Qualidade de vida no trabalho Flashcards
A qualidade de vida, de uma maneira geral, é medida pelo IDH ou IDS (Índice de Desenvolvi- mento Humano ou Índice de Desenvolvimento Social), que consiste na medida de três dimensões básicas do desenvolvimento humano: expectativa de vida, educação e distribuição de renda.
O conceito de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) se refere a um conjunto de ações de uma organização que envolve diagnósticos e implantação de melhorias e inovações geren- ciais, tecnológicas e estruturais, dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar con- dições plenas de desenvolvimento humano para e durante a realização do trabalho.
Segundo Chiavenato (2002)1, oito fatores afetam a QVT:
* Compensação justa e adequada: deve haver um equilíbrio salarial tanto internamente
quanto externamente com base no piso salarial da categoria.
* Condições de segurança e saúde no trabalho: envolve a jornada de trabalho, o ambiente
físico e o bem-estar do funcionário.
* Utilização e desenvolvimento de capacidades: proporciona oportunidades que contri-
buem para a satisfação do colaborador, como o empowerment, informação total sobre
o processo de trabalho, dente outros.
* Oportunidade de crescimento contínuo e segurança: possibilita oportunidades de carreira (ascensão) e consequentemente segurança.
* Integração social na organização: existência de franqueza interpessoal, abolição de pre- conceito, extinção dos níveis hierárquicos marcantes, dentre outros.
* Constitucionalismo: estabelecimento de normas, regras e deveres que a organização elabora para organizar os padrões de procedimentos, processos e comportamentos dos funcionários.
* Trabalho e espaço total de vida: controle do tempo para não impedir que o empregado deixe de realizar suas atividades pessoais e familiares.
* Relevância social de vida no trabalho: promover ações que despertem orgulho dos funcionários por trabalharem na empresa, como atividades de responsabilidade social, ecológica, dentre outros.
Higiene do trabalho: está relacionada com as condições ambientais de trabalho que asseguram a saúde física e mental e com as condições de saúde e bem-estar das pessoas.
Os principais itens do programa de higiene do trabalho estão relacionados com:
Ambiente físico de trabalho, envolvendo:
* Iluminação: luminosidade adequada a cada tipo de atividade.
* Ventilação: remoção de gases, fumaça e odores desagradáveis, bem como afastamento
de possíveis fumantes ou utilização de máscaras.
* Temperatura: manutenção de níveis adequados de temperatura.
* Ruído: remoção de ruídos ou utilização de protetores auriculares.
* Conforto: ambiente agradável, repousante e aconchegante.
Ambiente psicológico de trabalho, envolvendo:
* Relacionamentos humanos agradáveis.
* Tipo de atividade agradável e motivadora.
* Estilo de gerência democrático e participativo.
* Eliminação de possíveis fontes de estresse.
* Envolvimento pessoal e emocional.
Aplicação de princípios de ergonomia, envolvendo:
* Máquinas e equipamentos adequados às características humanas.
* Mesas e instalações ajustadas ao tamanho das pessoas.
* Ferramentas que reduzam a necessidade de esforço físico humano.
Saúde ocupacional, envolvendo aspectos de assistência médica preventiva.
A higiene do trabalho refere-se ao conjunto de normas e procedimentos que visa à proteção da integridade física e mental do trabalhador, preservando-o dos riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são executadas.
A higiene do trabalho está ligada ao diagnóstico e à prevenção de doenças ocupacionais, a partir da análise do homem e seu ambiente de trabalho, tendo caráter preventivo ao promover a saúde e o conforto do trabalhador, evitando que ele adoeça físico, mental e socialmente.
Ainda, temos a segurança do trabalho, que envolve três áreas principais de atividade: prevenção de acidentes, prevenção de incêndios e prevenção de roubos.
O autor ainda elenca objetivos ou razões para um programa de segurança organizacional:
Adriel Sá
a) Perdas pessoais: sofrimento físico, danos pessoais e angústia mental estão fortemente associados com injúrias sofridos por acidentes;
b) Perdas financeiras sofridas com funcionários acidentados: em geral, os acidentes são cobertos por planos de seguros de acidentes pessoais;
c) Perda de produtividade: quando um funcionário é acidentado ocorre uma perda de pro- dutividade para a empresa;
d) Elevação dos prêmios de segurança: os prêmios pagos às seguradoras dependem da história da empresa quanto à frequência e à gravidade dos acidentes;
e) Problemas legais: a legislação prevê penas legais ao empregador que infringir certas normas de segurança para seus funcionários;
f) Responsabilidade social: muitas organizações se sentem responsáveis pela segurança e saúde de seus funcionários;
g) Imagem da organização: acidentes graves podem afetar negativamente a imagem da empresa no mercado.
A higiene do trabalho busca a preservação da integridade do trabalhador. Por isso, é no contexto da higiene que temos as diversas normas e procedimentos atuando sobre as ações dos trabalhadores.
Já a segurança do trabalho estuda as possíveis causas e consequências dos acidentes de trabalho.
A segurança do trabalho é o conjunto de medidas de ordem técnica, educacional, médica e psicológica que são utilizadas para prevenir acidentes, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer instruindo ou convencendo as pessoas da implantação de práticas preventivas. Nesse contexto, busca antecipar e definir programas preventivos para que os riscos de acidentes sejam minimizados.
- Sob a ótica das organizações, a QVT é um preceito de gestão organizacional que se expressa por um conjunto de normas, diretrizes e práticas no âmbito das condições da organização e das relações socioprofissionais de trabalho que visa à promoção do bem- -estar individual e coletivo, o desenvolvimento pessoal dos trabalhadores e o exercício da cidadania organizacional nos ambientes de trabalho.
- Sob a ótica dos trabalhadores, ela se expressa por meio das representações globais que estes constroem sobre o contexto de trabalho no qual estejam inseridos, indican- do o predomínio de experiências de bem-estar no trabalho, de reconhecimento institu- cional e coletivo, de possibilidade de crescimento profissional e de respeito às carac- terísticas individuais.
Por considerar tanto o ambiente interno quanto o externo, a gestão da qualidade de vida no traba- lho envolve aspectos da satisfação humana e aspectos da satisfação no trabalho.
Os aspectos de satisfação humana devem ser os mais específicos, pois esses são mais abrangentes que os aspectos de satisfação no trabalho. Por sua vez, os aspectos da satisfa- ção no trabalho são fatores mais gerais, constituindo-se na avaliação que as pessoas fazem sobre sua satisfação no trabalho.
O foco preventivo da QVT está em remover os proble- mas geradores de mal-estar presentes no contexto organizacional atuando em cinco fatores interdependentes:
* Condições de trabalho – mensura a percepção acerca das condições físicas (local, es- paço, iluminação, temperatura), materiais (insumos), instrumentais (equipamentos), su- porte (apoio técnico).
* Organização do trabalho – mensura as variáveis relacionadas a tempo (prazo e pausa), controle (fiscalização, pressão, cobrança), característica das tarefas (ritmo, repetição), sobrecarga e prescrição de normas.
* Relações socioprofissionais de trabalho – verifica interações socioprofissionais entre os pares (ajuda, harmonia, confiança), com a chefia (diálogo, acesso, interesse, coope- ração, atribuição e conclusão de tarefas), comunicação (liberdade de expressão), clima organizacional e conflitos.
* Reconhecimento e crescimento profissional – mensura variáveis relativas ao reconhe- cimento no trabalho (existencial, institucional, realização profissional, dedicação, resul- tado alcançado) e ao crescimento profissional (oportunidade, incentivos, equidade, cria- tividade, desenvolvimento).
* Elo trabalho-vida pessoal – expressa as percepções do trabalhador sobre a instituição, o trabalho (prazer, bem-estar, zelo, tempo gasto no trabalho, sentimento de utili- dade, reconhecimento social) e as analogias que este faz com sua vida social (casa, família, amigos).
As abordagens de QVT assistencialistas identificam o trabalhador como uma variável de ajuste, que pode ser adaptado ao ambiente laboral e não sinalizam a necessidade de modificação no contexto de produção.
Lembrando: a abordagem assistencialista tem o indivíduo como foco; já a abordagem preventiva tem foco na produção.
O enfoque assistencialista possui três limites principais: baseia-se em atividades do tipo antiestresse, busca compensar o desgaste sem efetuar a eliminação da fonte e age no indivíduo como variável de ajuste, deixando a responsabilidade da organização em segundo plano.
A abordagem preventiva visava atuar nas “causas” que comprometem a Qualidade de Vida no Trabalho no contexto de produção em que o trabalhador está inserido.
Um dos modelos de QVT mais cobrado em provas de concursos é o modelo de Walton, que determina a Qualidade de Vida no Trabalho sob oito critérios:
- Compensação justa e adequada: pode ser vislumbrada através da adequada remunera- ção ao trabalho além de critérios de equidade, tais como equidade interna e externa, justiça na compensação, partilha dos ganhos de produtividade e proporcionalidade entre salários.
- Condições de trabalho: caracterizado pelas condições reais existentes no local de traba- lho para realização das tarefas, tais como jornada de trabalho razoável, ambiente físico seguro e saudável e ausência de insalubridade.
- Uso e desenvolvimento de capacidades: remete à necessidade de utilização das habi- lidades e conhecimentos do trabalhador, da sua capacidade de desenvolver sua autonomia e autocontrole, tais como autonomia, autocontrole relativo, qualidades múltiplas e informações sobre o processo total do trabalho.
- Oportunidade de crescimento e segurança: diz respeito a possibilidade de crescimento na carreira, crescimento profissional e seguranças no emprego.
- Integração social na organização: objetiva medir a ausência de diferenças hierárquicas marcantes, igualdade, apoio mútuo, mobilidade, relacionamento, senso comunitário, franqueza interpessoal e ausência de preconceito são fatores precípuos para um bom nível de integração social nas empresas.
- Constitucionalismo: caracteriza-se pelos direitos dos empregados cumpridos na instituição, tais como direitos de proteção do trabalhador, privacidade pessoal, liberdade de expressão, tratamento imparcial e direitos trabalhistas,
- Trabalho e espaço total de vida: a experiência de trabalho de um indivíduo pode ter efeito negativo ou positivo sobre outras esferas de sua vida, tais como suas relações com sua família. Ainda, expõe a relação entre trabalho e espaço total de vida através do conceito de equilí- brio, que deve atingir os esquemas de trabalho, expectativa de carreira, progresso e promoção. São exemplos de indicadores papel balanceado no trabalho, estabilidade de horários, poucas mudanças geográficas e tempo para lazer da família.
- Relevância social da vida no trabalho: percepção do empregado em relação à responsabilidade social da instituição na comunidade, à qualidade de prestação dos serviços e ao atendimento de seus empregados. São exemplos de indicadores imagem da empresa, responsabilidade social da empresa, responsabilidade pelos produtos e práticas de emprego.
Os autores de referência em QVT, largamente citados na literatura científica, são Walton (1973) e Hackman e Oldham (1975). Para Walton, a QVT depende estreitamente do equilíbrio entre tra- balho e outras esferas da vida, do papel social da organização e da importância de se conciliar produtividade com QVT.
Os riscos ocupacionais ou profissionais são quaisquer tipos de riscos que se relacionam às condições inerentes ao ambiente de trabalho ou aos processos de trabalho e que podem ser causas de acidentes ou doenças ocupacionais.
Por fim, os riscos ocupacionais abrangem os seguintes grupos:
* Riscos físicos: efeitos gerados por máquinas, equipamentos e condições físicas, carac-
terísticas do local de trabalho que podem causar prejuízos à saúde do trabalhador.
- Riscos químicos: são representados pelas substâncias químicas que se encontram nas formas líquida, sólida e gasosa. Quando absorvidas pelo organismo, podem produzir
reações tóxicas e danos à saúde. - Riscos biológicos: são aqueles causados por micro-organismos como bactérias, fungos,
vírus, bacilos e outros. São capazes de desencadear doenças devido à contaminação e pela própria natureza do trabalho. - Riscos ergonômicos: são riscos contrários às técnicas de ergonomia, que propõem que os ambientes de trabalho se adaptem ao homem, proporcionando bem-estar físico e psicológico. Os riscos ergonômicos estão ligados também a fatores externos (do ambiente) e internos (do plano emocional), em síntese, quando há disfunção entre o indivíduo e seu posto de trabalho.
- Riscos de acidentes: ocorrem em função das condições físicas (do ambiente físico e do processo de trabalho) e tecnológicas, impróprias, capazes de provocar lesões à integri- dade física do trabalhador.
Os três causadores de acidentes no local de trabalho:
* Condições inseguras, inerentes as instalações, como máquinas e equipamentos;
* Atos inseguros, entendidos como atitudes indevidas do ser humano;
* Eventos catastróficos que podem advir da natureza, como inundações, tempestades etc.