Caso 2: PCR Na Infância Flashcards
Quais as principais causas de parada cardíaca em pediatria?
A parada cardíaca súbita em crianças é pouco comum. O que ocorre nas crianças, geralmente, é a parada cardíaca decorrente da progressão da insuficiência respiratória e/ou do choque, associada à hipoxemia e acidose. O colapso súbito devido à fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia ventricular (TV) sem pulso - ritmos chocáveis - ocorre como manifestação clínica inicial em aproximadamente 5-15% de todas as paradas cardíacas pediátricas pré-hospitalares.
Quando há parada cardíaca súbita, qual o(s) ritmo(s) mais frequentemente observados e quais as principais causas associadas?
Os ritmos mais observados na parada súbita em crianças é a TV sem pulso ou a FV. As principais causas associadas são: miocardiopatia hipertrófica, miocardite, intoxicações, contusões cardíacas súbitas, síndrome do QT longo, artéria coronária anômala.
Qual a conformação observada no ECG dos principais tipos de parada cardíaca?
A PCR em crianças pode possuir causas reversíveis. Quais são os 6 Hs e os 5 Ts?
→ 6 H’s:
Hipovolemia
Hipotermia
Hipo/Hipercalemia
Hipoglicemia
Hipoxemia
Distúbios do H+: Acidose metabólica (principal)
→ 5T’s:
Tensão no tórax (pneumotórax)
Tamponamento cardíaco
Tóxicos (intoxicação em geral)
Trombose pulmonar
Trombose cardíaca
Como é feita a identificação do PCR?
1) Incapacidade de responder
2) Sem respiração ou apenas gasping
3) Ausência de pulso central (tentar palpar por tempo de, no máximo, 10 seg) - Pulso braquial em bebês e femoral/carotídeo em crianças.
Quais os fundamentos para uma RCP de alta qualidade?
1) Comprimir 1/3 do diâmetro anteroposterior do tórax (no mínimo: 4 cm em bebês e 5 cm em crianças);
2) Compressões torácicas com frequência de, no mínimo, 100/min;
3) Permitir o retorno total do tórax entre as compressões;
4) Minimizar as interrupções nas compressões torácicas;
5) Evitar ventilação excessiva.
Qual o resumo das principais diferenças entre a RCP de adultos e crianças?
Se um paciente pediátrico estiver com sinais de parada cardíaca (inicialmente inconsciente, em apneia ou com respirações agônicas) e a parada não foi testemunhada, como deve ser iniciada a RCP pelo suporte básico de vida (BLS)?
Pelo “CAB”, ou seja:
C: checar o pulso, se ele não for palpável ou for difícil a sua palpação (não demorar mais do que 10 segundos com as tentativas de sentir o pulso) iniciar imediatamente a massagem cardíaca.
A: Posicionar e garantir a abertura das vias aéreas, usando manobra de extensão do pescoço e elevação da mandíbula.
B: Fornecer duas ventilações e continuar a massagem cardíaca. A relação deve ser de 30 compressões: 2 ventilações, se houver um socorrista; caso mais de um socorrista esteja ajudando, esta relação é de 15:2 em crianças.
*Trocar as funções de compressor e fornecedor da ventilação a cada 2 minutos.
O que deve ser feito se o paciente tiver um colapso súbito testemunhado e se encontrar com sinais de parada cardíaca e você estiver sozinho?
Antes de iniciar a RCP na sequência CAB, deve-se acionar o serviço de emergência ou conseguir um DEA.
Quais as peculiaridades do DEA na pediatria?
Recomenda-se utilizar um atenuador de carga elétrica pediátrico para crianças de 1 a 8 anos, mas na ausência deste, pode ser utilizado o DEA com carga padrão.
Em crianças menores de 1 ano, recomenda-se em primeiro lugar a utilização do desfibrilador manual, mas na ausência deste, pode ser utilizado o DEA com atenuador de carga elétrica pediátrico e se caso este também faltar, pode-se usar o DEA com carga padrão.
No suporte avançado de vida, como deve ser feito o tratamento dos ritmos não chocáveis?
Constituem ritmos não-chocáveis a assistolia e a AESP. Assim que se detectar a ausência de pulso central, deve-se iniciar a massagem cardíaca de alta qualidade e administrar epinefrina durante as manobras de RCP, ou seja, enquanto se faz a massagem cardíaca. A cada 5 ciclos ou 2 minutos de RCP, verifica-se o ritmo. A dose de epinefrina por via intravenosa ou intraóssea é de 0,01 mg/kg ou 0,1 mL/kg da solução 1:10.000 (1 ampola diluída para 10 mL), podendo ser repetida em intervalos de 3 a 5 minutos. A dose pela via endotraqueal deve ser 10 vezes maior, ou seja, 0,1 mg/kg (0,1mL/kg da solução 1:1.000). Após iniciar a massagem cardíaca, devem-se assegurar as vias aéreas e fornecer oxigenação rapidamente. É necessário também tratar as condições reversíveis associadas a estes ritmos (pensar nos 6Hs e 5Ts).
No suporte avançado de vida, como deve ser feito o tratamento do ritmo chocável?
Constituem ritmos chocáveis a FV e a TV sem pulso. Inicialmente, faz-se a sequência de massagem cardíaca, abertura das vias aéreas e oxigenação apropriada. Após 5 ciclos ou 2 minutos de RCP, verifica-se o ritmo. Ao chegar o desfibrilador, faz-se a preparação e a aplicação do choque da seguinte forma:
1) Escolha das pás adequadas: Para crianças < 10 kg ou menores de 1 ano recomendam-se pás pequenas ou pediátricas, enquanto que para crianças > 10 kg ou maiores de 1 ano, recomenda-se o uso de pás grandes ou de adultos. Os locais apropriados para a colocação das pás são o lado superior direito do tórax, abaixo das clavículas e à esquerda do mamilo esquerdo, na linha axilar anterior (no ápice do coração); as pás devem estar distantes pelo menos 3 cm e nunca devem se tocar. Caso só estejam disponíveis pás de tamanho grande e seja necessário desfibrilar uma criança menor de 10 kg, deve-se utilizar uma posição alternativa, que consiste em colocar uma pá na região anterior do tórax (à esquerda do esterno) e a outra posterior, nas costas. Podem-se utilizar pás autoadesivas ou convencionais. Caso sejam utilizadas pás convencionais, deve-se colocar gel, pasta ou creme condutor entre as pás e a pele do paciente para reduzir a impedância transtorácica.
2) Escolher a carga: Inicialmente deve ser de 2 J/kg. Após aplicação do choque, reiniciam-se imediatamente as manobras de ressuscitação, começando pela massagem cardíaca, que deve ser feita por dois minutos. Subsequentemente, verifica-se o pulso central e o ritmo, e se este ainda for chocável, prepara-se para um novo choque com 4 J/kg. A partir do terceiro choque, esta carga será de 4 J/kg, ou poderá ser aumentada até 9 J/kg, devendo-se considerar a administração de epinefrina.
3) Administração de medicamentos: Assim que se detecta que o ritmo chocável não reverteu após o primeiro choque e dois minutos de RCP, deve-se administrar epinefrina. As doses da epinefrina são as mesmas utilizadas no tratamento dos ritmos não-chocáveis.
5) Outras medicações: Se a TV sem pulso ou a FV ainda persistirem, prepara-se um novo choque com 4 J/kg, podendo-se usar novamente a epinefrina ou algum antiarrítmico como amiodarona, lidocaína ou sulfato de magnésio (para torsades de pointes).
Qual o algoritmo de RCP em pediatria?
Qual a prioridade para estabelecimento do acesso de medicamentos na pediatria?
Ordem de prioridade: intravenoso, intraósseo e endotraqueal*.
*O endotraqueal necessita, na maioria das vezes, uma dosagem 10 x maior do que seria nos demais acessos. Medicamentos que podem ser administrados por essa via: A(atropina)N(naloxona)E(epinefrina)L(lidocaína).
Quando deve-se utilizar o tubo endotraquel com/sem balonete (cuff)? Como se calcula o diâmetro adequado do tubo e a profundidade de inserção?
Utiliza-se tubos com balonete rotineiramente apenas em crianças com mais de 8 ou 10 anos. Crianças menores podem necessitar de tubos sem balonete, pois o uso do balonete pode causar riscos de complicações como edema e estenose subglótica.
→ Tubo endotraqueal com balonete (mm) = (idade em anos/4) + 3;
→ Tubo endotraqueal sem balonete (mm) = (idade em anos/4) + 4.
Distância da profundidade de inserção adequada = diâmetro interno do tubo x 3.