4. Helicobacter e Espiroquetídeos Flashcards
Helicobacter - morfologia, fisiologia e epidemiologia
Género Helicobacter: múltiplas espécies de bacilos (ex.: H.Pylori)
Características:
Forma espiralada
Flagelos terminais
Gram negativos
Microaerófilos —> crescimento somente aeróbio, mas oxigénio requerido em baixas concentrações PORQUE produção de quantidades letais de formas tóxicas e oxigénio se expostos ao oxigénio atmosférico normal
Casos de infeção por Helicobacter são influenciados por (epidemiologia):
Condição socioeconómica —> maior incidência em grupos de baixo nível socioeconómico
Grupo etário —> maior prevalência em crianças
Persistência —> capacidade de colonizar o hospedeiro de forma prolongada (infeção persiste por várias décadas se não for tratada)
Helicobacter Pylori
- assintomático vs. sintomático
- envolvimento no cancro gástrico
- diagnóstico (métodos não invasivos e invasivos)
- tratamento
- Assintomático vs Sintomático?
Assintomático: muito frequente
Sintomático: pouco frequente; manifestações (gastrite - mt frequente e risco de evolução para carcinoma gástrico + úlcera gástrica ou duodenal + carcinoma gástrico - pouco frequente) - Envolvimento no cancro gástrico?
Por si só não é responsável pelo desenvolvimento de cancro gástrico a partir de gastrite
Gastrite induzida por H.Pylori é considerada um dos vários fatores de risco para o desenvolvimento de carcinoma gástrico - Diagnóstico Métodos Não Invasivos (1ª linha)?
Teste respiratório: mais usado; ingestão de uma solução de ureia com avaliação da amónia na respiração (H.Pylori degrada a ureia em amónia através da urease)
Pesquisa de antigénios nas fezes: mais recente e simples; utilização crescente
Serologia: utilizado somente em estudos epidemiológicos; avaliação da presença de anticorpos para H.Pylori (diz se está ou esteve infetado nos últimos 3 anos)
Nota: a serologia não permite distinguir uma infeção atual de uma infeção ocorrida nos últimos meses ou anos (IgM baixa, mas IgG mantém durante meses ou anos)
- Diagnóstico Métodos Invasivos?
Requerem biópsia gástrica + restrito a quadros que não respondem à terapêutica (bactérias resistentes a antibióticos, por exemplo)
Culturas celulares: método de referência; elevada sensibilidade e especificado; usado em TSA
Exame anatomo-patológico: avaliar presença de bactérias e observar lesões (não tanto para diagnóstico)
Teste rápido da urease: incubação de amostras numa solução com ureia e avaliação da variação de pH (aumenta com H.Pylori pq degrada a ureia em CO2 e NH3); teste simples e rápido
PCR: rápido e com elevada sensibilidade; recurso alternativo à obtenção de culturas de células; não permite a realização de TSA - Tratamento?
Inibidor da bomba de protões + antibióticos
Antibióticos de primeira linha: amoxiciclina e claritromicina
Em caso de falência da terapêutica —> realização de TSA
Espiroquetídeos/Espiroquetas
- 2 famílias e 3 géneros
- morfologia e fisiologia
- Ordem, Família e Género
Ordem: spirochaetales
Família: spirochaetaceae (género Treponema e género Borrelia) + leptospiraceae (género leptospira) - Morfologia e fisiologia
Espiraladas (forma de saca-rolhas)
Gram negativas
Borrelia - febres recorrentes
- quem causa
- o que é
- como acontece
nota: também temos borreliose/doença de lyme
- Quem causa?
B. Recurrentis (África) + B. Duttonii + B. Hispanica - O que é?
Episódios cíclicos de febre consequentes da permanente variação antigénica da bactéria (ex.: capacidade alterar as proteínas da membrana externa, permanecendo por mais tempo em circulação) - Como acontece?
1 - infeção
2 - primeiro episódio febril
3 - formação de anticorpos contra o agente patogénico
4 - erradicação do agente etiológico
5 - alteração dos antigénios de superfície em bactérias sobreviventes (SHIFT ANTIGÉNICO)
6 - aparecimento de uma nova variante para a qual os IgM originais não são eficazes
7 - novo episódio febril
Borrelia burgdorferi lato sensu
- doença
- características
- reservatório e vetor
- evolução clínica (3 fases)
- diagnóstico
- Que doença?
Doença de Lyme (borreliose de lyme) - Características da bactéria?
Gram negativo
Forme espiralada
Flagelos periplasmáticos
Elevado comprimento (3-30/0.2-0.5)
Microaerófilo (precisa de O2, mas tem de ser pouco para não produzir formas tóxicas de O2)
Crescimento lento - Reservatório e vetor?
Reservatório: roedores, javalis, raposas e veados
Vetor: carraça (lxodídeos do género Ixodes - I ricinus)
Distribuição mundial (mais prevalente no hemisfério norte) - Evolução clínica?
1 - Fase precoce localizada (aguda): período de incubação variável (3-60dias); assintomática ou com síndrome gripal; eritema migratório (erupção cutânea no local da mordedura da carraça que vai aumentando de tamanho e aparece 2-30 dias depois)
2 - Fase precoce disseminada: eritema migratório; manifestações neurológicas (meningite, nevrites e mielites); manifestações cardíacas (bloqueio AV e miocardites); manifestações articulares (artrite)
3 - Fase tardia (crónica): manifestações neurológicas (neuroborreliose), manifestações articulares (artrite de Lyme) e manifestações dermatológicas (acrodermatite crónica atrofiante) - Diagnóstico?
Serologia por IFI: possibilidade de obter falsos positivos (alta sensibilidade do teste durante o início da fase aguda ou da ocorrência de reações cruzadas) pelo que é necessária a confirmação por Western Bolt para IgM é IgG
Leptospira
- o que é
- morfologia e fisiologia
- reservatório
- transmissão
- frequência
- manifestações clínicas (evolução - 2 fases)
- diagnóstico (métodos diretos e indiretos)
- tratamento
- O que é?
Espiroquetídeo da família leptospiraceae - Morfologia e Fisiologia?
Espiraladas
Elevado comprimento (6-20)
Baixa espessura (0.1-0.2) —> impossibilita a sua observação em microscopia normal (é necessária a utilização de fundo escuro ou contraste de fase)
Extremidades encurvadas em gancho
Aeróbias
Crescimento em meio de cultura - Reservatório?
Roedores (principal e sobretudo a nível do tecido renal)
Suínos, bovinos, equídeos e cães - Transmissão?
Por exposição à urina de um animal infetado presença em águas contaminadas (ingestão, mucosas e pele escoriada) - Frequência?
Moderada
Maior prevalência nos Açores
Frequente em trabalhadores de determinados setores (agricultura, limpeza de esgotos e recolha de lixo) ou praticantes de atividades de lazer em rios (remo, canoagem e rafting) - Manifestações clínicas?
Incubação de 2 a 20 dias
1 - Fase aguda/leptospirémica: inespecífica; febre, mialgias e cefaleias
2 - Fase imune: localização específica (rins, fígado); 2 formas clínicas —> Leptospirose anictérica (ligeira, 90% dos casos, não icterícia e sintomas inespecíficos) + Leptospirose ictérica/Doença de Weil (icterícia e hepatite, disfunção hepática e renal com aumento da creatinina, mortalidade 15-20%) - Diagnóstico Métodos Diretos?
Se <10 de evolução: isolamento da bactéria no sangue ou LCR e (por ordem crescente de sensiblidade) —> exame em fundo de escuro - imunofluorescência - culturas celulares - PCR
Se >10 dias de evolução (bactéria já está em tecido renal): isolamento é feito na urina (utilização dos mesmos testes) - Diagnósticos Métodos Indiretos?
Se >5/6 dias de evolução (quando aparecem anticorpos): testes de rastreio (aplicados no sangue; ELISA ou aglutinação macroscópica) OU testes de confirmação (recurso a técnicas de aglutinação macroscópica) - Tratamento?
Penicilina (não é resistente)