Doença Arterial Coronariana: Angina estável Flashcards
Doença arterial coronariana: Fisiopatologia
A aterosclerose consiste na formação, na íntima das artérias, no caso, das artérias coronarianas epicárdicas, de placas de ateroma (placas contendo cerne lipídico com capa fibrosa). Essas, podem obstruir parcialmente o lúmem arterial, gerando isquemia pela maior demanda metabólica do órgão, a chamada angina estável / Síndrome coronariana crônica, ou evoluir para a formação de trombo oclusivo (quando a placa sofre ruptura, com consequente ativação de cascata de coagulação e formação de trombo intracoronário, o qual pode gerar oclusão ou suboclusão do vaso). Nesse último caso, o paciente apresenta a chamada síndrome coronariana aguda (SCA).
Ou seja, a DAC começa com a formação da placa de ateroma e existe um cenário de doença estável e um cenário de doença instável, sendo que ao longo da vida do paciente coronariopata ele pode passar por todas essas fases (pode ter DAC crônica e ter episódios de agudização da DAC crônica com SCA ao longo da evolução da doença).
Doença arterial coronariana: fatores de risco (10)
Fatores de risco que predispõem a formação da placa de ateroma: sexo, idade avançada, história familiar positiva, HAS, DM, dislipidemia, sedentarismo, obesidade, tabagismo, DAOP.
Doença arterial coronariana:
(V) ou (F)
Angina = DAC
Justifique.
Falso!
Angina é o resultado final da isquemia miocárdica, que decorre de um desbalanço entre oferta e consumo miocárdico de oxigênio. Ou seja, qualquer condição, dentre as quais a DAC, que gere desbalanço entre oferta e demanda de O2 ao miocárdio, pode cursar com angina.
Doença arterial coronariana: cite 9 possíveis causas de angina
DAC, taquiarritmia, bradiarritmia, estenose aórtica, HAS não controlada, vasoespasmo, hipoxia, anemia, síndrome X.
Doença arterial coronariana: mecanismo da angina nas taquiarritmias
• Desbalanço entre a oferta e o consumo de oxigênio:
- Aumento do consumo: Paciente com taquiarritmia (FA de alta resposta, taquicardia ventricular) tem FC aumentada, o qual aumenta o consumo de oxigênio pelo miocárdio.
- Diminuição da oferta: enchimento coronariano ocorre na diástole.
Obs: O paciente que entra na emergência com taquiarritmia com angina, é critério de instabilidade hemodinâmica, deve se realizar a cardioversão elétrica.
Doença arterial coronariana: mecanismo da angina na estenose aórtica.
Aumento do consumo pela hipertrofia ventricular e diminuição da oferta pela diminuição do DC e consequente redução da perfusão coronária.
Doença arterial coronariana: mecanismo da angina na HAS não controlada
Aumento da pós carga do VE com consequente aumento do consumo.
Doença arterial coronariana: mecanismo da angina no vasoespasmo, hipoxia, anemia, síndrome X
Situações que reduzem oferta de O2.
Doença arterial coronariana: em que consiste a síndrome X
Mais comum em mulheres, secundária a reatividade vascular e disfunção endotelial com comprometimento principalmente da microcirculação -> paciente pode ter cateterismo normal mas com angina típica e as vezes até uma cintilografia miocárdica demonstrando isquemia.
Doença arterial coronariana: angina com limiar variável -> o que indica ?
Vasoespasmo sob a placa.
Doença arterial coronariana: ordem de eventos da cascata isquêmica e como ela impacta na sensibilidade dos testes não invasivos
- Cascata isquêmica (representa a resposta à isquemia):
Inicialmente, existe uma alteração do metabolismo do miócito (metabolismo anaeróbico), em seguida, o miocárdio evolui com uma disfunção diastólica, disfunção sistólica, alteração eletrocardiográfica sobretudo do segmento ST até culminar na clínica de angina. Ou seja, o paciente pode ter doença coronariana e não ter angina, ser assintomático.
Além disso, alguns testes para diagnóstico de doença coronariana são mais sensíveis que outros, na ordem do mais pro menos sensível: Cintilografia miocárdica (avalia perfusão), o ECO estress (avalia alteração de contratilidade do VE em resposta à isquemia), teste de esforço (avalia alteração eletrocardiográfica e presença de angina durante o esforço).
Doença arterial coronariana crônica: Anamnese
Pesquisar fatores de risco, sintomas de DAC e sintomas doença aterosclerótica em outros sítios.
Doença arterial coronariana crônica: sintomas
Angina estável típica +/- equivalentes anginosos:
- Angina estável típica: Desconforto torácico retroesternal, que irradia para MMSS e mandíbula, sinal de Levine, em peso/constritiva + precipitada por esforço físico ou estresse emocional + Que alivia após repouso ou uso de nitratos / duaração < 10-15 min. 3 características = angina típica; 2 características = angina atípica, 0-1 das características = dor não anginosa.
- Equivalentes anginosos: dispnéia, fadiga, síncope, confusão mental, náusea, vômitos, sudorese fria.
- Valorizar achados em mulher, diabético, idoso, renal crônico e transplantado, pois esses pacientes em geral tem sintomas atípicos de DAC, podendo ter dor atípica ou não ter dor e ter apenas equivalentes anginosos. Paciente pode inclusive ser assintomático, como visto na cascata isquêmica.
- Toda dor da mandíbula até a cicatriz umbilical pode ser por coronariopatia, acima da mandíbula e abaixo da cicatriz umbilical geralmente não é por DAC.
Doença arterial coronariana crônica: Classificação da angina instável pela sociedade canadense (CCS)
CCS 1 = angina pra atividades de esforço físico intenso;
CCS 2 = angina após caminhar 2 quarteirões ou subir mais de um lance de escada;
CCS 3 = angina que leva a limitação das atividades habituais, angina para subir um lance de escada, para tomar banho;
CCS 4: angina no repouso.
Doença arterial coronariana crônica: o que pesquisar na anamnese além dos sintomas de DAC?
Fatores de risco e sintomas de doença aterosclerótica em outros sítios, como de DAOP (claudicação intermitente, úlcera arterial, lesão trófica secundária a DAOP).
Doença arterial coronariana crônica:
Exame físico
A maioria dos pacientes tem exame físico normal, mas se o paciente já tiver síndrome de IC secundária à DAC, pode apresentar sinais de IC. Além disso, vasculopatia é uma doença sistêmica, de modo que se o paciente tem aterosclerose na coronária ele pode ter em território carotídeo, em MII.
Assim, deve-se pesquisar sinais de:
- ICE: Ictus de VE desviado, B3, sinais de congestão pulmonar, insuficiência mitral (essa de etiologia isquêmica).
- ICD: turgência jugular patológica, hepatomegalia dolorosa, edema de MMII.
- No contexto de isquemia e na vigência da dor pode ter B4.
- Sinais de DAOP: índice tornozelo braquial < 0,9, úlcera arterial (lesão trófica secundária a DAOP).
- Examinar a carótida e avaliar presença de sopro.
Doença arterial coronariana crônica: Exames complementares (quais deve-se pedir e porque)
• Laboratório:
- Exame de sangue: hemograma (anemia), perfil lipídico (rastrear comorbidades) glicemia de jejum e Hb glicada (rastreio de DM), função renal, função tireoidiana em caso de suspeita clínica de desordem da tireoide.
• ECG:
- É normal em até 50% dos casos. As alterações mais comuns são no segmento ST ou presença de onda Q patológica (amputação do R com presença de QS denotando um provável infarto prévio) se o ECG for normal, a chance de do paciente ter uma fração de ejeção normal é alta = prognóstico melhor.
- É recomendado para todos o pacientes durante ou imediatamente após episódio de angina para avaliar a possibilidade de instabilização da doença coronariana crônica. Se o paciente está na consulta com infra de ST e sem sintomas no momento, pode ser uma alteração crônica do segmento ST no contexto de DAC crônica.
• ECO:
- Para excluir os diagnósticos dieferenciais de angina (hipertrofia, estenose aórtica); avaliação de disfunção segmentar (hipocinesia/acinesia em alguma parede, que corroboram com o diagnóstico de DAC); avaliar fração de ejeção (estratificação do risco, se reduzida, prognóstico pior).
• Rx de torax:
- Auxilia no diagnóstico diferencial de dor torácica, muitas vezes é possível haver achados de cardiomegalia, congestão pulmonar em paciente que tem DAC e já tem IC de etiologia isquêmica.
Doença arterial coronariana crônica: alvo de LDL, função da estatina
- Se obstrução >/= 50 % na coronária ou se já teve infarto prévio < 50
- Além de reduzir LDL, a estatina também estabiliza a placa de ateroma, reduzindo a inflamação e a possibilidade de instabilização de palca.
Doença arterial coronariana crônica: Diagnóstico
Fatores de risco + Clínica:
(1) Classificar o paciente na tabela de probabilidade pré-teste de DAC. Tabela antiga da Diretriz brasileira (Diamond/Forrester e CASS Data) e tabela mais atual da ESC, que leva em consideração a dispneia do paciente. Nessas tabelas aplica-se a idade do paciente, o sexo e o tipo de dor e tem-se a probabilidade pré-teste em % do paciente ter DAC. Na tabela da diretriz brasileira o paciente com probabilidade pré-teste < 10% tem baixa probabilidade, entre 10-90 intermediária e > 90% alta. A da ESC entre 15-85% é intermediária. Classificar é importante pois muda a conduta.
(2) Se:
- Probabilidade pré-teste baixa: avaliar outros diagnósticos alternativos.
- Probabilidade pré-teste moderada: testes não invasivos para diagnóstico e estratificação de risco! Suspender tratamento anginoso!!
- Probabilidade pré-teste alta: TNI com intuito prognóstico, já começar a tratar. Fazer o teste com o paciente em tratamento clínico otimizado, para ver como que o paciente plenamente tratado se comporta com o esforço, para avaliar o prognóstico.
Doença arterial coronariana crônica: Indicações dos testes não invasivos?
- Em pacientes sintomáticos, para diagnóstico naqueles com probabilidade pré-teste intermediária e para avaliação de prognóstico nos com probabilidade pré-teste alta. M
- Em paciente assintomático com fator de risco que irá começar a fazer atividade física.
Doença arterial coronariana crônica: Quais são os possíveis testes não invasivos e o que eles avaliam ?
Sao os seguintes: TNI com ECG ou imagem (cintilografia, ECO stresse, RM) para avaliação da isquemia durante estresse, ou testes anatômicos (angio-TC / angio RM de coronária) para avaliar diretamente a presença de placa de ateroma no interior das coronárias.
Doença arterial coronariana crônica: Como deve-se escolher qual TNI a ser realizado?
É recomendado que a seleção desses TNI seja baseada na probabilidade pré-teste de DAC por parte das características do paciente, da expertise do local e da disponibilidade dos testes.
Doença arterial coronariana crônica: Qual TNI de escolha para iniciar a investigação?
Pela diretriz brasileira, o teste ergométrico, por ser muito barato e mais acessível é ainda o exame de escolha para iniciar a investigação de dor torácica, desde que o paciente consiga se exercitar e tenha um ECG interpretável. As diretrizes europeias tendem a preferir testes com imagem (cintilografia com esforço físico).