Caso 1: HAS Flashcards
A medida da pressão arterial (PA) em crianças e adolescentes tem sido frequentemente negligenciada nas consultas pediátricas de rotina.
Preconiza-se medida anual em crianças com quantos anos? e em cada consulta são para quais situações? e mesmo abaixo de 3 anos?
Preconiza-se medida anual em crianças acima de 3 anos de idade,
medida em cada consulta em crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade
e naquelas que, mesmo abaixo de 3 anos, apresentem fatores de risco tais como prematuridade, doença renal, doença cardiovascular, situações que aumentem a pressão intracraniana, transplante de órgãos sólidos, uso de medicamentos que elevam a PA, entre outras
coisas importantes a se lembrar na aferição da pressão
- atividade física nos 60 min e estar em repouso há pelo menos 5 min
- bexiga vazia
- ingestão de café ou bebida alcoolica ou fumo
- silencio
- deitado ou sentado pernas descruzadas
- braço ao nivel do coração com palma da mão para cima e livre de roupas
A bolsa inflável do manguito selecionado deve cobrir 45-55% da circunferência do braço na largura e 80-100% da circunferência do braço no comprimento
qual preferência do braço e porque
A preferência é pela medida no braço direito, evitando-se falsas medidas baixas no braço esquerdo no caso de coarctação da aorta
Após a aferição da PAS e da PAD procede-se à comparação dos valores medidos com os padrões de normalidade de acordo com idade e percentil de altura segundo as curvas do CDC 2000.1 As tabelas de referência incluem crianças de 1-17 anos
como interpretar as tabelas de pressão arterial?
** so pra lembrar e quando tiver dúvida
Localizar a idade da criança na 1ª coluna.
Localizar a coluna do percentil da estatura correspondente ao visto no gráfico do CDC 2000 ou a estatura medida que mais se aproxima na tabela, tanto para a PAS quanto para a PAD
Verificar os percentis 50, 90, 95 e o percentil 95 +12 mmHg referentes a essa criança.
Classificar a PA do indivíduo de acordo com os percentis encontrados.
Na população de crianças e adolescentes com doenças crônicas que levam ao comprometimento importante da estatura, temos a opção de utilizar os percentis da PA referentes à idade em que a estatura do paciente se encontra no percentil 5. –> ENTENDER
qual definição de HAS
a média da PAS e/ou PAD ≥ percentil 95 para sexo, idade e percentil da altura em 3 ocasiões diferentes
a partir de quantos anos podemos utilizar a os níveis de PA de adultos
13 anos
quais valores de
normotensão
elevada
hipertensão estágio 1
hipertensão estágio 2
1- 13 anos
Normotensão: PA < P90 p/sexo, idade e altura
Pressão arterial elevada: PA ≥ P90 e < P95 p/sexo, idade e altura ou PA 120/80 mmHg mas < P95 (o que for menor)
Hipertensão estágio 1: PA ≥ P95 p/sexo, idade e altura até <P95 + 12 mmHg ou PA entre 130/80 o até 139/89 (o que for menor)
Hipertensão estágio 2: PA ≥ P95 + 12 mmHg para sexo idade ou altura ou PA ≥ entre 140/90 (o que for menor
A classificação final será feita de acordo com o nível que for mais elevado quer seja da PA sistólica ou da diastólica.
quais valores de
normotensão
elevada
hipertensão estágio 1
hipertensão estágio 2
> 13 anos
Normotensão: PA < 120/< 80 mmHg
Pressão arterial elevada: PA 120/< 80 mmHg a PA 129/ <80 mmHg
Hipertensão estágio 1: PA 130/80 até 139/89Hipertensão estágio 2: PA ≥ entre 140/90
A classificação final será feita de acordo com o nível que for mais elevado quer seja da PA sistólica ou da diastólica.
Tabela 1 Percentis de pressão arterial sistêmica para meninos por idade e percentis de estatura
Tabela 2 Percentis de pressão arterial sistêmica para meninas por idade e percentis de estatura
Tabela 3 Valores de pressão arterial que requerem avaliação adicional
Para avaliação da normalidade da PA em recém-nascidos utiliza-se a tabela de referência publicada por Dionne et al.4 (Tabela 4).
Para lactentes abaixo de 1 ano ainda estão vigentes as curvas da 2ª Diretriz de Hipertensão Pediátrica (2nd Task Force)5 (Figuras 1 e 2).
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QUADRO CLÍNICO E INVESTIGAÇÃO
Na fase inicial, na maioria das vezes, a criança encontra-se assintomática ou apresenta sintomas tais como cefaleia occipital e ao acordar, irritabilidade, dificuldade para iniciar o sono, dificuldade escolar e de concentração, dor abdominal, dor torácica, cansaço diurno e, nos casos de crianças com HAS secundária, sintomas específicos da doença de base
As razões para não realização do diagnóstico de HAS incluem: não aferição da PA, aferição inadequada da PA, aferição adequada, porém sem utilização de referências validadas, ou descarte de medidas elevadas por suposição de que sejam fruto de HAS do “jaleco branco”
INVESTIGAÇÃO ETIOLÓGICA
Quais principais questionamentos a serem respondidos a respeito do paciente
estamos diante de um paciente com HAS primária (essencial), secundária ou do jaleco branco? O paciente encontra-se em estágio 1 ou 2 de gravidade de HAS? Há lesão de órgãos alvo? O paciente é obeso e/ou tem comorbidades? O paciente apresenta queixas compatíveis com HAS, no entanto as aferições demonstram níveis tensionais normais? Ele pode ser portador de HAS mascarada?
EPIDEMIOLOGIA
HAS primária comum nos EUA mas estudos de centros únicos fora desse país ainda relatam que a HAS primária é incomum. De qualquer forma, a incidência de HAS secundária é mais comumente observada na faixa etária pediátrica em comparação com adultos. Isso justifica uma avaliação pediátrica mais vigorosa, ainda que passo a passo, para evitar sobrecarga de exames desnecessários.
Pacientes com HAS primária apresentam, na maioria das vezes, um perfil característico: 3
idade ≥ 6anos, história familiar de HAS e associação com sobrepeso/obesidade.
possibilidade de HAS secundária deve ser considerada em crianças com idade X anos, e nos casos de HAS grave em vigência de lesão de órgão alvo
X: < 6
Quais duas doenças entre as causas mais comuns de HAS secundária em crianças
A doença renal e a doença renovascular estão entre as causas mais comuns de HAS secundária em crianças, representando 34-79% e 12-13%, respectivamente, dos diagnósticos.
Dentre as causas de doença renovascular, a coartação de aorta se caracteriza por
Dentre as causas de doença renovascular, a coartação de aorta se caracteriza por níveis tensionais mais elevados (≥ 20 mmHg) em membros superiores que em membros inferiores e a neurofibromatose tipo 1, pela presença de manchas café com leite e neurofibromas.
Outras causas menos frequentes de HAS que merecem destaque são 2’
Outras causas menos frequentes de HAS que merecem destaque são as intoxicações ambientais (chumbo, cadmio, mercúrio) e a HAS monogênica, que deve ser suspeitada em crianças hipertensas com atividade de renina plasmática reduzida ou relação aldosterona renina elevada, especialmente quando há história familiar de HAS de início precoce.
como é definida a HAS do jaleco branco e como esses pacientes devem ser monitorizados
HAS do jaleco branco é definida por níveis tensionais ≥ P95 no consultório ou ambiente clínico, porém < %95 fora do consultório e do ambiente clínico. Esses pacientes devem ser submetidos à monitorização ambulatorial da pressão arterial (Mapa).
quando ocorre hipertensão mascarada?
quais são os pacientes com maior risco 3
Hipertensão mascarada ocorre quando os níveis tensionais são normais no consultório/ambiente clínico, porém elevados no Mapa
Esses pacientes têm risco de dano hipertensivo de órgãos alvo. Os pacientes com maior risco de HAS mascarada são aqueles com obesidade, com formas secundárias de HAS tais como renais crônicos e aqueles submetidos a reparo de coartação de aorta. Por ser particularmente prevalente em renais crônicos, esses pacientes devem ter a inclusão do Mapa como parte do acompanhamento de rotina
Anamnese e exame físico completos são fundamentais. Devem-se investigar sintomas associados à HAS como 10
cefaleia occipital e ao acordar, irritabilidade, dificuldade para iniciar o sono, dificuldade e/ou declínio do desempenho escolar e de concentração, dor abdominal, dor torácica, cansaço diurno, epistaxe, flush e vertigem
É importante buscar pistas sobre doenças de base:
Renais
Renovascular
Tumores
Doenças sistêmica
Pistas para HAS essencial:
Pistas ligadas à teoria da programação fetal:
Renais: edema, poliúria, noctúria, fadiga, fraqueza muscular, perda de peso, dispneia. Antecedentes de oligodrâmnio, infecção do trato urinário recorrente e antecedentes familiares de doença renal.
Renovascular: histórico de cateterização de artéria umbilical, asfixia neonatal ou episódios de hipotensão grave.
Tumores: perda de peso, flushing, sudorese
Doença sistêmica: anormalidades em pele (LES, neurofibromatose, esclerodermia) e antecedentes familiares, por exemplo, de hipertireoidismo.
HAS iatrogênica: história médica pregressa, uso de medicações tais como: anti-inflamatórios não hormonais, descongestionantes, estimulantes (p. ex., em déficit de atenção), antidepressivo tricíclico, imunossupressores, anticoncepcional.
Pistas para HAS essencial: obesos, ingestão de fumo\álcool. Antecedentes familiares de doença cardiovascular ou diabetes, distúrbios do sono (apneia do sono).
Pistas ligadas à teoria da programação fetal: baixo peso ao nascer, disfunção placentária, desnutrição materna, prematuridade, estresse intrauterino (IU) e pós-natal, superalimentação IU e pós-natal, bem como desequilíbrios alimentares de macro e micronutrientes.8
Por não existirem parâmetros clínicos que permitam identificar e diferenciar, de modo definitivo, HAS primária e secundária, há controvérsias sobre como investigar os pacientes com HAS leve e moderada.
A maioria dos autores recomenda inicialmente: 6
- Em crianças ou adolescentes obesos com (IMC > %95) deve-se acrescentar:3
urinálise, painel químico com ureia, creatinina, eletrólitos, perfil lipídico (colesterol total e HDL) e ultrassonografia de rins e vias urinárias (USG)
hemoglobina A1c (triagem aceita para diabetes), transaminases (triagem para esteatose hepática), painel lipídico de jejum (triagem para dislipidemia).
Além disso, de acordo com dados de anamnese, exame físico e estudos iniciais pode-se solicitar:
* NAO SEI SE PRECISA
glicemia de jejum para aqueles com alto risco de diabetes mellitus, hormônio estimulador da tireoide, triagem para drogas, polissonografia do sono (ronco alto, sonolência diurna ou história de apneia), hemograma completo em pacientes com retardo do crescimento ou alteração da função renal
Formas monogênicas devem ser consideradas em crianças hipertensas com história familiar de início precoce de HAS, e, neste caso, sugere-se solicitar análise genética.
atentar para:
Importante atentar para hipocalemia e alcalose metabólica que podem ocorrer em formas monogênicas de HAS (hiperaldosteronismo familiar tipo 1; síndrome de Liddle caracterizada por pseudo-hipoaldosteronismo e retardo do crescimento; excesso aparente de mineralocorticoide).