Farmacologia Dos Betabloqueadores Beta Adrenérgicos Flashcards
Qual bloqueio é mais importante: beta 1 ou beta 2?
Beta 1.
Onde se tem mais receptores beta 1?
Coração.
Qual um sinal que o paciente está betabloqueado na dose correta?
Bradicardia.
No betabloqueio, o que ocorre com as fibras de purkinje e nódulo AV?
Nódulo AV - reduz condução
FP — reduz excitabilidade
Efeito no sistema renina-angiotensina-aldosterona?
Reduz PA — inibe sistema (reduz liberação de renina). Assim, reduz atividade de células justaglomerulares.
O que ocorre com o consumo de O2 no betabloqueio?
Reduzido, tanto no exercício físico, como no repouso. Gasta-se menos energia e pode ser usado para anginas, HAS e arritmias.
V ou F
Em geral, o bloqueio beta2 não é bem-vindo, trazendo mais problema do que solução. As drogas mais modernas passaram a bloquear apenas beta1, mas não quer dizer que não há bloqueadores beta em uso que não bloqueie beta1 e beta2.
Verdadeiro.
O que os receptores beta2 fazem nos vasos sanguíneos?
Vasodilatação.
Esse receptor, quando presente, na musculatura lisa vascular medeia respostas vasodilatadoras. Ao realizar um bloqueio beta2 vascular não bloqueia o alfa1 (que faz vasoconstricção), logo, o vaso terá tendência a vasoconstricção, uma vez que o alfa1 ficou livre. Isso pode levar a uma elevação transitória da resistência vascular periférica e até da PA.
O que os receptores beta 2 fazem nos pulmões?
Na musculatura bronquiolar : broncodilatação.
Um asmático ou paciente de DPOC pode usar betabloqueador beta2, como o propanolol?
Não.
Para usar um betabloqueador a escolha deve ser de um que não bloqueie beta2, pois se utilizar um que bloqueie o beta2 pode predispor o paciente a um agravamento do seu quadro, seja de DPOC agudizado, de uma crise asmática ou uma crise de bronquite aguda. Logo, é contraindicado em pacientes que tenham broncoconstricção/broncoespasmo, ou seja, doenças com padrão obstrutivo.
Adrenalina aumenta a energia do corpo, como glicogenólise, gliconeogênese, a lipólise etc. Ao realizar um bloqueio das ações adrenérgicas haverá um paciente com menos energia.
O que os receptores beta 2 fazem no nível de glicose?
• Há redução da glicogenólise e da gliconeogênese— ao bloquear a ação da adrenalina ao nível hepático, ações que o órgão fazia para gerar mais glicose ou para recuperar glicemicamente de um jejum (como na tendência a hipoglicemia), um paciente betabloqueado com uso de propranolol, por exemplo, terá dificuldade de recuperar a glicemia. Logo, em pacientes com tendência a hipoglicemia, como diabéticos que usam insulina (que possui grande ação hipoglicemiante), esse bloqueio é mal-recebido, pois eles não contam com a resposta simpática de recuperação glicêmica.
Há redução da lipólise, que é o uso de gordura como fonte de energia, consequentemente haverá uma redução da oferta de substratos energéticos.
O que os receptores beta 2 fazem na liberação de nora e outros NT?
A liberação de neurotransmissores é modulada fisiologicamente pela redução da liberação (feedback negativo) pelo receptor alfa2 e um aumento da liberação pelo beta2.
Ao utilizar um bloqueador beta, que bloqueie beta2 (como o propranolol) haverá um bloqueio do receptor que aumenta a liberação de NOR. Logo, prevalece o alfa2, que não foi bloqueado. Sendo assim, toda a adrenalina e a noradrenalina atuará em receptor alfa2 e, como consequência, haverá a redução da liberação de NOR e de outros neurotransmissores.
Qual o sufixo dos betabloqueadores?
-OL
O que caracteriza os betabloqueadores de primeira geração? E os de segunda? E os de terceira?
— Betabloqueadores de 1a geração : não seletivos, ou seja, bloqueiam beta1 e beta2.
— Betabloqueadores de 2a geração : que são os seletivos para beta1. Essa seletividade pode ser perdida com um aumento de dose ou é um paciente mais sensível à curva de sensibilidade aos medicamentos, ele pode fazer um bloqueio beta2 mesmo usando um bloqueio seletivo beta1.
• Evitar em: asma grave, que internam com uma periodicidade, ou em pacientes enfisematosos graves, que utilizam oxigenação domiciliar. Contraindicado para pacientes graves.
— Betabloqueadores de terceira geração: vasodilatador.
Pindolol, acebutal e carteolol — agonistas parciais de receptores beta adrenérgicos.
Quando usá-los?
Agonista parcial: ativa parcialmente o receptor beta-adrenérgico.
São usados quando quer reduzir o tônus adrenérgico, reduzem a ação da adrenalina nos receptores beta, mas mantêm uma atividade simpaticomimética intrínseca (menor que a adrenalina), ou seja, ativa um pouco o receptor. Está no intermédio entre o agonista e o bloqueador. Porém, pode acontecer de não ter a resposta esperada, com um efeito menos previsível e não é tão usado na prática médica.
Qual medicamento deve ser utilizado para pessoas com ansiedade e enxaqueca: propanolol ou atenolol?
Propanolol.
Como usar o betabloqueador em um paciente com um tipo de metabolismo, seja em um paciente com insuficiência hepática ou renal?
A maioria dos betabloqueadores têm metabolismo hepático. Logo, têm que ser usados cuidadosamente em pacientes com insuficiência hepática, uma vez que essa grande maioria é metabolizada pelo fígado. Enquanto isso podem ser usados em pacientes com insuficiência renal.
• Nadolol e sotalol: representam dois betabloqueadores que apresentam eliminação renal in natura. Logo, não passam pela função hepática do paciente, podendo ser indicado para um paciente com cirrose etc., entretanto, são contraindicados na insuficiência renal.
• Esmolol: betabloqueador usado para outro tipo de metabolismo pela via intravenosa, sendo usado em emergências. Logo, ele não depende nem da função hepática e nem da função renal. É metabolizado por enzimas do plasma – esterases plasmáticas – são enzimas no plasma que metabolizam medicamentos, possuem ligações do tipo éster que permite sua degradação no próprio sangue.
Regras de ouro para uso de betabloqueador (4)
1) Alguns pacientes irão responder muito bem ao betabloqueador e outros não.
— Há uma variabilidade da resposta terapêutica, pois a resposta ao betabloqueador é mais evidente (é uma melhor resposta) quando o tônus adrenérgico está elevado. Exemplo: quando há uma taquiarritmia devido a um Feocromocitoma irá responder bem, pois é a adrenalina que está causando essa arritmia. Logo, o tônus adrenérgico está elevado. Algumas patologias respondem mais do que outros.
2) NUNCA realize a retirada abrupta um betabloqueador (up-regulation e efeito rebote)
— Toda retirada de betabloqueador tem que ser gradativa. Isso é explicado, pois quando é usado um bloqueador do receptor beta o organismo não entende o porquê a atividade adrenérgica foi reduzida, logo, ele aumenta a sensibilidade dos receptores que ainda estão presentes e externaliza para a membrana mais receptores, chamado de up-regulation. Logo, pode acontecer um efeito rebote pela adrenalina, seja hipertensão, angina etc. É necessário informar que o paciente, também, não deve parar de tomar abruptamente.
3) Ao utilizar uma droga com seletividade para beta1, por exemplo, ela pode se perder com doses mais altas ou variações individuais.
4) Saber se o paciente está betabloqueado (FC < 70 bpm)
• Logo, seus receptores estão bloqueados em quantidades suficientes para fazer o efeito terapêutico. O paciente betabloqueado tem uma FC menor que 70 bpm.
Contraindicações dos betabloqueadores
Bradicardia e bloqueio atrioventricular: se bloqueia beta1 reduz o automatismo do coração, levando a bradicardia e, também, reduz a condução AV, agravando a bradicardia e o bloqueio atrioventricular do paciente. Exemplo: se o paciente está bradicárdico não utiliza um betabloqueador.
Insuficiência cardíaca agudizada: paciente já na emergência, com uma fração de ejeção baixa, com um coração que não consegue bombear. Ao utilizar uma droga que reduz o inotropismo torna o coração ainda mais fraco, batendo com uma força ainda menor. Pode descompensar o paciente levando a uma IC ainda mais descompensada.
DPOC\Asma: o que leva ao agravamento nesse caso é o bloqueio beta2 na musculatura lisa bronquiolar. Uma vez que a seletividade não é absoluta e pode ser perdida com a dose alta. Se for leve, pode utilizar os seletivos, uma vez que a maioria das pessoas têm uma asma/DPOC leves. Logo, não haverá bloqueio de beta2 e não irá descompensar a doença do paciente.
DM insulinodependente: este, mascara uma hipoglicemia. As respostas da hipoglicemia envolve o simpático, logo, quando o paciente tem taquicardia, tem tremor etc., ele sabe que está hipoglicêmico e aplica o sachê de insulina para recuperar sua glicemia. O simpático é importante para fazer a recuperação glicêmica. Ao utilizar um betabloqueador irá mascarar a hipoglicemia e dificultar essa recuperação glicêmica.
Vasculopatia periférica grave: uma vasculopatia periférica, como o fenômeno de Renault e a claudicação intermitente, não pode utilizar betabloqueador, pois agrava o vasoespasmo, uma vez que bloqueia beta2, que é vasodilatador, deixando livre o alfa1 que é vasoconstrictor.
CI relativa — Pode agravar dislipdiamia.
Usos clínicos dos betabloqieadores em eventos cardiovasculares
— Angina
• O paciente que sofre de angina estável tem um desequilíbrio entre a oferta de sangue, pelo fluxo coronariano, e a demanda. Não há como aumentar a oferta farmacologicamente, pois o paciente possui uma placa de ateroma, a não ser que seja feito um stent/angioplastia. Dessa forma, é necessário usar medicamentos que reduzam a demanda metabólica, a qual é dada pela contratilidade da musculatura cardíaca (inotropismo) e pela frequência cardíaca, embora, também, interfiram a pré e a pós-carga.
• O que quer é inserir o betabloqueador no tratamento da angina estável. Logo, ele reduz a contratilidade, bloqueando beta1, e reduz a frequência cardíaca. Ao reduzir intensamente dois determinantes do MVO2 ele irá reduzir o MVO2. O betabloqueador não apenas tem o efeito de melhorar o efeito entre a oferta e a demanda, diminuindo o desequilíbrio, como, também, aumenta a sobrevida cardiovascular.
• O fato de o medicamento aumentar a sobrevida é um indicador para usá-lo e, mesmo havendo outras opções, irá priorizar o seu uso. Na angina clássica, estável ou de esforço o betabloqueador é padrão ouro.
Qual angina tem contraindicação de beta-bloqueadores?
Angina de Prinzmetal: angina espástica.
O betabloqueador tende a piorar o vasoespasmo e a piorar esse tipo de angina, por bloquear o beta2 vascular, e nem o beta1 está indicado. Sendo assim, utiliza-se outros fármacos, como bloqueadores de canais de Ca2+, vasodilatadores etc.
Porque usar beta-bloqueadores na IC?
A IC é uma indicação para o uso do betabloqueador, desde que ela não seja aguda (emergencial). É uma IC crônica, o paciente está ao nível ambulatorial e ao nível de consultório.
Com o aparecimento da IC, há uma hiperatividade adrenérgica, com aumento da adrenalina, da angiotensina e da aldosterona. Há outros fatores que remodelam o miocárdio, mas para impedir a remodelação, impede a hiperatividade adrenérgica e a hiperatividade do SRAA.
Ou seja, o betabloqueador entra na segunda etapa bloqueando a hiperatividade adrenérgica e impede um pouco a hiperatividade da renina, impedindo a remodelação. Logo, utiliza-se o betabloqueador (padrão ouro) para aumentar a sobrevida e reduzir a remodelação.
No primeiro dia de diagnóstico de IC é obrigado utilizar betabloqueador e inibidor da ECA.
V ou F
Betabloqueadores atuam como antiarrítimos.
Verdadeiro.
Fibrilação atrial (FA)
• Arritmia crônica mais comum – não é emergencial.
• O paciente possui focos ectópicos atriais, logo, o átrio manda impulsos com alta frequência para o nodo AV. Logo, este pode deixar a informação atrial/ectópica/maligna passar para o ventrículo.
• A FA compromete a sístole atrial, a qual não é essencial a vida. Caso o paciente chegue na emergência, é utilizado um betabloqueador (BAV) e é indicado que ele volte para casa e que vá a um cardiologista eletivamente, não sendo uma urgência.
O betabloqueador não vai curar a fibrilação, mas irá fazer um BAV (bloqueio átrio ventricular) para controlar a atividade fibrilatória no átrio e impedir que passe para o ventrículo. Isso contém o maior problema emergencial, que é a fibrilação ventricular decorrente da fibrilação atrial.
Qual a relação de hipertiroidismo com beta bloqueador?
Doença de Basedow Graves – causa mais comum do hipertireoidismo. Há um excesso de T4, sendo o hormônio mais produzido pela tireoide, que pode se transformar em T3.
O T3 faz vários efeitos, como tendência a arritmia, aumentando a síntese do receptor beta1. Logo, um coração com mais receptores beta1 irá responder mais a adrenalina, produzindo arritmia.
Os betabloqueadores bloqueiam os receptores beta1 que estão hiperexpressos, controlando a arritmia no hipertireoidismo —> Propranolol
Uso de betabloqueador no feocromocitoma?
Feocromocitoma: tumor, localizado na medula adrenal, hipersecretante de adrenalina e de noradrenalina. O paciente apresenta aumento da PA, taquicardia, sudorese, realizando picos hipertensivos, ou seja, adrenalina atuando em alfa1 e em beta1.
A hiperatividade em alfa1 é a preocupante, uma vez que o paciente, no momento do pico hipertensivo, possui um grande risco de AVE. Ou ele morre ou ele sequela. Há mais receptores alfa1 do que qualquer outro receptor adrenérgico.
O paciente usa betabloqueador (tanto alfa quanto beta) três semanas antes da cirurgia para que não haja pico hipertensivo e arritmia durante a cirurgia.
==> Há uma ordem
• Primeiro: bloqueador alfa
• 24h depois: continua o bloqueador alfa e inicia o bloqueador beta
Se começar com beta, toda a adrenalina vai para o alfa e o paciente faz um AVE
Como há a atuação de beta bloqueador na dissecção aórtica?
Dissecção aórtica aguda: Situação de emergência em que o betabloqueador é o padrão ouro – caso não o use é má prática.
O grande problema é rompimento da aorta e levar a uma hemorragia, uma vez que toda volemia vai para o tórax ou para o abdômen (dependendo de qual parte da aorta) e o paciente morrer.
Logo, o betabloqueador reduz o inotropismo (contratilidade), reduz a pressão de ejeção pelo VE (se a pressão ejetada é menor, o sangue vai mais para a luz verdadeira), reduz o fluxo pela falsa luz e reduz a probabilidade de rutura.
Outros usos de betabloqueadores?