Doença do refluxo gastroesofágico Flashcards
O que é ?
uma infecção crônica decorrente do refluxo retrógrado e parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago (órgão adjacente) acarretando sintomas e sinais esofagianos e extraesofagianos associados ou não lesões teciduais.
→ Resumindo: quando volta alguma coisa do estômago ou duodeno pro esôfago ou para alguma coisa que está perto dele como cavidade oral, traqueia,
Todo mundo que tem refluxo tem essa doença?
Importante lembrar que todo mundo tem refluxo, mas não é todo mundo que tem a doença do refluxo (DRGE), o refluxo
fisiológico é uma coisa normal, todo mundo sente aquele “negócio amargo” na boca que
engolimos, e isso não quer dizer que você tenha a doença do refluxo.
Quantas pessoas essa doença impacta?
No mundo 8 a 30% das pessoas terão DRGE, no Brasil cerca de 12%
Anatomia relevante para essa doença
- Por que o conteúdo do estômago sobe para o esôfago? Essa região da cárdia é a transição do
esôfago para o estômago, é onde tem o esfíncter esofágico inferior (EEI), que é a musculatura dessa região. - A crura diafragmática é o pinçamento do diafragma, é onde o tórax vira abdômen, é um
buraco no diafragma onde o esôfago passa para cavidade abdominal. - Estruturas de suporte da válvula esôfago gástrica: são alguns ligamentos que ficam nessa região, mas não é o esôfago em si, não é grudado no diafragma. Então, é uma anatomia que protege do refluxo.
- O ângulo de His é importante porque é abaixo da crura diafragmática. Lembrando que o esôfago tem uma parte abdominal (ele não acaba certinho no tórax), ele tem um pedaço abaixo do diafragma, na parte abdominal.
Pq acontece o refluxo?
Porque acontece um desbalanço entre os fatores protetores e os agressores.
Quais são os fatores protetores?
• Barreira antirrefluxo: que são a crura diafragmática do esfíncter esofágico inferior, tudo isso).
• Mecanismos de depuração intraluminal: se o estômago fica cheio, o esôfago fica cheio,
assim tem mais chance de ficar voltando conteúdo. O que acontece com o estômago que
demora pra esvaziar? Por exemplo, uma gastroparesia - paciente diabético de longa data,
o estômago ali que não esvazia direito, ou paciente tem alguma retração no estômago como uma úlcera, uma retração cicatricial, não deixa esvaziar direito, acumula conteúdo no
estômago, gerando mais chance de refluxo.
• Mecanismo de resistência do epitélio esofágico: produção de muco do próprio esôfago, saliva neutraliza o PH, protege o esôfago, então quem tem problema relacionado a produção de muco ou mesmo de salino, tem uma menor defesa do epitélio esofágico.
Fatores agressores
• Episódios de refluxo gastroesofágico: tem pessoas que tem mais episódios que o normal, quanto mais episódios pior a doença.
• Agressividade do material refluído (ácido): às vezes o paciente que tem um gastrinoma
(produz muito ácido no estômago), tudo isso interfere
- A alimentação tb pode piorar ou melhorar a acidez do suco gástrico
Então quando tem o desbalanço entre esses mecanismos acontece a doença do refluxo → DRGE.
Hérnia de hiato
- É uma alteração anatômica
- alteração da barreira antirrefluxo, um pedaço do estômago sobe além da crura diafragmática e altera a anatomia da região, elevando o EEI.
- O ângulo de His que protege do refluxo
se torna menos angulado, a crura diafragmática fica menos alargada. A hérnia de hiato é muito relacionada ao refluxo, MAS… não quer dizer que quem tem hérnia de hiato tenha sempre refluxoe vice-versa, mas sim predispõe (por conta dessa alteração da barreira antirreflexo).
Quadro clínico
SINTOMAS TÍPICOS:
• Pirose (pirose = azia = queimação atrás do peito).
• Regurgitação (quando sente o alimento subindo).
SINTOMAS ATÍPICOS:
• Dor torácica não cardíaca
• Globus faríngeo (sensação de bola na garganta)
• Exacerbação da asma
• Tosse crônica
• Apneia do sono
• Pigarro
• Rouquidão
• Desgaste do esmalte dentário
• Laringite
Existem vários sintomas relacionados a via respiratória, porque dependendo do grau do refluxo, causa uma irritação da faringe e da laringe e, dessa forma, acontecem esses sintomas.
Sinais de alerta
disfagia, odinofagia, perda de peso, às vezes hemorragia, eventualmente tem uma anemia.
Se tiver esses sintomas teremos que fazer um diagnóstico diferencial contra patologias, como tumor de estômago obstrutivo (gera piora no esvaziamento gástrico e vai ficar
mais conteúdo no estômago e provavelmente ele vai ter refluxo).
Se tiver história familiar de câncer também é um fator de alerta, e também a idade.
Qual é a ordem dos exames de um paciente com refluxo
diagnóstico terapêutico, em seguida, endoscopia digestiva alta, em seguida a monitorização ambulatorial de refluxo (o índice de pHmetria) e a *manometria esofágica de alta resolução
Quando eu uso o teste terapêutico?
- Faço quando o paciente apresenta pirose e regurgitação sem sinais de complicação (alarme)
- Damos Inibidor de bomba de prótons por 8 semanas
- Se não funcionar se faz endoscopia ou também se o paciente apresentar sinais de alarme
A endoscopia é um exame que vai sempre fechar o diagnóstico de refluxo?
• Não, não é um exame padrão ouro para refluxo. Mas, é um exame que é pedido
inicialmente, pois mostra a anatomia e áreas lesadas se houver. Conseguindo, portanto,
fazer alguns diagnósticos diferenciais.
Quando a endoscopia comprova uma patologia?
Hoje, tem a classificação em graus, esofagite grau C ou D (esofagite erosiva distal, entre o esôfago e o estômago), esôfago de Barrett longo comprovado por biópsia ou estenose péptica -> quando apresenta isso aqui comprova o refluxo
Classificação de Lós Angeles
• classifica as esofagites erosivas entre A, B, C ou D.
A: mostra a transição esôfago gastrica, com lesões menores que 5mm inconfluentes (não se
comunicam entre uma prega e outra).
B: maiores que 5mm e não confluentes.
C: quando começam a confluir com uma prega e outra, sendo menos de 75% da circunferência.
D: quando pega mais de 75% da circunferência.
O que é estenose péptica?
muitos machucados que fazem uma retração cicatricial ocasionando uma diminuição do calibre Ex.: estenose péptica por acidez.
Diagnóstico definitivo por endoscopia da para ser feito se eu já estou tratando com IBP?
Vc primeiro precisa para de tomar por 2 semanas esse medicamento e só depois fazer a endoscopia
Fiz a endoscopia não achei nada que exame eu faço?
Vou fazer pH metri, posso fazer tb para analizar a adequação do tratamento com IBP para pacientes com complicações, se queremos saber se com o remédio está diminuindo a
acidez, monitorizar esses fatores
O que é a pH meteria?
- é o exame padrão ouro para o DERG
- um exame em que colocamos uma sonda que monitora o pH do nariz, passando por todo
o esôfago, ficando com a ponta no estômago, que permanece por 24h. Ligado à essa sonda
temos uma memória que marca a quantidade de refluxo que temos ao longo do dia. O
paciente passa as 24h fazendo as atividades normais, sem necessidade de internação, mas com a sonda no nariz. Aí, após o período do exame, a memória é lida por uma máquina que
faz contas e vai dizer se há ou não o refluxo. - O paciente precisa anotar o que comeu, se deitou para comparar os dados e ver quando o refluxo foi pior
- O ideal seria 96 h, mas isso não acontece
- TEA > 6%, ou seja, tempo de exposição ácida maior que 6%.
Manometria
- Para posicionar corretamente o sensor de pH
- A manometria também é uma sonda que vai do nariz até o estômago, na qual, pedimos para o paciente tomar goles de água, e aí vai monitorar toda a pressão do esôfago, tanto do esfíncter superior, quanto do corpo esofágico e do esfíncter inferior. Então, a partir disso, conseguimos determinar exatamente a altura que está posicionado o esfíncter superior e posicionar corretamente a sonda da pHmetria.
- Serve também para ver se há algum problema motor no esôfago, por isso é investigação
complementar de disfagia (aquele paciente que não consegue comer). Além disso, é um exame
imprescindível no pré-operatório de DRGE para afastar problemas de peristalse como causa do
refluxo, acalasia e distúrbios de mobilidade.
A cirurgia para refluxo é uma válvula que vai fechar o esôfago distal com o próprio estômago, então se o paciente tiver algum problema motor no esôfago ele já não vai conseguir ter força para o alimento voltar.
Evidencia conclusiva para o refluxo patológico
Na endoscopia: esofagite grau C e D de Los Angeles, Barrett longo e estenose esofágica ou
estenose péptica
• pHmetria ou impedância: TEA > 6%
Tratamento comportamental
Elevação da cabeceira da cama em 15 cm
Evitar deitar após alimentação por 2 h
Suspender tabagismo
Evitar: café, cítricos, chocolate, gordura, bebida gaseifica
Redução de peso - nunca se faz cirurgia de DRDE em obesos, se faz bariátrica
Tratamento farmacológico
- Inibidor da bomba de prótons (IBP): Omeprazol, pantoprazol, lanzoprazol - é o tratamento de primeira escolha. Dose padrão por 8 semanas e vê como o paciente responde - machuca menos o esôfago pois diminui a acidez
- Quando o paciente tiver alergia a IBP usaremos outros medicamentos:
• Bloqueadores dos receptores H2: Ranitidina, famotidina
• Procinéticos: Metoclopramida, domperidona, bromoprida - caso o paciente tenha um
estômago que demora para esvaziar, pois auxiliam no esvaziamento gástrico (gastroparezia)
• Alcalinos e sucralfato: Hidróxido de alumínio - protetor de mucosa que acabamos usando
em gestante com contraindicação de IBP, usado tb quando o paciente está muito machucado