Psicologia da Personalidade Flashcards
O que é um teste psicológico?
Uma medida objetiva e padronizada de uma pequena amostra de comportamento , cuidadosamente escolhida
Elementos básicos da definição de um teste: Elementos definidores- explicação e justificação
Ver tabela (1)
O que é avaliação psicológica?
Recolha e integração de dados psicológicos (relacionados com a psicologia) com o objetivo de realizar uma avaliação psicológica que é obtida através do uso de ferramentas tais como testes, entrevistas, estudos de caso, observação comportamental e procedimentos de medição desenhados especificamente para o efeito (Cohen & Swerdlik, 2009)
Diferença entre teste psicológico e avaliação psicológica?
Ver tabela (1)
Antecedentes históricos da avaliação psicológica- Antiguidade
2200 A.C. - Império Chinês - Seleção para cargos políticos
Escritos Greco-Romanos sobre a tentativa de categorizar os indivíduos e termos de “tipos de personalidade”
Antecedentes históricos da avaliação psicológica- Idade Média
Séc. XIII - Primeiras Universidades - Distinções e prémios dados pelas universidades europeias a alunos e professores
Uma questão de “diagnóstico” central: Quem está aliado com o Diabo?
Antecedentes históricos da avaliação psicológica- Século XIX - Atraso vs. Doença Mental e a Psicologia Experimental
1838, Esquirol - Atraso mental e Doença Mental
1859, Charles Darwin: On the Origin of Species by Means of Natural Selection - A noção de diferenças individuais
1869, Francis Galton - Interesse na hereditariedade: medição das características dos familiares e não familiares
1879, Wilhelm Wundt - Criação do 1º Laboratório de Investigação em Psicologia - Comunalidades entre os indivíduos
1890, James McKeen Cattell – Os primeiros “testes mentais” – comparação dos resultados com a norma
1892, 1895, Emil Kraepelin – teste de Associação de palavras
1897, Hermann Ebbinghaus – Testes de frases para crianças em idade escolar
Antecedentes históricos da avaliação psicológica- Século XX - Avaliação da Inteligência
1905, 1908, 1911, Binet e Simon – Primeira escala de avaliação de inteligência, a Escala Binet-Simon; introdução do termo “idade mental” e a evolução para “nível mental”
1914-1918, 1ª Guerra Mundial - Testes em Grupo para avaliar as capacidades intelectuais dos recrutas (Arthur S. Otis)
A partir dos anos 20 - Testes de aptidões e baterias de múltiplas aptidões
1939, David Wechler - Avaliação da inteligência em adultos - Wechsler-Bellevue Intelligence Scale mais tarde Wechsler Adult Intelligence Scale (WAIS)
1939-1945, 2ª Guerra Mundial - Avaliação de recrutas e o Pós-Guerra
Antecedentes históricos da avaliação psicológica- Século XX - Avaliação da Personalidade
1914-1918, 1ª Guerra Mundial - A necessidade de avaliar o ajustamento dos recrutas, para além das competências intelectuais
Robert S. Woodworth - Personal Data Sheet - Ajustamento e estabilidade emocional dos recrutas. “Tem-se sentido incomodado com a ideia de que estão a vigiá-lo na rua?”
Woodworth Psychoneurotic Inventory - Teste de Personalidade de autorrelato
1921 - Hermann Rorschach - Teste de Rorschach
1928, 1929, 1930, H. Hartshorne e M. May - Testes de desempenho ou situacionais
1930, Henry A. Murray, Christiana D. Morgan - Thematic Apperception Test (TAT)
Anos 80 e 90 – integração das duas perspectivas: traços cognitivos e afetivos (Anastasi, 1985, 1992, 1993; Digman, 1990; Golberg, 1993; Simon, 1994)
Avaliação Psicológica e Cultura
Cultura pode ser definida como “os padrões comportamentais, crenças e produtos de trabalho de uma população específica, comunidade ou grupo de pessoas, os quais são transmitidos socialmente” (Cohen, 1994)
Pais, pares, escolas […] transmitem ou prescrevem um conjunto de comportamentos e formas de pensar.
Ensina pontos de vista sobre o que é nascer em um ou outro género, raça ou etnia.
Problemas com a avaliação e cultura
Os testes de Binet aplicados por Henry H. Goddard (1913) ,um fascista. Utilizou o instrumento para ver quem podia entrar nos (EUA) (só podiam entrar os mais inteligentes.
Aplicou-o a 35 Judeus, 22 Húngaros, 50 Italianos, 45 Russos
Tinham atraso mental: 83% Judeus 80% Húngaros 79% Italianos 87% Russos
Tudo isto porque o contexto e cultura não foram tidos em consideração.
Modelo de Avaliação Psicométrico
o Modelo Correlacional, Modelo Diferencial, Modelo centrado nos Atributos
o Nomotético (podemos criar leis gerais, que se aplicam a vários indivíduos)
o Francis Galton, James M. Cattell, Alfred Binet
o O comportamento é determinado por traços subjacentes (atributos intrapsíquicos)
o Mais diagnóstico (mais remediativo) do que prognóstico (não se foca na explicação)
o Comportamento estável e independente do contexto
o Classificação e comparação dos indivíduos com base no desempenho (em testes de inteligência)
Modelo de Avaliação Psicodinâmico
o Foco na estrutura da personalidade do indivíduo, essencialmente inconsciente
o Desafia os limites dos primeiros contributos da Psiquiatria para a Análise Psicológica
o Idiográfico (muda de indivíduo para indivíduo)
o Fatores intrapsíquicos (impulsos, desejos, motivos, conflitos) como as causas do comportamento manifesto (procura explicar o porquê do comportamento)
o A avaliação acontece ao longo de todo o processo, considera a subjetividade do indivíduo, comportamento verbal e não-verbal
o Avaliação-Intervenção
o Os Estudos de Caso, um dos principais contributos
o Crítica: não pode ser aplicado a várias pessoas e por isso gasta mais recursos e não pode ser universalizado
Modelo de Avaliação Humanista
o Visão que contraria a “categorização” do indivíduo (cada indivíduo tem o seu próprio diagnóstico)
o Fatores cognitivos como a perceção -> influencia a forma como as pessoas interpretam o mundo ao seu redor
o Ênfase na experiência subjetiva do sujeito (está relacionada na forma como o paciente interpreta os fenómenos)
o “O todo é qualitativamente diferente da soma das partes” ( olha para o indivíduo como um todo e não se foca em apenas algum “problemas” - o indivíduo não consegue identificar especificamente o que “está mal”) - o humano é um todo complexo e não um conjunto de traços/problemas
o A importância da Narrativa (de vida)
o Auto-Conceito, Auto-perceção
o Critica os conceitos de perturbação mental, traços e dimensões estáticas (não ocorre uma avaliação subjetiva) - As pessoas podem mudar e crescer ao longo do tempo
o Estudo das variáveis relacionais (e.g., relação terapeuta-cliente) - importância das relações interpessoais
Modelo de Avaliação Comportamental
o Modelo EORC (estímulo-organismo-resposta-consequência)
o Foco nos Comportamentos Observáveis
o Baixa Inferência (Não procuram perceber os processos mentais subjacentes)
o Pouco interesse pelo diagnóstico
o Ênfase ambiental e contextual vs. variáveis intra-individuais (ambiente e contexto como estímulos de comportamento – mudança de contexto mudança de comportamento)
o Teorias da Aprendizagem (baseia-se nas teorias do condicionamento operante e clássico)
o Amostras de comportamento para avaliação da eficácia e informação de futuras intervenções (coleção de dados sobre o comportamento antes, durante e após a a implementação de estratégias de intervenção)
Modelo de Avaliação Cognitivista
o As Cognições afetam os Comportamentos ( a interpretação do que está à sua volta, pelo indivíduo afeta o seu comportamento)
o Variáveis Cognitivas como mediadoras (estímulo-> cognições-> resposta)
o As Cognições podem ser avaliadas (questionários, entrevistas, observações)
o As representações do meio são aprendidas
o Multidimensional (Comportamentos, Cognições, Emoções) - influenciam o comportamento
o Interação entre Pensamentos, Emoções e Comportamento - pensamentos negativos-> emoções negativas-> comportamentos evitativos
o Relação estreita entre Avaliação e Intervenção
o Análise Funcional: Micro (influencia de eventos espec
ificos) e MacroAnálise (influência de comportamentos/pensamentos ao longo do tempo
O que é a personalidade (APA)?
Personalidade (APA): Refere-se às diferenças individuais ao nível dos padrões característicos de pensar, sentir e agir. O seu estudo foca-se em duas grandes áreas: (1) Diferenças individuais; (2) Como as diversas partes da pessoa surgem juntas como um todo
O que é a personalidade (Allport)?
Gordon Allport (1937): “A organização dinâmica, dentro do indivíduo, dos sistemas psicofisiológicos que determinam um ajustamento único ao contexto”
Gordon Allport (1961): “A organização dinâmica dentro da pessoa dos sistemas psicofisiológicos que determinam os padrões de agir e pensar característicos dessa pessoa
Dificuldades na definição de personalidade
➔ Descrição da personalidade: a personalidade envolve uma ampla variedade de traços, comportamentos e características individuais. Tentar descrever todas essas nuances de maneira abrangente pode ser complicado.
➔ Dinâmicas da personalidade: Compreender as dinâmicas da personalidade, como esta muda e se desenvolve, é um desafio constante.
➔ Desenvolvimento da personalidade: não há um consenso universal sobre como exatamente a personalidade se desenvolve.
Características gerais de personalidade
- Estilo ou modo de agir
- Características relativamente estáveis que permitem predição
- Unicidade (cada um de nós tem uma determinada forma de agir; é única)
- Adaptação ou ajustamento ao contexto
- Padrões característicos de agir, pensar e sentir
Tipos de personalidade: aspetos
- O indivíduo pertence a uma só categoria (variável qualitativa)
- Teoricamente, um pequeno número de Tipos descrevem todos os indivíduos
- A pessoa “encaixa” em apenas um tipo
Traços de personalidade: aspetos
- Os resultados ao nível dos traços são contínuos (quantitativos). É atribuído à pessoa um valor numérico que indica o quanto de um traço específico (e.g., vergonha, evitamento) a pessoa apresenta
- Teoricamente, existem vários traços (18000 segundo Allport & Odbert, 1936) que explicam todas as pessoas
- Uma pessoa pode ser descrita a partir de cada um dos traços
Teorias da personalidade- perspetivas e conceitos essenciais
Biológico: temperamento, evolução, adaptativo, altruísmo, ciúmes sexuais, hereditariedade, vias de neurotransmissão…
Cognitivo: expectativa, autoeficácia, expectativa de resultados, esquema, variável cognitiva pessoal, construto pessoal, determinismo recíproco…
Humanista: autoatualização, criatividade, fluxo, espiritualidade, responsabilidade pessoal, liberdade, escolha, abertura à experiência, consideração positiva incondicional…
Aprendizagem: reforço, punição, resposta ao estímulo, condicionamento, extinção, moldagem, aprendizagem discriminativa, generalização…
Psicodinâmico: libido, conflito, id, ego, superego, mecanismos de defesa, fixação, repressão, apego, relações objetais…
Traço: traço, tipo, faceta, fatores, neuroticismo/estabilidade emocional, extroversão.
Abordagem(ns) de Traço - Como devemos descrever as pessoas? Quais são as unidades básicas da personalidade?
- Uso da linguagem
- Abordagem Lexical (através da linguagem e do léxico podemos definir a personalidade)
- Traço é um constructo teórico que descreve uma dimensão básica da personalidade (ex. envergonhado- traço que a pessoa pode ser mais ou menos)
Embora as abordagens de traço possam diferir em vários tópicos, todas:
1 - Enfatizam as diferenças individuais em características que são mais ou menos estáveis ao longo do tempo e em diferentes situações
2 - Enfatizam a medição desses traços através de testes, muitas vezes testes de auto-relato
Abordagem(ns) de Traço - Características dos Traços
- Disposições internas relativamente estáveis (tendem a ser estáveis ao longo da vida, embora possam ocorrer algumas alterações)
- Concebidos em termos bipolares ((existem extremos para classificar os traços, num contínuo)
- Aditivos e Independentes (alguns traços têm associações entre eles mas são maioritariamente independentes)
- Diferenças individuais abrangentes no funcionamento sócio-emocional (influencia dos traços na forma como agimos com os outros e em relação ao que a pessoa sente)
- “Diferenças individuais entre as pessoas em termos de pensamentos, sentimentos e comportamentos característicos” (McCrae & Costa, 1995)
Os traços, num certo sentido, residem dentro da pessoa como disposições relativamente gerais, globais e estáveis.
Apesar de ser de fácil compreensão, a ideia de traço tem sido muito discutida a partir de diferentes perspetivas (porque diferentes modelos utilizam diferentes traços)
Abordagens de traço - Construção de traços?
Teofrasto sugeriu 20; Galeno - 4 ; Cattel - 16
* Galton sugeriu que os investigadores deviam olhar para a linguagem para definir diferenças individuais
o A partir de 550.000 entradas do dicionário de língua inglesa compilou uma lista de todas as palavras que se referiam a diferenças individuais ao nível do funcionamento psicológico
o 18.000 estados psicológicos, traços, avaliações
o 4.500 estáveis
* Cattell reduziu para 171 e pediu a pessoas para avaliarem outras pessoas nesses termos. A partir daí criou 35-40 clusters de termos relacionados entre si e usou-os para a criação de instrumentos de auto e hetero-relato
o Cattel desenvolveu este processo “à mão”, dando origem ao 16-PF. Mais tarde outros investigadores começaram a aplicar o método de Análise Fatorial
* Donald Fiske (1949), a partir da mesma amostra e após um ano de cálculos, chegou a uma solução fatorial de CINCO FATORES
Abordagens de traço - Julgamento a partir dos traços
Há sempre uma probabilidade de erro associada à tentativa de predição do comportamento do outro. Contudo, há imensa evidência acerca da precisão do julgamento a partir dos traços:
1. Diferentes pessoas tendem a fazer avaliações semelhantes sobre a mesma pessoa
2. Correlação entre auto e hetero-relato (.40 - .60)
3. Valor preditivo das avaliações de traço (consigo predizer o comportamento com base nos traços)
Abordagens de traço - Traços são:
Substratos Neurofisiológicos: (baseados em processos neurofisiológicos) As caraterísticas são padrões biológicos no sistema nervoso central que causam o comportamento e explicam as consistências no funcionamento socioemocional de uma situação para outra e ao longo do tempo (Alport,Eysenck,Gray,Clominger,Zuckerman)
Disposições Comportamentais: (inatas e interagem com o ambiente) As caraterísticas são tendências a agir, pensar ou sentir de maneiras consistentes que interagem com influências externas, como normas culturais e variáveis situacionais, para influenciar o funcionamento de uma pessoa. Atribuições de caraterísticas podem ser usadas tanto para descrever resumos de comportamento quanto para sugerir mecanismos causais ou geradores de comportamento (Cattell,Wiggins,Goldberg,Hogan)
Frequências de Atos: (comportamentos observáveis que podem ser categorizados) As caraterísticas são categorias de resumo descritivo para atos comportamentais. Atos que têm as mesmas propriedades funcionais podem ser agrupados em famílias, com alguns atos sendo mais prototípicos ou representativos das características gerais da família do que outros (Buss & Craik)
Categorias Linguísticas: (construções sociais) As caraterísticas são ficções convenientes criadas pelas pessoas para categorizar e dar sentido à diversidade do comportamento e da experiência humanos. As caraterísticas não existem fora da mente do observador e, portanto, não podem ter influência causal. Através da interação social e do discurso, as pessoas constroem significados para os termos de caraterísticas (Mischel,Shweder,Hampson,Harre & Gillett)
Abordagens de traço - Diferentes perspetivas
1- Traços têm uma realidade biológica
2- Natureza disposicional dos traços (os traços fazem com que eu funcione de uma determinada forma)
3- Os traços relacionam-se com componentes funcionalmente semelhantes
4- Os nomes dos traços são úteis para a cognição social diária (são meras coisas linguísticas)
Abordagens de traço - Diferentes perspetivas (Allport)
Na vida quotidiana, ninguém, nem mesmo um psicólogo, duvida que subjacente ao comportamento de uma pessoa madura existem disposições ou traços característicos. (Allport, 1937, p. 339)
1. Os nomes dos traços são mais do que meras conveniências semânticas (não são meras palavras). Existem como estruturas neuropsíquicas não observáveis
2. Ao renderizarem (processarem) diferentes estímulos “funcionalmente equivalentes” os traços são responsáveis pela consistência no comportamento humano (se eu estou em situações semelhantes, eu computo a informação de uma determinada forma, e o meu comportamento será constante)
Abordagens de traço - Evidência da existência de um traço
A existência de um traço específico na vida de uma pessoa verifica-se a partir de pelo menos 3 tipos de evidência: Frequência, gama de situações e intensidade.
Ex. O traço teimosia pode ser revelado numa pessoa que é frequentemente teimosa ao longo do tempo, em diversas situações e quando se comporta teimosamente fá-lo com prodigiosa intensidade.