Farmacologia - Gestantes e Lactantes - Filipe Duarte Flashcards
Depressão
Riscos dos antidepressivos
Dinamarca (Kjaersgaard, 2013): estudo revela aumento de uso de 16 vezes entre as gestantes de 1997 a 2010
(para 3.2%)
Estudo de 2010 (Reis e Kallen) – sem diferença no desfecho maternofetal entre tricíclicos e ISRS
Maioria dos guidelines recomenda ISRS (NICE, ACOG) – maior evidência sobre essa classe
Sem risco de abortamento ou baixo peso
Pouca interferência no Apgar e em risco de prematuridade (não justifica evitar uso)
Paroxetina – risco de malformação cardíaca descartado em estudos que ajustaram fatores de confusão
Risco aumentado de hemorragia puerperal (uso tardio na gestação)
ACOG Clinical Practice Bulletin N92, Jun 2023
McAllister-Williams, et al. doi:10.1177/0269881117699361
Depressão - Riscos dos antidepressivos
Risco neonatal
Desconforto respiratório
Síndrome de adaptação/abstinência – irritabilidade, choro persistente, vômitos, tremor, tônus aumentado,
alterações de alimentação e sono, hipoglicemia – melhoram em 2 semanas
Hipertensão pulmonar neonatal – risco absoluto baixo (20 para 30 em 10.000)
* Sem significância estatística após ajuste para fatores de confusão (serotonina – vasoconstrição e proliferação de músculo liso)
Depressão - Riscos dos antidepressivos
Risco no desenvolvimento da criança
Transtornos do espectro autista e TDAH (questionável - possíveis fatores de confusão)
Melhor evolução do desenvolvimento emocional e comportamental
Depressão - Riscos dos antidepressivos
Manejo medicamentoso
Nenhum antidepressivo é absolutamente contraindicado
* Nenhum RCT avalia segurança e eficácia do tratamento da depressão perinatal (apenas observacionais)
ISRS preferencial
Tratamento prévio deve guiar a escolha no quadro atual
Sertralina (menor potencial de excreção no leite materno) e escitalopram são os mais indicados para quem não tem nenhum tratamento prévio
Eficácia e aceitação na população geral – menor risco de hipertensão pulmonar neonatal
Sertralina – menor concentração no leite materno
Fluoxetina – maior meia-vida e metabólitos ativos = maior chance de síndrome de adaptação neonatal e acúmulo no leite materno
ISRN – alternativas de segunda linha (evidência de baixa qualidade – abortamento e pré-eclampsia)
Avaliar com critério interrupção ao final do 3º trimestre
Status da doença x riscos de** hemorragia e neonatais (hipertensão pulmonar, adaptação)**
Manejo medicamentoso
Melhorar tolerância - iniciar com metade da dose, aumentar ao longo de 4 a 10 dias
Analisar presença de ansiedade concomitante – evitar fluoxetina, duloxetina, venlafaxina, bupropiona
Atenção ao rastreio de bipolaridade – evitar crise de mania
Não subestimar a importância da psicoterapia
Sempre reavaliando a resposta periodicamente, até a menor dose eficaz (raramente se faz associação)
O papel da Brexanolona
Neuroesteróide que mimetiza a alopregnenolona (metabólito da progesterona)
Modulador positivo do receptor GABA-A
Medicamento para infusão intravenosa – resposta superior no controle de sintomas depressivos em 24h!
Primeira droga aprovada pelo FDA para tratamento da depressão pós-parto
Infusão intravenosa por 60 horas – hospitalização (restrita a centros certificados – droga em monitorização)
Sedação / diminuição da consciência = monitorização
Suspender aleitamento durante o uso e nos 4 dias subsequentes
ACOG Clinical Practice Bulletin N92, Jun 2023
McAllister-Williams, et al. doi:10.1177/0269881117699361
Ansiedade - Risco dos antidepressivos
Ansiedade
ISRS e ISRN – mesmas questões
Ansiolíticos/hipnóticos
* Zolpidem – atravessa placenta
* * Possível maior risco de prematuridade, cesariana, baixo peso
- Benzodiazepínicos
- Estudos mais recentes NÃO associaram a maior risco de fenda labial
- Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (dados limitados)
- Pregabalina e gabapentina – dados populacionais na Noruega não registraram malformações associadas
Um estudo pequeno apresentou associação com malformações para pregabalina
Sertralina e escitalopram são primeira escolha quando não há tratamento prévio – mesmos estudos
* IRNS segunda linha
* Em geral doses mais altas para controle de ansiedade do que para depressão
* Mais tempo de remissão para desmame
* Importância da psicoterapia
Benzodiazepínicos
Mais efeitos colaterais
Dependência
Evitar o uso contínuo – resgate na crise / início do tratamento com ISRS / na falha da terapia inicial
- Cuidado com uso no terceiro trimestre
Síndrome de abstinência no RN
Redução de tônus muscular, alteração respiratória e admissão em UTI neo - Atenção ao uso na paciente com pré-eclâmpsia/hepatopatia
Evitar primeira passagem hepática – lorazepam, oxazepam, temazepam
Aleitamento – excretado no leite materno - monitorar sonolência no bebê
Benzo no puerpério
No puerpério
Atenção à insônia (mesmo com sono adequado do bebê) – precipitador de psicose
Aleitamento – excretado no leite materno - monitorar sonolência no bebê
Transtorno bipolar e esquizofrenia
Riscos dos medicamentos - antipsicóticos
Mais estudos para 2ª geração do que para 1ª geração
Para os de 2ª geração (quetiapina, olanzapina, risperidona, aripiprazol)
Mais estudos com quetiapina, olanzapina, risperidona
Quetiapina com menor passagem placentária
Para os de 1ª geração (haloperidol e clorpromazina) – maior segurança para o haloperidol
Maioria dos estudos recentes com ajuste de fatores de confusão não encontrou associação significativa com malformações maiores (talvez risco aumentado para risperidona, mas com risco absoluto baixo)
Riscos dos medicamentos - antipsicóticos
Maior risco de diabetes gestacional
Antipsicóticos podem causar atraso no desenvolvimento neuropsicomotor da prole
Maior peso fetal para uso de antipsicóticos de 1ª geração
- Suspensão
Grande risco de recorrência / psicose / piora do humor
Maior risco de hospitalização da mãe/prematuridade /alteração do desenvolvimento neuropsicomotor do bebê
Manter medicação em uso, evitar troca
Aleitamento – restrição absoluta apenas para clozapina – agranulocitose/convulsão