedade precoce, e dor e/ou queimação epigástrica.
Qual é a prevalência da dispepsia e sua importância no contexto das queixas gastroenterológicas?
A dispepsia tem uma prevalência global estimada entre 5 a 11% e é responsável por cerca de 40 a 70% das queixas gastroenterológicas, evidenciando sua relevância clínica.
Como é feita a classificação inicial da dispepsia?
Inicialmente, a dispepsia é classificada como investigada ou não investigada. Essa distinção é importante para direcionar a abordagem diagnóstica e terapêutica adequada.
Quais são os passos iniciais recomendados para a avaliação da dispepsia?
A avaliação inicial deve incluir uma anamnese detalhada e testes laboratoriais. Geralmente, são necessários exames complementares para excluir causas orgânicas dos sintomas
Qual exame é considerado o mais útil na investigação da dispepsia e por quê?
A endoscopia digestiva alta, especialmente com pesquisa de H. pylori, é o exame mais utilizado para investigar a dispepsia. Ela permite a análise direta da mucosa e a identificação das causas mais comuns dos sintomas dispépticos. Contudo, tem indicações limitadas e geralmente é reservada para casos específicos.
Quais são as indicações para a realização de uma endoscopia digestiva alta em pacientes com dispepsia?
As indicações incluem pacientes com mais de 40 anos com dispepsia não investigada, pacientes que não respondem ao tratamento empírico (com bloqueadores H2, IBPs, ou procinéticos), e pacientes de qualquer idade com sinais de alarme.
Que outros exames podem ser necessários na avaliação da dispepsia, dependendo do quadro clínico?
Dependendo do quadro clínico, exames como o ultrassom abdominal podem ser solicitados, especialmente na suspeita de colelitíase, para complementar a avaliação diagnóstic
Quais são as recomendações para o teste de H. pylori em pacientes com menos de 40 anos e sem sinais de alarme?
Para pacientes com menos de 40 anos e sem sinais de alarme, recomenda-se a realização de testes não invasivos para a pesquisa de H. pylori, como o teste respiratório ou o teste de antígeno fecal. Estes testes ajudam a determinar a necessidade de tratamento específico para erradicar a infecção por H. pylori sem necessidade de procedimentos invasivos.
Quais são as principais indicações para a realização de endoscopia na investigação de dispepsia?
As indicações principais incluem pacientes com mais de 40 anos (segundo o consenso brasileiro) ou mais de 60 anos (segundo o Colégio Americano de Gastroenterologia), ausência de melhora com terapia empírica inicial, perda ponderal significativa (mais de 5% do peso em 6-12 meses), sangramento digestivo evidente, ou presença de mais de um sinal de alarme ou qualquer sinal de alarme de instalação rápida.
Quais são os sinais de alarme na dispepsia que indicam a necessidade de uma investigação mais aprofundada?
Os sinais de alarme incluem perda de peso não intencional, disfagia progressiva, odinofagia, anemia ferropriva inexplicada, vômitos persistentes, linfadenopatia ou massa palpável e história familiar de câncer do trato digestivo superior. Estes sinais podem indicar uma condição mais grave, justificando uma avaliação diagnóstica mais detalhada
Qual é a diferença entre as recomendações do consenso brasileiro e do Colégio Americano de Gastroenterologia em relação à idade para realização de endoscopia?
O consenso brasileiro de H. pylori estabelece a idade de 40 anos como o ponto de corte para a realização de endoscopia em pacientes com dispepsia, enquanto o Colégio Americano de Gastroenterologia recomenda a idade de 60 anos. Essa diferença reflete variações nas diretrizes clínicas baseadas em evidências locais e internacionais, bem como na avaliação do risco de condições graves associadas à idade
Quais são as principais hipóteses para a fisiopatologia da dispepsia funcional?
A fisiopatologia da dispepsia funcional pode ser explicada por várias hipóteses: distúrbios de motilidade (como retardo do esvaziamento gástrico, hipomotilidade antral, e acomodação gástrica prejudicada), hipersensibilidade visceral (caracterizada pela redução do limiar de dor com complacência gástrica normal), disbiose (frequentemente observada após gastroenterite infecciosa), e fatores psicossociais (alta associação com transtorno de ansiedade generalizada, somatização e depressão maior)
Quais são as causas orgânicas de dispepsia?
As causas orgânicas de dispepsia incluem doença ulcerosa péptica, malignidade gastroesofágica, cólica biliar, indução por medicações, e outras causas como doença celíaca, pancreatite crônica, esteato-hepatite, doenças gástricas infiltrativas (como gastroenterite eosinofílica/linfocítica, Doença de Crohn, sarcoidose, amiloidose), radiculopatia diabética, distúrbios metabólicos, síndromes vasculares abdominais e dor da parede abdominal
Como os pacientes com dispepsia são reclassificados após a avaliação inicial?
Após a avaliação inicial, os pacientes com dispepsia podem ser reclassificados em três grupos: dispepsia orgânica, pacientes com dispepsia mas com endoscopia normal e sem infecção por H. pylori, e pacientes com dispepsia, endoscopia normal e infecção por H. pylori