Causos Flashcards

1
Q

Numancia e o Cerco de Roma

A

Numância foi um antigo assentamento celtibério, cujos restos mortais estão localizados a 7 km ao norte da cidade de Soria, em uma colina conhecida como Cerro de la Muela no município de Garray, situada nas margens do Rio Douro, na Espanha.[1]

Fundada no início do século III a.C., e habitada pelos arévacos, um povo celtibero, foi destruída pelas tropas romanas de Cipião Emiliano em 133 a.C., após um cerco de onze meses que pôs fim a uma feroz resistência de vinte anos aos invasores. Emiliano, para quebrar a tenaz persistência de Numância, utilizou uma técnica de cruel paciência, construindo um cerco amuralhado em torno da colina de Numância, levando os seus habitantes à inanição e ao desespero. Ao fim de onze meses, os numantinos decidiram pôr cobro à sua vida suicidando-se em massa.

Conta-se que, ao entrar na cidade, Cipião encontrou corpos de mães segurando os corpos de seus filhos mastigados, supondo que durante o cerco certa parte da população recorreu ao canibalismo. A povoação tornou-se então um símbolo da luta contra os romanos e hoje em dia é um monumento nacional espanhol.

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2
Q

Cleópatra e o Tapete

A

Conta Plutarco, num episódio lendário da sua biografia dos Césares, que Cleópatra marcou um encontro com Júlio César, quando este chegou ao Egito, no inverno de 48 a.C. – 49 a.C., a fim de lhe dar um presente, que consistia num tapete. Este, ao ser desenrolado, mostrou que a própria rainha estava em seu interior (Cleópatra tinha sido enrolada no tapete pelo seu servo Apolodoro).

Cleópatra teria então argumentado que tinha ficado encantada com as histórias amorosas de César, tendo ficado desejosa de o conhecer. Tornou-se, assim, sua amante, o que ajudou a estabelecer o seu poder no país.

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3
Q

Pompéia - a mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta

A

César se casou com Pompeia em 67 a.C.[1], depois de ter servido como questor na Hispânia, já viúvo de sua primeira esposa, Cornélia, que morrera no parto de um filho natimorto[2]. César era sobrinho de Caio Mário e Cornélia, filha de Lúcio Cornélio Cina. Assim, ambos eram parentes dos líderes da facção dos populares na guerra civil de 80 a.C.

Em 63 a.C., César foi eleito para a posição de pontífice máximo (pontifex maximus), o sumo-sacerdote da religião estatal romana, o que lhe dava direito a uma residência na Via Sacra[3]. Em 62 a.C., Pompeia realizou um festival em homenagem a Bona Dea (“boa deusa”), no qual homem nenhum poderia participar, em sua casa. Porém, um jovem patrício chamado Públio Clódio Pulcro conseguiu entrar disfarçado de mulher, aparentemente com o objetivo de seduzi-la. Ele foi pego e processado por sacrilégio. César não apresentou nenhuma evidência contra Clódio no julgamento e ele acabou inocentado. Mesmo assim, César se divorciou de Pompeia, afirmando que “minha esposa não deve estar nem sob suspeita”[4].

Esta frase deu origem a um provérbio, cujo texto é geralmente o seguinte: “A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”

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4
Q

Virgínia - “estou libertando você, minha filha”

A

De longe, os eventos mais dramáticos no Conflito das Ordens foram os que cercaram a elaboração das Doze Tábuas, em meados do século V a.C. As cláusulas que foram preservadas podem ser breves, alusivas e até um pouco secas, mas, segundo a história que os romanos contam, foram compiladas em uma atmosfera que envolvia uma mistura trágica e altamente emocional de enganos, acusações de tirania, tentativa de estupro e assassinato. Segundo a história, durante vários anos os plebeus haviam pedido que as “leis” da cidade fossem tornadas públicas, em vez de constituírem um mero recurso secreto dos patrícios; e, como concessão, os cargos políticos normais foram suspensos em 451 a.C. e dez homens (decemviri) foram nomeados para coletar, redigir e publicar essas leis. No primeiro ano, os decemviri foram bem-sucedidos em elaborar dez tábuas de leis, mas a tarefa não estava concluída. Assim, para o ano seguinte outro conselho foi nomeado, mas se mostrou de caráter bem mais conservador. Esse segundo conselho produziu as duas tábuas restantes, introduzindo uma notável cláusula proibindo o casamento entre patrícios e plebeus. Embora a iniciativa da elaboração dessas leis tivesse sido originalmente reformista, ela se transformou na mais extrema tentativa de manter os dois grupos separados: “a lei mais desumana”, assim chamou-a Cícero, contrária ao espírito romano de abertura.

Coisa pior estava por vir. Esse segundo conselho de decemviri — os Dez Tarquínios, como eram conhecidos — começou a imitar o comportamento de tiranos, descendo ao nível da violência sexual. Naquilo que foi quase uma reencenação do estupro de Lucrécia que levou à fundação da República, um de seus membros, o patrício Ápio Cláudio (trisavô do construtor de estradas), exigiu fazer sexo com uma jovem plebeia, adequadamente nomeada como Virgínia, solteira mas comprometida. Seguiram-se fraude e corrupção. Ápio subornou um dos seus agregados para que declarasse que ela era sua escrava, e que havia sido roubada por alguém que ela chamava de pai. O juiz do caso foi o próprio Ápio, que, é claro, julgou em favor de seu cúmplice e atravessou o Fórum para ir tomar Virgínia. Nas discussões que se seguiram, o pai dela, Lucius Virginius, pegou uma faca da banca de um açougueiro e apunhalou sua filha até a morte: “Estou libertando você, minha filha, do único jeito que posso”, gritou.

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5
Q

O Estupro de Lucrécia

A

Lívio narra uma passagem muito vívida dos últimos momentos da monarquia. Ela começa com um grupo de jovens romanos buscando formas de matar o tempo enquanto sitiavam a cidade vizinha de Ardea. Uma noite, bêbados, estavam competindo para ver quem tinha a melhor mulher, quando um deles, Lúcio Tarquínio Colatino [Lucius Tarquinius Collatinus], sugeriu que deveriam simplesmente voltar para casa (ficava a poucos quilômetros) e inspecionar as mulheres; isso iria demonstrar, afirmou ele, a superioridade de sua Lucrécia. O que de fato ficou provado: enquanto todas as demais esposas foram descobertas divertindo-se em festas na ausência de seus maridos, Lucrécia fazia exatamente o que se esperava de uma mulher romana virtuosa — trabalhava em seu tear, na companhia de suas criadas. Ela então, de modo submisso, ofereceu um jantar ao marido e a seus convidados. Mas a consequência foi terrível, pois, durante essa visita, diz a história, Sisto Tarquínio [Sextus Tarquinius] sentiu uma paixão violenta por Lucrécia, e poucas noites depois voltou à casa dela. Após ter sido gentilmente recebido, foi até o quarto de Lucrécia e exigiu-lhe que fizesse sexo com ele, ameaçando-a com uma faca. Quando viu que a simples ameaça de morte não a convencia a ceder, Tarquínio passou a explorar o medo dela de uma desonra: ameaçou matá-la e assassinar também um escravo (visível na pintura de Ticiano [ver lâmina 4]) para que ficasse a impressão de que havia sido flagrada na mais infame forma de adultério. Diante disso, Lucrécia cedeu, mas, depois que Tarquínio voltou para Ardea, mandou chamar o marido e o pai e contou-lhes o sucedido. Em seguida se matou.

Esse foi visto como um momento fundamentalmente político, pois a história carrega diretamente à expulsão dos reis e ao início da República livre. Assim que a própria Lucrécia se esfaqueia, Lúcio Júnio Brutus [Lucius Junius Brutus] — que havia acompanhado o marido dela até ao local do episódio — arranca a adaga do corpo dela e, enquanto a família está ocupada demais em conversas, promete livrar Roma para sempre dos reis. Isso era em parte, sem dúvida, uma profecia retrospectiva, pois o célebre Brutus, que em 44 a.C. liderou o golpe contra Júlio César por suas ambições reais, afirmava ser descendente desse outro Brutus.

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6
Q

A morte de Cícero

A

E Cícero estava morto. Havia cometido o erro de falar com excessiva eloquência contra Marco Antônio, e na rodada seguinte de assassinatos em massa, que foi a principal realização do triunvirato, seu nome figurou entre aquelas centenas de outros senadores e equestres das temidas listas. Um esquadrão da morte especial foi enviado atrás dele em dezembro de 43 a.C., e o decapitaram enquanto era transportado de liteira de uma de suas propriedades rurais, para onde fora em uma desesperançada tentativa de se esconder (desesperançada em parte porque um dos ex-escravos da família havia vazado seu paradeiro). Foi outro final simbólico da República romana, e que continuou sendo debatido por séculos. Na verdade, os últimos momentos de Cícero foram repetidos à exaustão nas escolas de oratória de Roma, onde a questão se ele deveria ter implorado misericórdia a Marco Antônio ou (mais complicada ainda) se deveria ter proposto destruir todos os seus escritos em troca de sua vida, era um dos tópicos favoritos para debate. No entanto, a continuação foi ainda mais sórdida. Sua cabeça e sua mão direita foram enviadas a Roma e pregadas à rostra no Fórum. Fúlvia, esposa de Marco Antônio, que já havia sido casada com Clódio, outro grande inimigo de Cícero, veio ver o troféu. Conta-se que, em sua exultação maligna, derrubou a cabeça no chão, cuspiu nela e puxou a língua para fora, perfurando-a repetidas vezes com os grampos que retirara do próprio cabelo.

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7
Q

O Martírio de Santa Perpétua e Santa Felicidade

A

Aconteceu no ano 203 na arena de Cartago, norte da África. Perpétua, aos 22 anos de idade, no dia 7 de março de 203, junto com a escrava Felicidade, com o catequista e mais 6 catecúmenos, foram mortos na perseguição do imperador Septímio Severo.

Víbia Perpétua era filha de um rico nobre de Cartago; era casada e tinha um filho pequeno e esperava outro. Por ser cristã foi presa com outros catecúmenos como Saturnino, Saturo e Secundo, e dois escravos Revocato e Felicidade. O procurador Hilariano foi encarregado de executá-los.

O pai de Perpétua lhe suplicou na prisão que apostatasse, sem nada conseguir. Perpétua não se deixava abater; na masmorra horrível encorajava os demais, e ali ela teve visões místicas durante todo um inverno. Na prisão, Perpétua escreveu um diário até o dia do martírio (Paixão de Perpétua e Felicidade). Tertuliano completou a narração do martírio.

No interrogatório, na presença de seu pai, o procurador Hilariano lhe diz:

“Tem pena dos cabelos brancos de teu pai, e da juventude do teu filho. Sacrifica aos deuses!”.

Ela responde: “Não sacrifico”.

– És cristã?

– Sou cristã. Não precisa mais nada, estava condenada ao anfiteatro, às feras.

Felicidade era escrava; estava grávida de oito meses e deu à luz a uma menina, no cárcere, dois dias antes de morrer. Nos seus gemidos durante o parto, um soldado, zombando lhe disse: “Se te queixas agora, o que será quando estiveres diante das feras”; ao que ela respondeu: “Agora sou eu que sofro, mas lá fora, um Outro estará em mim, e Ele sofrerá em mim eu sofrerei por Ele”.

Na hora de ser lançada às feras não aceitou que lhe colocassem as vestes pagãs: “Damos livremente a nossa vida para não aceitar essas coisas. Há um contrato entre nós, e vós não tendes o direito de nos impor essas vestes”.

Revocato e Saturnino foram presas de um urso e um leopardo, e contra Saturo lançaram um javali. Contra Perpétua e Felicidade, lançaram uma vaca brava que as lançou aos ares. Depois foram mortas à espada. Perpétua tinha 22 anos.

Houve um fato especial: quando Perpétua esperava a morte na prisão, o suboficial da guarda, Pudente, tocado por seu heroísmo, aceitou receber no meio da arena, o anel que Saturo acabara de banhar no seu próprio sangue.

O heroísmo é contagioso, por isso muitos se convertiam diante do testemunho dos mártires. E os perseguidores já carregavam na alma o sentimento de culpa e de fraqueza. Por isso Tertuliano escreveu ao imperador Marco Aurélio, em 180: “Sanguis martirum, semem christianorum” (O sangue dos mártires é semente de novos cristãos). Por isso, depois de 260 anos de sangue derramado, “a espada romana curvou-se diante da cruz de Cristo”. A soberba águia romana fechou as suas asas (Daniel Rops).

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8
Q

Richard Roose, o cozinheiro que foi legalmente cozido

A

Richard Roose era cozinheiro do Bispo de Rochester John Fisher (mais tarde executado por ordem de Henrique VIII durante a Reforma inglesa por se recusar a aceitar o rei como chefe supremo da Igreja da Inglaterra e por defender a doutrina da Igreja Católica Romana de supremacia papal . Ele foi nomeado cardeal pouco antes de sua morte. Ele é honrado como um mártir e santo pela Igreja Católica). Alguns dizem que o envenenamento teria sido encomendado por Ana Bolena (nova esposa do Rei).

Richard Roose (or Rouse; died 1531) was a cook to John Fisher, bishop of Rochester. He was executed for having attempted to poison the bishop, in the course of which he actually poisoned several other members of the household. In response to the crime a statute was specially enacted (decretado) resulting in his execution by being publicly boiled to death in a cauldron. The first to suffer under this judicial proceeding in English law, which was soon repealed, his case retains a particular notoriety.

According to Richard Hall (one of Fisher’s earliest biographers), Richard Roose came into the Bishop’s kitchen and put poison into the gruel which was prepared for the bishop’s dinner. When the bishop was called in to his dinner, he had no appetite. Instead, his guests and servants ate the poisoned meal. “One Gentleman, namd Mr. Bennet Carwen, and an old Widow, died sodainly, and the rest never recovered their healths till their dying day”.

The bishop having made a complaint, Roose was soon apprehended, and after being severely tortured on the Rack (cavalete: estira o corpo) admitted to adding what he believed were laxatives to the meal as a “jest.” (brincadeira) No one believed him.

Henry VIII decided that Roose should be condemned by attainder (ver em DIREITO) without a trial. This was an unusual measure, since attainder was used for criminals who were at large (em Liberdade). (Roose had already been arrested.) The Parliament of England passed “An Acte for Poysoning,” showing that the king had determined that willful (intencional) murder by means of poison should be accounted High Treason “because that in manner no persone can lyve in suertye out of daunger of death by that meane yf practyse therof shulde not be exchued” (even though the victim was not the Crown or its representative). By the authority of parliament the statute decreed that Richard Roose should be “boyled to deathe” as punishment for this crime, an example of ex post facto law.

Roose was boiled to death at Smithfield on April 5, 1531. According to an eyewitness, “He roared (urrou) mighty loud, and divers (diversas) women who were big with child did feel sick at the sight of what they saw, and were carried away half dead; and other men and women did not seem frightened by the boiling alive, but would prefer to see the headsman at his work.”

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9
Q

Teste do duplo-cego

A

O teste duplo-cego ganhou notoriedade graças ao célebre episódio da memória da água. Em 1988 um grupo de pesquisadores liderado pelo francês Jacques Benveniste submeteu à Nature um artigo em que era demonstrado que glóbulos brancos humanos apresentavam uma resposta bioquímica após expostos a água na qual foi diluido um anticorpo até o ponto em que nenhuma molécula do anticorpo restaria em solução. O efeito só ocorreria quando a solução era violentamente agitada. Qualquer semelhança com alguns dos princípios da homeopatia não é mera coincidência. O objetivo do experimento era fornecer uma base científica à homeopatia, ou seja, mostrar que a água pode ter memória de um soluto mesmo quando esse soluto não mais está nela. Benveniste não oferecia nenhuma explicação para o fenômeno, que no entanto não parecia tão absurdo. A água é um líquido especial, que mesmo a temperatura ambiente contém longas cadeias poliméricas. Seria possível, mas não provável, que as cadeias poliméricas guardassem informação estrutural sobre um soluto que não estava mais nela. Como se tivesse memória dos soluto que passou por ela mas não está mais lá.
John Maddox, o editor da Nature na época era um cientista de mente aberta e achou que o estudo devia ser publicado caso não contivesse erros. Por outro lado, ele temia que um resultado tão surpreendente envolvesse alguma falha de procedimento. O artigo foi publicado apesar dos temores, mas em contrapartida o Dr. Benveniste aceitou repetir o experimento perante uma comissão indicada pela Nature. A comissão era eclética. Além de Maddox foram chamados Walter Stewart, físico do National Institutes of Health norte-americano e James Randi, mágico e desmascarador de fenômenos paranormais, com passagens pelo Brasil. O experimento foi primeiramente repetido com sucesso perante a comissão. No entanto, Maddox notou que os experimentadores sabiam quais os tubos de ensaio continham os anti-corpos e quais não os continham. Um novo experimento, dessa vez com protocolo duplo-cego foi realizado. Agora os experimentadores não mais sabiam quais tubos continham o quê. A tabela de códigos de cada tubo foi embrulhada em papel alumínio e lacrada em um envelope que ficou colado no teto do laboratório (como garantia de que os códigos não seriam adulterados por ninguém). Dessa vez o efeito desapareceu completamente. Numa nova tentativa o lacre do envelope foi violado por alguém do laboratório durante a noite.

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