Caso 3: Febre reumática Flashcards

1
Q

o que é a FR
porque ocorre
etiologia

A

A FR é uma doença inflamatória que ocorre como manifestação tardia de uma faringotonsilite causada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A (EBHA) (Streptococcus pyogenes).

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2
Q

Embora a X seja a manifestação mais comum, é a Y que pode levar a lesões irreversíveis – a Z –, responsável pela alta morbimortalidade e por consideráveis gastos do sistema de saúde, em especial nas correções de sequelas orovalvulares.

A

X: artrite
Y: cardite
Z: cardiopatia reumática crônica (CRC)

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3
Q

EPIDEMIOLOGIA FR

A

A FR é a doença reumática mais comum em crianças brasileiras, acometendo ambos os sexos. O primeiro surto de FR e suas recidivas ocorrem principalmente no paciente em idade escolar e no adolescente, sendo raros os diagnosticados antes dos 5 anos e infrequentes depois dos 15 ou na vida adulta.

O baixo nível socioeconômico e o grande número de pessoas coabitando em um pequeno cômodo facilitam a disseminação da infecção estreptocócica e justificam a grande frequência da doença em hospitais públicos.

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4
Q

ETIOPATOGENIA FR
-para ocorrer a FR além da infecção pela cepa precisa de que
- hipotese para explicar os mecanismos patogenicos

A

O EBHA é responsável por cerca de 20% das faringotonsilites diagnosticadas em crianças. Existem dezenas de sorotipos de estreptococo, classificados de acordo com o tipo de proteína M presente na parede da bactéria.

O modelo etiopatogênico da FR sugere que, além da infecção por cepa reumatogênica, há necessidade de um hospedeiro geneticamente suscetível, já que a doença não ocorre em todas as pessoas infectadas e a história de FR é mais frequente em algumas famílias.

A hipótese mais aceita para explicar os mecanismos patogênicos pelos quais o estreptococo poderia ser considerado reumatogênico baseia-se na hipótese do mimetismo molecular, em que certos epítopos do estreptococo seriam imunologicamente semelhantes a determinantes antigênicos do hospedeiro, capazes de induzir uma resposta imunológica humoral ou celular

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5
Q

DIAGNÓSTICO

A

O diagnóstico da FR se baseia em manifestações clínicas e exames laboratoriais, mas nem sempre é fácil.
Atualmente o diagnóstico é considerado na presença de sinais maiores, sinais menores e evidência de infecção de estreptococcia prévia.

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6
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES
Não é possível fazer diagnóstico de FR sem ter ao menos a presença de um dos 5 sinais maiores:

A

Artrite, cardite, coreia, nódulos subcutâneos e eritema marginado.

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7
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES - ARTRITE
definição
epidemiologia
manifestação

A

A artrite é definida pela presença de edema na articulação ou, na falta deste, pela associação de dor e limitação do movimento.

A artrite é a forma mais frequente de apresentação da FR, ocorrendo em 70% dos casos

Acomete principalmente as grandes articulações (joelhos, tornozelos, punhos, cotovelos e ombros) e raramente as pequenas articulações das mãos e pés.

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8
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES - ARTRITE
qual forma mais clássica

A

A forma clássica é a oligoartrite ou poliartrite migratória (em média 6 articulações), com evolução assimétrica, permanecendo 1-5 dias em cada articulação em um surto total que dura em média 1-3 semanas.

Não é comum apresentar grande aumento de volume articular ou eritema, mas a dor aos movimentos é intensa e, às vezes, incapacitante. Durante a evolução, enquanto a artrite atinge o máximo de sua sintomatologia em uma articulação, está apenas começando em outra ou outras, dando a impressão de que a artrite está migrando.

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9
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES - ARTRITE
qual característica importante em relação a respostas aos anti inflamatórios não hormonais

A

Uma característica importante é a rápida resposta aos anti-inflamatórios não hormonais (AINH), que em 24 horas fazem cessar a dor, e em 2-3 dias, as demais reações inflamatórias. Isso explica a razão de não se prescrever AINH nos primeiros dias de artrite em casos duvidosos, impedindo que se observe o caráter migratório característico que facilita o diagnóstico. A duração do surto de artrite raramente ultrapassa 4 semanas e regride sem deixar sequelas.

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10
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES - ARTRITE
No Brasil e em outros países, vários serviços de reumatologia pediátrica têm chamado a atenção para quadros atípicos de manifestações articulares em cerca de 1/3 a 2/3 dos pacientes.3 São descritos:6

A

menor período de latência (7-10 dias), artrite aditiva, monoartrite, envolvimento de pequenas articulações e da coluna, duração mais prolongada e má resposta aos AINH.

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11
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- CARDITE
-características
- quando costuma a ser diagnosticada
principal característica diagnóstica

A

A cardite é diagnosticada em metade dos casos. Essa grave complicação pode vir isolada ou associada a outros critérios maiores.
Costuma ser diagnosticada nas 3 primeiras semanas da fase aguda, e a principal característica diagnóstica é o envolvimento endocárdico, caracterizado por sopro audível em 40-50% dos pacientes

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12
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- CARDITE
quais valvulas mais acometidas qual tipo de lesão e como se caracteriza no exame fisico

A

As válvulas mais acometidas são mitral e aórtica, e, durante o surto agudo, a lesão é de regurgitação.

A regurgitação mitral caracteriza-se pelo sopro holosisstólico, mais audível no ápice, com irradiação para a axila e abafamento da primeira bulha. É de alta frequência e não muda com a respiração ou posição. Pode estar acompanhada do sopro de Carey-Coombs, apical, mesodiastólico, de baixa frequência e resulta do fluxo sanguíneo aumentado através da válvula mitral, durante a fase de enchimento ventricular.

O sopro de regurgitação aórtica é protodiastólico, de alta frequência, decrescendo, e mais bem audível na borda esternal esquerda.

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13
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- CARDITE
evolução e sequelas

A

A evolução da cardite dura em média 1-3 meses. O sopro desaparece em 70% dos casos, mas 30% dos pacientes evoluirão com sequelas, a CRC.A evolução da cardite dura em média 1-3 meses. O sopro desaparece em 70% dos casos, mas 30% dos pacientes evoluirão com sequelas, a CRC.

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14
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- CARDITE
o que é a cardite silenciosa ou subclínica e com qual exames podemos identificar

A

Com auxílio de ecocardiograma, mesmo na ausência de sopro, atualmente é possível identificar lesão valvar, denominada cardite silenciosa ou cardite subclínica.

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15
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- CARDITE
o que é a pancardite

A

casos mais graves de cardite podem se manifestar como uma pancardite, com envolvimento não só do endocárdio, mas também do pericárdio e do miocárdio. Entretanto, a pericardite e/ou miocardite não serão observadas na ausência de lesão valvar.

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16
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- CARDITE
como a reccorrencia de cardite é suspeitada

A

A recorrência de cardite é suspeitada quando se detecta um sopro novo ou o aumento da intensidade de sopros preexistentes, atrito ou derrame pericárdico, aumento de área cardíaca ou insuficiência cardíaca associada a evidência de estreptococcia anterior.

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17
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- CARDITE
quais as manifestações clinicas ic
quem acontece?
exame fisico? sintomas?

A

Apenas 5-10% dos casos manifestam-se inicialmente por insuficiência cardíaca. Geralmente são crianças pequenas ou pacientes com recidivas e portadores de lesões hemodinamicamente significativas. As queixas são de dispneia, tosse, dor torácica e anorexia. Os achados do exame físico incluem taquicardia, hepatomegalia, ritmo de galope, edema e estertores pulmonares.

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18
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- COREIA
o que é e quais seus outros nomes
periodo de latencia

A

A coreia da FR, também conhecida como coreia de Sydenham ou “dança de São Vito”, reflete o envolvimento do sistema nervoso central e está presente em 5-36% dos pacientes. É considerada uma manifestação tardia, já que, frequentemente, o período de latência pode ser mais longo que o das manifestações precedentes, variando entre 1 e 6 meses

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19
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- COREIA
como pode se apresentar ao diagnóstico

A

Pode apresentar-se ao diagnóstico como uma síndrome hipotônica e hipercinética, como manifestação única da doença (um só sinal maior) e por já serem negativos os exames laboratoriais que indicariam a presença de atividade inflamatória e/ou a evidência da estreptococcia prévia.

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20
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- COREIA
manisfestações clinicas

A

manifestações clínicas da coreia se instalam de maneira insidiosa, geralmente em um período de 1-4 semanas, algumas vezes com alteração comportamental (desatenção, labilidade emocional) antecedendo os movimentos rápidos, incoordenados, arrítmicos e involuntários. Os movimentos são mais facilmente observados na face e nas extremidades dos membros. A escrita torna-se confusa, o acometimento da musculatura bucofaríngea pode dar origem a distúrbios da fala (disartria) e da deglutição (disfagia). Os movimentos são exacerbados por estresse, esforço físico, cansaço e desaparecem com o sono. Às vezes o paciente consegue conter os movimentos durante alguns minutos, mas logo em seguida volta a fazer caretas, elevar as sobrancelhas, virar o rosto e não controlar os movimentos dos membros.

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21
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- COREIA
sobre a intensidade e localização dos movimetos
- o que é coreia mole

A

A intensidade e a localização dos movimentos coreicos determinam prejuízos de função que podem situar-se inicialmente em um hemicorpo (hemicoreia) e depois se generalizar. A hipotonia muscular pode ser mais intensa que a hipercinesia e configurar o quadro de “coreia mole”. Se isso ocorrer em apenas um lado do corpo, pode dar a falsa impressão de se tratar de hemiplegia.

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22
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- COREIA
evolução

A

coreia é uma condição autolimitada cuja evolução varia em média de algumas semanas a 6 meses, com média de 3 meses. A coreia pode recorrer, geralmente associada a infecções intercorrentes, mesmo se o paciente estiver em uso correto de profilaxia e não for infectado por estreptococo. Classicamente, não deixa sequelas

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23
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- NODULOS SUBCUTANEOS
- freq de ocorrencia nos casos
o que são
localização
manifestação e evolução

A

São manifestações raras, pois ocorrem em apenas 2-5% dos casos, geralmente em pacientes com cardite.
São estruturas arredondadas, de consistência firme, indolores, de distribuição simétrica, em diferentes tamanhos (0,5-2 cm) e em número variável, podendo chegar a dezenas. A pele que os recobre é normal.

Localizam-se em superfícies extensoras das articulações como cotovelos, joelhos, metacarpofalangianas, interfalangianas, em proeminências ósseas do couro cabeludo, escápula e coluna.

O aparecimento dos nódulos geralmente é tardio em relação às outras manifestações, pois costumam aparecer após algumas semanas do início do surto agudo. A evolução é fugaz, em geral duram de 1-2 semanas, raramente mais de 1 mês, sobretudo quando se inicia a corticoterapia para a cardite.

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24
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- ERITEMA MARGINADO
características

A

O eritema marginado é bastante raro (1-3%) e excepcionalmente uma manifestação isolada. Surge geralmente no início da doença, como máculas circulares, ovaladas, róseo-pálidas, que se expandem centrifugamente, deixando uma área central clara, com margem externa serpiginosa bem delimitada e contornos internos mal definidos. Não é pruriginoso, tem duração transitória (minutos ou horas), podendo aparecer em alguns dias e desaparecer em outros.

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25
Q

DIAGNOSTICO - SINAIS MAIORES- ERITEMA MARGINADO
destribuição pelo corpo

A

Lesões isoladas tomam um aspecto anular enquanto a coalescência de diversas lesões resulta em formas bizarras, circinadas, irregulares. As lesões distribuem-se pelo tronco, abdome, porção proximal dos membros inferiores e superiores, geralmente não ultrapassam cotovelos e joelhos e não estão presentes na face. Dificilmente são percebidas em pacientes com pele escura. O eritema marginado pode persistir ou recorrer durante meses, mesmo quando outras manifestações clínicas e laboratoriais já cessaram.

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26
Q

DIAGNOSTICO -SINAIS MENORES
quais são 4

A

Febre
Artralgia
Intervalo PR
Provas inflamatórias

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27
Q

DIAGNOSTICO -SINAIS MENORES - FEBRE
geralmente acompanhada por que?
responde a. aine?
febre e cardite? febre e coreia?

A

A febre geralmente está presente na artrite e acompanha-se de mal-estar, prostração e palidez. Pode ser alta (38-39 ºC), mas se torna mais baixa com o passar dos dias, podendo durar 2-3 semanas e desaparecer mesmo sem tratamento. A resposta aos anti-inflamatórios é muito rápida. Pacientes com cardite podem cursar com febre baixa, enquanto aqueles com coreia pura são afebris

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28
Q

DIAGNOSTICO -SINAIS MENORES - ARTRALGIA
caracteristicas: articulacoes, simetria, associacao a um sinal maior
condição para ser sinal menor

A

A artralgia costuma envolver as grandes articulações. A presença de poliartralgia migratória, assimétrica, envolvendo grandes articulações, é sugestiva de FR e frequentemente está associada a cardite. A dor geralmente é de grande intensidade. Não pode ser usada como critério menor para o diagnóstico quando a artrite está presente.

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29
Q

DIAGNOSTICO -SINAIS MENORES - INTERVALO PR
quando solicitar ecg?

A

Aumento do espaço PR não é específico de FR, podendo estar presente na FR com e sem cardite, mas também pode existir em pessoas normais. O eletrocardiograma deve sersolicitado em todos os pacientes com suspeita de FR e depois repetido para registrar o retorno à normalidade.

30
Q

DIAGNOSTICO -SINAIS MENORES - PROVAS INFLAMATÓRIAS

A

As reações de fase aguda, como aumentos da velocidade de hemossedimentação, proteína C-reativa e alfa-1 glicoproteína, refletem apenas uma resposta inflamatória do organismo que pode surgir em qualquer condição infecciosa ou imunoinflamatória. Na FR, ajudam a monitorar a presença e a evolução do processo inflamatório.

A velocidade de hemossedimentação se eleva nas primeiras semanas. Pode estar superestimada na presença de anemia e subestimada na presença de insuficiência cardíaca. A proteína C-reativa se eleva no início da fase aguda e é a primeira a se negativar, voltando a níveis normais após 2 semanas. A alfa-1 glicoproteína e a alfa-2 globulina se elevam na fase aguda e se mantêm elevadas durante o processo inflamatório, sendo úteis para acompanhar a regressão da doença.

31
Q

DIAGNOSTICO- EVIDENCIA DE ESTROPTOCOCCIA PREVIA

HEMOGRAMA

A

A FR se inicia por uma infecção da orofaringe causada pelo EBHA, mas esta pode ser assintomática. Portanto, a história de infecção de garganta e o período de latência nem sempre são observados.

Segundo os critérios de Jones, o diagnóstico de FR requer a comprovação laboratorial de uma infecção estreptocócica prévia por meio de cultura de orofaringe positiva para Streptococcus pyogenes (presente em apenas 20-30% dos casos por se tratar de manifestação tardia), de teste rápido para detecção de antígeno estreptocócico, ou a presença de elevados títulos de anticorpos antiestreptocócicos como a antiestreptolisina O (ASO) em 80% dos casos.

os casos com ASO normal, anti-DNase B pode elevar a positividade para 95% e permanecer positivo por mais tempo. É necessário considerar que uma única verificação de ASO pode ser insuficiente, já que a elevação se inicia no final da primeira semana da infecção estreptocócica e atinge o valor máximo após 3-4 semanas. Se o período de latência for muito curto e os níveis iniciais forem normais, a primeira análise poderá dar a impressão de falta de resposta anticórpica. Por esse motivo, recomenda-se a repetição da dosagem após 15 dias do primeiro teste. Na avaliação da ASO, deve-se ainda atentar para o fato de que esses anticorpos cairão lentamente ao longo dos meses, em geral 3 meses, mas em alguns pacientes persistirão elevados por anos.

O hemograma é pouco expressivo, podendo eviden-ciar anemia normocítica normocrômica ou microcítica hipocrômica, discreta leucocitose e desvio à esquerda. O
hemograma é importante no diagnóstico diferencial com outras doenças como anemia falciforme, lúpus eritema-toso sistêmico, leucemias etc.

32
Q

INTERPRETAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE JONES OMS
A probabilidade diagnóstica do primeiro episódio de FR é alta na presença de

A

A probabilidade diagnóstica do primeiro episódio de FR é alta na presença de dois sinais maiores ou de um sinal maior e dois menores, desde que apoiados pela evidência de infecção estreptocócica prévia

33
Q

Na cardite indolente, as manifestações clínicas iniciais são pouco expressivas, e, muitas vezes, quando o paciente procura o médico, podem ser a única evidência de FR, com exames de fase aguda e títulos de anticorpos antiestreptocócicos normais. Nos casos de história de surto agudo prévio ou de cardiopatia crônica comprovada, o diagnóstico de recorrência pode ser baseado em

A

Nos casos de história de surto agudo prévio ou de cardiopatia crônica comprovada, o diagnóstico de recorrência pode ser baseado em apenas um sinal maior ou em vários sinais menores ou, simplesmente, em dois sinais menores pelo critério da OMS. A raridade de outras etiologias para coreia em crianças torna sua presença quase sinônimo de FR, mesmo na ausência de outros critérios ou da comprovação de estreptococcia prévia.

34
Q

Quadro 1 Critérios da OMS (2004) para o diagnóstico do primeiro episódio de FR, recorrências e cardiopatia reumática crônica

PRIMEIRO EPISODIO DE FR

A

Dois critérios maiores ou um maior e dois menores, associados à evidência de infecção estreptocócica anterior

35
Q

Quadro 1 Critérios da OMS (2004) para o diagnóstico do primeiro episódio de FR, recorrências e cardiopatia reumática crônica

Recorrência de FR em paciente sem doença cardíaca reumática estabelecida

A

Dois critérios maiores ou um maior e dois menores ou três menores, associados à evidência de infecção estreptocócica anterior

36
Q

Quadro 1 Critérios da OMS (2004) para o diagnóstico do primeiro episódio de FR, recorrências e cardiopatia reumática crônica

Recorrência de FR em paciente com doença cardíaca reumática estabelecida

A

Dois critérios menores mais a evidência de infecção estreptocócica anterior

37
Q

Quadro 1 Critérios da OMS (2004) para o diagnóstico do primeiro episódio de FR, recorrências e cardiopatia reumática crônica

Coreia de Sydenham.
Cardite reumática de início insidioso.

A

Cardite reumática de início insidioso.
Não é exigida a presença de outra manifestação maior ou evidência de infecção estreptocócica anterior

38
Q

Quadro 1 Critérios da OMS (2004) para o diagnóstico do primeiro episódio de FR, recorrências e cardiopatia reumática crônica

Lesões valvares crônicas de CRC, diagnóstico inicial de estenose mitral pura ou dupla lesão mitral e/ou doença na valva aórtica, com características de envolvimento reumático

A

Não há necessidade de critérios adicionais para o diagnóstico de CRC

39
Q

Nas populações de alto risco de FR quais 2 sintomas podem ser considerados sinais maiores

A

a poliartralgia migratória ou a monoartrite podem ser considerados sinais maiores

40
Q

Quadro 2 Critérios de Jones revisados pela American Heart Association

OLHAR TABELA

A

OLHAR TABELA

41
Q

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Quadro 3 Principais diagnósticos diferenciais da FR baseados nos sinais maiores dos critérios de Jones
olhar tabela

A

OLHAR TABELA

42
Q

TRATAMENTO
São dois os objetivos do tratamento da FR:

A

erradicar o estreptococo que ainda pode estar presente e tratar as manifestações clínicas da doença.

43
Q

TRATAMENTO - Erradicação do estreptococo
quando trata? com que?

A

Todas as formas de apresentação da FR, inclusive a coreia pura, mesmo com culturas negativas, devem ser tratadas com a penicilina G benzatina.

Outros antibióticos bactericidas podem ser usados, principalmente em pacientes alérgicos à penicilina (Quadro 4).

44
Q

TRATAMENTO- ARTRITE

A

A artrite deve ser tratada com AINH: ácido acetilsalicílico ou, igualmente eficazes e com menos efeitos adversos, ibuprofeno ou naproxeno
Após a melhora clínica as doses podem ser reduzidas e retiradas.

45
Q

TRATAMENTO- CARDITE

A

A recomendação atual é tratar todas as cardites com glicocorticoide. Se existir associação a artrite, os AINH serão desnecessários, pois o efeito anti-inflamatório do esteroide será superior. Nos casos de cardite moderada e grave, o acompanhamento com cardiologista pediatra deve ser iniciado na fase aguda e mantido a longo prazo.

A dose plena deve ser mantida nas 2-3 primeiras semanas, podendo ser fracionada em 2-3 vezes ao dia nos casos graves. Posteriormente, procede-se à redução das doses em 20% a cada semana, administradas em dose única pela manhã, de acordo com a melhora clínica e laboratorial. De modo geral, com esse esquema, a droga será retirada totalmente em cerca de 12 semanas na cardite grave e em 4-8 semanas na cardite leve, coincidindo com a normalização das provas laboratoriais de atividade inflamatória (proteína C-reativa, velocidade de hemossedimentação e alfa-1-glicoproteína).

PREDNISONA OU PREDNISOLONA

46
Q

TRATAMENTO- CARDITE- IC LEVE OU MODERADA
INDICAÇÃO DE CIRURGIA

A

Nos casos de insuficiência cardíaca leve ou moderada, pode ser necessário incluir restrição hídrica, diuréticos, inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECA) e digoxina.

Cirurgia cardíaca em plena fase aguda pode ser necessária na cardite refratária com lesão valvar grave, principalmente em casos de ruptura de cordas tendíneas ou perfuração de cúspides valvares

47
Q

TRATAMENTO - COREIA

A

HALOPERIDOL antipisicotico
ÁCIDO VALPROICO anticonvulsionante
CARBAMAZEPINA antiepileptico
PREDNISONA - reduz o tempo de evolução

48
Q

REPOUSO E MONITORAÇÃO DA RESPOSTA TEREPEUTICA ( geral e cardite (3))

A

Na artrite, geralmente o repouso durará menos de 2 semanas, pois o paciente melhora rapidamente com a medicação. Nos casos de cardite moderada ou grave, o repouso deve ser de 4 semanas e o retorno às atividades habituais será gradual, baseado na melhora clínica e laboratorial. Na coreia de grande intensidade ou com muita hipotonia, o repouso será de acordo com as manifestações clínicas.

A avaliação da resposta terapêutica avalia a regressão das manifestações clínicas e a normalização das provas de atividade inflamatória (VHS e proteína C-reativa), que devem ser repetidas a cada 15 dias. Nos pacientes com cardite, recomenda-se a realização de ecocardiograma, radiografia do tórax e eletrocardiograma após 4 semanas do início do quadro.

49
Q

ṕrofilaxia
importante por conta de uma manifestação da doença: x
já que as outras não deixam sequela

A

lesão cardíaca definitiva

50
Q

profilaxia
tem 2 meios de prevenção FR:

A

profilaxia primária
profilaxia secundária

51
Q

profilaxia
explique de modo geral profilaxia primária (quem trata)

A

representada pelo tratamento das tonsilites estreptocócicas de toda a população, já que não sabemos quem é o indivíduo predisposto,

52
Q

profilaxia
explique de modo geral profilaxia secundária (quem trata)

A

profilaxia secundária, que visa impedir uma nova estreptococcia no indivíduo que já teve um surto de FR, portanto já identificado como indivíduo suscetível

53
Q

Profilaxia primária
vacina?

A

Infelizmente não existe vacina antiestreptocócica. Cerca de 50% das faringotonsilites são assintomáticas e não serão diagnosticadas e tratadas adequadamente, colocando o paciente em risco, apesar de todos os esforços

54
Q

Profilaxia primária
tratamento preconizado:

A

O tratamento de eleição preconizado é a penicilina G benzatina, já que apresenta a vantagem de ser necessária apenas uma dose, eliminando os possíveis problemas de adesão; tem baixo custo, mas há o inconveniente de dor.

55
Q

profilaxia primária
Outras opções de tratamento antibiótico seriam semelhantes às recomendadas para o tratamento de erradicação da estreptococcia

3-cilinas

A

Penicilina V fenoximetilpenicilina/VO
Amoxicilina/VO
Ampicilina/VO

56
Q

profilaxia primária
Outras opções de tratamento antibiótico seriam semelhantes às recomendadas para o tratamento de erradicação da estreptococcia

-> Em caso de alergia a penicilina 4

A

Estearato de eritromicina/VO
Clindamicina/VO
Azitromicina/VO
Cefalexina

57
Q

profilaxia secundária (ver quadro 6)
quando começa?
qual esquema clássico?

A

inicia em todos os pacientes que receberam diagnóstico de FR, pois um novo surto pode se manifestar com lesão cardíaca ou agravar lesão preexistente

penicilina g benzatina a cada 3 semanas na dose de 600.000 U em paciente até 20 kg e de 1.200.000 U para aqueles de peso superior.

58
Q

Profilaxia secundária
o que pode associar para reduzir dor da aplicação?
qual a alternativa em relação a via?

A

O uso de 0,5 mL de xilocaína a 2% sem vasoconstritor reduz a dor durante a aplicação e nas primeiras 24 horas, além de não interferir significativamente nos níveis séricos da penicilina.

Se o paciente preferir a penicilina V oral, receberá 2 doses diárias, de 250.000 U, o que é muito difícil de ser conseguido, sem falhas, durante anos seguidos

59
Q

profilaxia secundária
Outras opções de profilaxia existem para pacientes comprovadamente alérgicos a penicilina, ou alérgicos a penicilina e sulfa; 3 (Quadro 6).

A

Sulfadiazina (oral)
Estearato de eritromicina (oral)
Azitromicina

60
Q

profilaxia secundária
qual duração? depende de que? 6

A

A duração da profilaxia é longa e depende da idade do paciente, do intervalo de tempo depois do último surto, da presença de cardite no surto inicial, do número de recidivas, da condição social e da gravidade da cardiopatia reumática residual

Manter a profilaxia secundária da FR é um desafio na prática clinica diária para otimizar a aderência medicamentosa.9 A família deve ser instruída sobre a gravidade da doença que se pretende evitar, e para tanto o médico deve manter consultas agendadas nas quais se renovam as oportunidades de educação continuada e de confiança no médico

61
Q

profilaxia secundária
ver quadro 7
Duração da profilaxia secundária da febre reumática

FR sem cardite prévia

A

Até 21 anos de idade ou 5 anos após o último surto, valendo o que cobrir o maior período

62
Q

profilaxia secundária
ver quadro 7
Duração da profilaxia secundária da febre reumática

FR com cardite prévia: insuficiência mitral leve residual ou resolução da
lesão valvar

A

Até 25 anos de idade ou 10 anos após o último surto, valendo o que cobrir o maior período

63
Q

profilaxia secundária
ver quadro 7
Duração da profilaxia secundária da febre reumática
Lesão valvar residual moderada a severa

A

Até os 40 anos de idade ou por toda a vida

64
Q

profilaxia secundária
ver quadro 7
Duração da profilaxia secundária da febre reumática
Após cirurgia valvar

A

Por toda a vida

65
Q

o que é a artrite aguda

A

A artrite aguda pode acometer uma ou mais
articulações, com duração de até seis semanas,
ainda que com duração limitada em múltiplas
articulações e com recorrência, acometendo a
mesma ou articulação aditiva envolvendo outras
articulações

66
Q

o que é a artrite séptica
epidemio
manifestações

A

A artrite séptica é a infecção da membrana sinovial, sendo considerada uma emergência médica.
A apresentação clássica da artrite bacteriana é a de
um quadro agudo com febre e sinais inflamatórios (dor, calor, rubor e tumefação) na articulação acometida. Qualquer articulação pode ser envolvida, mas o joelho é acometido em cerca de 50% dos casos.
A frequência é maior em lactentes,
50% antes dos dois anos de idade, com predomínio em meninos (razão 1:2). As articulações
dos membros inferiores, como quadris, joelhos
e tornozelos são acometidas em 75% dos casos
e aquelas das extremidades superiores em 25%

67
Q

o que é artrite reativa
definição

A

Artrite reativa por definição é a inflamação
aguda e asséptica das articulações, ocorrendo
durante infecções, mas sem proliferação de microrganismos nas articulações. A suspeita ocorre
quando houver mais de uma articulação acometida e sinais clínicos ou evidência de infecção
extra articular.
A artrite reativa pode ocorrer em qualquer
idade, geralmente, entre sete e 10 dias após infecção gastrointestinal ou genitourinária, acometendo as articulações de membros inferiores
(joelhos, tornozelos e quadris) e associação com
o HLA-B27 positivo

68
Q

A artrite reativa, historicamente denominada X, é tríade sindrômica
formada por

A

X: Síndrome de Reiter
uretrite, conjuntivite e artrite

Nos lactentes e pré-escolares a diarreia, causada por Shigella, Salmonella, Yersinia ou Campylobacter,
é mais frequente que a uretrite. Quando a artrite reativa é causada por transmissão sexual em
adolescentes e jovens, pode haver nestes casos a concomitância de infecção por gonococo,
Chlamydia e HIV

69
Q

Artrite relacionada a leucemias linfoides
características da dor
articulações mais acometidas
queixas e alterações e alterações ao exame físico

A

Artralgia ou artrite aguda podem ser os sintomas iniciais de leucemias linfoide e mieloide
agudas. A dor é preferencialmente noturna, de
forte intensidade e intermitente. As articulações
mais acometidas são: joelhos, tornozelos e cotovelos. Algumas queixas e alterações ao exame
físico podem sugerir artrite relacionada com neoplasias, como presença de dor intensa e desproporcional ao edema articular e presença de adenomegalias, hepatoesplenomegalia, anemia ou
febre
Nos pacientes com manifestações musculoesqueléticas, adenomegalias e hepatoesplenomegalia, os
linfomas devem ser também excluídos

70
Q

artrite idiopática juvenil
definição

A

A AIJ é definida como a artrite que se inicia antes dos 16 anos de idade, com duração maior que 6 semanas, em pelo menos uma articulação, excluindo-se outras artrites de causa conhecida
Há predisposição genética e fatores ambientais que levam a uma resposta inflamatória crônica por desregulação da imunidade inata e adaptativa.
O edema é característico da artrite, com dor e limitação dos movimentos, claudicação e eventualmente podendo ser indolor.

Entre os diagnósticos diferenciais, as infecções e neoplasias são os mais frequentes, e a artrite séptica deve ser considerada mediante uma criança com febre, dor e edema importantes em uma única articulação (monoartrite). Devem-se considerar neoplasias se houver dor óssea, dor difusa em membros, especialmente noturna. A febre reumática deve ser considerada mediante padrão migratório da artrite e sopro, assim como outras infecções menos frequentes ou oportunistas

71
Q

Artrite relacionado a lupus

A

Oligoartrite ou poliartrite aguda ou recorrente na apresentação da doença ocorre em até 70% dos pacientes com LESJ. O comprometimento articular é geralmente discreto, autolimitado e habitualmente sem deformidade articular.

72
Q

Artrite relacionada a hemoglobinopatia
artrite causada por anemia hemolítica:
qual hemoglobinopatia mais comum causar?
tem derrames articulares?
quais sinais e sintomas associados? 4

A

Das hemoglobinopatias em nosso meio, a anemia falciforme (AF) é a que mais apre-senta queixas musculoesqueléticas. Artralgia e artrite estão em geral associadas a crise de hemólise.

Os derrames articulares costumam ser discretos, com duração máxima de duas semanas.

O sopro cardíaco secundário à anemia pode dificultar o diagnóstico, mi-metizando a febre reumática, mas a hepatoesplenomegalia e a icterícia, juntamente com a presença de hemoglobina S, caracterizam o diagnóstico de AF