Diabetes Mellitus Flashcards
O que é diabetes mellitus?
Grupo de doenças metabólicas, com diversas etiologias, resultado de uma secreção deficiente de insulina pelas células beta, resistência periférica à ação da insulina ou ambas.
Fatores que contribuiram para o aumento da prevalência do diabetes mellitus
- Urbanização
- Transição epidemiológica
- Transição nutricional
- Sedentarismo
- Excesso de peso
- Crescimento e envelhecimento populacional
Fatores que contribuem para o subdiagnóstico do diabetes mellitus tipo 2
- Baixo desempenho dos sistemas de saúde
- Pouca conscientização sobre diabetes entre a população geral e profissionais de saúde
- Início insidiosos dos sintomas ou progressão do DM2
Principal causa de mortes entre pacientes com diabetes
Doença cardiovascular
Complicações microvasculares e macrovasculares do diabetes mellitus
- Retinopatia
- Nefropatia
- Neuropatia
- Doença coronariana
- Doença cerebrovascular
- Doença arterial periférica
Impacto socioeconômico do diabetes mellitus
- Maior utilização dos serviços de saúde
- Perda de produtividade
- Cuidados prolongados
- Carga financeira
Causa do diabetes mellitus tipo 1
Deficiência absoluta de insulina,devido a distúrbio autoimune (destruição indolente das células beta) ou idiopáticos.
Fatores que contribuem para o desenvolvimento do distúrbio autoimune no diabetes mellitus tipo 1
- Fator ambiental (infecções virais, componentes dietéticos e certas composições da microbiota intestinal)
- Genética (antígeno leucocitário humano HLA, DR3 e DR4)
No diabetes mellitus tipo 1 a hiperglicemia permanente surge quando?
Quando 90% das ilhotas pancreáticas são destruídas
Autoanticorpos envolvidos na patogênese do diabetes mellitus tipo 1
- Autoanticorpos anti-ilhotas (ICA)
- Anti-insulina (IAA)
- Antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD65)
- Autoanticorpo antitransportador de zinco (Znt8)
- Tirosinofosfatases IA-2 e IA-2b
Fases do desenvolvimento do diabetes mellitus tipo 1A
- Pré-clínica, com suscetibilidade genética e autoimunidade contra a célula beta
- Início clínico do diabetes
- Remissão transitória (período de “lua de mel”)
- Diabetes estabelecido associado a complicações agudas e crônicas
O que é diabetes autoimune latente em adultos (LADA)?
É uma forma de diabetes autoimune em que a velocidade de destruição das células beta pancreáticas é mais lenta do que a habitualmente observada no DM1. Em geral, manifesta-se entre os 30 e 50 anos de idade.
No diagnóstico, o que diferencia o LADA do DM2?
A presença de um ou mais autoanticorpo contra as células beta.
Quais são os critérios diagnósticos do LADA?
- Idade no diagnóstico entre 25 e 65 anos
- Ausência de cetoacidose diabética ou hiperglicemia acentuada sintomática no diagnóstico ou imediatamente após, sem necessidade de insulina por pelo menos de 6 a 12 meses.
- Existência de autoanticorpos, especialmente anti-GAD65
Características gerais dos portadores de diabetes mellitus tipo 2
- > 40 anos (mas pode acometer qualquer faixa etária)
- A maioria é obesa
- 70-90% apresentam síndrome metabólica
Complicação aguda clássica do DM2
Síndrome hiperosmolar hiperglicêmica
Quais os principais mecanismos fisiopatológicos que levam à hiperglicemia no DM2?
- Resistência periférica à ação insulínica nos adipócitos e, principalmente, no músculo esquelético
- Secreção deficiente de insulina pelo pâncreas
- Aumento da produção hepática de glicose, resultante da resistência insulínica no fígado.
Componentes do octeto ominoso ou nefasto do DM2
- Adipócito (lipólise acelerada)
- TGI (deficiência/resistência incretínica)
- Células alfa pancreáticas (hiperglucagonemia)
- Rins (reabsorção aumentada de glicose pelos túbulos renais)
- Cérebro (resistência à insulina)
- Secreção insulínica deteriorada
- Fígado (PHG aumentada)
- Captação periférica de glicose reduzida
Fatores de risco para o diabetes mellitus tipo 2
- Obesidade
- Histórico familiar
- Raça/etnia (negros, hispânicos)
- Idade acima de 45 anos
- Diagnóstico prévio de intolerância à glicose
- HAS
- Dislipidemia
- História de diabetes gestacional ou macrossomia fetal
- Sedentarismo
- SOP
- Tabagismo
A partir de qual idade sugere-se o rastreamento de DM2?
45 anos
Em quais casos é aconselhável o rastreamento de DM2 em indivíduos com menos de 45 anos?
- Pré-diabetes
- História familiar de DM
- Raça/etnia de alto risco para DM
- Mulheres com diagnóstico prévio de DMG
- História de DCV
- HAS
- HDL-c < 35 mg/dL e/ou triglicerídeos > 250 mg/dL
- SOP
- Sedentarismo
- Acantose nigricans
Qual o motivo da gestação ser uma condição diabetogênica?
Devido ao fato da placenta produzir hormônios hiperglicemiantes e enzimas pancreáticas que degradam a insulina, com consequente aumento compensatório na produção de insulina e na resistência à insulina, podendo evoluir com disfunção das células beta.
Fatores de risco para o diabetes mellitus gestacional
- Idade materna avançada
- Sobrepeso
- Obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual
- Deposição central excessiva de gordura corporal
- Histórico familiar de diabetes em parentes de primeiro grau
- Crescimento fetal excessivo
- Polidrâmnio
- Hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual
- Antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição
- Malformações
- Morte fetal ou neonatal
- Macrossomia
- SOP
- Baixa estatura (<1,5m)
Sintomas clássicos do diabetes mellitus
- Poliúria
- Polidipsia
- Polifagia
- Perda ponderal
Sintomas inespecíficos do diabetes mellitus
- Tonturas
- Dificuldade visual
- Astenia
- Cãibras
- Vulvovaginite de repetição
- Disfunção erétil
Conceito de pré-diabetes
Condição onde os valores glicêmicos estão acima dos valores de referência, mas ainda abaixo dos valores diagnósticos de DM. Se medidas não forem realizadas, evolui para o diabetes mellitus.
Diagnóstico de DM por meio da glicemia de jejum
Dois valores superiores ou iguais a 126 mg/dL, obtidos em dias diferentes, são suficientes para estabelecer o diagnóstico de DM.
Como é realizado o teste oral de tolerância à glicose (TOTG)?
Previamente a ingestão de 75g de glicose dissolvida em água, coleta-se uma amostra de sangue em jejum para determinação da glicemia; coleta-se outra, então, após 2h de sobrecarga oral.
Quais as vantagens da hemoglobina glicada (HbA1c)?
Oferece vantagens ao refletir níveis glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses e ao sofrer menor variabilidade dia a dia e independer do estado de jejum para sua determinação. Contudo, se trata de medida indireta da glicose, que sofre interferência de algumas condições clínicas.
Qual o padrão ouro laboratorial para avaliação do controle glicêmico?
HbA1c
Valores da glicemia em jejum
- Normoglicemia: <100
- Pré-diabetes: maior ou igual a 100 e < 126
- Diabetes estabelecido: acima de 126
Valores do teste oral de tolerância à glicose (TOTG)
- Normoglicemia: <140
- Pré-diabetes: maior ou igual a 140 e < 200
- Diabetes estabelecido: acima de 200
Glicose ao acaso - diagnóstico de DM
Valores acima de 200 com sintomas inequívocos de hiperglicemia
Valores de HbA1c
- Normoglicemia: <5,7
- Pré-diabetes: maior ou igual a 5,7 e < 6,5
- Diabetes estabelecido: acima de 6,5
Em qual situação não se deve fazer o controle glicêmico pela HbA1c?
Hemoglobinopatias
Em caso de hemoglobinopatias, qual teste utilizar para o controle do DM?
Frutosamina
Quando o DM1 deve realizar o teste de cetonúria?
Sempre que houver uma alteração importante em seu estado de saúde (infecções, glicemia capilar consistentemente acima de 240-300 mg/dL, gestação, sintomas compatíveis com CAD).
Qual exame laboratorial pode ser utilizado para analisar a capacidade secretória do pâncreas?
Dosagem plasmática do peptídeo C
VR: > 0,9 ng/mL basal e > 1,8 ng/mL após estímulo
Valores inferiores confirmam o diagnóstico de DM1
Doenças que apresentam risco aumentado de se desenvolver no DM2
- DCV (redução da expectativa de vida em 5 a 20 anos)
- Câncer
- Doenças psiquiátricas
- Alzheimer
- Outras demências
- Hepatopatia crônica
- Artrite
- Fraturas
- Outras condições incapacitantes e fatais
Fator de risco para complicações no DM2
Controle glicêmico inadequado
No DM2 o que ocorre no fígado quando se tem resistência insulínica?
Produção excessiva de glicose durante o estado basal.
No DM2 o que ocorre nos músculos quando se tem resistência insulínica?
Captação deficiente de glicose após uma refeição de carboidratos, o que leva a hiperglicemia pós-prandial
No DM2 o que ocorre nos adipócitos quando se tem resistência insulínica?
Lipólise exagerada e aumento dos ácidos graxos livres circulantes (deposição de AGL nos músculos esqueléticos aumentando a RI nesse local e migração para o fígado - gliconeogênese, esteatose hepática e maior síntese hepática de VLDL)
No DM2 o que ocorre nas células beta pancreáticas quando se tem resistência insulínica?
Inicialmente são capazes de aumentar sua secreção o suficiente para compensar a resistência insulínica. No entanto, com o tempo, elas começam a falhar levando ao DM2 manifesto (glicotoxicidade).
Caracterização da dislipidemia diabética
Hipertrigliceridemia, HDL-c baixo e existência de partículas de LDL pequenas e densas.
O que é efeito incretínico?
Estímulo intestinal por meio de hormônios (GLP-1 e GIP) à produção de insulina.
Como estão os níveis do GLP-1 e do GIP no DM2?
GLP-1: Diminuídos
GIP: normais ou elevados
Fator que implica na progressiva falência das células beta no DM2
Hipersecreção de polipeptídeo amiloide das ilhotas (IAPP) e deposição de amiloide dentro do pâncreas.
Qual a base do tratamento do DM1?
Insulinoterapia
Complementar com orientações alimentares, atividade física e monitoramento glicêmico.
Qual o objetivo do tratamento do DM1?
Manter a glicemia e a hemoglobina glicada o mais próximo possível da normalidade, com o intuito de controlar a sintomatologia dos pacientes e prevenir as complicações agudas (cetoacidose diabética) e crônicas (retinopatia, nefropatia, neuropatia e DCV).
O que é diabetes mellitus gestacional?
Intolerância a carboidratos de gravidade variável, que se inicia durante a gestação atual e não preenche os critérios diagnósticos de DM franco.
Como é feito o rastreamento de DM gestacional?
- Na primeira consulta pré-natal solicitar glicemia de jejum: se der maior que 126 mg/dL será feito o diagnóstico de DM franco na gravidez. Se estiver entre 92 e 126 mg/dL, será feito o diagnóstico de DMG. Se der menor que 92, reavaliar no segundo trimestre.
- Entre a 24ª e 28ª semana, realizar o TOTG (em jejum maior que 92, em 1h maior que 180 e em 2h maior que 153 confirma a DMG).
Qual o tratamento do diabetes gestacional?
- O tratamento inicial consiste em orientação alimentar
- Prática de atividade física
- Monitoramento glicêmico pré e pós-prandiais
- Se após duas semanas de dieta, os níveis glicêmicos permanecerem elevados, inciar o tratamento farmacológico
- A dose inicial deve ser em torno de 0,5 U/kg, com ajustes individualizados para cada caso.
Conduta durante o parto em pacientes com DMG
- Uso de corticosteroides não é contraindicada, devendo monitorar intensivamente a glicemia e se necessário fazer ajustes com insulina.
- Não se indica cesariana em razão do DMG, sendo a via de parto uma decisão obstétrica.
- No parto programado, a gestante deve permanecer em jejum, devendo-se suspender a insulina NPH e infundir uma solução de glicose a 5 ou 10% IV, com controle do horário da glicemia capilar; se necessário, deve-se administrar infusão contínua de insulina regular IV com baixas doses ou insulina regular, lispro ou asparte subcutânea, conforme as glicemias capilares.
- Durante o trabalho de parto, deve-se manter a glicemia em níveis entre 70 e 120 mg/dL.
Conduta pós-parto na paciente com DMG
- Observar os níveis de glicemia no primeiro dia, e suspender a insulina basal.
- Manutenção de uma dieta saudável
- Caso ocorra hiperglicemia - insulina.
- Realizar TOTG a partir da sexta semana após o parto