Psicologia da Personalidade Flashcards
Que aspetos estão relacionados personalidade, como são percebidos e quais os seus impactos
Ver esquema (1)
Avaliação da Personalidade: o que mede e com o quê?
Abrange a medição dos traços da personalidade, bem como dos estados, que são fluídos e mutáveis
Ferramentas para avaliar padrões característicos exibidos nas várias situações
Avaliação da Personalidade: dimensões
- funcionamento comportamental, cognitivo e afetivo
- autoimagem (eu) e características interpessoais (outros)
- estilos característicos (e.g. BIG FIVE)
- capacidade de enfrentar circunstâncias da vida, incluindo eventos adversos
Avaliação da Personalidade: testes e métodos
Envolve o uso de testes e métodos, incluindo: Incorporação e integração de informações de múltiplas fontes – compreensão abrangente do indivíduo e desenvolver conclusões e recomendações.
* Métodos baseados no desempenho
* Relatórios colaterais/registos
* Inventários heterorrelato
* Inventários de autorrelato
* Entrevistas
* Observações
Pluralismo Metodológico: Considerações Iniciais
Da importância do pluralismo metodológico na avaliação psicológica…
Multidimensional -> Multi-método -> Multi-agente -> Multi-momento
Pluralismo Metodológico: aspetos importantes
- Nenhum método é melhor do que o outro
- Neutraliza limites e inadequações ao emprego isolado de cada método
- Diminui possibilidade de não encontrar material relevante
- Representação mais completa, útil e válida do avaliado
Cuidado com a sobreavaliação:
Contrabalançar (des)vantagens de cada método
Reconhecer complexidade dos fenómenos psicológicos a identificar e compreender
Avaliação da personalidade: utilidade e o que permite compreender
Avaliação da Personalidade: Útil ALÉM do diagnóstico, planear tratamento e outras aplicações clínicas.
Avaliação da personalidade permite compreender:
* Autoconceito de um indivíduo (De Cuyper etal., 2017),
* Motivos subjacentes e expressos (Schultheiss & Brunstein, 2001)
* Controlo de impulsos (Burt et al., 2018),
* Mecanismos de defesa e estilo de coping (Exner & Erdberg, 2005)
* Complexidade cognitiva (Naglieri, 2005)
* Forças pessoais e funcionamento saudável da personalidade
Avaliação da personalidade: Guidelines - domínios
Existência de múltiplas guidelines internacionais de avaliação em diferentes domínios:
1. avaliação neuropsicológica(Conselho de Administração, 2007)
2. avaliações de custódia de crianças (American Psychological Association[APA], 2010)
3. avaliações psicológicas em questões de proteção à criança (APA,2013a)
4. avaliação psicológica forense(APA, 2013b)
Avaliação da personalidade: Guidelines - têm em conta o que?
Têm em conta:
* Âmbito e contextos
* Formação/treino e competência dos profissionais
* Considerações éticas
* Considerações sobre a diversidade
* Uso e interpretação dos instrumentos de avaliação
* Logística da avaliação da personalidade
Avaliação de personalidade: Aplicações e contextos - Clínico
Clínico:
1. Avaliar psicopatologia e sua gravidade, comprometimento funcional e diagnóstico;
2. Avaliar fatores emocionais e comportamentais que impactam no tratamento
3. Avaliar a capacidade funcional
4. Avaliar barreiras psicológicas e pontos fortes facilitadores do tratamento
5. Avaliar fatores de risco
6. Avaliar sintomas na testagem objetiva da eficácia do tratamento e/ou necessidade de encaminhamento para tratamento médico ou farmacológico
7. Confirmar ou refutar as impressões clínicas obtidas a partir de interações com paciente
8. Avaliar sintomas primários em condições neurológicas ou psiquiátricas.
Avaliação de personalidade: Aplicações e contextos - Forense
Forense:
1. Avaliar risco de violência institucional
2. Avaliar risco de comportamentos suicidas
3. Ajudar a determinar a necessidade de segregação da população geral em unidades de saúde mental
4. Apoiar o tribunal na avaliação da competência para testemunhar
5. Avaliação da personalidade dos progenitores e do menor
6. Personalidade, perigosidade, reincidência criminal
7. Nas avaliações forenses civis, auxiliar na determinação de incapacidade intelectual
Avaliação de personalidade: Aplicações e contextos - Organizacional
Organizacional:
Recrutamento e seleção das forças policiais (ex.: PSP, GNR, PJ), bem como outras profissões que requeiram habilidades interpessoais exigentes (recurso a MMPI, 16 PF, NEO-PI-R)
Avaliação de personalidade: Aplicações e contextos - Educacional
Educacional:
1. Relação entre personalidade, vivência e adaptação ao contexto académico
2. Dimensões estruturais e motivacionais,
3. Diversidade de trajetórias na organização da personalidade e percurso escolar
4. Sinalizar dificuldades de adaptação, para melhor intervir
Medidas de Autorrelato: Problemas associados
- Desejabilidade social (quando elevada traduz: evitamento das críticas; necessidade de aprovação social; elevada conformidade social; tentativa de auto-proteção)
- Vontade de permanecer mais aceitável socialmente
- Não reconhecer limitações pessoais
- Ausência de autoconhecimento
- Auto-apresentação
- Auto compreensão
- Simulação de patologia:
o consciente (casos jurídicos)
o inconsciente (psicoterapia)
Medidas de Autorrelato: BSI - medida; dimensão de avaliação; idade mínima de aplicação; população-alvo
Medida: BSI- Inventário de Sintomas Psicopatológicos/ Breve de Sintomas (Versão Canavarro, 1999)
Dimensão de Avaliação: Sintomatologia geral
Idade Mínima de aplicação: 13 anos
Pode ser aplicado a doentes do foro psiquiátrico ou psicológico e a indivíduos da população geral
Medidas de Autorrelato: BSI - dimensões e índices
9 dimensões e pontos de corte:
* Somatização: Queixas centradas nos sistemas cardiovascular, gastrointestinal, respiratório, ou outro qualquer sistema com clara mediação autonómica (≥ 0.6);
* Obsessões-compulsões: cognições, impulsos e comportamentos que são percecionados como persistentes e os quais o indivíduo não consegue resistir; Dificuldade de cognição mais geral (≥ 1.6);
* Sensibilidade interpessoal: sentimentos de inadequação pessoal, inferioridade; Auto depreciação, hesitação, desconforto, timidez… (≥ 1.1);
* Depressão: sintomas de afeto e humor disfórico, perda de energia vital, falta de motivação e interesse pela vida (≥ 1.2);
* Ansiedade: nervosismo, tensão; ansiedade generalizada e ataques de pânico; Apreensão e correlatos somáticos de ansiedade (≥ 1.3);
* Hostilidade: pensamentos, emoções e comportamentos característicos do Estado afetivo negativo da cólera (≥ 1.1);
* Ansiedade fóbica: resposta de medo persistente que sendo irracional e desproporcionada em relação ao estímulo, conduz ao evitamento (≥ 0.6);
* Ideação paranóide: modo perturbado de funcionamento cognitivo (ex. Pensamento projetivo, hostilidade, suspeição, grandiosidade, e o centrismo, medo da perda de autonomia e delírios) (≥1.3);
* Psicoticismo: isolamento e estilo da vida esquizoide; sintomas primários de esquizofrenia como alucinações e controlo do pensamento (≥ 0.9).
Obtemos 3 índices globais e pontos de corte:
* IGS (Índice Geral de Sintomas): pondera a intensidade do mal estares presenciado com o número de sintomas assinalado (≥ 1);
* TSP (Total de Sintomas Positivos): representa o número de queixas somáticas apresentadas; TSP elevado -constelação complexa de sintomatologia (≥ 27);
* ISP (Índice de Sintomas Positivos): oferece a média da intensidade de todos os sintomas assinalados (≥ 1.7).
Medidas de Autorrelato: BSI - versão sintetizada (dimensões e índices)
Versão Sintetizada: instrumento de rastreio de mal-estar psicológico com 18 itens.
3 dimensões:
* Somatização: mal-estar associado a manifestações dos sistemas regulados automaticamente
* Depressão: foca sintomas das perturbações depressivas (ex. Humor disfórico, anedonia, desesperança, ideação suicida)
* Ansiedade: sintomas indicativos de Estados de pânico (ex. Nervosismo, extensão, agitação motora e apreensão)
Obtemos: IGG (índice de gravidade global): nível geral de mal-estar psicológico do indivíduo
Medidas de Autorrelato: BSI - História e fundamentação teórica
Diversas tentativas de quantificação da psicopatologia
Questionário mais recorrente SCL-90-R – Sympton Checklist 90 (Derogatis, 1977)
* Estudo em Portugal por Baptista (1993)
* Avalia um maior número de sintomas (90 itens);
* Tempo de preenchimento – 12-20m – limitação à sua utilização
–>
BSI – versão reduzida/breve do SCL-90-R: Auxilia a elaboração dos diagnósticos relativos às perturbações do eixo I
Medidas de Autorrelato: BSI - Estudos realizados em Portugal
Primeiros estudos de validação realizados por Canavarro (1999)
Tradução do questionário – administrado individualmente
2 grupos: A1 população geral e A2 clinica
* A1: 404 sujeitos (114H e 290M)
* A2: 147 sujeitos (57H e 91M) Clínica Psiquiátrica dos HUC
* Boa estabilidade temporal
* Validade do construto, discriminatória e predita comprovadas
Atendendo a que a validade é um construto de natureza cumulativa, procedeu-se a correlações com outros instrumentos:
* EAS, PSS, 23 QVS e WHOQOL - revela que as associações encontradas são consistentes concetualmente e reforçadores da validade dos resultados do instrumento.
* Estudos posteriores envolveram grupos especiais (fibromialgia, mulheres c/ filhos c/ paralisia cerebral, …).
Medidas de Autorrelato: BSI - Procedimentos de Aplicação
- Inventário de autorresposta;
- Individual ou coletivamente;
- Período dedicado às instruções gerais: para cada item deverá corresponder ao que melhor descreve a forma como aquele problema o afetou nos últimos 7 dias; Respostas: Nunca, Poucas vezes, Algumas vezes, Muitas Vezes, Muitíssimas vezes;
- Tempo despendido: 8 a 10 minutos.
Medidas de Autorrelato: BSI - Análise e Interpretação
Interpretação linear, dada a natureza descritiva da informação;
Indicador de sintomas de foro psicopatológico;
Avalia mal-estar sintomático, desde psicológico a mórbido;
9 dimensões – (in)existência de perturbação emocional;
Análise individual de cada dimensão, se necessário usar outros procedimentos avaliativos
* Ex: sensibilidade interpessoal elevada - situações de criticismo, ruminação, baixa autoestima, baixa capacidade de autoafirmação
* Realizar entrevista clínica, testes comportamentais, registos de automonitorização
Medidas de Autorrelato: BSI - Como relatar os dados?
“Embora a progenitora não apresentasse à data da presente avaliação perturbação emocional, manifestou sintomatologia psicológica de interesse clínico ao nível da somatização (ex. mal-estar resultante da perceção do funcionamento somático, queixas em equivalentes somáticos de ansiedade, por exemplo, “dores sobre o coração o peito”), obsessões-compulsões (ex. pensamentos, impulsos e comportamentos percecionados como persistentes e que não consegue resistir, por exemplo, “necessidade de verificar várias vezes o que fez”) e depressão (ex. “sentir-se triste” , “sentir-se sozinha”). Esta sintomatologia surgiu, segundo ela, sobretudo associada à atual situação familiar, de afastamento e impossibilidade de um convívio regular e de proximidade com os filhos (“Como é que eu posso estar bem, se não posso estar com os meus filhos, diga-me. Parece que o mundo está-se a fugir dos meus pés”).
Árvore de decisão de avaliação de patologia de personalidade
esquema (5)
Entrevista: considerações
Considerações:
Procedimento de avaliação usado em distintos propósitos:
* obter informação para efeitos de avaliação e intervenção psicológicas;
* indagar sobre as características da personalidade, estratégias e incidentes críticos, habilidades, competências e dados biográficos em processos de seleção;
* explorar aspetos motivacionais, interesses e competências do processo de orientação
Envolve interação verbal e não verbal entre entrevistador e entrevistado
Não é uma conversação convencional; requer conhecimentos e técnica
Permite conhecer ampla e profundamente o entrevistado, as suas particularidades, a maneira de se relacionar com os outros, como e o que pensa sobre determinados assuntos, a sua história, planos futuros, e também o que o incomoda numa diversidade de contextos e situações.
Entrevista: Classificações das Entrevistas Psicológicas - Craig
Craig (1989):
1. Entrevista de recolha de dados
2. Entrevista de estudo de caso
3. Entrevista de avaliação do estado mental
4. Entrevistas pré e pós-teste
5. Entrevistas breves de avaliação
6. Entrevistas de conclusão
7. Entrevistas de investigação
Entrevista: Classificações das Entrevistas Psicológicas - Poch e Talarn
Poch e Talarn (1991):
1. Níveis de estruturação (estruturadas, semi-estruturadas, abertas)
2. Ambiente emocional (frio, caloroso)
3. Objetivos (investigação, clínica, seleção)
4. Fase da relação (diagnóstica, terapêutica
Entrevistas psicológicas: Tipos - 1. Entrevista de recolha de dados
- “rastreio psicológico”
- Averiguar interesse e possibilidade de uma intervenção psicológica sem pedido direto, mas se dirigiu ou foi dirigido por uma instituição (ex.: sistema de saúde, jurídico-legal, vítima de maus-tratos)
Entrevistas psicológicas: Tipos - 2. Entrevista de estudo de caso
- Entrevista de estudo de caso
* Aprofundamento de uma entrevista de recolha de dados
* Metodologia nobre da clínica psicológica
* Elucidação da problemática do cliente e auxilia na decisão do psicólogo do encaminhamento psicoterapêutico mais adequado
Entrevistas psicológicas: Tipos - 3. Entrevista de avaliação do estado mental
- Entrevista de avaliação do estado mental
* mais estruturada e dirigida
* avalia graus de deterioração ou disfunção em situações cujos sintomas sugerem doença psiquiátrica grave, estados demenciais ou de comprometimento neurológico
* explora diferentes dimensões (ex.: apresentação e expressão, níveis de consciência, humor, perceção, memória, pensamento, etc.)
Entrevistas psicológicas: Tipos - 4. Entrevistas pré e pós-teste
- Entrevistas pré e pós-teste
* aplicação em determinados contextos
* contextos de saúde, testes ou intervenções físicas (ex.: cirurgias de elevado risco, interrupções voluntárias da gravidez, técnicas de reprodução medicamente assistidas)
Entrevistas psicológicas: Tipos - 5. Entrevistas de conclusão
- Entrevistas de conclusão
* Encerra uma relação contratual estabelecida: final de processo longo de cariz psicoterapêutico, situações de alta de internamento, ambulatório, transferência de caso, serviço, setor,..
* Objetivos/Para que servem?
o balanço do trabalho desenvolvido
o análise prospetiva do que ficou insuficientemente trabalhado e potenciais vulnerabilidades do sujeito - análise dos recursos adquiridos e vantagens proporcionadas
Entrevistas psicológicas: Tipos - 6. Entrevistas de investigação
- Entrevistas de investigação
* Incluir todas as outras formas de entrevista
* O objetivo último – recolha de dados para fins de pesquisa [Leal, 1999]
Entrevistas Psicológicas Vs. Clínicas - definições
Psicológicas: realizadas por psicólogos, com objetivos precisos à luz das teorias e práticas da psicologia enquanto ciência e profissão.
Clínicas: entrevistas psicológicas, assentes num quadro teórico de referência que, privilegiando as técnicas que dela decorrem, produzem uma avaliação do sujeito com o único objetivo de propor um trabalho que sirva as suas necessidades e que se traduz em propostas terapêuticas.
Entrevista Clínica: Importância da abordagem fenomenológica
Fenomenologia: aborda os assuntos a partir do ponto de vista da primeira pessoa
* Marco histórico na psicologia e psicopatologia
* Karl Jaspers (1883-1969) pioneiro na introdução da dimensão fenomenológica na psicopatologia
Entrevista Clínica: Princípios
- observação descritiva dos estados de consciência, da experiência e da relação do sujeito com o meio
- análise do cliente baseada na relação e na experiência vivida
- importância da comunicação na relação terapêutica
Entrevista clínica: Algumas considerações
Paradigma do psicólogo clínico
Integra o método clínico
* Recolha de informação (observação, entrevista)
* Clínica instrumental (testes de autorrelato, projetivos, escalas clínicas, …)
Lugar de eleição na psicologia clínica e que visa recolher o máximo de informação sobre o sujeito, tomando SEMPRE o seu quadro de referência.
Aplica-se nos contextos de:
* Ajuda ou cuidados psicológicos
* Diagnóstico ou avaliação psicológica
* Investigação clínica
Entrevista clínica: Diferentes Aspetos Técnicos
Objetivos da entrevista (diagnóstico, terapêutico, orientação,…)
Modelos teóricos e formação do clínico
Personalidade, idade do sujeito e aspetos da interação durante entrevista
Pedido (próprio? família? Instituição?…)
Momento e condições entrevista (primeira, contexto de hospitalização, consulta externa, crise,…) –> Cada entrevista é única
Implica diálogo assimétrico
Apoiada em regras técnicas
Atitude clínica
Entrevista: Tipos
Tipos: Classificação em função do grau de estruturação e diretividade
1. Entrevistas estruturadas (e diretivas)
2. Entrevistas semi-estruturadas (e semidiretivas)
3. Entrevistas não-estruturadas ou de livre estruturação (e não-diretivas)
Entrevista não-estruturada: O que é?
Entrevista não estruturada: nestas entrevistas o entrevistador atua sem um guião pré-definido e tem a total liberdade para explorar as áreas que considere mais importantes. Neste tipo de entrevista o maior peso incide no entrevistador. A grande vantagem desse tipo de entrevista é que pode se ir adaptando às necessidades específicas de cada cliente. No entanto, como desvantagens cabe assinalar por um lado o risco do entrevistador deixar por explorar áreas importantes.
Entrevista não-estruturada: informações
- É sempre multidimensional e pode conferir benefícios psicológicos (Finn & Tonsager, 1997)
- Pode ser de diagnóstico, de gestão de riscos, para tratamento e investigação
- O objetivo e o setting da entrevista dependem do seu próposito
- Permite uma exploração profunda mas não ampla (Koerner et al., 2011)
- Demora cerca de 50 a 60min
Entrevista não-estruturada: composição de 3 momentos
A entrevista de diagnóstico é feita de modo colaborativo, profissional e com fronteiras bem estabelecidas com um espaço físico (setting) privativo e com um contacto ocular flexível
A estrutura da entrevista compõe-se de 3 momentos:
1. Abertura
* Apresentação clara dos objetivos da entrevista e das condições se limites da confidencialidade
* Início com perguntas abertas que vão afunilando em função do pedido e impressões do entrevistador
* Observação de aspetos fundamentais como organização do pensamento (e.g.,, capacidade narrativa, atenção, tom de voz, postura corporal, estilo interpessoal …)
2. Corpo da entrevista
* é profunda e permite avaliar hipóteses clínicas formuladas pelo entrevistador ao longo do encontro
* Importância do paciente se sentir compreendido: pragmatismo e empatia
* Recolha da biografia, história clínica, estratégias de resolução, situação atual do paciente, razões que o levaram a consultar nessa altura
* Utilização de linguagem próxima do paciente
3. Conclusão
* Sumarização dos temas iniciais e levantamento de questões que deverão ser retomadas numa próxima sessão de diagnóstico, quando um só encontro não é suficiente
* Comunicação do diagnóstico inicial com profissionalismo, em função da capacidade de receção do paciente
* Comunicação do plano de tratamento ao paciente com alguma psicoeducação
* A entrevista não estruturada deve dispor de tempo para o paciente colocar questões relevantes para ele/ela, assimilar o que foi dito e poder discordar: a responsabilidade de continuar o tratamento é sua
Entrevista não-estruturada: vantagens e desvantagens
Tabela (7)
Entrevista Estruturada
Entrevista estruturada: na entrevista estruturada as perguntas, as respostas (geralmente fechadas) e a sequência de aplicação da entrevista são pré-determinadas. Este tipo apresenta uma série de deficiências relacionadas com o estabelecimento do rapport com o entrevistado. Utilizam-se especialmente na investigação de contextos laborais, escolares e clínicos.
As entrevistas estruturadas são as que apresentam maior confiabilidade teste-reteste e entre avaliadores
Exemplos: SCID-IV são as que apresentam maior adequação ao Eixo I e II do DSM
Entrevista Semi-Estruturada
Entrevista semi-estruturada: neste tipo de entrevista o entrevistador trabalha com uma série de perguntas abertas pré-estabelecidas ou com um esquema definido. No decorrer da entrevista pode incluir outros aspetos que considera relevantes.
* Considerada a mais eficaz para recolher informação diagnóstica;
* Abrangência de diagnóstico e propriedades psicométricas (de medida) fortes;
* O autorrelato depende em parte da capacidade de insight do cliente
Como escolher o tipo de entrevista?
Necessidade de adaptar à situação e sujeito
Flexibilidade na escolha do tipo
* Determinadas entrevistas (diagnóstico, avaliação psicológica) requerem mais intervenções por parte do clínico para conhecer melhor o sujeito
* Necessidades dos clientes, de maior apoio e intervenção do clínico ou, pelo contrário, clientes que percebem as intervenção como sendo intrusivas.
Quadros teóricos de referência
Sensibilidade do clínico, do seu «saber-fazer» e experiência prática
Entrevista: Observação - informações
Recorre aos sentidos para aceder a determinados aspetos da realidade, não se limitando, apenas, a ver e ouvir, mas também a examinar os fenómenos;
Capta aspetos dos quais o próprio indivíduo não tem consciência;
Permite ao observador um contacto mais direto com determinada realidade;
Abarca uma ampla variedade de fenómenos;
Menos dependente da introspeção e da reflexão;
Importante complemento da entrevista e de outras técnicas e instrumentos.
Entrevista: Observação -limitações
Pode levar à tendência para criar impressões favoráveis/desfavoráveis no observador
Risco de enviesar a informação recolhida;
Eventuais imprevistos podem interferir na tarefa do observador;
Nem todas as ocorrências se verificam na presença do observador
Entrevista: Observação - quanto aos meios
Observação não estruturada ou assistemática (Espontânea, ordinária, informal, simples, livre, ocasional ou acidental)
Observação estruturada ou sistemática (planeada, controlada e armada com instrumentos de registo)
Entrevista: Observação - quanto ao local
Observação em contexto real (o observador presencia as ocorrências no próprio meio em que eles acontecem naturalmente);
Observação laboratorial (com criação de um meio artificial que se aproxime ao máximo do contexto real das ocorrências).
Entrevista: Observação - instrumentos de registo
- Na impossibilidade de usar instrumentos (sendo muitas vezes inconveniente), tomar notas no momento em que se observa o fenómeno ou anotar dados imediatamente após a observação;
- As grelhas de registo muito formalizadas e estruturadas facilitam a interpretação e aumentam a objetividade dos dados. Não obstante, tais grelhas podem cair no risco de se tornarem demasiado superficiais e mecânicas, perdendo a riqueza e complexidade dos processos analisados.
- Elaborar grelhas que acompanhem a flexibilidade das observações e que funcionem como complemento de outras formas de avaliação.
Testes Projetivos: o que são e qual o processo
Baseiam-se no pressuposto de que quando se pede a um indivíduo que dê significado a um estímulo relativamente ambíguo ou vago, a sua resposta refletirá as suas necessidades, experiências, sentimentos e processos de pensamento, o seu mundo interno (Fagulha, 2004).
–>
criação- interpretação
–>
hipótese-projetiva
Testes Projetivos: informações
- Projetar para o exterior aspetos internos da personalidade
- Respostas abertas e não-estruturadas
- Material vago, ambíguo
- Não há respostas certas ou erradas
- Espaço lúdico, liberdade de expressão
- Respostas dos examinados fornecem informação acerca da sua personalidade
Testes Projetivos: Teste de Rorschach
Riscos: Podemos reavaliar a decisão do Ministério Público de solicitar a aplicação do Rorschach enquanto teste forense e, pior, enquanto teste decisivo para a progressão de regime de uma prisioneira. A decisão demonstra, ao mesmo tempo, a falta de capacitação científica de membros do Ministério Público e Judiciário mas, de maneira mais grave, a falta de assessoria científica adequada para agentes públicos. Usar ferramentas diagnósticas comprovadamente ineficazes em casos criminais pode colocar criminosos perigosos na rua, e manter reabilitados, aptos ao convívio social, presos em função de idiossincrasias do avaliador.
SCID-5-CV: O que é; Quem Aplica; Público-alvo
Guia de entrevista para diagnósticos do DSM-5 (Eixo I).
Aplicação: Por clínicos ou profissionais de saúde mental treinados.
Público-Alvo: Pacientes psiquiátricos, pacientes de outras especialidades médicas, indivíduos de levantamentos comunitários de doenças mentais, familiares de pacientes psiquiátricos.
SCID-5-CV: Linguagem e cobertura diagnóstica
Linguagem e Cobertura Diagnóstica: Mais adequada para adultos (≥18 anos); pode ser adaptada para uso com adolescentes.
SCID-5-CV: compreensão
Compreensão: Indivíduo mediano deve compreender a linguagem da SCID-5.
SCID-5-CV: Limitações de Entrevistados
Limitações de Entrevistados: Indivíduos com prejuízo cognitivo grave, agitação ou sintomas psicóticos graves podem não ser entrevistados eficazmente.