Transtorno Relacionado ao Uso de Cocaína e Crack Flashcards

1
Q

Cocaína: Farmacocinética

A

Início de ação: em torno de 20 a 30 minutos, a depender da via de absorção(inalatória ou gastrintestinal). No uso IV tem início de ação entre 30 a 60 segundos.

Duração dos efeitos: 1 a 3 horas.

Meia-vida: em torno de 50 minutos.

Costuma ser readministrada a cada 1-2 horas.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
2
Q

Quando comparado a usuários de cocaína, por exemplo, o usuário de crack desenvolve um padrão de consumo muito mais compulsivo, apresentando maior probabilidade …

A

de viver ou ter vivido na rua e engajar-se em atividades de caráter ilegal (devido à forte compulsão para aquisição da droga os usuários se envolvem em furtos, prostituição, venda de objetos próprios ou de familiares, roubos).

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
3
Q

Crack: Farmacocinética

A

O crack tem uma absorção maior e muito mais rápida pela via pulmonar.

**Início de ação: **8 e 10 segundos

Duração dos efeitos: entre 5 e 10 minutos.

O crack atinge picos plasmáticos maiores que o uso de cocaína intravenosa, característica que pode explicar seu alto poder aditivo

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
4
Q

Cocaína + Álcool

A

Quando combinada com álcool resulta na formação de cocaetileno, que é menos ansiogênico, mas mais cardiotóxico, mais reforçador e dura por mais tempo que a cocaína.
Consumo concomitante de álcool leva a um aumento de 30% no pico plasmático da cocaína (aumenta o risco de efeitos colaterais graves e morte súbita)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
5
Q

Intoxicação Aguda no Cocaína: efeitos estimulantes somáticos

A
  • Aumento da atenção e da atividade motora, agitação severa
  • taquicardia,
  • vasoconstrição,
  • hipertensão,
  • broncodilatação,
  • aumento da temperatura corporal,
  • midríase,
  • aumento da disponibilidade de glicose
  • mudança do fluxo sanguíneo dos órgãos para os músculos
  • convulsões
  • Eventos cardíacos severos (espasmo arterial coronário, ICC, arritimias, IAM, miocardite…)
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
6
Q

Intoxicação por Cocaína: efeitos psicológicos

A

Inicialmente causa **euforia, excitação, tontura, aumento da autoconsciência, insônia, diminuição do apetite e sensação intensa de prazer. **

Logo após é seguida por euforia intermediária, misturada com ansiedade, que pode durar entre 1h e 1h30min.

Logo após há uma ansiedade prolongadaque pode durar horas.

Além disso, há aceleração do pensamento, logorreia e pressão para falar, podendo o discurso ficar incoerente ou tangencial.

Com o passar da intoxicação, ocorre um efeito rebote com fome e fadiga, assim como depressão, irritação, ansiedade e fissura (abstinência)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
7
Q

Excited Delirium

A

Tem sido descrito um quadro denominado excited delirium, no qual, na vigência de intoxicação grave por cocaína, o indivíduo se apresenta com hipertermia, intensa hostilidade, agressividade e agitação psicomotora. Nesses casos, preconiza-se que o tratamento seja feito em serviços de cuidado intensivo, devido ao alto risco de morte.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
8
Q

Uso crônico de altas doses de cocaína

A

Efeito tóxico para o SNC, causando ansiedade, privação de sono, desconfiança, hipervigilância, paranoia e sintomas psicóticos.

O usuário crônico pode ficar hiper-reativo, paranoide e impulsivo e pode desenvolver um comportamento compulsivo.

Pode ocorrer também prejuízo cognitivo (habilidade visuomotora, atenção, memória verbal, tomada de decisão), que pode persistir por semanas após abstinência.

O uso crônico também se associa a conflitos interpessoais, depressão, disforia e quadros psicóticos induzidos pela cocaína, podendo durar de dias a semanas após a interrupção do uso.

A presença de quadros psicóticos em usuários crônicos de cocaína é em torno de 80%

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
9
Q

Psicose associado ao uso de estimulantes

A

Relacionados a frequência e gravidade da dependência.

Os sintomas durante a intoxicação geralmente são delírios persecutórios e alucinações táteis.
Em muitos casos, os sintomas psicóticos são resolvidos com o final da intoxicação (ao longo de um dia, por exemplo).

Já a psicose associada ao uso persistente (metanfetamina) é caracterizado por delírios persecutórios e alucinações auditivas, e são comumente indistinguíveis de um transtorno psicótico primário.

Os sintomas psicóticos devido ao uso de estimulantes são progressivos com a continuidade do uso. Tendem a iniciar mais cedo e a durar por mais tempo em cada binge. Uma média de 25% dos usuários de metanfetamina reportaram esses sintomas com duração de até 1 mês após o consumo.

Esses pacientes tem uma chance muito maior de desenvolver SEPs. Deve-se evitar o uso de haloperidol. O Maudsley também não recomenda que olanzapina seja coadministrado com BZD. Aripiprazol pode ser preferível.

Para a maioria dos pacientes os sintomas psicóticos melhoram dentro de 2 a 3 semanas.

Pacientes com sintomas psicóticos admitidos a unidade de emergência devido ao uso de metanfetamina podem ser manejados com o uso de sedação simples (Diazepam 10mg, se necessário, a cada 4-6 horas para agitação), alguns no entanto vão precisar de manejo mais complexo de sintomas psicóticos.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
10
Q

Uso de AD na depressão associada ao uso de estimulantes

A

No início da abstinência a anedonia pode ser profunda. Há alguma evidência, sobretudo de tricíclicos, que AD podem reduzir esses sintomas. Porém devido a cardiotoxicidade (tricíclicos) e as várias interações com os estimulantes (tricíclicos e ISRS) eles não são recomendados nesse contexto.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
11
Q

Abstinencia: Sintomas psicológicos

A

A síndrome de abstinência inclui humor disfórico, irritabilidade, fadiga, aumento do apetite, hipersonia ou insônia, fissura, letargia ou agitação.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
12
Q

Síndrome de abstinencia

Secundários a um estado hipodopaminérgico, os sintomas psicológicos tem um pico em____________, reduzindo ao longo de ____________.

A

2-7 dias

3-6 semanas

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
13
Q

Abstinencia de cocaína
Crash

A

o logo após a interrupção do uso

o Pode se prolongar por quatro dias.

o Disforia e/ou depressão, associado a ansiedade importante

o Diminuição global da energia, na forma de lentificação e fadiga.

o Fissura é intensa e diminui ao longo de 4 horas.

o Depois, aparece aumento na necessidade de sono (hipersonia), que dura vários dias e normaliza o estado de humor.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
14
Q

Abstinencia de cocaína
segunda fase - abstinencia

A

o Pode durar até 10 semanas

o A anedonia é o sintoma característico, em contraste com memórias da euforia provocada pelo uso da cocaína.

o Recaídas são muito comuns nessa fase

o Ansiedade, alteração do sono, aumento do apetite, tremores, dores musculares e movimentos involuntários.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
15
Q

Abstinencia de cocaína
terceira fase - extinção

A

o Resolução completa dos sinais e sintomas físicos

o Permanece a fissura como sintoma residual

o Pode durar anos

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
16
Q

Sinais de dependência no uso de cocaína/crack

A
  • Aumento do uso com o tempo,
  • Perda de controle,
  • Tolerância,
  • Sintomas de abstinência (não somente efeito rebote), fissura, saliência da droga, e manutenção do uso apesar de problemas relacionados conhecidos.

Usuários dependentes não necessariamente fazem uso diário da substância. Mas raramente há um período de muitos dias sem o uso. Esses usuários frequentemente usam outras substâncias para combater os sintomas de abstinência.

Usuários de crack, por exemplo, tendem a usar em um padrão de binge por alguns dias, e então descansar.

17
Q

Critérios do DSM V para dependência de cocaína

A

A. Um padrão de uso de substância tipo anfetamina, cocaína ou outro estimulante levando a comprometimento ou sofrimento clinicamente significativo, manifestado por pelo menos dois dos seguintes critérios, ocorrendo durante um período de 12 meses:
1. O estimulante é frequentemente consumido em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o pretendido.
2. Existe um desejo persistente ou esforços malsucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso de estimulantes.
3. Muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção do estimulante, em utilização ou na recuperação de seus efeitos.
4. Fissura ou um forte desejo ou necessidade de usar o estimulante.
5. Uso recorrente de estimulantes resultando em fracasso em cumprir obrigações importantes no trabalho, na escola ou em casa.
6. Uso continuado de estimulantes apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados pelos efeitos do estimulante.
7. Importantes atividades sociais, profissionais ou recreacionais são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso de estimulantes.
8. Uso recorrente de estimulantes em situações nas quais isso representa perigo para a integridade física.
9. O uso de estimulantes é mantido apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pelo estimulante.
10. Tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspectos:
a. Necessidade de quantidades progressivamente maiores do estimulante para atingir a intoxicação ou o efeito desejado.
b. Efeito acentuadamente menor com o uso continuado da mesma quantidade do estimulante.
11. Abstinência, manifestada por qualquer dos seguintes aspectos:
a. Síndrome de abstinência característica para o estimulante.
b. O estimulante (ou uma substância estreitamente relacionada) é consumido para aliviar ou evitar os sintomas de abstinência.

18
Q

Gravidade da dependência de acordo com DSM V

A

Dois ou três critérios: leve /
quatro ou cinco: moderada /
seis ou mais critérios: grave

19
Q

Critérios de dependência de cocaína no CID-10

A

O diagnóstico de dependência deve ser feito se três ou mais dos seguintes são experienciados ou manifestados durante o ano anterior:
1. Um desejo forte ou senso de compulsão para consumir a substância.
2. Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância em termos de início, término ou níveis de consumo.
3. Estado de abstinência fisiológica, quando o uso da substância cessou ou foi reduzido, como evidenciado por: síndrome de abstinência característica para a substância, ou o uso da mesma substância (ou de uma intimamente relacionada) com a intenção de aliviar ou evitar os sintomas de abstinência.
4. Evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas.
5. Abandono progressivo de prazeres alternativos em favor do uso da substância psicoativa: aumento da quantidade de tempo necessário para obter ou tomar a substância ou recuperar-se de seus efeitos.
6. Persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de consequências manifestamente nocivas, tais como dano ao fígado por consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estados de humor depressivos consequentes a períodos de consumo excessivo.

21
Q

Tratamento de dependência

As abordagens como melhores evidências são …

A

da TCC, EM e plano de contingência.

21
Q

Uma metanálise do JAMA, de 2021, incluiu 157 ensaios clínicos (n=15.842) para responder a pergunta clínica: quais tratamentos para transtorno por uso de cocaína são associados com uma redução objetiva do uso de cocaína entre os adultos?

A

Apenas manejo de contenção foi significativamente associado a ter um teste negativo para presença de cocaína (OR, 2.13; 95% CI, 1.62-2.80).

22
Q

Metanálise 2019 (48RCT, 7SR)

Farmacoterapia para abstinencia de cocaína

Chan, B., Kondo, K., Freeman, M. et al. Pharmacotherapy for Cocaine Use Disorder—a Systematic Review and Meta-analysis. J GEN INTERN MED 34, 2858–2873 (2019).

A
23
Q

Metanálise 2019 (48RCT, 7SR)

Farmacoterapia para recaída de cocaína

Chan, B., Kondo, K., Freeman, M. et al. Pharmacotherapy for Cocaine Use Disorder—a Systematic Review and Meta-analysis. J GEN INTERN MED 34, 2858–2873 (2019).

A
24
Q

Metanálise 2019 (48RCT, 7SR)

Farmacoterapia para retenção ao tratamento de cocaína

Chan, B., Kondo, K., Freeman, M. et al. Pharmacotherapy for Cocaine Use Disorder—a Systematic Review and Meta-analysis. J GEN INTERN MED 34, 2858–2873 (2019).

A
25
Q

Metanálise 2019 (48RCT, 7SR)

Conclusões

Chan, B., Kondo, K., Freeman, M. et al. Pharmacotherapy for Cocaine Use Disorder—a Systematic Review and Meta-analysis. J GEN INTERN MED 34, 2858–2873 (2019).

A

Não foi encontrada nenhuma evidência forte de que nenhuma classe de medicamentos foi efetiva em melhorar a abstinência, reduzir o uso ou melhorar a retenção no estudo.

Foi encontrado fraca evidência de que bupropiona, psicoestimulantes e topiramato talvez melhorem a abstinência. E fraca evidência de que a sertralina talvez reduza a recaída em pacientes abstinentes.

Foi encontrada evidência moderada de que os AP melhorem a retenção no estudo; evidência moderada de que o dissulfiram piore a retenção ao tratamento e evidência fraca de que ISRS se associa a mais abandono de tratamento devido a efeitos colaterais.

26
Q

Dependência de cocaína

Terapia de substituição

A

Existe pouca evidência para a terapia de substituição. Não deve ser usada de forma rotineira.
Estudos recentes tem estudado a terapia de substituição em grupos específicos, como pacientes com TDAH, em especial com estimulantes de liberação estendida (requerem menos supervisão), associados a plano de contingencia e abordagem psicossocial. Ainda existem alguns pontos a considerar, como potencial de abuso e dependência, uso incorreto da medicação.

27
Q

Uso de topiramato no tratamento de dependência de cocaína

A

Em uma metanálise de 2019, 2 RCTs avaliaram o uso de topiramato para abstinência, encontraram evidência fraca de que pode ser melhor que o placebo para abstinência (2 RCTs, combined RR 2.56, 95% CI, 1.39 to 4.73). Evidência moderada que não foi superior na retenção n oestudo, e com evidências insuficientes para concluir sobre efeitos colaterais ¹.
As evidências positivas vem do mesmo autor, em estudos com estratégias adjuvantes para o tratamento da dependência

28
Q

Transtorno por uso de cocaína: comorbidades

A

São muito comuns, aproximadamente 25% tem TDAH, 50% transtorno relacionado ao uso de álcool, e uma alta incidência de depressão.

29
Q

Depressão no TUCocaína

A

A depressão prediz um desfecho menos favorável na dependência de cocaína, e se não tratada pode aumentar o risco de recaída.
Naqueles em que um transtorno de humor primário esteja presente, o uso de antidepressivos será muito pouco eficaz caso o uso de cocaína não seja interrompido (NEToP). A depressão não tratada, no entanto, é um fator de risco de recaída.