2. ATLS 10a Edicion - Cap 6 – Trauma Cranioencefálico Flashcards
. Quais são as principais estruturas anatômicas que compõem o encéfalo e qual a função de cada uma no contexto do trauma cranioencefálico?
-Cérebro: Responsável pelo controle motor, cognição, linguagem, emoções e percepção sensorial. No TCE, lesões no cérebro podem causar déficits motores, alterações cognitivas e rebaixamento do nível de consciência.
-Cerebelo: Coordena os movimentos e o equilíbrio. Traumas que afetam essa região podem resultar em ataxia (perda de coordenação motora) e distúrbios do equilíbrio.
-Tronco encefálico: Controla funções vitais como respiração, frequência cardíaca e reflexos. Lesões no tronco podem ser fatais, pois comprometem funções essenciais à vida, além de estarem associadas a alterações pupilares e risco de herniação cerebral.
Explique a organização das meninges (dura-máter, aracnoide e pia-máter) e sua importância na proteção do cérebro contra traumas.
Dura-máter: Camada externa espessa e resistente, firmemente aderida ao crânio. No TCE, hematomas epidurais geralmente ocorrem devido a lesões arteriais nessa região (exemplo: lesão da artéria meníngea média).
Aracnoide: Camada intermediária, mais fina, separada da dura-máter pelo espaço subdural.
Hematomas subdurais ocorrem pelo rompimento de veias ponte, comuns em idosos e alcoólatras devido à atrofia cerebral.
Pia-máter: Camada interna, em contato direto com o cérebro. Atua na nutrição do tecido neural e na regulação do líquido cefalorraquidiano (LCR).
- Descreva o sistema ventricular do cérebro e a função do líquido cefalorraquidiano (LCR) na regulação da pressão intracraniana.
O sistema ventricular é formado por quatro ventrículos: Dois ventrículos laterais, o terceiro ventrículo e o quarto ventrículo.
O Líquido Cefalorraquidiano (LCR) é produzido nos plexos coroides dos ventrículos laterais e circula pelo sistema ventricular e espaço subaracnóideo. Suas principais funções são:
-Proteção mecânica: Atua como um amortecedor, reduzindo o impacto contra o cérebro.
-Regulação da pressão intracraniana (PIC): O LCR pode ser reabsorvido ou deslocado para compensar aumentos de pressão dentro do crânio -(segundo a Doutrina de Monro-Kellie).
-Transporte de nutrientes e remoção de resíduos metabólicos.
No TCE, distúrbios no fluxo do LCR podem levar a hidrocefalia, piorando a hipertensão intracraniana.
Como o suprimento sanguíneo cerebral é distribuído pelas artérias cerebrais ?
Sistema carotídeo (anterior):
Artéria carótida interna, que dá origem às artérias cerebrais anterior e média.
A artéria cerebral média é a principal responsável pela irrigação das áreas motoras e sensoriais do córtex.
Sistema vértebro-basilar (posterior):
Composto pelas artérias vertebrais que se unem para formar a artéria basilar, que irriga o tronco encefálico, cerebelo e regiões occipitais
qual a relevância desse conhecimento no manejo do trauma cranioencefálico?
Relevância no TCE:
A hipotensão e a isquemia cerebral podem comprometer o suprimento sanguíneo, levando à lesão cerebral secundária.
Hemorragias em diferentes territórios arteriais podem gerar déficits neurológicos específicos, como afasia (lesão na cerebral média esquerda) ou perda de visão (lesão na cerebral posterior).
O que são as hérnias cerebrais, quais os principais tipos e como elas se relacionam com o aumento da pressão intracraniana no TCE?
As hérnias cerebrais ocorrem quando um aumento da pressão intracraniana (PIC) força o deslocamento de partes do cérebro para compartimentos anormais, podendo levar à compressão de estruturas vitais. A detecção precoce dos sinais de herniação é essencial para evitar lesões cerebrais irreversíveis.
Tratamento inclui medidas para reduzir a PIC (elevação da cabeceira, osmoterapia, sedação e cirurgia descompressiva).
- Explique a Doutrina de Monro-Kellie e sua importância na regulação da pressão intracraniana.
A Doutrina de Monro-Kellie afirma que o volume total dentro do crânio é fixo e é composto por três compartimentos principais:
-Encéfalo (80%)
- LCR (10%)
-Sangue (10%)
Se um desses volumes aumentar, os outros devem compensar para manter a pressão intracraniana (PIC) dentro dos limites normais (5-15 mmHg em adultos). Quando essa compensação falha, a PIC aumenta, podendo levar à hipertensão intracraniana (HIC), isquemia cerebral e herniação.
- Quais são os principais mecanismos que regulam o fluxo sanguíneo cerebral e como eles podem ser afetados pelo trauma cranioencefálico?
O fluxo sanguíneo cerebral (FSC) é regulado por:
-Autorregulação cerebral:
-Pressão intracraniana (PIC):
-Pressão de perfusão cerebral (PPC):
-Níveis de dióxido de carbono (PaCO₂):
Descreva os componentes do conteúdo intracraniano e como a interação entre eles influencia a pressão intracraniana (PIC).
-Encéfalo (tecido cerebral)
-Líquido cefalorraquidiano (LCR)
-Sangue (nos vasos cerebrais)
O equilíbrio entre esses componentes determina a PIC. Qualquer aumento em um deles deve ser compensado pela redução de outro para evitar um aumento excessivo da PIC. Se essa compensação falha, ocorre hipertensão intracraniana, levando a risco de herniação cerebral e lesão secundária
O que é a lesão cerebral secundária e quais são as principais estratégias para minimizá-la no paciente com TCE?
ocorre devido a fatores sistêmicos e intracranianos que pioram a lesão primária, como:
-Hipotensão (PAS < 100 mmHg) → Reduz a perfusão cerebral.
-Hipóxia (SatO₂ < 90%) → Aumenta o risco de isquemia.
-Hipercapnia ou hipocapnia extrema → Alteram o fluxo sanguíneo cerebral.
-Hipoglicemia ou hiperglicemia → Aumentam o dano neuronal.
As estratégias para minimizar a lesão secundária incluem oxigenação adequada, controle da pressão arterial, sedação e controle da PIC.
Como a hipotensão e a hipóxia contribuem para a piora do prognóstico em pacientes com TCE?
-Hipotensão reduz a pressão de perfusão cerebral (PPC), levando à hipoperfusão e isquemia cerebral.
-Hipóxia diminui o suprimento de oxigênio para os neurônios, agravando a morte celular.
Ambas as condições estão fortemente associadas a piores desfechos neurológicos e maior mortalidade no TCE.
Qual a importância da monitorização da pressão arterial e da oxigenação na reanimação de pacientes com TCE?
Manter a PAS ≥ 100 mmHg (ou ≥ 110 mmHg em idosos) e a saturação de O₂ ≥ 90% é essencial para garantir perfusão cerebral adequada e prevenir lesão secundária.
Descreva os principais passos da avaliação primária de um paciente com TCE e explique a importância da Escala de Coma de Glasgow nesse contexto.
A avaliação segue o ABCDE do ATLS:
A Escala de Coma de Glasgow (ECG) classifica a gravidade do TCE:
Leve (ECG 13-15)
Moderado (ECG 9-12)
Grave (ECG ≤ 8)
- Quais são as indicações para intubação orotraqueal em pacientes com TCE?
(4)
-ECG ≤ 8 (TCE grave)
-Hipóxia ou insuficiência respiratória
-Perda dos reflexos protetores da via aérea
-Hérnia cerebral iminente
Como a tomografia computadorizada (TC) do crânio auxilia no manejo do paciente com TCE?
A TC é o exame de escolha para detectar hematomas, contusões, fraturas e edema cerebral, auxiliando na decisão sobre tratamento cirúrgico ou clínico.
Quais critérios devem ser considerados para decidir se um paciente com TCE deve ser transferido para um centro de referência neurológica?
-TCE grave (ECG ≤ 8)
-Lesão intracraniana significativa na TC
-Necessidade de monitorização da PIC
-Fratura craniana deprimida ou lesões cirúrgicas
Em quais situações um paciente com TCE pode receber alta hospitalar com segurança, e quais orientações devem ser fornecidas ao acompanhante?
-TCE leve (ECG 13-15) sem alteração na TC
-Exame neurológico normal
-Ausência de sintomas graves (vômitos recorrentes, cefaleia intensa, déficit neurológico)
Quais especialidades médicas devem ser consultadas no manejo do paciente com TCE e em quais situações?
-Neurocirurgia → Para hematomas, edema cerebral ou necessidade de monitorização da PIC.
-Intensivista → Para suporte ventilatório em TCE grave.
-Oftalmologia → Se houver lesão ocular associada.