Coqueluche Flashcards
O que é a coqueluche ?
A coqueluche é uma doença infecciosa aguda imunoprevenível, de alta transmissibilidade, também conhecida como “tosse comprida”,
“tosse convulsa” ou ainda “tosse de guariba”, e relaciona-se a uma elevada taxa de morbimortalidade em lactentes jovens.
Qual o agente etiológico da coqueluche ?
O principal agente etiológico da coqueluche é a Bordetella pertussis, que é uma bactéria do tipo bacilo Gram-negativo, aeróbia, capsulada, produtora de adesinas e toxinas que lesam o trato respiratório, além de causar depressão no sistema imune do paciente, predispondo a infecções secundárias. A Bordetella parapertussis também é capaz de causar a coqueluche, mas é menos prevalente.
É importante salientar que a coqueluche é uma doença de notificação compulsória.
Como é a transmissão da coqueluche ?
A transmissão ocorre por aerossóis, o período de incubação é de 5 a 10 dias e a transmissão ocorre desde o quinto dia após a exposição até a terceira semana após o início da tosse paroxística. Na fase catarral, a transmissão é muito alta, chegando a 95%. Após início do tratamento, o paciente pode transmitir a doença por até 5 dias.
Sendo assim :
*Período de incubação: 5 a 10 dias;
*Período de transmissibilidade: 5º dia após exposição até três semanas após início das crises paroxísticas;
*Pacientes em tratamento: transmitem por até 5 dias a partir do início do antibiótico.
Qual a fisiopatologia da coqueluche ?
A bactéria produz adesinas, que permitem sua adesão aos cílios do trato respiratório, e toxinas, que paralisam esses cílios, destroem as células do epitélio respiratório e prejudicam o clearance de secreções e microrganismos. Além disso, as toxinas entram na corrente sanguínea e são capazes de induzir hiperinsulinemia e alterações típicas no hemograma, que são leucocitose e linfocitose.
Quais os fatores de risco da coqueluche ?
- Lactentes menores de seis meses, sobretudo abaixo dos três meses;
- Presença de pertussis maligna (hiperleucocitose);
- Hipertensão pulmonar;
- Prematuridade;
- Doenças crônicas: cardíacas, pulmonares ou neurológicas.
Quais as manifestações clínicas da coqueluche ?
A coqueluche evolui em fases:
*Catarral: dura 1 a 2 semanas, apresenta sintomas leves como de quaisquer infecções de vias aéreas superiores (IVAS), com febre baixa, sendo indistinguível das outras IVAS nessa fase. Observa-se também tosse, mais comumente, seca, coriza e pode haver mal-estar discreto, em crianças maiores. No final desse período, a tosse seca vai intensificando-se e passa a ocorrer em surtos, cada vez mais frequentes e intensos; então passamos para a próxima fase.
*Fase paroxística: dura 2 a 6 semanas, observamos os paroxismos de tosse seca com duração de menos de 45
segundos, nos quais o paciente tem uma súbita crise de vários episódios seguidos de uma tosse curta, seguida de uma
dificuldade de inspirar; então, o paciente costuma forçar a inspiração súbita e prolongadamente, causando um barulho característico, que é o guincho inspiratório. Nas crianças maiores, observamos a sensação de asfixia e saliência dos olhos, com lacrimejamento. Esses acessos ou crises de tosse paroxística (de 5 a 10 tosses consecutivas) ocorrem mais
à noite. Observa-se, com frequência, a protrusão da língua e a salivação. Vômitos desencadeados por esses acessos também são frequentes. Esses paroxismos são mais intensos e frequentes nas duas primeiras semanas dessa fase e
melhoram gradativamente. Essa fase é geralmente afebril, mas pode ocorrer febre baixa e, inclusive, vários picos no dia, em casos eventuais. O exame físico revela taquipneia momentânea nos acessos de tosse, cianose que é episódica, bem como são episódicas as quedas de saturação, também nos acessos de tosse. O esforço provocado pela tosse pode
fazer aparecer petéquias na face e hemorragias conjuntivais. À ausculta pulmonar são comuns roncos, pelas secreções presentes nas vias aéreas, e sibilos. Pode haver apneia e cianose em recém-nascidos.
*Fase de convalescença: dura também mais 2 a 6 semanas, somem os paroxismos e os guinchos e volta a tosse “normal”, que pode durar até 3 meses. É a fase final, de recuperação do paciente.
Como é realizado o diagnóstico da coqueluche ?
O diagnóstico da coqueluche é realizado por meio do quadro clínico característico e dos exames complementares:
*Radiografia de tórax: encontra-se normal ou apresentar infiltrados peri-hilares, característica chamada de “coração borrado ou franjado” (ou ainda “felpudo”), porque as bordas cardíacas não são nítidas, devido aos infiltrados pulmonares.
*Hemograma: alterações desencadeadas pela toxina pertussis e caracterizam-se por leucocitose com linfocitose, que se intensifica na fase paroxística.
* A cultura para identificação da B. pertussis em material coletado da nasofaringe é o “padrão ouro” do diagnóstico e deve ser feita em coletas realizadas na fase aguda, antes do início do tratamento antibiótico ou, no máximo, em até 3 dias de seu início.
*A reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR), que deve ser realizada antes da introdução antibiótica ou em até 3 dias dela, mas também pode ser realizada posteriormente, durante a fase aguda da doença. Ela pode detectar antígenos da Bordetella até em pacientes que fizeram uso de antibiótico e que foram vacinados, sendo positivo até mesmo após a segunda semana da doença.
Quais são os diagnósticos diferenciais da coqueluche ?
Quando é indicado a internação hospitalar para o paciente com coqueluche ?
Os casos de internação hospitalar são avaliados de acordo com a gravidade do quadro e da idade do paciente sendo indicada nos seguintes casos:
*Lactentes menores de 3 meses: maior risco de rápida deterioração clínica;
*Presença de fatores de risco: prematuridade, doenças cardíacas, neurológicas ou pulmonares;
*Desconforto respiratório grave: taquipneia grave, batimento de asa de nariz, uso de musculatura acessória;
*Evidência de pneumonia;
*Incapacidade de alimentar-se;
*Apneia ou cianose;
*Convulsões.
Qual é o tratamento para a coqueluche ?
O tratamento recomendado é realizado com macrolídeos, sendo o tratamento, com os seguintes medicamentos:
* Azitromicina: 1 vez ao dia, medicamento de escolha;
* Claritromicina: segunda escolha, deve ser evitada para menores de 1 mês de vida;
* Eritromicina: 6/6h, contraindicada em menores de 1 mês de vida, devido ao risco de estenose ipertrófica do piloro.
Quais são as complicações da coqueluche ?
A coqueluche pode evoluir em alguns casos com complicações, tais como:
* Infecção secundária: pneumonia e otite;
* Complicações respiratórias: apneia, atelectasia, pneumotórax;
* Desidratação: devido aos vômitos desencadeados pelos acessos de tosse;
* Complicações neurológicas: convulsões, hemorragias intracranianas, surdez, cegueira;
* Pertussis maligna: insuficiência respiratória aguda e hipertensão pulmonar;
* Sinais de desequilíbrio hemodinâmico, devido ao aumento da resistência vascular desencadeado pela hiperviscosidade sanguínea.