Psicologia da Inteligência Flashcards

1
Q

Caraterísticas dos estilos cognitivos

A

Os estilos cognitivos são padrões de conduta, consistentes ao longo do tempo e através de distintas áreas de atividade (Messick, 2004)
Caraterísticas:
* Referem-se a dimensões mais qualitativas que quantitativas da cognição.
* Analisam as diferenças individuais mais ao nível dos processos que dos produtos.
* São bipolares na sua definição, inicialmente entendidos como neutros ou ambos permitindo a adaptação.
* São modos caraterísticos de funcionamento e manifestam-se na resolução da generalidade das tarefas.
* São estáveis e persistentes ao longo do desenvolvimento.
* Relacionam variáveis cognitivas e variáveis afetivo-motivacionais.

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2
Q

A que se referem os estilos cognitivos?

A

Os estilos cognitivos referem-se à maneira como o indivíduo recebe, processa e usa a informação. São considerados como formas relativamente estáveis referentes às características cognitivas de uma pessoa (…). Caracterizam tendências diferenciadas nas formas de apreender e relacionar os dados da realidade, de apreender e elaborar conclusões. Respondem melhor à forma como se é inteligente do que ao quanto se é inteligente….

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3
Q

Importância dos estilos cognitivos

A
  • Os estilos cognitivos podem ser melhores preditores do rendimento académico do que as aptidões cognitivas ou fatores contextuais (Kozhevnikov, 2007; Sternberg & Zhang, 2001)
  • A forma como a informação e os estímulos são apresentados condiciona o desempenho das pessoas de acordo com o seu estilo cognitivo (…) Face às preferências cognitivas dominantes dos alunos, importa saber como os materiais didáticos, os métodos de ensino e as formas de avaliação usados pelo professor poderão melhor apoiar a sua aprendizagem e o seu sucesso escolar (Guisande, Almeida, Ponte, Tinajero, & Páramo, 2009, p. 565)
  • Aliás, os estilos cognitivos continuam a ser um tópico em renovada expansão na literatura científica associada à aprendizagem precisamente pelo valor preditivo que têm sobre os desempenhos escolares
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4
Q

Tipos de estilos cognitivos

A

Divergência vs convergência de pensamento
Reflexibilidade vs Impulsividade
Dependência vs Independência de Campo
Processamento simultâneo vs Processamento sucessivo

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5
Q
  1. Divergência vs Convergência de Pensamento: Informações
A
  • Pensamento criativo versus pensamento lógico
  • Divergência nos processos cognitivos dominantes
  • Divergência nas formas de aprender e de resolver problemas
    Ex. Pensamento convergente: compreensão de Frases – ““A Maria tem uma saia preta e traz um cesto de ramos e de flores. Faz uma cruz debaixo do desenho que representa a Maria.”
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6
Q
  1. Divergência vs Convergência de Pensamento: critérios do pensamento convergente
A

Pensamento Convergente: Critérios
* Aposta numa única resposta: a correta (ou a mais correta)
* Pensamento assente na lógica, na análise das relações
* Atenção às propriedades das coisas e situações: processos de comparação e justificação
* Ênfase na reprodução da forma assumida como mais adequada de resolução (processos de inferir e deduzir princípios….)

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7
Q
  1. Divergência vs Convergência de Pensamento: critérios do pensamento divergente
A

Pensamento Divergente: Critérios
* Fluência de ideias (nº de produções)
* Flexibilidade (nº de categorias diferentes)
* Originalidade (nº de respostas não frequentes; 5%)
* Aceitabilidade (aplicabilidade, plausibilidade…)
* Elaboração (respostas devidamente organizadas, complementadas…)

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8
Q
  1. Divergência vs Convergência de Pensamento: Aplicações
A

Pensamento convergente/divergente: Aplicações
* Estruturar as matérias nas aulas sequenciando os tópicos entre si
* Acompanhar e registar os próprios passos, monitorizar a realização
* Dar tópicos para que escolham, mas tendo que justificar a sua escolha
* Solicitar para elaborar frases a partir das ideias dadas
* Ter espaços de avaliação conjunta da qualidade dos resultados alcançados (convergente: a análise coletiva permite identificar a resposta mais apropriada; divergente: considerar diferentes perspetivas na avaliação da qualidade das diferentes respostas)

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9
Q
  1. Dependência vs Independência de Campo (DIC): Definição
A
  • Refere-se à forma como as pessoas percebem e organizam elementos visuais em relação ao fundo em que estão inseridos;
  • Associado à teoria da Gestalt que sugere que, ao olhar para um estímulo visual, tendemos a organizar automaticamente os elementos em figuras distintas e fundos circundantes (perceção figura-fundo; Ex. prova da “vara-caixilho” – numa sala às escuras, o sujeito tenta colocar a vara na vertical face a um caixilho que se inclina; os dependentes inclinam mais a vara em função do caixilho)
  • Habilidade em identificar um elemento num campo significativo mais amplo que o pode ocultar ou esconder… aptidão percetivo-analítica (Alguns indivíduos podem ser mais dependentes de referenciais externas para identificar elementos, enquanto outros podem ser mais independentes e capazes de isolar elementos, dependendo de referenciais internos)
  • Testes: Preschool Embedded Figures Test (PEFT), Test de Gottschaldt…
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10
Q
  1. Dependência vs Independência de Campo (DIC): dados de investigação
A

Dados de investigação
* Correlações significativas entre os índices de DIC e diversos testes de inteligência, sobretudo de factor g , de inteligência fluída , e testes de aptidão espacial
* DC mais sensível à organização do campo, dominados pelos estímulos mais salientes ou mais chamativos da informação apresentada
* IC com maior flexibilidade estratégica e maior habilidade para abandonar estratégias pouco úteis
* Crianças mais DC e jovens mais IC

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11
Q
  1. Dependência vs Independência de Campo (DIC): Estudo de Richardson & Turner, 2000
A
  • IC colocam mais esforço na fase do processamento da informação que os DC, tentando codificar a maior quantidade de informação possível antes de começar a responder ou a passar ao próximo nível no processamento da informação.
  • Maior tendência por parte dos IC a analisar de forma espontânea a informação durante a sua aquisição e a utilizar um esquema próprio durante a sua recuperação.
  • DC mais dificuldade para extrair a estrutura da informação disponível quando esta não é evidente ou implica extrair partes de um todo.
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12
Q
  1. Dependência vs Independência de Campo (DIC): Estratégias de Resolução de Problemas….
A

Tabela (3)

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13
Q
  1. Dependência vs Independência de Campo (DIC): relação entre dependência-independência e interesses/escolhas vocacionais
A

Alguns estudos analisaram a relação entre estilos cognitivos de dependência-independência de campo e interesses/escolhas vocacionais e de uma forma geral o que se verifica é que:
* IC tendem a preferir atividades que apelam a competências mais analíticas (Mat, Ciências, Química, Engenharia; laranja)
* DC preferem envolver-se em atividades que apelam ao cariz social e às relações interpessoais (educação, vendas; amarelo)
Ver imagem (3)

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14
Q
  1. Impulsividade vs reflexividade do pensamento: definição
A

Tendência para responder mais ou menos rapidamente, e com maior ou menos acuidade

O constructo manifesta-se por dois indicadores interligados: acuidade e tempo de latência na resposta

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15
Q
  1. Impulsividade vs reflexividade do pensamento: características da impulsividade e da reflexividade
A

Impulsividade: Esquema (3)
Reflexividade: Esquema (3)

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16
Q
  1. Impulsividade vs reflexividade do pensamento: Impulsividade
A

Impulsividade: Pessoas que requerem muita estrutura
* Ter regras definidas e consistentes
* Dar instruções e informações passo-a-passo
* Fixar objetivos e ter as atividades bem definidos
* Fazer comentários ao longo da tarefa, dar feedback imediato e constante
* Recurso a reforços concretos (sociais, materiais)
* Sequenciar bem os assuntos, ilustrar, objetivar ou concretizar
* Procurar que o aluno interiorize os processos, verbalize…

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17
Q
  1. Impulsividade vs reflexividade do pensamento: fatores psicológicos subjacentes
A

Impulsividade vs reflexividade: Fatores psicológicos subjacentes
* Maior ansiedade face ao erro (R)
* Maior expectativa de sucesso e autoconfiança (R)
* Menos sistemático na pesquisa visual e no processo comparativo (I)
* Nível de atenção superior (R)
* Perceção global (I) vs analítica (R)
* Maior utilização das autoinstruções e controlo verbal interno (R)
* Gasto de mais tempo na análise de alternativas (R)
* Menor gestão das emoções (I)

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18
Q
  1. Processamento simultâneo (holístico) e sucessivo (serial ou sequencial): Paller & Wagner, Trends in Cognitive Sciences, 2002
A

Paller & Wagner, Trends in Cognitive Sciences, 2002 (ver imagens ppt)
Quando se regista a atividade cerebral, durante o estudo, com potenciais evocados ou com a ressonância magnética, obtêm-se correlações significativas entre esta atividade e a performance em testes ulteriores de reconhecimento ou de recordação

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19
Q
  1. Processamento simultâneo (holístico) e sucessivo (serial ou sequencial): Alexander Luria
A

O cérebro organiza-se em três unidades funcionais que explicam os procesos cognitivos mais relevantes da aprendizagem e resolução de problemas.
Organização Cerebral:
* 1º bloco de ativação (excitação e atenção): A primeira unidade funcional é responsável pela regulação e a manutenção da atenção; Troncoencéfalo, diencéfalo e sistema límbico
* 2º Bloco de input (Processamento simultâneo – lobo occipital e parietal; Processamento sucessivo – lobo temporal): A segunda unidade recebe, processa e armazena a informação, codificando-a de forma sucessiva e simultânea.
* 3º Bloco de Programação e controlo (Planificação): A terceira unidade programa, regula e dirige a atividade mental

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20
Q
  1. Processamento simultâneo e sucessivo: CAS - informações
A

O Sistema de Avaliação Cognitiva (CAS), é um instrumento de administração individual que visa a avaliação do funcionamento cognitivo do PASS em pessoas dos 5 aos 17 anos.
Originou-se da teoria PASS, que conceitua as habilidades cognitivas humanas como um processo dinâmico, não estático.
* A teoria PASS é a base para a construção do SAC e de um programa de intervenção reeducativa (PREP).
* Proporciona um modelo integrado para a competência intelectual humana, incorporando abordagens neuropsicológicas, cognitivas e psicométricas
* 4 processos cognitivos: PASS
o Planificação
o Atenção
o Processamento simultâneo
o Processamento sucessivo
O SAC integra conhecimento teórico (teoria de processamento cognitivo) e conhecimento aplicado (provas para medir esses processos)

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21
Q
  1. Processamento simultâneo e sucessivo: CAS - Pressupostos e objetivos básicos
A

Pressupostos e objetivos básicos subjacentes ao desenvolvimento do SAC incluem:
1. Um teste de inteligência deve ser baseado numa teoria.
2. A inteligência é melhor descrita como um conjunto de processos cognitivos.
3. Uma teoria sobre processos cognitivos deve informar sobre habilidades específicas, ser relevante para diagnósticos diferenciais e orientar programas de intervenção eficazes.
4. A teoria deve ser baseada em pesquisa sólida e testada para validade.
5. Uma bateria de provas deve seguir de perto a teoria do processamento cognitivo, avaliando a pessoa com itens livres de conhecimentos adquiridos.

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22
Q
  1. Processamento simultâneo e sucessivo: CAS - o que permite ao examinador saber
A

Desenvolvido para que examinador determine:
* as competências e o nível de funcionamento cognitivo de uma pessoa
* áreas fortes e fracas
* competência em relação aos pares
* relação entre os resultados e avaliações dos processos do PASS
* as implicações para a pessoa

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23
Q
  1. Processamento simultâneo e sucessivo : CAS - combinação das provas do CAS
A

Duas Maneiras de Combinação das Provas do SAC:
* Bateria Básica: Inclui oito provas (duas por cada processo cognitivo do PASS).
* Bateria Standard: Composta por doze provas (três por cada processo cognitivo do PASS).

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24
Q
  1. Processamento simultâneo e sucessivo: CAS - Atenção (definição, descritores, provas)
A

Atenção (passo 1)
Processo mental que permite identificar ou reconhecer de forma selectiva um estímulo e inibir os estímulos irrelevantes.
Descritores:
* Centrar ou focar a atenção
* Atenção seletiva, deteção
* Atenção sustentada, prolongada
* Resistência à distração
Provas Standard:
1. Atenção Expressiva (Expressive Attention): Avaliar a atenção seletiva e a habilidade para reorientar a atenção.
* 5- 7 anos : imagens de animais onde a criança deve dizer se são grandes ou pequenos não se deixando distrair pelo tamanho da figura.
* 8-17 anos: dizer a cor sem se deixar distrair pela palavra escrita.
2. Busca de Números (Number Detection): Avaliar a atenção seletiva, a habilidade para reorientar a atenção e a resistência à distração.
* Sublinhar números específicos, localizados entre diversos elementos distratores.
3. Atenção Recetiva (Receptive Attention): Avaliar a atenção seletiva e a resistência à distração.
* 1ª situação: sublinhar todos os pares de letras visualmente iguais (ex. T T ou t t, mas não N t).
* 2ª situação: sublinhar todos os pares de letras que têm o mesmo nome (N n ou T t mas não N t)

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25
4. Processamento simultâneo e sucessivo: CAS - Planificação (definição, descritores, provas)
Planificação Processo mental através do qual a pessoa determina, selecciona, aplica e avalia soluções para um determinado problema, especialmente aqueles sem solução imediatamente aparente. Essencial para resolver problemas desafiadores, controlar impulsividade e aplicar conhecimento Descritores * Planificação, verificação e regulação do comportamento * Decisões e estratégias adotadas e modificadas para resolver um problema * Comportamentos com um propósito, antecipação de consequências, uso de feedback moderador O êxito está dependente de: ter um plano, avaliar a utilidade de uma estratégia, controlar as emoções, corrigir um plano que não funciona, controlar a ação impulsiva… Provas Standard: 1. Emparelhamento de Números (Matching Numbers):Encontrar e sublinhar os dois números iguais em cada linha. 2. Planificação de Códigos (Planned Codes): Escrever abaixo de cada letra o código correspondente. 3. Planificação de Conexões (Planned Connections): * Os primeiros seis exigem que a criança conecte números em ordem sequencial. * Os dois últimos requerem que a criança conecte números e letras em uma ordem sequencial e alternada.
26
4. Processamento simultâneo e sucessivo: CAS - Processamento Simultâneo (definição, descritores, provas)
Processamento Simultâneo Processo mental que implica a integração de um estímulo num conjunto de estímulos interrelacionados formando um grupo ou um todo Descritores: * Analisar relações entre estímulos, ver partes num todo * Encadear informações agrupando-as * Designar de forma integrada elementos * Apreensão da estrutura, formar ideias a partir de palavras Provas Standard: 1. Matrizes Não-Verbais (Nonverbal Matrices): Apresenta um padrão espacial lógico com uma parte ausente. * Escolher, entre várias soluções, aquela que completa logicamente o padrão apresentado * Inclui: Completamento de padrões geométricos, raciocínio por analogia e visualização espacial. 2. Relações Verbais-Espaciais (Verbal-Spatial Relations): Seis desenhos com uma pergunta na parte inferior da página. O examinador lê uma pergunta em voz alta, e a criança deve selecionar o desenho que melhor representa a descrição verbal. 3. Memória de Figuras (Figure Memory): Apresenta uma figura maior integrando uma figura original. Identificar e assinalar a figura original integrada na figura maior. Outras provas: ECCOs 4/10 - Prova de Absurdos (relações entre elementos)
27
4. Processamento simultâneo e sucessivo: CAS - Processamento sucessivo (definição, descritores, provas)
Processamento Sucessivo Implica a integração do estímulo numa ordem ou seriação específica onde a informação de cada estímulo está relacionada ou se compreende apenas com o seguinte. Descritores: * Seguir o sentido das palavras numa frase que se escuta * Realizar cálculos numéricos segundo uma sequência * Realizar movimentos seguindo uma ordem * Procurar entender uma frase que lê Provas Standard: 1. Séries de Palavras (Word Series): A criança é solicitada a repetir as palavras na mesma ordem em que foram apresentadas pelo examinador. 2. Repetição de Frases (Sentence Repetition): * Cada frase é construída com palavras relacionadas às cores. * A criança deve repetir cada frase exatamente como foi apresentada. 3. Velocidade Oral (Speech Rate): * É lida uma série de três palavras para a criança. * A criança deve repetir essa série até o examinador pedir para parar. * A criança tem que ser capaz de repetir 10 vezes em 30 a série ordenada de palavras monossilábicas e dissilábicas. 4. Questões Sobre Frases (Sentence Questions): * Uma frase é lida para a criança. * A criança é solicitada a responder a uma pergunta sobre a frase. * Exemplo: A frase "O azul está a amarelar." é seguida pela pergunta "Quem está a amarelar?"
28
4. Processamento simultâneo e sucessivo: CAS - Instrumentos de Avaliação
Instrumento de Avaliação D.N: CAS Versão Original: Das, Naglieri: Cognitive Assessment System (Das & Naglieri, 1997) Adaptação Espanhola: Das, Naglieri: Sistema de Evaluación Cognitiva(Deaño, 2005) Novo CAS 2: CAS 2: Cognitive Assessment System. Second Edition (Naglieri, Das, & Goldstein 2014) Tabela (6)
29
4. Processamento simultâneo e sucessivo: CAS - Aplicações Clínicas do SAC
Aplicações Clínicas do SAC Usado com populações sem dificuldades ou com deficiência. Crianças com Dificuldades de Aprendizagem Específicas na Leitura: * Piores resultados em processamento Sucessivo. * Resultados mais elevados em processamento Simultâneo. Crianças com Desordens por Défices de Atenção e Hiperatividade: * Resultados baixos na Planificação. * Algumas áreas da Atenção apresentam resultados baixos. Crianças com Deficiência Mental: * Tendem a ter uma alteração intelectual pervasiva. * Resultados baixos em todos os processos cognitivos avaliados. Crianças Sobredotadas: * Resultados superiores à média nos quatro processos cognitivos avaliados no SAC. * Melhores resultados em processamento Simultâneo e processamento Sucessivo
30
4. Processamento simultâneo e sucessivo: Sequencial vs. simultâneo -(serialistas)
Serialistas - dão maior ênfase a tópicos separados e em sequências lógicas, buscando padrões e relações somente mais tarde no processo, para confirmar ou não suas hipóteses. Usam hipóteses mais simples e uma abordagem lógico-linear. São os indivíduos que trabalham com um problema, partindo de aspetos específicos e separados, que posteriormente serão integrados para a confirmação ou refutação de hipóteses simples, as quais "passo a passo" vão possibilitar a resolução de um problema. Os sequenciais preferem caminhos lógicos, aprendem melhor os conteúdos apresentados de forma linear e encadeada. Esquema (7)
31
4. Processamento simultâneo e sucessivo: Sequencial vs. simultâneo (holistas)
Holista - caracteriza aqueles que analisam uma tarefa sob o ponto de vista global, tentando estabelecer relações entre suas partes com a elaboração de hipóteses complexas. Indivíduos com pensamento holista dão maior ênfase ao contexto global desde o início de uma tarefa. Preferem examinar uma grande quantidade de dados, buscando padrões e relações entre eles. Usam hipóteses mais complexas, às quais combinam diversos dados. Esquema (7)
32
Inteligência: Teorias abrangentes (quais as teorias; informações)
Teoria das Inteligências Múltiplas (Gardner, 1983) Teoria da Inteligência Emocional (Mayer & Salovey) Teoria da Inteligência Social (Kihlstrom & Cantor) Teorias mais funcionalistas que estruturais: * Mais as funções que capacidades: Em vez de focar apenas em habilidades individuais, essas teorias consideram como as várias funções cognitivas interagem para produzir comportamento inteligente * não independência do treino e do conhecimento: a capacidade de resolver problemas e adaptar-se ao ambiente pode ser aprimorada ou desenvolvida através do treinamento e da exposição a diferentes situações. * não independência de variáveis socio-emocionais: fatores sociais e emocionais desempenham um papel significativo na expressão e no desenvolvimento da inteligência
33
Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner: definição de inteligência
A inteligência é: “Um potencial biopsicológico para processar informações que pode ser ativado para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa cultura”
34
Teoria das Inteligências Múltiplas: Pré-requisitos para diferenciar “uma” inteligência
Pré-requisitos para diferenciar “uma” inteligência: * Conjunto de habilidades de resolução e criação de problemas específicos (singularidade) * Conjunto de habilidades importantes dentro de um contexto cultural (útil) o Ex. a competência de reconhecimento de rostos pode não ser valorizada em algumas culturas e portanto não constituir uma inteligência * Contrastação intra e inter sujeitos nos níveis de habilidade e desempenho para entender o que é considerado uma inteligência distinta. (diferenciação)
35
Teoria das Inteligências Múltiplas: Informações
Define a inteligência como a capacidade de resolver problemas e de ser criativo, no contexto do meio envolvente; Entende a inteligência como plural e adaptável, conforme os estímulos do meio ambiente; Considera que os testes de Q.I. não são suficientes para analisar a grande variedade de habilidades cognitivas humanas. A inteligência pode ser estimulada e desenvolvida nos indivíduos, através de uma educação correta; Algumas formas de inteligência só se manifestam nos indivíduos se existirem os estímulos adequados que propiciem o seu desenvolvimento; * Fatores genéticos: algumas pessoas nascem com determinadas inteligências. * Fatores ambientais: experiências vividas contribuem para o desenvolvimento das inteligências;
36
Teoria das Inteligências Múltiplas: Sinais ou critérios de existência de “uma” inteligência
Sinais ou critérios de existência de “uma” inteligência: A palavra “sinais” indica que esta tarefa deve ser provisória: não incluo algo meramente por apresentar um ou 2 dos sinais, nem excluo uma inteligência candidata apenas porque falha em qualificar todo e cada relato. 1. Isolamento potencial por dano cerebral, identificação do suporte cerebral: * Uma competência pode ser considerada uma inteligência se a sua autonomia relativa de outras faculdades humanas for evidente, especialmente quando isolada por danos cerebrais. * A neuropsicologia e experiências específicas, como lesões em áreas específicas do cérebro, fornecem evidências cruciais para identificar competências no centro da inteligência humana. 2. Existência de idiots savants, prodígios e outros excecionais apenas em inteligências específicas: * Indivíduos com habilidades desproporcionais, como prodígios ou Idiots Savants, oferecem insights valiosos sobre inteligências isoladas. * A preservação seletiva de uma habilidade, mesmo em meio a desempenhos medíocres em outras áreas, confirma a presença de uma inteligência específica. 3. Conjunto de processos cognitivos para lidar com tipos específicos de input: * Uma inteligência é caracterizada por uma ou mais operações específicas de processamento de informações, ativadas por tipos específicos de input. * A identificação dessas operações centrais, sua localização neural e a prova de sua separação são fundamentais para entender as inteligências distintas. 4. Diferenciação: história desenvolvimental, exercício/treino, novices/experts * A plausibilidade de uma inteligência é reforçada ao localizar suas raízes evolutivas e compartilhamento de capacidades com outras espécies. * Examinar períodos de crescimento rápido na pré-história humana e possíveis mutações vantajosas contribui para a compreensão das inteligências múltiplas. 5. Estudos experimentais: tarefas de memória, atenção e perceção para tipos de input (conteúdos) * Resultados de testes padronizados, como testes de QI, fornecem indícios relevantes para a existência de inteligências específicas. * No entanto, a interpretação dos resultados deve considerar a possibilidade de tarefas que avaliam várias competências e limitações nos métodos de teste. 6. Incorporação integrada de um sistema de símbolos culturalmente valorizados * Uma capacidade computacional é considerada útil se for suscetível à direção por um sistema de símbolos culturais, como linguagem, desenho ou matemática. * A incorporação natural em sistemas simbólicos pode ser uma característica fundamental da inteligência humana.
37
Teoria das Inteligências Múltiplas: Além das habilidades centrais, algumas candidatas incluem
Além das habilidades centrais, algumas candidatas incluem: * "senso de eu" baseado nas inteligências únicas de uma pessoa * "capacidade executiva" que usa inteligências específicas para propósitos específicos, * "competência de sintetização" que combina conclusões de diferentes áreas.
38
Teoria das Inteligências Múltiplas: o que não são as inteligências
Ao definir critérios para inteligência, é importante destacar o que não são: 1. Não São Ligadas a Sistemas Sensoriais Específicos: Podem operar através de mais de um sistema sensorial. 2. Não São Entidades Limitadas a Procedimentos Específicos: São entidades entre procedimentos específicos e habilidades gerais. 3. Não Possuem Valor Moral Inerente: * Não têm uma conotação moral intrínseca. * Podem ser utilizadas para propósitos bons ou maus. 4. Não são dependentes de ações específicas: São potenciais que uma pessoa possui, sem limitações morais. 5. Não se focam no “Know-that” mas sim no "Know-How": * A distinção entre "know-how" (saber como fazer algo) e "know-that" (saber sobre procedimentos) é relevante. * O foco está no conjunto de "know-how" ao estudar inteligências, destacando os procedimentos para realizar tarefas.
39
Teoria das Inteligências Múltiplas: Gardner (1983): 7 Inteligências
* Inteligência linguística – habilidades para a língua falada e escrita, aprendizagem de idiomas e utilização da linguagem; * inteligência lógico-matemática – habilidades de análise lógica de problemas, cálculo numérico e investigação científica (método científico); * inteligência musical – executar, compor e apreciar linguagem musical; * inteligência corporal-cinestésica – usar o próprio corpo ou partes do mesmo na resolução de problemas ou criação de produtos; * inteligência espacial – reconhecer e manipular padrões espaciais amplos ou específicos; * inteligência interpessoal – conhecer a personalidade de outros indivíduos e trabalhar efetivamente com eles; * inteligência intrapessoal – compreender os próprios motivos, capacidades e sentimentos;
40
Teoria das Inteligências Múltiplas: Gardner (1999, 2003): Novas inteligências
Gardner (1999): inteligência naturalista – reconhecimento e classificação de objetos do mundo natural no seu ambiente (ex. por espécies animais) Gardner (2003): Inteligência existencial - aprofundamento no sentido espiritual da inteligência intrapessoal, coerência interna e com o cosmos/universo
41
Teoria das Inteligências Múltiplas: Base Neurológica
* Inteligência musical: hemisfério direito * Inteligência corporal-cinestésica: córtex motor, duplo hemisfério cruzado * Inteligência lógico-matemática: disperso * Inteligência linguística: hemisfério esquerdo; zona de Broca * Inteligência espacial: posterior direito * Inteligência interpessoal: lobos frontais * Inteligência intrapessoal: lobos frontais Imagem (9)
42
Teoria das Inteligências Múltiplas: Promoção das I.M
Projeto SPECTRUM Objetivo: Criação de um conjunto de medidas, que (i) permitam identificar o perfil intelectual de cada criança do ensino pré-escolar e do ensino primário; (ii) intervir na superação de déficits e desenvolvimento de inteligências fortes
43
Teoria da Inteligência Emocional: Mayer & Salovey - O que é a inteligência?
Inteligência emocional é: “a subcategoria da inteligência social que envolve a capacidade de monitorar os sentimentos e as emoções, tanto em si próprio como nos outros, a capacidade de estabelecer distinções entre eles, e a capacidade para utilizar esta informação na condução das suas próprias ações e pensamentos”
44
Teoria da Inteligência Emocional: Mayer & Salovey - 4 dimensões
Perceção, avaliação e expressão das emoções: Capacidades para identificar, discriminar, estimar e expressar emoções através da linguagem, postura física, obras de arte... Facilitação emocional do pensamento (assimilação das emoções no pensamento e na comunicação): Capacidade para aceder e gerar sentimentos que facilitem a comunicação com os outros e a cognição em geral (ex. sentir-se feliz para produzir mais em termos de pensamento indutivo e de criatividade) Compreensão emocional: Capacidades para compreender e analisar informação emocional, para nomear as múltiplas emoções, para combinar emoções contrárias e compreender sentimentos mais complexos (ex. sentir amor e ódio em simultâneo), para reconhecer transições emocionais (ex. sair de zanga para apaziguamento) e para compreender e analisar as emoções antes de tomar decisões Gestão das emoções: Capacidade de regular emoções para promover o desenvolvimento e o bem-estar emocional e intelectual, estar aberto às emoções sejam agradáveis ou desagradáveis, monitorar as próprias emoções e as emoções dos outros (ex. liderar uma reunião havendo tensão presente no grupo).
45
Teoria da Inteligência Emocional: Novos autores: Goleman (1998) - 5 dimensões
1. conhecimento das emoções próprias; 2. gestão das emoções; 3. automotivação; 4. reconhecimento das emoções nos outros; e, 5. gestão dos relacionamentos.
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Teoria da Inteligência Emocional - aspetos avaliativos
Fraco consenso sobre o melhor método para avaliação (Salovey, 2001). Três tipos de métodos: * Testes de competências: resolução de problemas, que implica haver respostas “corretas” e, daí, reveladoras de mais IE. * Questionários: escalas de autorrelato. Contudo, perante itens “Não sou uma pessoa criativa” ou “Sou indiferente à felicidade dos outros”, podemos estar a avaliar o autoconceito do indivíduo e/ou desejabilidade social. * Recurso a informadores: colegas e superiores que avaliem um sujeito em algumas situações. Evitam-se os enviesamentos das autorrelatos, mas comporta outros riscos: mais válida para comportamentos observáveis que atributos internos; avalia-se mais a reputação de uma pessoa, e não o que ela é efetivamente (recurso a multi-fontes avaliativas).
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Teoria da Inteligência Emocional - Alguns instrumentos de avaliação
Multifactor Emotional Intelligence Scale (MEIS) – Mayer, Salovey & Caruso, 1999 (Franco, 2003) Mayer - Salovey – Caruso Emotional Intelligence Test (MSCEIT) - 2002 Emotional Skills and Competence Questionnaire (ESCQ) - TakSic, 2000 (Faria, 2005) Trait Emotional Intelligence Questionnaire (TEI Que) - Petrides & Furnham, 2003 Emotional Quotient Inventory (EQI) - Bar-On, 1997 (Candeias, 2014) Toronto Alexithimia Scale (TAS-20) - Bagby, Parker & Taylor, 1994 Questionário de Inteligência Emocional do Professor (QIEP) - Sabina Valente & Abílio Afonso Lourenço (2020) Adaptado de Vladimir Takšić (2000) - ver (10) Wong and Law Emotional Intelligence Scale (WLEIS) - (Wong & Law, 2002; Carvalho, Guerrero, Chambel & González-Rico, 2016) - ver (10)
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Teoria da Inteligência Emocional - Estudos iniciais de validade
* Relações seguras (.28) * Pobre relacionamento com amigos (-.28) * Uso de drogas ilícitas (nos homens) (-.32) * Lutas e vandalizações (nos homens) (-.40) * Indicadores de amabilidade (.33) * Compreensão na WAIS (.39) * Atos de violência, álcool e uso de drogas (-.21 a -.40) * Agressividade avaliada pelos pares e professores (-.20 a -.46)
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Teoria da Inteligência Emocional: Estudos de validade (Head, 2002) - Associação entre a IE (MSCEIT) e a “saúde mental” de adolescentes
ver tabela (11)
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Teoria da Inteligência Emocional - Sentido prático
* a combinação do QI e da IE explica uma maior variação no desempenho do que apenas o QI; * para que a IE exerça efeitos positivos sobre o desempenho dos indivíduos, é necessário que estes disponham de um mínimo de QI (a IE carece do QI para suscitar mais elevados desempenhos); * a emoção torna o pensamento mais inteligente e a inteligência cognitiva auxilia o indivíduo a pensar as suas emoções e as dos outros; * o QI parece necessário, mas não suficiente, carecendo os seus efeitos positivos da presença da IE.
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Teoria da Inteligência Emocional - algumas críticas
* Pouca diferenciação da inteligência social, intrapessoal, interpessoais. Mais competências ou destrezas que inteligência... * Aspetos como a extroversão, a autoconfiança, a baixa ansiedade e a perceção social, embora correlacionados com a inteligência, “poderão” não ser “inteligência”. * Fraca solidez psicométrica das medidas: os questionários de medida relacionam-se fortemente com determinados traços de personalidade (falta validade discriminante) e os resultados carecem de estabilidade ou consistência interna.
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Inteligência Social: Kihlstrom & Cantor - Adelinda Candeias
Capacidade para compreender as relações pessoais – aos níveis intrapessoal e interpessoal – que se expressa através de comportamentos de resolução de problemas que desafiam o bem estar, as necessidades, os planos e a sobrevivência dos indivíduos nos seus contextos sociais de vida.
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Inteligência Social - Modelo de Kihlstrom e Cantor (2000)
IS é uma capacidade ou habilidade que define a agilidade cognitiva dos indivíduos para analisar, compreender e resolver situações sociais Duas componentes: 1. Conhecimento declarativo (informação, conhecimento, recordações) 2. Conhecimento procedimental (condutas, regras, normas sociais)
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Abordagem Cognitivista da Inteligência - Designações Frequentemente usadas
* Abordagem cognitiva da inteligência (genérica) * Abordagem cognitivista (experimental) * Teoria do processamento da informação (fluxo de processos na resolução de problemas)
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Abordagem Cognitivista da Inteligência - Confronto com a abordagem psicométrica
* Maior ênfase dada à definição e delimitação do constructo (mais o que é do que quem tem...) * Maior ênfase nos processos cognitivos do que nos produtos (mais como funciona do que quanto se fez...) * Maior ênfase experimental que análise de correlações e fatorial (mais o controlo laboratorial da resolução dos itens do que as diferenças humanas nos testes) * Maior ênfase na utilização prática do que na avaliação (mais os programas de treino do que os testes de medida…)
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Abordagem Cognitivista da Inteligência - Psicometria vs. Cognitivismo
* A psicometria ligou-se a aspetos da avaliação (seleção, diagnóstico, orientação) assente na preditibilidade dos resultados e não tanto na compreensão e na promoção dos constructos * A análise fatorial não permite a ponderação do papel dos processos cognitivos necessários a um diagnóstico mais fundamentado ou explicativo das diferenças individuais
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Abordagem Cognitivista da Inteligência - Três pontos essenciais na análise do funcionamento cognitivo
* Processos cognitivos e seu fluxo * Tipos de conhecimento, experiência e treino * Estruturas e funções neuropsicológicas
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Processos cognitivos e seu fluxo: Teoria do processamento da informação
Faseamento (ver esquema 12) Mecanismos (ver esquema 12) Sistemas de memória (ver esquema 12)
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Tipos de conhecimento (Just & Carpenter,1993)
* Factual ou declarativo: o Factual: Conhecimento sobre fatos específicos e informações. o Declarativo: Conhecimento sobre as relações entre diferentes pedaços de informação, frequentemente expresso na forma de afirmações. * Estratégico ou procedimental o Estratégico: Conhecimento sobre estratégias ou abordagens para resolver problemas. Isso inclui a capacidade de planejar, monitorar e avaliar o próprio pensamento e processos de resolução de problemas. o Procedimental: Conhecimento sobre como realizar diferentes tarefas ou habilidades. Isso envolve conhecer os passos e processos envolvidos na execução de uma tarefa. * Condicional ou sistémico o Condicional: Conhecimento sobre quando e por que usar determinadas estratégias ou procedimentos. Envolve entender as condições sob as quais diferentes tipos de conhecimento e habilidades são aplicados. o Sistémico: Conhecimento sobre a interconexão de diferentes conceitos e ideias. Isso envolve entender o contexto mais amplo e a organização do conhecimento. >>Estudos de Excelência
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Estruturas e funções neuropsicológicas
Imagem (13)
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Estruturas e funções neuropsicológicas: Análise neurológica das Funções Executivas
As funções executivas são processos cognitivos superiores que controlam e coordenam outras funções mentais. Isso inclui habilidades como o planejamento, tomada de decisões, inibição de respostas impulsivas e flexibilidade cognitiva. Usar a distinção de Cattell entre Inteligência fluida (Gf) e inteligência cristalizada (Gc), dado que a Gc é mais robusta face a lesões pré-frontais e portanto é pior para perceber mudanças relacionadas à resolução de problemas (Duncan, Burgess & Emslie, 1995). Inteligência Fluida (Gf): capacidade de raciocínio e resolução de problemas em situações novas e não familiares. É a habilidade de pensar de forma flexível e adaptar-se a desafios cognitivos. Inteligência Cristalizada (Gc): conhecimento acumulado ao longo do tempo, incluindo habilidades verbais, conhecimento cultural e experiência. É a aplicação prática do conhecimento adquirido. Exemplo: A WAIS é insensível às ditas lesões porque mede sobretudo Gc e portanto não é tão sensível a detetar mudanças na inteligência. Já o mesmo não acontece com as Matrizes (saturadas em Gf), assim sendo, são mais sensíveis a mudanças nas habilidades cognitivas, especialmente aquelas relacionadas à resolução de problemas em situações novas .
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Tipologia de estudos cognitivistas
* Mecanismos básicos da cognição * Componentes cognitivas
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Tipologia de estudos cognitivistas: Mecanismos básicos da cognição
Earl Hunt (1981): O que é aptidão verbal? Hipótese: Diferenças na aptidão verbal estão associadas/explicadas por diferenças na codificação, manipulação e acesso de informação no sistema da memória Tarefas: Emparelhamento físico e nominal de estímulos. Os sujeitos, perante a apresentação de pares de letras ("A a", "A A" e "A e") respondem, o mais rapidamente possível, à questão do seu emparelhamento (iguais ou diferentes) nas várias condições: a. diferentes física e fonologicamente, mas ambas vogais ou consoantes - relação de pertença/semântica (A e; B d) b. iguais física e fonologicamente (A A); c. diferentes fisicamente e iguais fonologicamente (A a). Resultados: Para cada condição, os tempos de reação foram diferentes, ou seja: a. codificação física (A A) - 549 ms b. codificação fonológica (A a) - 623 ms c. codificação de pertença, diferença física e fonológica (A e ou B d) - 801 ms. Conclusão: A aptidão verbal correlaciona-se inversamente com a, b e c num crescendo, refletindo o recurso a STM e a LTM. Em outras palavras, quanto menor a aptidão verbal, maior é o tempo de processamento em tarefas que envolvem codificação física, fonológica e semântica, indicando uma demanda maior nos sistemas de memória durante essas atividades verbais.
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Tipologia de estudos cognitivistas: Componentes cognitivas
Robert Sternberg (1977): O que é raciocínio? * Classificação: Envolve organizar ou agrupar coisas com base em características comuns. Por exemplo, colocar objetos ou ideias em categorias específicas. * Matrizes: Trata-se de resolver problemas ou reconhecer padrões em arranjos de elementos. * Analogias: Consiste em encontrar semelhanças ou relações entre pares de conceitos. * Silogismos: Refere-se a formas lógicas de raciocínio, onde você tira conclusões a partir de duas proposições iniciais. Por exemplo, "Todos os humanos são mortais. Sócrates é humano. Logo, Sócrates é mortal."
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Teoria componencial da inteligência: o que é o raciocínio?
Robert Sternberg (1977): O que é raciocínio? São as Componentes  Processos mais ou menos específicos/universais à resolução de determinadas tarefas Modelo aditivo-subtrativo de análise: os componentes podem ser somados (contribuem positivamente) ou ser subtraídos (impactando negativamente o desempenho global) Variáveis dependentes: tempo, % de erro e probabilidade de execução
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Teoria componencial da inteligência: Partição do item
O método da partição dos itens: * Situação A - todo o item ou analogia o PÃO - COMER; ÁGUA - (BEBER) (LAVAR) * Situação B - a segunda parte da analogia é separada por cada alternativa: o PÃO - COMER; (ÁGUA - BEBER); (ÁGUA - LAVAR) * Situação C - o primeiro termo é apresentado inicialmente em separado: o PÃO - (COMER; ÁGUA - BEBER); (COMER; ÁGUA - LAVAR)
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Teoria componencial da inteligência: Componentes
a. Codificação (encoding): apreensão dos elemento e registo na memória de trabalho dos seus atributos relevantes; b. Inferência: estabelecimento de uma relação entre os 2 primeiros termos da analogia (Pão - Comer), e seu armazenamento na memória de trabalho; c. "Mapping" (correspondência): relação entre o 1º e o 3º termo (Pão - Água); d. Aplicação: aplicação da relação (b) do 3º termo para as alternativas; e. Comparação: análise de cada alternativa face à resposta idealizada; f. Justificação: escolha de uma alternativa de resposta (considerada a superior) quando nenhuma das opções dadas parece totalmente correta; g. Resposta: após os passos anteriores o sujeito dá a sua resposta, por exemplo carrega na tecla ou botão correspondente à alternativa. Notas: 1. Correspondência e Justificação são facultativas ou optativas, 2. Algumas auto-finalizadas e outras são exaustivas… As componentes são as mesmas , varia o nº de execuções…. * "Situação A“: verifica-se: codificação (5 vezes), inferência (1 vez), correspondência (1 vez) e aplicação (2 vezes); * "Situação B“: codificação (6 vezes), inferência (1 vez), correspondência (2 vez) e aplicação (2 vezes); * "Situação C": codificação (7 vezes), inferência (2 vezes), correspondência (2 vezes) e aplicação (2 vezes).
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Teoria componencial da inteligência: Shepard (1986): O que é aptidão espacial? (componentes isoladas)
Componentes isoladas * Codificação da informação (entender e memorizar o padrão/modelo) * Rotação mental da figura * Comparação das alternativas com o padrão inferido * Resposta
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Teoria componencial da inteligência: Shepard (1986): O que é aptidão espacial? (conclusões)
* Os processos de “rotação mental” são os mais decisivos (afetam o erro e o tempo na tarefa) * Resultado em função do processamento holístico (todo) ou paralelo (realizar múltiplas operações simultaneamente) da informação * Resultado em função do ângulo da rotação (maior ângulo associa-se a maior tempo e erro) * O “peso” do ângulo oscila em função das habilidades espaciais dos sujeitos
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Teoria componencial da inteligência: Avaliação
* Informação diferenciada da realização: permite reconhecer dificuldades específicas, fazendo um melhor diagnóstico e permitindo antecipar treinos. * Dificuldade de se administrarem as tarefas a grupos, não se prescindindo de equipamentos laboratoriais. * Divisão da tarefa nas suas partes que, juntas, formarão aquela: não atende à interdependência das componentes e ao seu carácter dinâmico (o todo não ultrapassa a soma das parte- apenas olhar para as partes individuais de uma tarefa pode não capturar completamente como essas partes trabalham juntas de maneira dinâmica e influenciam o desempenho geral). * Ênfase colocada na velocidade e eficiência, e não nas habilidades, estilos e estratégias dos sujeitos. * Dificuldade em tornar a execução da tarefa independente do seu conteúdo específico e das características individuais das pessoas
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Teoria triárquica da inteligência – Sternberg (1985,1994)
A Teoria Triárquica pode ser vista como uma integração da Teoria Componencial, pois mantém a ênfase nos processos internos, mas expande essa perspectiva ao incluir experiência e contexto social como componentes igualmente importantes para a compreensão da inteligência.
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Teoria triárquica da inteligência: Subteoria componencial - Metacomponentes
Metacomponentes: processos executivos de “ordem superior” utilizados para planear, monitorizar e avaliar: 1. reconhecimento da existência de um problema; 2. definição da natureza do problema; 3. seleção dos passos necessários para resolver o problema; 4. combinação dos passos para criar uma estratégia eficaz; 5. representação dinâmica da informação na nossa mente; 6. alocação dos recursos na resolução do problema; 7. monitorização da resolução do problema; e, 8. avaliação da solução.
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Teoria triárquica da inteligência: Subteoria componencial - Metacognição e duas componentes
Metacognição Flavell (1975, p.123): “Conhecimento ou atividade cognitiva que toma como objeto, ou regula qualquer aspeto de qualquer empreendimento cognitivo” - conhecer e regular nossos próprios processos mentais Duas componentes: 1. consciência das estruturas ou funções: Saber como nossa mente funciona e compreender as partes ou processos envolvidos no pensamento. 2. planificação e controlo das estratégias: Ter a capacidade de planear e controlar as estratégias que usamos para resolver problemas ou realizar tarefas cognitivas
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Teoria triárquica da inteligência: Subteoria experiencial
A inteligência depende da capacidade para lidar com situações novas e a capacidade para automatizar a informação (algumas tarefas ou processos tornam-se tão familiares e bem praticados que passam do nível consciente para o subconsciente, exigindo menos esforço mental para serem executados) A inteligência pode ser melhor avaliada nas zonas de um continuum experiencial: 1. tarefas ou situações relativamente novas, onde a criatividade e a capacidade de adaptação são cruciais (insights) 2. tarefas envolvendo processos automatizados (passagem do consciente para o subconsciente)
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Teoria triárquica da inteligência: Subteoria contextual
Três tipos de mecanismos através dos quais o sujeito interage com o ambiente: * Adaptação: modificações que o sujeito experiencia no sentido de conseguir uma melhor adaptação ao seu meio (ex. aprender novas habilidades/comportamentos para lidar com situações específicas) * Seleção: procura alternativas para encontrar o caminho mais adequado à sua adaptação. * Configuração: modificação do ambiente para uma melhor adaptação. A adaptação, seleção e configuração são consideradas funções do pensamento inteligente em diferentes níveis, porque ocorrem em resposta a um contexto específico A inteligência não pode ser compreendida sem ter em conta a forma como se manifesta num determinado contexto.
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Novas inteligência(s): Sternberg (2000)
A inteligência não se limita às visões tradicionais (QI e medidas académicas), o espetro é muito mais complexo. Conceito de “practical intelligence” e a “successful intelligence” são 2 exemplos de inteligências introduzidas por Sternberg que não pode ser medidas por teste padronizados. * Successful Intelligence: habilidades usadas para atingir os objetivos de vida, dado um contexto sociocultural, através da adaptação, seleção e modelagem de ambientes – uso dos 3 componentes da inteligência triárquica * Practical Intelligence: capacidade de lidar eficazmente com os desafios do mundo real, envolvendo adaptação, seleção e configuração em diferentes contextos – uso da Subteoria contextual.
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Avaliação da inteligência: Preocupações das perspetivas clássicas (psicometria)
a) as avaliações devem ser contextualizadas para serem válidas b) as avaliações devem permitir diversos modos de demonstrar a competência c) a avaliação deve ajudar a definir a aprendizagem e o crescimento ao longo do tempo em função das habilidades possuídas d) a avaliação deve assegurar que a pessoa entenda a sua própria inteligência e como ela funciona
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Testes de inteligência: Fragilidades
* Realização cognitiva como simples soma aritmética de itens respondidos * Fraco diagnóstico de diferenças específicas por subgrupos e por problemas diferentes * Artificialismo e abstracionismo dos itens, fraca validade ecológica (quão bem os testes refletem o que acontece no mudo real) * Fraca evolução dos testes disponíveis; pouca atenção à intuição, metacognição e criatividade * Incidência em dimensões e itens próximos das aprendizagens académicas e na produção convergente – não abrangem totalmente as diversas formas de inteligência
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Alguns desafios práticos..
* Intervenção Precoce para Evitar Atrasos no Desenvolvimento: é possível agir de forma preventiva em situações de risco de desenvolvimento, especialmente através de intervenções precoces para evitar atrasos no progresso das habilidades? * Redução de Discrepâncias entre Desempenho e Competência: é possível reduzir as diferenças entre o que alguém é capaz de fazer (competência) e como essa habilidade é demonstrada na prática (desempenho)? * Estimativa da Modificabilidade Cognitiva e Potencial de Aprendizagem: é viável estimar o quão maleáveis são os processos cognitivos de uma pessoa e o quanto ela pode aprender, fornecendo uma ideia do potencial de desenvolvimento? * Avaliação do Investimento Necessário para Melhorar o Funcionamento Cognitivo: é possível avaliar quanto esforço e investimento são necessários para que uma pessoa alcance níveis mais altos de funcionamento cognitivo, fornecendo uma compreensão dos recursos necessários para melhorias?
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Avaliação assistida/dinâmica da inteligência: conceitos
Conceitos: * "medida do potencial de aprendizagem“ * "avaliação dos limites" (“testing the limits“) A avaliação dinâmica assume a ligação entre avaliação e intervenção e examina o processo de aprendizagem [...] o que é testado não é somente as competências possuídas mas a capacidade de melhorar e aplicar as competências na realização de tarefas (Grigorenko & Sternberg, 1998)
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Avaliação dinâmica da inteligência: Caracterização
* procedimentos que permitem a observação da criança enquanto ela está envolvida num processo misto de realização (fazendo algo) e aprendizagem (aprendendo ao fazer). * avaliação holística tomando as várias facetas da criança e as características da própria tarefa * avaliação atenta às estratégias e procedimentos de realização da criança * diagnóstico aprofundado e plano de intervenção para crianças com necessidades educativas especiais (NEEs) ou desenvolvimento cognitivo atípico * examinador mais ativo fornecendo informações e descobrindo os meios que facilitem a sua aprendizagem * reduzir a diferença entre o que a criança é capaz de fazer (competência) e como ela realmente se apresenta ao realizar uma tarefa (desempenho).
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Avaliação dinâmica da inteligência: Método
“Clínico/Educacional”: i. prestação de informações qualitativas sobre os processos cognitivos usados (ao realizar a tarefa ou ao resolver o problema); não mede apenas o desempenho final – procura entender como a pessoa pensa, aborda desafios e toma decisões ii. prestação de ajudas que alguém requer para realizar com sucesso determinadas tarefas…; não epnas mede as habilidades – avalia a capacidade de aprender com a orientação e ajustar a abordagem em resposta a essa ajuda (adaptabilidade/modificabilidade)
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Avaliação dinâmica da inteligência: Procedimentos (Simões, 1995)
1. verbalização pela criança durante e após a solução de cada item; 2. verbalização unicamente após a solução de cada item; 3. feedback simples (se a sua resposta foi correta ou incorreta); 4. feedback elaborado (explicar porque está correta ou não, ou os princípios subjacentes à realização da tarefa); 5. verbalização durante e após a solução conjuntamente com feedback elaborado
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Avaliação dinâmica da inteligência: Fundamentos - Lev Vygostsky (1896-1934)
* Zona de desenvolvimento proximal – distância entre o que se faz sozinho (nível de desenvolvimento real) e o que se faz com a ajuda de um “outro” mais capaz (nível de desenvolvimento potencial) o Exemplo: Se uma criança pode resolver problemas matemáticos simples por conta própria, mas, com ajuda, pode resolver problemas mais complexos, a diferença entre esses dois níveis é a Zona de Desenvolvimento Proximal. * Importância dos processos de mediação ou ajuda do “Outro” no desenvolvimento da pessoa
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Avaliação dinâmica da inteligência: Fundamentos - Reuven Feuerstein (1921-2014) e contribuições do Instituto
* Contexto pós-II guerra: observou danos cognitivos em crianças e adolescentes (judeus imigrantes) * Princípio da modificabilidade cognitiva: a inteligência e a estrutura cognitiva (maneira como pensamos e entendemos o mundo) podem mudar, principalmente com o ensino e desenvolvimento * Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural: as capacidades cognitivas fundamentais podem ser alteradas e aprimoradas. * Formação dos mediadores e professores: com estratégias específicas para a materialização do potencial de aprendizagem da pessoa Contribuições do “Feuerstein Institute” * Learning Potential Assessment Device (Método de Avaliação do Potencial de Aprendizagem): Desenvolveu um método para avaliar o potencial de aprendizagem dos indivíduos, considerando a capacidade de modificabilidade cognitiva * Instrumental Enrichment Program (Programa de Enriquecimento Instrumental focado na modificabilidade cognitiva) o Input: perceção, exploração sistemática, etiquetagem, codificação… o Tratamento: definição, diferenciação, categorização, formação de conceitos, formulação de hipóteses para desenvolver habilidades cognitivas o Output: alcançar clareza e precisão, controlo da impulsividade, vencer bloqueios…
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Avaliação dinâmica da inteligência: Importância dos fatores cognitivos (Feuerstein, 1980; Tzuriel, 2001; Tzuriel & Samuels, 2000)
* Exploração impulsiva e desordenada da informação * Falta de atenção (concentrada e prolongada) * Dificuldade em atender conjuntamente a 2 ou 3 elementos da informação * Dificuldade de separar informação relevante e informação irrelevante * Falta de conexão lógica no pensamento (se … então) * Falta de discurso interno (monitorização, justificação) * Demasiado egocentrismo nas respostas dadas – respostas demasiado centradas em si mesmo; não consideram perspetivas externas.
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Avaliação dinâmica da inteligência: Importância dos fatores afetivo-motivacionais (Feuerstein; Tzuriel, 2001; Tzuriel & Samuels, 2000)
* Empatia com mediador: capacidade de se conectar e entender o mediador (quem conduz a avaliação) * Necessidade de explorar a tarefa (curiosidade) é fundamental * Prazer na atividade (pode afetar positivamente o desempenho cognitivo) * Trabalhar de forma cooperativa e independente * Tolerância à frustração * Confiança na resposta correta * Vitalidade e sentido de alerta * Redução do medo de falhar * Redução de atitudes defensivas
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Avaliação dinâmica da inteligência: Relevância e avaliação do comportamento do mediador (Lidz, 1991)
1. Intencionalidade: cada ação tem um objetivo específico, claro e um propósito 2. Significação: as interações têm significado e relevância para a criança, tornando a avaliação mais eficaz. 3. Atenção e experiência partilhada: compartilhar atenção e experiências com a criança, criando uma interação mais rica e envolvente 4. Regulação na tarefa: capacidade do mediador de regular a tarefa, ajustando o nível de dificuldade conforme necessário para apoiar o progresso da criança. 5. Desafiar e elogiar: criando um ambiente de apoio e estímulo. 6. Responsividade contingente - iniciar e responder (misto): capacidade do mediador responder às iniciativas da criança - iniciando interações; respondendo às ações da criança 7. Envolvimento afetivo, empatia: criando uma conexão significativa com a criança 8. Colocação no lugar da criança, reconhecer a perspetiva da criança: criando uma avaliação mais centrada na criança. 9. Crença genuína na modificabilidade cognitiva das pessoas: o mediador acredita verdadeiramente na capacidade das pessoas de mudar e se desenvolver cognitivamente, influenciando positivamente a abordagem da avaliação
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Avaliação dinâmica da inteligência: Dois estudos (pessoais)
Araújo e Almeida (1996): * Participantes: 40 crianças com Dificuldades de Aprendizagem (DAs) de Barcelos. * Procedimento: Um grupo fez uma avaliação padrão, outro seguiu a avaliação dinâmica (descrevendo e justificando respostas sem feedback corretivo ou reforço, nem qualquer ensino direto para a resolução dos itens). * Resultados: Ambos os grupos melhoraram na segunda aplicação após duas semanas, mas o grupo da avaliação dinâmica teve ganhos mais significativos. Casas e Almeida (1996): * Participantes: Crianças do 3º ano de Braga divididas por estatuto social (alto e baixo). * Procedimento: Ambos os grupos tiveram melhor desempenho na avaliação dinâmica, com melhorias mais marcantes nas crianças menos favorecidas socialmente, especialmente em itens "gestálticos" e analógicos em comparação com percetivos. * Hipótese: Sugere-se que comportamentos menos adequados em tarefas difíceis ou processos cognitivos mais complexos podem ser uma explicação.
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Avaliação dinâmica da inteligência: Potencialidades
* diferenciação entre o desempenho atual da criança e a sua "zona de desenvolvimento proximal" - permite perceber se houve desenvolvimento ou se existe potencial para haver * maior comprometimento do aluno, e menor ansiedade, impulsividade, verbalizações e expectativas de fracasso * avaliação mais fidedigna e prospetiva das capacidades e desenvolvimento cognitivo (validade - em termos de medir as verdadeiras capacidades e o desenvolvimento cognitivo) * examinador torna-se uma parte ativa da avaliação e funciona ele próprio como "instrumento" de avaliação * indicação para a participação em programas de treino cognitivo (sujeitos e áreas específicas em que podem ser beneficiados) * indivíduos, mesmo menos capacitados, são suscetíveis de melhoria * maior capacidade preditiva para a aprendizagem face aos testes clássicos * atenção a fatores motivacionais e autoconceito * adaptação a subgrupos específicos de sujeitos: imigrantes, c/ lesão cerebral e estados demenciais * informa como o sujeito adquire, armazena e usa informação para além de avaliar o conhecimento atual * adesão fácil de psicólogos e educadores: planificação da ação psicoeducativa * indicar sujeitos que se beneficiariam da participação em programas de treino
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Avaliação dinâmica da inteligência: Dificuldades
* dúvidas sobre o resultado final atingido e sua estabilidade ao longo do tempo - pode haver questionamentos sobre a precisão e confiabilidade do diagnóstico alcançado * demasiado tempo requerido pela sua aplicação * exigências de formação dos aplicadores * falta de fiabilidade teste-reteste (mais alta nas condições estandardizadas) - pode levantar questões sobre a consistência dos resultados ao longo do tempo. * Subjetividade para determinar as funções cognitivas deficitárias e qual o tipo de mediação (intervenção) a dispensar - pode introduzir variações na interpretação dos resultados.
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Avaliação dinâmica da inteligência: CATM- Children’s Analogical Thinking Modifiability Test
Estrutura do Teste: O teste consiste em 18 blocos coloridos e 3 conjuntos de problemas analógicos (A:B; C:?). Processo de Resolução: A criança deve deduzir a relação (por exemplo, A:B) e aplicá-la aos dois blocos seguintes (C:D), sem precisar responder verbalmente. Complexidade dos Problemas: Os problemas exigem o reconhecimento e domínio de três dimensões: cor (azul, vermelho, amarelo), forma (círculo, quadrado, triângulo) e tamanho (pequeno, grande). Níveis de ajuda: * Dar feedback: fornecer informações ou orientação específica sobre a resposta da criança (correções/esclarecimento) * Análise comparativa: comparar diferentes elementos do problema, destacando semelhanças e diferenças – auxilia na compreensão de padrões e relações entre elementos * Dar exemplos * Retirar figuras: remover algumas das figuras apresentadas no problema, desafiando a criança a inferir a relação lógica entre os elementos restantes. Isso incentiva a capacidade de raciocínio independente. * Dar o modelo: o modelo completo da resolução correta é fornecido. Isso oferece à criança uma referência explícita e completa sobre como abordar e resolver o problema.
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Testes de inteligência: Recomendações
* Ampliar o Foco da Avaliação: Incluir não apenas a inteligência, mas também outras capacidades cognitivas, socioemocionais e motivacionais, assim como estratégias e estilos. * Relacionar a Inteligência com Experiências de Vida: Conectar a inteligência do indivíduo às suas experiências, como educação e formação, e enquadrar os resultados nos percursos e projetos de vida. * Incorporar Situações do Cotidiano: Adicionar questões sobre problemas comuns à vida diária, complementando os itens tradicionais dos testes. * Utilizar Avaliação Dinâmica da Inteligência: observar o processo de aprendizagem e adaptação ao longo do tempo. * Diversificar Procedimentos de Avaliação: Reconhecer a importância de outros métodos de avaliação além dos testes, envolvendo diferentes fontes de informação. * Evitar Diagnósticos Focados em Aspetos Negativos: Não concentrar o diagnóstico apenas em deficiências/patologias, evitando a cristalização de rótulos negativos. * Conscientizar sobre "Misticismo dos Testes": Considerar a influência do "misticismo dos testes", que pode levar a projeções exageradas dos resultados no futuro. * Utilizar Instrumentos Atualizados e Validados: Recorrer a instrumentos de avaliação atualizados e validados, adequados para diferentes grupos e contextos. * Enfatizar a Competência do Psicólogo: Reconhecer que o psicólogo deve ser mais inteligente que os testes que utiliza, destacando a importância da interpretação especializada.