CIRÚRGICA Flashcards
Alexandra foi a única sobrevivente de um sério acidente que envolveu oito carros na Via Dutra. De acordo com a sequência correta de atendimento inicial à vítima de politrauma, assinale a alternativa INCORRETA:
a) A sequência na prioridade ao atendimento da paciente deve ser: garantir via aérea pérvia + estabilização da coluna cervical, garantir ventilação, ressuscitação volêmica, avaliação neurológica breve, exposição completa da paciente.
b) A primeira medida deve ser garantir a perviedade aérea, dando sempre preferência à cricotireoidostomia por punção.
c) A letra C do ABCDE do trauma se refere especialmente à ressuscitação volêmica, a qual deve ser feita com cristaloide usando acesso profundo caso não haja um acesso periférico disponível.
d) A letra E do ABCDE do trauma se refere não somente à exposição completa do paciente em busca de lesões antes não iden- tificadas, mas também ao controle do ambiente, como a adequação da temperatura.
e) A hipotensão grave da paciente no momento inicial do atendimento deve ser explicada por choque hipovolêmico.
B
Amanda tem oito anos de idade e sofreu grave queda da bicicleta, batendo com a face diretamente no solo, o que ocasionou um trauma maxilar extenso, inclusive com importante restrição à abertura da boca. Sobre esse caso, aponte a afirmativa CORRETA:
a) Se houver comprometimento ventilatório, a paciente deve ser prontamente submetida à cricotireoidostomia cirúrgica.
b) Se houver necessidade de garantia de via aérea pérvia, esta deve ser conseguida com intubação orotraqueal.
c) A melhor alternativa de via aérea cirúrgica nessa paciente é a traqueostomia.
d) Se a paciente estiver com a ventilação comprometida, a melhor alternativa é a intubação nasotraqueal.
e) Por ser criança, devemos evitar métodos ventilatórios invasivos e preferir a ventilação sob máscara.
C.
Cecília, uma jovem de 26 anos de idade, sofreu um acidente automobilístico e, segundos após dar entrada na sala de emer- gência, recebeu o diagnóstico de pneumotórax hipertensivo. Sobre essa lesão, assinale a alternativa INCORRETA:
a) O quadro clínico clássico inclui desvio de traqueia e mediastino, redução de murmúrio vesicular, turgência jugular e hipotensão.
b) Antes da adoção de qualquer medida terapêutica é prudente a realização de uma radiografia de tórax para a confirmação diagnóstica, com posterior toracocentese.
c) A primeira abordagem deve ser a realização de uma toracocentese de alívio, seguida da drenagem em selo d’água.
d) Causado por uma maciça entrada de ar na cavidade pleural, que desvia mediastino e modifica a angulação de grandes vasos torácicos, o que explica a hipotensão e a turgência jugular, alterações clássicas desta lesão.
B
Clarice envolveu-se em um grave acidente de carro em uma das ruas mais movimentadas de Fortaleza e, como estava sem o cinto de segurança, teve seu corpo violentamente projetado anteriormente, ocorrendo um forte impacto de seu tórax com o painel do carro que dirigia. Levando em consideração as lesões traumáticas que podem resultar desse processo, assinale, mais uma vez, a afirmativa INCORRETA:
a) A ocorrência do quadro clínico de hipofonese de bulhas cardíacas + distensão de veias do pescoço + redução da pressão arterial configura a tríade de Beck, que é típica do tamponamento cardíaco, podendo também ser visualizada a respiração paradoxal mesmo sem lesão de gradil costal.
b) Se ocorrer hemotórax, o tratamento resolutivo é a drenagem torácica em selo d’água, mas há indicação de toracotomia se ocorrer drenagem imediata de 1.500 ml de sangue ou 200-300 ml/h nas primeiras três horas.
c) A contusão miocárdica lesa preferencialmente o ventrículo direito dada a íntima relação que sempre tem com o esterno.
d) Uma vez dado o diagnóstico de tamponamento cardíaco, uma das condutas preconizadas é a realização de uma pericardio- centese subxifoidiana.
e) A fratura de pelo menos três arcos costais, pode ocasionar o surgimento de um tórax instável.
A
Você recebeu no pronto-socorro de sua cidade a notícia de que, em dez minutos, estará sob seus cuidados a paciente Débora, politraumatizada, com o diagnóstico de uma contusão abdominal grave. Assinale a alternativa INCORRETA com relação a essa outra modalidade traumática:
a) Se a paciente estiver com nível de consciência mantido e com pressão arterial estável, você pode considerar o seu exame físico confiável, de modo que será realizada a laparotomia exploradora em caso de irritação peritoneal.
b) Se a paciente encontrar-se torporosa ou com hipotensão refratária, você irá considerar o seu exame físico não confiável, es- tando indicada a realização de um método complementar (lavado peritoneal ou USG), que, se alterado, aponta para a realização de uma laparotomia exploradora.
c) Se a paciente estiver torporosa e com pressão arterial mantida, você realizará um método que indique se há sangue na cavi- dade abdominal e, se este exame for positivo, antes da abordagem cirúrgica, estará indicada a TC de abdome para localização da lesão abdominal, já que a paciente encontra-se hemodinamicamente estável.
d) Se a paciente estiver estável hemodinamicamente, sua conduta deverá ser expectante, uma vez que não houve perfuração de cavidade abdominal.
D.
Nesse movimentado dia do pronto-socorro, cerca de 2h após solucionar o caso da Débora, você recebe a notícia de que está a caminho um outro paciente, Eduardo, vítima de uma ferida abdominal (trauma abdominal aberto). Aponte a alternativa INCORRETA na avaliação desse paciente.
a) Se a lesão tiver sido causada por arma de fogo, o principal sítio de lesão abdominal é o delgado e estará indicada a realização de laparotomia exploradora, independente da situação hemodinâmica.
b) Se a lesão tiver sido causada por arma branca (ex.: faca), a laparotomia exploradora estará indicada sempre pela grande associação com perfuração de órgãos abdominais.
c) Se a lesão for por arma branca e o paciente estiver estável e sem irritação abdominal, está autorizada a exploração digital da lesão aberta.
d) Se a lesão for ocasionada por arma branca, a cirurgia imediata se impõe caso haja instabilidade hemodinâmica ou sinais de irritação peritoneal.
B
Flávia foi outra vítima de traumatismo cranioencefálico após envolver-se num acidente automobilístico e ser projetada contra o para-brisa de seu carro. Sobre essa modalidade traumática, marque a alternativa INCORRETA:
a) A concussão cerebral, de forma característica, cursa com perda temporária (< 6h) da função neurológica (redução do nível de consciência, amnésia ou confusão).
b) A lesão axonal difusa surge num contexto de desaceleração súbita por forças de cisalhamento nos axônios, causando um estado comatoso duradouro em um paciente com uma TC de crânio que pode ser normal.
c) O hematoma subdural agudo é o tipo mais frequente de lesão focal, aparecendo, na TC de crânio, como uma imagem que acompanha a convexidade cerebral. A drenagem do hematoma só é feita se houver desvio de linha média ≥ 5 mm.
d) O hematoma extradural agudo apresenta o clássico intervalo lúcido, surgindo, na TC de crânio, como uma lesão biconvexa, que corresponde ao acúmulo de sangue secundário à lesão de veias entre a dura-máter e a aracnoide.
D
Hematoma SUBDURAL
Frequência
Mais COMUM
Vaso acometido
V. ponte
Fator de risco
Atrofia córtex (idoso, alcoólatra) e Anticoagulados
Clínica
Progressivo
Tomografia
CRESCENTE
Tratamento cirúrgico
DESVIO ≥ 5 mm
Hematoma EXTRA ou EPIDURAL
Mais RARO
A. meníngea
FRATURA de TEMPORAL
Intervalo lúcido
BICONVEXA
Tratamento cirúrgico
DESVIO ≥ 5 mm
1 – Pedro tem 72 anos e é portador de hipertensão arterial, dislipidemia e lúpus eritematoso sistêmico com sintomas articulares frequentes em acompanhamento no ambulatório de clínica médica, com uso regular de indapamida 1,5 mg/dia, losartan 50 mg/ dia, AAS 100 mg/dia, sinvastatina 20 mg/dia, prednisona 15 mg/dia. Será submetido, em quinze dias, a correção aberta de um aneurisma de aorta abdominal. Com relação ao caso descrito, avalie as afirmativas abaixo:
I – Utilizando a classificação da Associação Americana de Anestesiologia, o paciente é ASA III, pois é portador de doença sistêmica que limita suas atividades, porém não é incapacitante.
II – O paciente deve ser orientado a suspender o AAS 7 – 10 dias antes do procedimento cirúrgico, mantendo todas as demais medicações e no dia da cirurgia não deve usar o diurético.
III – Por ser usuário crônico de corticoide, o paciente deve obrigatoriamente receber corticoide venoso na indução anestésica.
IV – Como exames pré-operatórios, devem ser solicitados hemograma, função renal, glicemia de jejum, ECG, tipagem sanguínea e coagulograma.
I, II, III e IV.
Sobre causas de febre no pós-operatório analise as seguintes afirmativas:
I – A causa mais provável de febre do pós-operatório é uma reação alérgica a alguma droga ou a algum componente sanguíneo recebido durante o ato cirúrgico;
II – Nas primeiras 48-72h uma etiologia possível de febre é a infecção necrosante da ferida operatória;
III – A principal causa de febre nas primeiras 48-72h de pós-operatório é a atelectasia;
IV – Após o 3o dia de pós-operatório, a principal razão para o aparecimento de febre é infecciosa, em especial um processo infec- cioso da ferida operatória, mesmo que tenham sido respeitadas as técnicas de assepsia e antissepsia.
II, III e IV.
João Marcello, paciente internado na enfermaria da cirurgia plástica, será submetido a uma blefaroplastia, mas está preocupado com o resultado final do procedimento cirúrgico, em especial no que diz respeito ao processo cicatricial. Com base nos seus conhecimentos sobre o processo de cicatrização da ferida operatória, assinale a afirmativa INCORRETA:
a) O desenvolvimento do processo cicatricial passa por três fases clássicas: inflamatória (quando ocorre hemostasia e inflamação a partir da ativação plaquetária, da coagulação e do recrutamento celular), proliferativa (angiogênese, migração de fibroblastos para formação do tecido de granulação e deposição de colágeno) e maturação (quando ocorre contração da ferida operatória).
b) A principal citocina relacionada com o processo de cicatrização é o TFG-β.
c) São exemplos de fatores que interferem negativamente na cicatrização: corticoterapia, diabetes, hipóxia tecidual, hipervitaminose A e C, quimioterapia, hipoalbuminemia.
d) A causa mais comum no atraso do processo cicatricial é a infecção da ferida operatória.
C
FASE INFLAMATÓRIA DA CICATRIZAÇÃO:
REATIVA
Hemostasia e inflamação:
NEUTRÓFILOS: chegam primeiro e “limpam” a ferida.
MACRÓFAGO: “maestro”. TGF-β: principal citocina.
FASE PROLIFERATIVA DA CICATRIZAÇÃO:
REGENERAÇÃO
FIBROBLASTO: deposita colágeno para formar arcabouço.
ANGIOGÊNESE: formação de novos vasos.
FASE DE MATURAÇÃO DA CICATRIZAÇÃO:
REMODELAÇÃO
MIOFIBROBLASTO: promove a contração da ferida.
Dura entre 12 dias até 1 ano.
João tem 60 anos, hoje pesa 80 kg e se queixa de tosse seca e dor em queimação epigástrica há cerca de 5 meses, período em que observou uma perda ponderal de 8 kg. Nega disfagia, odinofagia ou uso de qualquer medicação. Diante da suspeita clínica de doença do refluxo gastroesofágico, seu médico assistente solicitou uma Endoscopia Digestiva Alta (EDA). Com relação a esse caso, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Esse paciente possui sinal de alarme que indica realização de EDA.
b) A visualização, durante a EDA, de um esôfago distal com coloração cor vermelho-salmão já permite o diagnóstico de esôfago de Barrett cuja abordagem completa, além da terapia antissecretora, vai depender da presença e do grau de displasia.
c) Embora classicamente o tratamento cirúrgico com fundoplicatura parcial fosse indicado aos pacientes com DRGE e dismotilidade esofagiana, as referências mais recentes sobre o assunto recomendam a fundoplicatura total para todos os pacientes, exceto nos casos de completa aperistalse do esôfago.
d) O esôfago de Barrett é uma metaplasia intestinal do esôfago distal, sendo o principal fator de risco para adenocarcinoma esofagiano.
B
Com relação aos distúrbios motores e obstrutivos do esôfago, complete com as letras C (CERTA) ou E (ERRADA):
(C) A acalasia leve pode ser tratada clinicamente com drogas que relaxam o EEI (nitrato e bloqueadores de canal de cálcio); outras estratégias terapêuticas mais invasivas são dilatação pneumática e injeção de toxina botulínica (duração efêmera), usando, em casos refratários, a cirurgia de esofagomiotomia a Heller + fundoplicatura e, em casos de dolicomegaesôfago, pode-se realizar esofagectomia.
(C) Os principais fatores de risco para carcinoma escamoso de esôfago são: etilismo, tabagismo, tilose palmoplantar e esofagopatias (acalasia, Plummer-Vinson, estenose cáustica).
(E) A síndrome de Mallory-Weiss é secundária a vômitos de repetição e cursa com enfisema subcutâneo, enfisema de mediastino e hemotórax.
(E) A acalásia tem como distúrbio motor característico uma contração simultânea do corpo esofagiano, o que pode causar uma forte dor retroesternal, sendo um diagnóstico diferencial de coronariopatia.
ADENOCARCINOMA
Frequência
Mais comum nos EUA (70%)
Fatores de Risco
DRGE + Barret
Homem:Mulher
15:1
Cor
Homem Branco
Localização
Distal
EPIDERMOIDE (ESCAMOSO)
Mais comum no resto do mundo
Vários FR
H:M = 3:1
Homem Negro
Local: Médio
Daniel é portador de síndrome dispéptica que foi refratária ao tratamento clínico antissecretor, sendo-lhe indicada uma endoscopia digestiva alta que demonstrou a presença de uma úlcera gástrica pré-pilórica. Foi realizada biópsia da lesão gástrica (negativa para malignidade) e teste da urease no fragmento da biópsia (resultado positivo). Com relação ao caso descrito, marque a assertiva INCORRETA:
a) Por ter localização pré-pilórica, trata-se de uma úlcera gástrica tipo III cuja fisiopatologia envolve a hipercloridria.
b) Como se tratava de uma úlcera gástrica, a biópsia estava realmente indicada pela necessidade de se excluir malignidade.
c) Nesse momento, está indicado o tratamento da úlcera péptica com terapia antissecretora (inibidor de bomba de próton) por 4-8 semanas e também a erradicação do H. pylori.
d) Após o tratamento, não há necessidade de nova endoscopia, uma vez que a preocupação é o controle da erradicação do H. pylori, o que pode ser feito de forma não invasiva, por exemplo, com teste da urease respiratória (não podendo usar a sorologia como controle de cura).
D.
Com relação à doença ulcerosa péptica, coloque, mais uma vez, as letras C (CERTA) e E (ERRADA):
(C) As úlceras duodenais estão relacionadas com hipercloridria, de forma que seu tratamento inclui vagotomia no intuito de interromper a influência da acetilcolina na secreção ácida pelas células parietais, assim como nas úlceras gástricas tipo II e III.
(C) Suspeita-se da síndrome de Zollinger-Ellison em casos de úlceras múltiplas, refratárias, de localização atípica e associadas à diarreia, uma vez que a gastrina em excesso causa uma hipersecreção ácida pelo estômago, o que favorece a ocorrência dessa doença ulcerosa e inativa as enzimas pancreáticas, causando a diarreia.
(E) A úlcera péptica duodenal que perfura é a de parede posterior, enquanto a que sangra é a de parede anterior.
Marcelo tem 38 anos e se queixa de dor epigástrica e emagrecimento de 8 kg em seis meses. Foi submetido à Endoscopia Digestiva Alta (EDA) que mostrou a presença de gastrite crônica atrófica e uma lesão ulcerada e infiltrante com bordos mal definidos em 1/3 distal do estômago. A biópsia da lesão demonstra um adenocarcinoma tipo difuso de Lauren. De alterações laboratoriais, o paciente apresenta somente uma anemia com VCM aumentado. O paciente nega tabagismo, etilismo, cirurgias prévias ou história familiar de neoplasias. Marque a alternativa INCORRETA:
a) O paciente não apresenta fatores de risco para câncer gástrico.
b) Pela classificação macroscópica, o paciente possui um adenocarcinoma tipo III de Borrmann, que é a forma mais comum de apresentação.
c) O subtipo difuso de Lauren é o de pior prognóstico, sendo um tumor mais indiferenciado.
d) Por sua localização, o tratamento cirúrgico incluirá gastrectomia subtotal com reconstrução a Billroth II.
A