ANTIBIÓTICOS Flashcards
EFEITOS COLATERAIS GRAVES DAS FLUOROQUINOLONAS
Tendinite, ruptura do tendão, artralgia, dor nas extremidades, alterações na marcha, neuropatias associadas à parestesia, depressão, fadiga, diminuição da memória, distúrbios de sono, deficiência auditiva, visão, paladar e olfato
PRINCIPAIS CLASSES
- Beta-lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas, carbapenêmicos)
- Aminoglicosídeos
- Macrolídeos
- Quinolonas
- Sulfas e seu uso clínico nas infecções comunitárias e hospitalares
ATB TEMPO DEPENDENTES
- Sua ação depende do tempo de exposição das bactérias às concentrações séricas e teciduais
- Sua ação independe dos níveis séricos atingidos, mas sim do tempo que permanecem acima da MIC para esse microrganismo
- Deve-se, portanto, visar maximizar a duração da exposição do patógeno ao fármaco
- Pertencem a esse grupo: vancomicina e β-lactâmicos
ATB CONCENTRAÇÃO DEPENDENTES
- Sua ação depende da concentração sérica: quanto maior a concentração (pico), mais rápida a erradicação do patógeno
- Pertencem a esse grupo: aminoglicosídeos e fluroquinolonas
INDICAÇÕES DE ANTIBIOTICOTERAPIA
Nem todas as infecções requerem ATB. Não se deve tratar:
o Abscessos de parede drenar
o Úlceras cutâneas crônicas
o Bacteriúria assintomática – exceto em grávidas e pré-procedimentos urológicos
o Febre relacionada a cateter venoso profundo de longa permanência, sem sepse, que, em geral, se resolve com a retirada do cateter
o Diarreias infecciosas – autolimitadas em sua maioria
o Flebites não purulentas
ESCOLHA DE ATB
- O dx da infecção deve ser embasado em critérios clínicos, epidemiológicos e laboratoriais
- A escolha deve levar em consideração:
o Sítio da infecção: definir/presumir se a infecção é comunitária ou hospitalar – neste caso verificando o perfil de sensibilidade dos microrganismos isolados das infecções no hospital.
o Agente causal, gravidade, epidemiologia: as informações epidemiológicas, possiveis causas e susceptibilidades são baseadas nos dados clínicos pregressos do hospital ou região
o Hospedeiro e sua epidemiologia: idade, história pregressa de hipersensibilidade a ATB, funções hepática e renal, gestação, estado imunológico, coagulopatia, alergias, uso recente de ATB, se está hospitalizado há muito tempo ou foi hospitalizado recentemente, perfil de sensibilidade dos microrganismos, frequência dos microrganismos nos diferentes tipos de infecção, doença de base, possível insuficiência de órgãos
o Sobre o antimicrobiano: produto a ser usado, composição química e modo de ação, farmacocinética, espectro de atividade, dose a ser prescrita, via, intervalo e forma de administrar, via e forma de eliminação, distribuição, interação com outros ATB, potencial de induzir resistência, efeitos adversos, contraindicações e custo
PRINCIPAIS MECANISMOS DE AÇÃO
Os antimicrobianos podem agir em diversas etapas do ciclo de vida das bactérias
* Inibição da síntese de parede celular: atuam impedindo a síntese de peptideoglicano. Exs.:
o β-lactâmicos inibem enzimas necessárias à síntese de peptideoglicano
o Glicopeptídeos, como vancomicina se liga a extremidade terminal do peptídeo D-Ala D-Ala da cadeia do peptideoglicano
* Inibição da síntese proteica: ligam-se às subunidades ribossomais bacterianas (30s e 50s) e impedem a síntese de proteínas. Exs.:
o Aminoglicosídeos
o Tetraciclinas
o Cloranfenicol
o Macrolídeos
o Licosamida
o Oxazolinidonas
* Inibição da síntese de material genético: atuam inibindo as enzimas girasse e topoisomerase IV, que atuam na replicação do DNA, impedindo a síntese de RNAm, logo, de proteínas. Exs.:
o Quinolonas ciprofloxacina, norfloxacina e ofloxacina
* Desorganização da membrana celular: moléculas anfipáticas tensoativas que interagem com as moléculas de polissacarídeos da membrana celular externa, desorganizando-a e alterando sua permeabilidade causa o extravasamento do conteúdo intracelular. Ex.:
o Polimixinas
* Interferência no metabolismo celular: agem pelo bloqueio de diferentes etapas da síntese do folato, cofator necessário para síntese de DNA e de RNA, impedindo que os processos celulares ocorram. Exs.:
o Sulfonamidas
o Trimetroprim
RESISTÊNCIA BACTERIANA
A resistência aos antimicrobianos pode ser:
1) intrínseca;
2) adquirida como resultado de mutações que podem ocorrer durante a replicação celular ou ser induzidas por intermédio de agentes mutagênicos;
3) adquiridas pela aquisição de material genético exógeno anteriormente presente em outros microrganismos que contenham genes de resistência propagados por meio de mecanismos de transferência gênica horizontal, como a conjugação bacteriana, a transformação e a transdução.
Os mecanismos bioquímicos de resistência aos ATB são:
* Inativação enzimática do ATB: produção de enzimas pela bactéria capazes de degradar ou inativar o ATB. Ex. clássico é a produção de β-lactamase, que hidrolisa o anel β-lactâmico das penicilinas e cefalosporinas.
o Várias bactérias gram-positivas e negativas produzem β-lactamases de espectro estendido (ESBLs), que são codificadas por genes plasmidiais e conferem resistência à todas as penicilinas e cefalosporinas de 3ª geração, mas não às cefamicinas e aos carbapenêmicos
o Existem, ainda, as carbapenemases, que degradam até os anéis dos carbapenêmicos e são chamadas KPC. Esses casos são tratados com polimixinas ou aminoglicosídeos
* Modificação do alvo do ATB: mudanças estruturais do alvo em que um ATB atua, previnem sua ligação efetiva. Ex. são as Proteínas Ligadoras da Penicilina (PBP), responsáveis pela ligação cruzada entre os polímeros de ácido N-acetilmurâmico e N-acetil glucosamina, precursores do peptideoglicano que forma a parede celular. Quando as PBPs possuem mutações nos genes que as codificam, apresentam estruturas modificadas (PBPa2), com afinidade pelo fármaco, não permitindo a lise celular, uma vez que a droga não interferirá na ligação cruzada entre os dois polímeros formadores da parede bacteriana.
o Esse mecanismo de resistência ocorre no S. aureus resistente a oxacilina (MRSA)
* Modificações dos aminoácidos D-alanina: a troca de D-alanina D-alanina na extremidade terminal do peptideoglicano por D-alanina D-lactato ou D-alanina D-serina reduz muito a afinidade do ATB pelo seu sítio de ligação, não afetando, portanto, a bactéria
* Bombas de efluxo: são proteínas de membrana que exportam os antibióticos para o meio extracelular, mantendo as concentrações intracelulares em baixos níveis. Esse mecanismo de resistência afeta todas as classes de antibióticos, sobretudo macrólitos, tetraciclinas e fluoroquinolonas.
* Alteração da permeabilidade da membrana: os fármacos penetram a membrana celular de várias formas, como por difusão simples ou difusão facilitada mediada por proteínas porinas. A modificação da permeabilidade é um mecanismo importante de resistência, sobretudo nos bacilos gram-negativos
BETALACTÂMICOS - PENICILINAS
- ATB bactericidas que inibem a síntese da parede celular, ao interferir na transpeptidação de bactérias G-positivas e negativas
- Atuam através das PBP – proteínas presentes na membrana plasmática bacteriana – ligando-se a elas e impedindo a formação de ligações trans-peptidásicas na síntese do peptideoglicano
PENICILINAS NATURAIS OU BENZILPENICILINAS
- São as penicilinas G e V
- Penicilina G Benzatina:
o Via de adm.: intramuscular (benzetacil)
o Espectro: sobretudo, gram-positivos. É a droga de escolha para 3 doenças sífilis, faringoamigdalite bacteriana e impetigo estreptocócico. Além disso, é profilaxia para febre reumática.
o É uma droga de depósito seu efeito persiste por até 21 dias após a aplicação - Penicilina G cristalina:
o Via de adm.: intravenosa
o Normalmente indicada para infecções mais graves; tem ½ vida mais curta que a benzatina
o Espectro: sobretudo gram-positivos e espiroquetas (T. palidum). Usada em casos de leptospirose grave, tto hospitalar de PNM em crianças, endocardite bacteriana, infecção por N. meningitidis (G-negativo)
Penicilina G procaína - Via de adm.: intramuscular
- Apresenta ½ mais curta que a Benzatina
- É pouco usada na prática
- Mesmo espectro de ação da benzatina
PENICILINAS RESISTENTES ÀS PENICILINASES
- Também chamadas de isozazolil penicilinas
- Fazem parte deste grupo: oxacilina, cloxacilina, dicloxacilina, meticilina, nefcilina.
- Oxacilina – única disponível no Brasil
- O principal uso dessas drogas são infecções por S. aureus. Os S. aureus são divididos em MSSA e MRSA (sensíveis ou resistentes à meticilina.
o A oxacilina é a droga de escolha em infecções por MSSA;
o Em infecções por MRSA vancomicina - Oxacilina:
o Via de adm.: intravenosa
o Espectro: MSSA
o Usos: infecções em que se suspeita de S. aureus erisipela, celulite, dentre outras doenças com possibilidade de disseminação hematológica (endocardite infecciosa) ou por contiguidade com a pele (meningite por uso de DVP)
AMINOPENICILINAS
Principais deste grupo: amoxicilina e ampicilina
* Espectro: gram-positivos (em menor eficácia comparado às penicilinas naturais); mas têm espectro mais amplo para gram-negativas, além de cobrir cocos (Streptococcus, enterococcus, N. meningitidis) e bacilos (E. coli, Listeria monocytogenes e H. influenzae)
* Normalmente, são associadas a inibidores da beta-lactamase (ácido clavulânico e sulbactam) – a fim de ampliar seu espectro
* Amoxicilina: muito usada, associada ou não ao ácido clavulânico
o Usos: faringoamigdalite bacteriana, PNM comunitária, rinossinusite bacteriana e infecção por H. pylori
o Posologia: 500mg de 8/8h ou 875mg de 12/12h
* Ampicilina: muito usada, sobretudo associada ao sulbactam (Unasyn).
o Via de adm.: EV
o Apresentação: 500 ou 1000mg posologia usual é 2g EV de 4/4h
o Usos: gastroenterite aguda bacteriana (cobre Shigella), PNM em crianças, endocardite infecciosa, PNM comunitária, infecção de canal de parto pelo Strepto do grupo B, corioamnionite etc.
CARBOXIPENICILINAS E UREIDOPENICILINAS
- Essas duas classes são compostas pelas carboxipenicilinas (carbenicilina e ticarcilina) e as ureidopenicilinas (mezlocilina, piperacilina e azlocilina)
- A mais usada é a piperacilina, inibidor de beta-lactamase, e a piperacilina-tazobactam (tazocin). Possuem ação contra Pseudomonas.
- TAZOCIN:
o Espectro: gram-negativas (enterobactérias) – sobretudo Proteus, Enterobacter e Pseudomonas aeruginosa, que são, normalmente, resistentes às outras penicilinas. Também cobre gram-positivos
o Usos: infecções hospitalares e infecções com risco/suspeita de Pseudomonas
INIBIDORES DE BETA-LACTAMASE
- São utilizados em conjunto com algumas penicilinas, ampliando seu espectro de ação em casos de bactérias produtoras de beta-lactamase (ex. estreptococo resistente)
o Amoxicilina + clavulanato = Clavulin
o Ampicilina + sulbactam = Unasyn
o Ticarcilina + clavulanato = Timentin
o Piperacilina + Tazobactam = Tazocin
CARBAPENÊMICOS
Classe muito utilizada para infecções hospitalares; são drogas potentes e de amplo espectro.
Este grupo é composto por três antibióticos: meropenem, imipenem e ertapenem.
Espectro: apenas o ertapenem NÃO cobre pseudomonas. Todos cobrem anaeróbios. São drogas de escolha em infecções por bactérias produtoras de beta-lactamase de espectro estendido (ESBL).
Resistência: a principal bactéria resistente aos carbapenêmicos é a Klebsiella produtora de carbapenemases (KPC) nesse caso, a droga de escolha é as polimixinas.