Ética e Deontologia Flashcards
Ética, moral e deontologia: Etimologia (definição geral e em psicologia)
Etimologia: Do grego ethos, significa caráter ou modo de ser…. na relação com os outros
Em Psicologia: refere o modo de ser dos psicólogos, na sua relação com os alvos da sua intervenção
Ética, moral e deontologia: Ética (definição)
Ética: valores e princípios que orientam a ação, determinam a finalidade da vida humana e os meios para o seu alcance, o estudo dos fundamentos da moral
A procura do bom e do belo, estuda valores que permitem a boa convivência humana e a cidadania; Conjunto de princípios e valores que regem a capacidade de sociabilidade e boa (con)vivência em sociedade
Ética, moral e deontologia: Moral
Moral: a ação individual, influenciada pelos valores éticos, e normas instituídas por uma sociedade ou grupo social, adquiridos por tradição, educação, e experiências e vivências quotidianas
Ética, moral e deontologia: Deontologia
Deontologia: ramo da ética; estipula os princípios, regras e deveres que regulamentam a conduta de um indivíduo, enquanto cidadão e profissional (ação legal)
Deontologia Profissional: Ética normativa; Foco na Deontologia; Questão Frequente.
Ética normativa: os ambientes profissionais são, por excelência, ótimos contextos para o exercício da ética
É a base dos deveres profissionais
Foco na Deontologia: está na intenção subjacente à conduta, na ação motivada pelo dever
Questão Frequente: A ação boa é a ação “conforme o dever” ou “por dever”?
Na ética kantiana, a resposta a esta questão deve recorrer ao conceito de “máxima”. Exemplo: um comerciante que não engana os clientes pode agir segundo a máxima “Devemos ser honestos”, mas também pode agir segundo a máxima “Não enganes os outros se não queres perder clientes”.
As máximas são assim as regras ou os princípios que nos indicam o motivo dos agentes.
São os motivos e não as consequências que determinam o valor moral das nossas ações: “ Uma ação conforme ao dever, por amável que ela seja, não tem nenhum verdadeiro valor moral. São ações honrosas e merecem louvor e estímulo, mas não estima, pois à sua máxima falta o conteúdo moral que manda que tais ações se pratiquem, não por inclinação, mas por dever.”
Na perspetiva deontológica de Kant, só quem é exclusivamente motivado pelo dever quando ajuda os outros faz algo com valor moral
Ética e Deontologia: o que exige?
Ética e Deontologia: necessidade de ser ético é uma responsabilidade de todos, ocorre com aperfeiçoamento, e exige:
* Reflexão (Eu-Tu-Outro) - Questionamento Ético
* Debate
* Crítica permanente
Questionamento Ético: o que é?
Envolve o desenvolvimento do nosso raciocínio moral
Relaciona-se com a questão dos direitos humanos
Aplica-se, muitas vezes, a questões sociais controversas que são alvo da atenção e ação da Psicologia (e.g., mentira, pagar impostos, educação, saúde, voz para todos, usos da inteligência artificial, pena de morte, aborto, eutanásia, porte de arma, roubo, tortura..)
Valores Éticos: Um bom exemplo é o respeito que os japoneses têm para com os mais velhos, transmitido de geração em geração, pelo facto de encararem os mais velhos como portadores de experiência e sabedoria. E que valores, costumes e tradições caracterizam melhor a sociedade portuguesa e influenciam a nossa ética, e consequente ação moral e deontologia?
Estudo dos Valores Europeus (EVS) (5ª Edição): Objetivo, Resultados, Confiança interpessoal na cultura cívica dos outros.
**Objetivo: ** monitorização e o mapeamento de valores nas mais diversas áreas – política, vida em sociedade, questões relacionadas com a perceção de bem-estar e felicidade, moralidade, movimentos migratórios, o papel de Estado-Providência, as redes sociais, as alterações climáticas entre outras – e permite traçar um perfil para cada país, descobrir o que nos aproxima e o que nos distancia de cidadãos de outros países europeus, identificar e comparar tendências de estabilidade ou de mudança nas últimas três décadas, em Portugal e nos restantes países europeus.
O estudo passava por “Numa escala de 1 (nunca justificável) a 10 (sempre justificável), até que ponto considera justificáveis cada um dos seguintes comportamentos?”
Verificava-se valores menores para os comportamentos que, se adotados, trazem um custo coletivo mas um benefício pessoal
Resultados indicam: Força crescente de uma norma social: não ter comportamentos que nos beneficiam individualmente, mas prejudicam todos (Consideram mais ser injustificável ter tais comportamentos)
Confiança interpessoal na cultura cívica dos outros: vão procurar benefícios individuais à nossa custa…” o valor baixo mantém-se ao longo das varias edições deste estudo e, em comparação com os outros países, os nossos níveis de confiança interpessoal são bastante baixos…
Ética e Moral: Dilemas
Um dilema moral surge quando devemos fazer o que está certo, mas não queremos, ou não podemos fazer o que está certo (conflito)
* Exemplo: Estar atrasado/a para uma festa importante e, no caminho, encontrar alguém que sofreu uma crise e precisa de ajuda.
Não queremos perder a festa, mas devemos ajudar. Temos então que decidir o que fazer (decisão pessoal). A ética enquadra a nossa ação e apoia-nos neste tipo de dilemas, fundamenta e orienta as nossas escolhas morais.
* Os valores éticos são uma referência sobre o que devemos fazer, e não uma lei absoluta.
* Não devemos mentir, mas, e se for para salvar uma vida?
Aristóteles: a ação moral exige a sabedoria de lidar com o imprevisto, isto é, prudência e sagacidade.
Ética: informações
Ética:
* Envolve então o desenvolvimento do nosso raciocínio moral
* A Psicologia tem procurado compreender os mecanismos subjacentes aos juízos morais.
Raciocínio Moral: exemplo de estudo
Exemplo de um estudo recente da Psicologia sobre o raciocínio moral que procura entender os mecanismos cognitivos subjacentes ao uso de princípios éticos e a ação moral- ex. a universalização como base do julgamento moral.
Neste artigo, os seus autores relembram-nos do seguinte:
* Nós, os seres humanos, usamos diferentes modos de decisão, quando se trata de decidir se uma ação está errada ou não: por exemplo, podemos interrogar-nos se uma ação causa danos; ou também podemos interrogar-nos se essa ação quebra uma regra.
* Levine et al. (2020) demonstraram que as pessoas, quando realizam julgamentos em circunstâncias novas, tendem a adotar regras morais que conduzem a melhores consequências, quando hipoteticamente imaginam o que aconteceria se essas regras, fossem **universalizadas ** – ie., quando regidas pelo princípio da universalidade.
Conclusão : O mecanismo da universalização pode desempenhar um papel fundamental, ao permitir que as pessoas construam novas regras morais, quando confrontadas com dilemas sociais (exs. a questão da liberdade de voto ou da preservação do ambiente).
Com efeito, porque consideramos que uma ação está errada?
Ao querermos explicar porque é que uma ação está errada, muitas vezes, pensamos e dizemos: “E se todos fizessem isso?”
Isto é, mesmo que o comportamento de uma única pessoa possa ser inofensivo, esse comportamento pode estar errado, se for considerado universalmente prejudicial.
Vejamos, por exemplo, as questões da liberdade de voto e da preservação do ambiente.
Ex. Muitas pessoas sentem-se moralmente obrigadas a votar, a reciclar, e a contribuir para o bem público em geral.
Apesar disso, as teorias atuais da Psicologia têm dificuldade em explicar porquê.
Sabemos que, por vezes, as pessoas julgam as ações de acordo com um princípio utilitário, de ajudar vs. prejudicar os outros (finalidade do comportamento)
Pensemos : a decisão de uma única pessoa, de ir votar ou não, numa eleição nacional, não faz certamente, qualquer diferença (tratando-se de uma única pessoa), mas ainda assim, neste caso, podemos pensar: “Ah, mas se todos se lembrassem de fazer o mesmo, as consequências poderiam ser outras….”
Outras vezes, as pessoas julgam as ações de acordo com as emoções que as mesmas suscitam - quando julgam, por exemplo, o esfaqueamento de uma pessoa, ou até, o agir de acordo com um costume diferente - um homem português beijar um amigo francês nas duas faces…não é tanto um costume nosso, mas sim, francês…
A votação eleitoral e a reciclagem, no entanto, raramente geram reações emocionais semelhantes….o que explicará então a decisão moral das pessoas em relação a estas questões?
Outras vezes, ainda, as pessoas julgam as ações como erradas, quando estas violam normas ou regras sociais claras
Ex: Votar é um direito e é considerado também um dever…..
Ainda assim, sabemos que a abstenção numa votação eleitoral, é legal e até comum…
Por que razão, então, alguém considera errado faltar a uma votação, ou por exemplo, reter a sua contribuição para bens públicos (não pagar impostos)?
Levine et al. (2020) perguntaram, e foi frequente ouvir algo parecido com: “Imagine o que aconteceria se todos fizessem isso!“
Esta lógica surge nas avaliações diárias de diferentes dilemas sociais
A qualquer destas perguntas, uma pessoa pode responder: “E se todos fizessem isso? O que aconteceria?”
Este mecanismo de julgamento moral tem sido apelidado de “universalização”: as pessoas decidem se uma ação é moralmente admissível, perguntando o que aconteceria se (hipoteticamente) todos se sentissem livres para fazer o mesmo.
Neste âmbito:
A investigação mostra que quanto melhor correrem as coisas com uma dada ação, mais provável é que a mesma seja julgada como algo admissível.
Quanto pior correrem as coisas, menos se espera que aconteça, e menos justificável ou admissível é considerada
A universalização difere dos modelos psicológicos dominantes de julgamento moral. De acordo com os modelos utilitários mais usados, as pessoas perguntariam: “O que aconteceria realmente se eu fizesse isso?” e não “O que aconteceria hipoteticamente se todos o fizessem?”.
O processo de universalização não tem por base respostas emocionais automáticas ou normas sociais, mas sim, as condições/restrição em que o processo se baseia, quer da utilidade (“O que aconteceria…”), quer da imparcialidade (“…se todos…”), quer das regras (“seguissem este princípio?”).
Representa, também, o recurso a métodos de decisão que geram acordo em tomadas de decisão moral coletivas, como o método da negociação, que orienta as pessoas para o uso e adesão a regras de imparcialidade, em termos de pontos de vista ou interesses, que garantem o benefício mútuo e da universalidade da ação (princípio ético)
Bases históricas da Ética e Moral, e do Direito
Historicamente, a vida social e a governação dos povos regeu-se originalmente pela** Lei de Talião, de rigorosa *reciprocidade do crime e da pena — pela retaliação, expressa pela máxima:
“Olho por olho, dente por dente”
Este princípio consta no Código de Hamurabi (antiga Babilónia, atual Iraque), a lei escrita mais antiga da história da humanidade, na origem do Direito: é uma compilação de 282 leis). ….. Que beneficia apenas quem tem o controlo da situação
Ética da Reciprocidade ou Lei Áurea ou Regra de Ouro (culturas judaica, romana, chinesa e grega) da humanidade que pode ser expressa numa injunção positiva ou negativa: ”Faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti”
”Fazer ao outro o que gostaria que este lhe fizesse a si mesmo” pode gerar elevada reciprocidade positiva, algo muito importante no desenvolvimento interpessoal e social, na gestão de conflitos, no aumento da competência social, fatores do sucesso e bem-estar em diferentes domínios da vida. * Ou:
“Não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti”
Este princípio moral subjacente estipula então:
* Cada um deve tratar os outros como gostaria que ele próprio/a fosse tratado/a (forma positiva ou diretiva)
* Cada um não deve tratar os outros da forma que não gostaria que ele próprio fosse tratado (forma negativa ou proibitiva, ou regra de prata)
Raciocínio Moral
É algo essencial e inerente à condição de ser humano
Está na base das abordagens psicológicas da moralidade
Na Psicologia, procura-se perceber como é que os seres humanos determinam:
* a melhor forma(s) de viver
* formar grupos
* criar normas para regular as suas interações sociais
* desafiarem e resolverem as desigualdades sociais e o tratamento injusto dos outros
Em que consiste?
Raciocínio moral: processo onde se avalia e julga questões éticas e morais sobre os direitos e bem-estar dos outros e a justiça. Isso envolve a capacidade de tomar decisões com base em princípios morais e éticos. Estes princípios são considerados generalizáveis (são relevantes em diferentes situações e contextos), obrigatórios e prescritivos (não são apenas sugestões, mas sim diretrizes que prescrevem como as pessoas devem agir em determinadas circunstâncias). Os princípios morais frequentemente se alinham com os princípios contidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos
Bases fundamentais para o desenvolvimento do raciocínio moral: Responsividade Empática
Responsividade Empática: prontidão com que respondemos ao mal estar de outra pessoa, a preocupação com o bem-estar dos outros – é um aspeto chave da moralidade humana e um percursor importante do RM (ainda que não o defina)
* Este tipo de responsividade desenvolve-se gradualmente a partir da infância precoce, por observação dos outros significativos e na dinâmica das interações sociais quotidianas
* É uma condição necessária, mas insuficiente ao desenvolvimento efetivo do RM
* Há evidências que no período neonatal, as crianças já reagem negativamente ao mal estar dos outros (e.g., perante o choro de semelhantes e mais do que ao som gravado do seu choro)
* A partir dos 2/3 anos, aumenta o interesse e preocupação com o mal estar dos outros (pais), apesar de se verificar muita variabilidade entre crianças e alguma variabilidade ao longo do tempo na mesma criança (ex. estabilização aos 2 anos)
Bases fundamentais para o desenvolvimento do raciocínio moral: Compreensão das Situações Sociais
Compreensão das Situações Sociais: depende também da qualidade das experiências da criança – por ex., aos 2 anos as crianças têm muita dificuldade em compreender se o outro está triste, após um acontecimento negativo, se essa outra pessoa não evidencia sinais de tristeza…
* A compreensão social envolve a capacidade para entender e avaliar as crenças, objetivos e desejos dos outros, o que o outro quer…entender e responder aos estados psicológicos dos outros
* A compreensão sofre mudanças importantes a partir dos 3 anos de idade, com as crianças a reagirem de modo diferente às reações de pessoas e objetos
* Os comportamentos de preferência por determinadas reações dos outros, de ajuda para repor o bem estar ou evitar o mal estar do outro, e de participação da criança neste tipo de ações, podem/devem ser encorajados e modelados pelos adultos, já que influenciam o desenvolvimento do RM das crianças
* Os comportamentos de ajuda podem ensaiar-se e repetir-se na família e serem facilitados pelo apoio social nas interações sociais quotidianas
* Relacionam-se significativamente com o encorajamento do cuidar dos outros
* À medida que as crianças crescem e se desenvolvem, adotam-nos autonomamente, sem necessitarem já do mesmo encorajamento, para os exibirem
* As crianças começam também a perceber gradualmente que os seus desejos nem sempre são partilhados pelos outros (Ex. conflito de interesses: a criança quer realizar uma ação “não aceitável” “proibitiva” – bater na face do pai, morder, empurrar; ou subir a um banco, a um parapeito de janela…)
* Os adultos diferem muito no modo como respondem a estes tipos de ação: nos mais zangados, com mais intervenções físicas, e referência às consequências; ou com voz menos alterada, deixando a criança exibir o comportamento por segundos, experimentando alguma consequência inócua, desviando a sua atenção para uma brincadeira,…)
* As crianças também reagem de modo variado, e podem ou não ir ao encontro das expectativas dos adultos, nestas situações: aderem, tentam negociar ou recusam fazer o que se lhes pede
* Algo importante nesta fase é o tipo de avaliação que a criança vai fazendo do seu comportamento: atua para não contrariar os adultos ou adota genuinamente uma regra para não o fazer, por ex. , “Não magoar os outros”
* Estas regras serão os percursores dos sinais de alguma culpa e vergonha
Bases fundamentais para o desenvolvimento do raciocínio moral: Desenvolvimento de culpa e vergonha
Desenvolvimento de culpa e vergonha: a criança observa outros a roubar ou a magoar alguém e avalia estas interações, a partir de uma regra, reagindo com protestos ou julgamentos morais
* Aos 3 anos podemos já observar julgamentos de RM nas crianças, através das suas explicações verbais, com julgamentos prescritivos obrigatórios face a atos que prejudicam os outros, que recusam recursos e provocam vitimização
* As crianças ajuízam o que está certo e errado e protestam face a violações de princípios
* Ao longo a adolescência e vida adulta, assiste-se a novas capacidades de raciocínio (e.g., teorias pessoais sobre a mente, julgamentos sobre intenções e atitudes)
* As situações sociais complexificam-se, tornam-se intergrupais, são multifacetadas e variadas, na família, escola, trabalho, grupo de pares, na comunidade, colocando muitas vezes dilemas que tornam difícil avaliar e decidir sobre as próprias ações e dos outros
Bases fundamentais para o desenvolvimento do raciocínio moral: Relações intergrupais
Relações intergrupais: maior probabilidade de discriminação, exclusão social e viés
* Devemos atender às regras de grupo, à identidade de grupo, na vida social, para melhor compreender como evolui o RM, ao longo da vida: afiliamo-nos a grupos (sexo, etnia, trabalho) e isso pode apoiar-nos face à multiplicidade de expectativas sociais em relação à nossa conduta
* Os grupos tendem a formar-se a partir de condições, objetivos, interesses e atividades partilhadas
Regras de grupo e identidade de grupo, na vida social:
* Quando pensamos a partir das regras ou identidade de grupo, as consequências de uma decisão ou ação já envolvem não só o individuo mas o grupo, de certo modo, é um raciocínio “menos egoísta, individualista”
* Ainda assim, pode haver ações que preservam as regras e/ou identidade do grupo e serem moralmente inaceitáveis e que podem criar situações dilemáticas (Dahl, 2015)
* Nesses casos, a exclusão de elementos de um grupo ou, mais difícil ainda, a inclusão de elementos num grupo, quando as regras ou identidade do grupo é posta em causa….é complexa
o Exemplos: exclusão de um elemento lento e menos produtivo, de uma equipa competitiva, para garantir o seu sucesso, traz este benefício ao grupo, ainda que desconforto ao próprio, mas estando em jogo questões de competitividade….?! Uso de critérios de mérito
Conflito entre as normas de grupo e a moralidade:
* Excluir um elemento baseado na sua etnia ou género: Injustiça
* As crianças e jovens estão bastante alinhadas com princípios relacionados com o bem-estar dos outros, justiça e igualdade (estrita, inicial, e depois, relativa, por exemplo nos casos de grupos desfavorecidos) na distribuição de recursos e oportunidades associadas
* ….Mas quando se trata de questionar as regras ou identidade de grupo, isto é menos óbvio e tendem a ativar estereótipos
* Este tipo de conhecimentos permite-nos compreender como evolui o raciocínio moral e como podemos favorecer ambientes mais inclusivos e garantir os direitos, o bem-estar e a justiça de modo generalizável, obrigatória e prescritiva
Modelo de Reflexividade Ética no âmbito da Carreira: Marques, 2015; Marques & Silva, 2017
Três níveis, em que basicamente:
1. “Pensamento em Espelho”: no processo de tomada de decisão, considera apenas o que é importante para si
* Foco nos seus interesses e competências e nas consequências pessoais das suas opções de carreira, os outros são considerados, mas de modo instrumental
2. “Comparativo Antecipatório”: para além do Self, considera as implicações da sua decisão para os outros mais próximos
* Deixa a perspetiva autocentrada para conseguir entender e considerar, nas suas opções profissionais, consequências a médio prazo, e o papel dos outros, ainda que os outros possam incluir apenas pais e pares
3. “Questionamento Ético”- considera o self, os outros próximos, e um “outro mais distante”, antecipam consequências para a sociedade e para o ambiente
* É capaz de refletir considerando a sua perspetiva, a dos outros, mais próximos (e.g., pais, pares) e a de um outro mais distante (e.g., sociedade mais em geral)
* Perspetiva consequências das suas opções de carreira para os outros e dos outros, nas suas opções de carreira.
Grelha de Análise de Respostas às situações colocadas: categorias gerais
Duas grandes categorias gerais:
A. Fatores de decisão que os indivíduos têm em consideração
B. Consequências das opções consideradas
Categorias em cada grande categorial geral:
* Fatores: relacionados com a pessoa, exploração de opções, planeamento, dificuldades
* Consequências: relacionais, bem-estar, económico/politicas
Grelha de Análise de Respostas às situações colocadas: Subcategorias - Fatores
Subcategorias - Fatores
* Pessoa: inclui os interesses, as competências, a agência, a “vocação”, as emoções (próprias e do outro mais próximo).
* Exploração: a observação, a imaginação, a informação, a experimentação, e os recursos
* Recursos: internet e figuras de suporte (familiares, pares, psicólogos, professores, conhecidos)
* Planeamento: a perspetiva temporal de futuro e as expectativas de futuro(exs. o salário, as barreiras e o sucesso)
* Dificuldades: na tomada de decisão, na profissão/ocupação, o impacto das escolhas nos outros, na implementação da escolha (para si e para os outros próximos).
Grelha de Análise de Respostas às situações colocadas: Subcategorias - Consequências
Subcategorias - Consequências
* Relacionais (impactos em si e no outro próximo): separação, reconhecimento social, a ajuda (self e no outro próximo), a correspondência com interesses, expectativas, etc; e novas relações.
* Bem-estar: a motivação, o arrependimento, a felicidade, o desenvolvimento de competências, o tempo livre e a saúde.
* Económico/políticas: para o país, para as oportunidades e económicas.
Direitos Humanos
Entendimento: Os indivíduos e certos grupos são portadores de direitos humanos.
O que significam? Os direitos humanos são os direitos e liberdades básicas que pertencem a todas as pessoas, no mundo, desde o nascimento até à morte.
Baseiam-se em valores comuns, como a dignidade, a justiça, a igualdade, o respeito e a independência. Estes valores são definidos e protegidos por lei.
Quem deve salvaguardar os direitos humanos? O Estado é o principal órgão que pode proteger (e/ou violar) os direitos humanos.
Declaração Universal dos Direitos Humanos: emitida pelas Nações Unidas, em 1948, enuncia um conjunto de normas morais fundamentais enunciadas na Declaração da Independência dos EUA e na Carta dos Direitos
Inclui 30 direitos: fortaleceu ativismo dirigido à procura de melhorias para a humanidade e combate às desigualdades
Declaração Universal dos Direitos Humanos: Todos estes direitos afirmam consistentemente a dignidade do ser humano como um pressuposto necessário de qualquer teoria moral adequada e como um critério fundamental para avaliações da adequação moral das instituições sociais (Penn, 2006)
Esta dignidade diz respeito a cada indivíduo, independentemente da sua etnia, religião ou identidade nacional, e envolve direitos básicos, como o direito à vida, à liberdade, à segurança da pessoa, à igualdade perante a lei e à inviolabilidade da consciência individual.
Embora a lista alargada de direitos e deveres varie, nas declarações clássicas e mais modernas, cada lista constitui uma forma de esboçar os contornos do bem comum, os vários aspetos do bem-estar individual na comunidade (Finis, 1986, p. 214)
É esta ênfase na importância central do bem-estar do indivíduo na comunidade - e a natureza correlativa dos direitos e deveres individuais necessários para proteger e promover esse bem-estar, nos seus muitos e diferentes aspetos - que constituem as características definidoras de uma moralidade universalizável.
Qual é o direito humano mais importante?
- Em 2016, numa sondagem da empresa YouGov, verificou-se que a resposta a esta questão dependeu, em parte, do país onde se vive…
- A YouGov interrogou pessoas de sete países europeus e dos EUA, sobre os 30 direitos humanos que aparecem em declarações das Nações Unidas, do Conselho Europeu e da Carta dos Direitos Americana.
- Incluiu ainda, na lista, direitos que têm figurado de forma saliente em debates recentes, nos meios de comunicação social.
- Os inquiridos foram convidados a escolher até 10, dos 30 direitos, que consideravam os mais importantes.
- A liberdade de voto foi classificada como o direito humano mais importante em cinco dos oito países participantes (Países: Alemanha, Dinamarca, EUA, Finlândia, França, Noruega, Suécia e Reino Unido (Fórum Económico, 2016)
- Os Estados Unidos valorizaram a liberdade de expressão como o direito humano mais importante. A liberdade de expressão foi também muito valorizada na Alemanha: os seus cidadãos consideram-na como o direito mais importante.
- Em todos os oito países, mais de 50% dos inquiridos selecionaram a liberdade de expressão como um dos direitos mais importantes - foi o único direito a receber 50% ou mais dos votos de todos os países.
- O direito a um julgamento justo também foi considerado pelas pessoas, em metade dos países, como um dos cinco mais importantes. Na Grã-Bretanha, foi eleito o segundo mais importante, e, nos EUA, Alemanha e Dinamarca, ficou em quarto lugar.
- O **direito à educação escolar gratuita e a cuidados de saúde de baixo custo ** são considerados uma prioridade pela maioria dos países. No entanto, a França e os EUA deram menos valor a estes direitos do que outras nações.
- Diferenças culturais e nas políticas públicas de educação e saúde, por exemplo, podem explicar tais diferenças
- Os EUA também diferem dos países europeus quanto à liberdade de religião, um direito classificado como importante por 53% dos americanos, mas considerado importante por menos de 30% das pessoas na maioria dos outros países.
- A* vida de uma criança por nascer* é outro direito que os americanos valorizam muito mais do que os europeus, com 30% dos cidadãos americanos a nomeá-lo como um dos direitos mais importantes, enquanto na maioria dos países europeus, menos de 10% das pessoas consideram-no uma prioridade.
- Outra área onde americanos e europeus têm opiniões muito diferentes é o direito de possuir uma arma. Quase metade dos inquiridos norte-americanos considerava a sua liberdade de possuir uma arma como um direito humano importante, enquanto menos de 6% dos cidadãos dos países europeus têm a posse de armas no topo da sua lista.
- Entre os direitos classificados como menos importantes pelos oito países incluem-se os direitos de disputar eleições sem limites de gastos, criar/gerir uma empresa com poucos regulamentos e viver numa área sem muitos imigrantes.
Consideração dos Direitos Humanos
A consideração dos Direitos Humanos orienta a nossa preocupação, pensamento e a nossa ação individual e coletiva, na procura de soluções para problemas da maior importância, vários dos quais com expressão global
Exemplo: Até que ponto toleramos e reagimos perante a pobreza, no nosso país?
Como explicamos e entendemos que deve ser combatida, no nosso território?
E quanto à Pobreza no Mundo?
Em que medida a Psicologia e os psicólogos podem ajudar a resolver este problema?
AGENDA 2030: “Transformando o nosso Mundo - a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável de 2030”: Informações
Criada em 2015 pelos 198 Estados membros da ONU
Resulta da cooperação intergovernamental e de cidadãos de todo o mundo
Pretende-se criar um novo modelo global para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar de todos, proteger o ambiente e combater as alterações climáticas
AGENDA 2030: “Transformando o nosso Mundo - a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável de 2030”: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Integra 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), divididos em 169 metas
1. Erradicar a pobreza
2. Erradicar a fome
3. Saúde de qualidade
4. Educação de qualidade
5. Igualdade de género
6. Água potável e saneamento
7. Energias renováveis e acessíveis
8. Trabalho digno e crescimento económico
9. Indústria, inovação e infraestruturas
10. Reduzir as desigualdades
11. Cidades e comunidades sustentáveis
12. Produção e consumo sustentáveis
13. Ação climática
14. Proteger a vida marinha
15. Proteger a vida terrestre
16. Paz, justiça e instituições eficazes
17. Parcerias para a implementação dos objetivos
AGENDA 2030: “Transformando o nosso Mundo - a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável de 2030”: Objetivos de Desenvolvimento do Milénio
Sucede aos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (2000-2015), a concretizar por todos os países em áreas relacionadas tão diversas como:
* acesso equitativo à educação e a serviços de saúde de qualidade
* criação de emprego digno;
* sustentabilidade energética e ambiental;
* conservação e gestão dos oceanos;
* promoção de instituições eficazes e de sociedades estáveis e o combate à desigualdade a todos os níveis.
Enquadra o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e os projetos e atividades profissionais da Psicologia em vários contextos e âmbitos
AGENDA 2030: “Transformando o nosso Mundo - a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável de 2030”: Cinco eixos ou 5Ps
- Pessoas: Erradicar a pobreza e a fome em todas as suas formas, assim como zelar para que todos os seres humanos possam explorar seu potencial com dignidade e igualdade num meio ambiente saudável.
- Planeta: Proteger o planeta contra a degradação, mediante um consumo, uma produção e uma gestão dos recursos naturais sustentáveis, e adotar medidas para frenar as mudanças climáticas.
- Prosperidade: Conseguir que todos os seres humanos possam desfrutar de uma vida próspera e plena e que o progresso económico, social e tecnológico ocorra em harmonia com a natureza.
- Paz: Alcançar sociedades pacíficas, justas e inclusivas, livres do medo e da violência.
- Parcerias: Mobilizar os meios necessários para implementar a Agenda 2030 mediante parcerias baseadas na solidariedade e focadas nas necessidades dos mais vulneráveis.
Portugal participou no processo de definição desta Agenda.
Destacou-se na defesa mais vincada dos seguintes objetivos:
* Promover sociedades pacíficas e inclusivas
* Erradicar todas as formas de discriminação e de violência com base no género
* Conservar os mares e oceanos, gerindo os seus recursos de forma sustentável