3. Alergia alimentar Flashcards
O que é alergia alimentar?
São reações adversas aos alimentos.
Qualquer resposta clínica anormal atribuída à ingestão, contato e inalação de qualquer alimento.
Como as alergias alimentares são classificadas?
- Tóxicas
- Não tóxicas
2.1. Imunomediadas (alergias: não-IgE mediada e IgE mediada)
2.2. Não-imunomediadas (intolerância: enzimática, farmacológica e metabólica)
O que é a reação tóxica?
Ingestão de uma substância tóxica em quantidade suficiente para causar sintomas, independente da sensibilidade individual
Ex: intoxicação por fungo, bactérias (convertem histidina em histamina e provocam urticária), agrotóxicos (morango).
O que é a reação não-tóxica não-imunomediada?
São as intolerâncias
As intolerâncias dependem diretamente da quantidade ingerida e da sensibilidade do paciente
Quais os principais tipos de intolerância?
Enzimática: intolerância à lactose
Farmacológica: cafeína, histamina, tiramina
Metabólica: fenilcetonúria e galactosemia
O que é a má absorção de lactose?
É qualquer falha de digerir e/ou absorver lactose no intestino delgado
O que é a intolerância à lactose?
Síndrome caracterizada por sintomas gastrointestinais após o consumo de alimentos que contenham lactose
Sintomas em paciente com má absorção após a ingestão de lactose
Qual a fisiopatologia da intolerância à lactose?
A lactose chega no intestino delgado e é quebrada em glicose+galactose pela enzima lactase e, consequentemente não provoca sintomas no paciente.
Quando o paciente tem deficiência de lactase, essa quebra não ocorre e a lactose chega inteira no intestino delgado.
Devido ao poder osmótico da lactose não digerida, ela causa aumento de água e eletrólitos na luz intestinal, aumentando o peristaltismo e causando dor abd e diarreia. Ao chegar no cólon, a lactose aumenta a ação bacteriana, responsável pela produção de gases, causando flatulências, além de fezes ácidas com posterior irritação perianal.
Quais os tipos de intolerância à lactose?
- Hipolactasia do “tipo adulto”
- Intolerância congênita à lactose ou alactase congênita
- Intolerância secundária à lactose
O que é a intolerância à lactose do tipo “hipolactasia do adulto”?
É uma doença de natureza genética e ocorre em pessoas com predisposição.
O paciente vai reduzindo progressivamente a quantidade de lactase, mantendo a produção em pequena
quantidade
- Média de início após os 5 anos de idade
- Manifestações clínicas mais graves: pessoas mais velhas
O que é a intolerância congênita à lactose?
-Trata-se de uma doença genética muito rara.
-Bebê nasce sem enzimas
-Impede o AME e manifesta-se logo após o nascimento
-O RN tem que ser alimentado com uma fórmula para lactentes sem lactose
O que é a intolerância secundária à lactose?
-MUITO COMUM
-Doença adquirida, estando relacionada a doenças que causam lesões do intestino delgado
-Gastroenterite, giardíase, APLV, doença celíaca, doença de crohn
-Deficiência temporária de lactase
-Após 4-8 semanas retorna aos valores normais
-Bebês prematuros: incapazes de produzir lactase suficiente
Quais os métodos diagnósticos da intolerância à lactose?
-Clínico
-Teste de tolerância à lactose
-Teste genético
-Teste do Hidrogênio expirado (PADRÃO OURO)
-Biópsia do intestino delgado
Diagnóstico clínico da intolerância à lactose?
Melhora dos sintomas com a exclusão da lactose da dieta em 2 a 3 semanas (ideal duplo cego)
Teste de tolerância à lactose
-Mede a glicose no plasma em momentos diferentes (0,30,60,120min) após a ingestão de 50g de lactose
-Após a ingestão de lactose, deve ocorrer a elevação da glicemia a valores maiores que 20mg/dl em jejum (essas variações não são observadas nos intolerantes)
-Isso ocorre pois a presença da lactase, a lactose é quebrada e produz glicose, que será absorvida no intestino, justificando seu aumento
-Alta taxa de falsos positivos (resposta fisiológica da insulina à glicose)
Teste genético para a intolerância à lactose
-Detecta a intolerância primária e congênita
-Detecta a presença de mutações
-Não abrangem todos os polimorfismos e pode aparecer em indivíduos saudáveis
-ALTO CUSTO
Intolerância à lactose: Teste do Hidrogênio Expirado (PADRÃO OURO)
-Lactose não absorvida pela ausência de lactase e é fermentada no cólon pelas bactérias entéricas, resultando na produção de gases como o H.
-Esse aumento excessivo de H é absorvido pelo intestino, chegando até a corrente sanguínea, sendo eliminado pelos pulmões em concentrações aumentadas
-No teste o paciente sopra no aparelho que mede a qnt de H expirado a nível basal
-Posteriormente o paciente ingere uma qnt de lactose e repete o mesmo processo para avaliar se ocorreu aumento dos níveis de H
-Se o H aumentar mais que 20 do basal, associado à clínica sugestiva, pode-se fechar o diagnóstico.
-Na ausência de clínica sugestiva, dizemos que há apenas má absorção à lactose
Intolerância à lactose: Biópsia do intestino delgado
-A expressão da enzima pode não ser homogênea em todo o epitélio
-Não está amplamente disponível em muitos laboratórios
Intolerância à lactose: TRATAMENTO
-Evitar leite e produtos lácteos em geral por 2-4 semanas
-Reintrodução gradual de acordo com o limiar de cada indivíduo
-Lactase: deve ser ingerida juntamente com o alimento. Entretanto, os resultados são variáveis, sendo que algumas pessoas respondem bem e outras nem tanto
-Probióticos
Reação não-tóxica imunomediada (alergia)
Reação anormal do SI, que detecta o alimento como um corpo estranho e produz anticorpos
-Tem resposta inflamatória envolvida
-Resposta imunológica exagerada após a ingestão e/ou contato com o alimento (proteína)
-Depende da susceptibilidade individual
-Sintomas mais comuns: erupções na pele e dificuldade de respirar
Reação não-tóxica não-imunomediadas (intolerância)
É a dificuldade do corpo em ingerir ou absorver algum nutriente, geralmente devido à falta de alguma enzima, que são responsáveis pela digestão e processamento dos alimentos
-Sintomas mais comuns: diarreia, náuseas e gases
Qual a principal diferença entre alergia e intolerância à lactose?
O tipo de resposta do organismo quando entra em contato com o alimento
3 pilares do desenvolvimento da alergia alimentar?
-Substrato genético
-Dieta com proteínas com alta capacidade alergênica (depende da proteína, tamanho e configuração que causam potencial alergênico)
-Quebra dos mecanismos de defesa do TGI
Epidemiologia da alergia alimentar
Mais comum em crianças
Principais alimentos mais alergênicos
-Leite de vaca
-Trigo
-Ovo
-Soja
-Peixe
-Frutos do mar
-Castanhas
-Amendoim
Alergia: fatores de risco
Herança genética (história familiar de atopia)
Fatores dietéticos:
-Privação de aleitamento materno
-Uso de fórmulas no berçário pode induzir uma disbiose intestinal
-Introdução precoce de alimentos
-Exclusão por tempo prolongado de alimentos alergênicos
Marcha atópica
Eczema > alergia alimentar > asma > rinite
Deve-se restringir alimentos alergênicos?
NÃO!
A janela imunológica é de 4-9 meses, sendo importante o contato com esses alimentos durante esse período para diminuir chance de AA
Classificação da AA
Mediada por IgE (fase de sensibilização e fase efetora) - ocorre até 2h após exposição:
-Urticária e angioedema
-Vômitos e diarreia
-Bronco espasmos e coriza
-Anafilaxia e choque anafilático
Mediada por IgE e célula (misto)
Não mediada por IgE
Síndrome da alergia oral - Síndrome pólen-frutas
-Sintomas restritos na mucosa oral (edema, hiperemia, prurido, sensação de queimação)
-Precedida pela sensibilização respiratória pelo pólen, o qual possui proteínas homólogas a frutas, castanhas e vegetais
*Paciente possui 1o contato com o pólen > sofre sensibilização > quando ingerir esses alimentos > inicia sintomas e sinais
-Proteínas termolábil: degrada com calor (paciente não tolera o alimento cru, mas tolera ele cozido)
-Diagnóstico: prick to prick
Manifestações respiratórias típicas da AA
Mais comum nas IgE mediadas
Anafilaxia:
-Edema de laringe
-Estridor
-Tosse
-Dispneia
-Sibilos
-Disfonia
Rinite:
-Rapidamente após a ingestão do alimento (associado com manifestações cutâneas)
Critérios diagnósticos da anafilaxia
- início agudo: respiratório, hipotensão ou colapso
- comprometimento de 2 ou mais dos seguintes após a exposição a provável alérgeno: pele/mucosa, respiratório, hipotensão ou colapso, gastrintestinais
- hipotensão arterial após exposição a alérgeno conhecido
Critérios atualizados para diagnóstico da anafilaxia
-Critério I: envolvimento de pele, mucosa ou ambos: urticária, prurido ou rubor, edemas de lábio, língua, úvula
-Critério II: exposição a um alérgeno conhecido ou altamente provável, mesmo sem envolvimento da pele
1. hipotensão
2. broncoespasmos ou
3. envolvimento laríngeo
AA não IgE mediadas
-Ocorre a passagem do antígeno pelo intestino > estimulação da liberação de citocina inflamatória > morte celular
-Os sintomas e gatilhos são muito gastrointestinais
-Principais: proctocolite, enteropatia induzida por proteínas, enterocolite induzida por proteínas
Proctite
-bebê em BEG, desenvolvendo bem, ganho de peso, sangue nas fezes
-melhora rápida após exclusão de leite da dieta (1-2 semanas)
Enteropatia induzida por proteínas
-Diarreia persistente não sanguinolenta
-leite de vaca é o principal
Diagnóstico: EDA com biópsia intestinal
DRGE por AA - não IgE
-vômitos, má aceitação alimentar, choro excessivo, desaceleração do ganho de peso
-aumentam a suspeita de AA: sintomas após uso de fórmula, história familiar AA
Diagnóstico: exclusão do alimento por 2-4 semanas e depois reintroduzindo gradualmente, observando a oscilação dos sintomas (pode ser feito TPO)
TTO: fórmula extensamente hidrolisada
AA mistas
Mecanismo de ação mediados por IgE associados à participação de linfócitos T e de citocinas pró-inflamatórias
Tipos:
-Dermatite atópica (leite e ovo)
-Esofagite eosinofílica
Sintomatologia da AA
SEMPRE tem sintoma com a reexposição
Diagnóstico laboratorial da AA
-Hemograma
-IgE sérica específica
-Prick to prick
-Teste cutâneo ou prick teste
-Teste de contato com alimentos
-Teste de provocação oral (PADRÃO OURO)
Tratamento AA não IgE mediada
-Dieta de exclusão seguida por TPO
-TPO +: exclusão 6-12 meses
-AME: dieta de exclusão para a mãe
-1a escolha: fórmula extensamente hidrolisada, sem melhora em 2 semanas - fórmula de aminoácidos
-NÃO iniciar soja: quebra a barreira e pode gerar co-sensibilização para o soja e o paciente faz outra alergia
Tratamento AA IgE mediada
-Urticária e/ou angioedema: anti-histamínico e/ou corticoides VO
-Broncoespasmos: salbutamol inalatório
-Sintomas GI: antieméticos e/ou antiespasmódicos
Caso de DUAS manifestações de ANAFILAXIA
Realizar adrenalina IM