Psicologia da Inteligência Flashcards
Relevância do estudo da inteligência
Inteligência no seio dos grandes construtos psicológicos (Personalidade): inteligência, emoção, motivação, valores … na explicação do comportamento humano
A existência própria da inteligência: constructo psicológico vs. construção social
Debate sobre se a inteligência é uma característica inerente, medida por testes de QI. Ou se é algo moldado por normas e valores de uma sociedade específica ( a sua definição pode variar culturalmente e no tempo)
Artigo da Wall Street Jornal: significado e a avaliação da inteligência
- A inteligência é uma capacidade mental muito geral que, entre outras coisas, envolve a capacidade de raciocinar, planear, resolver problemas, pensar abstratamente, compreender ideias complexas, aprender rapidamente e aprender com a experiência. Não se trata apenas da aprendizagem de livros, de uma competência académica restrita ou da capacidade de fazer testes. Pelo contrário, reflete uma capacidade mais ampla e profunda de compreender o que nos rodeia - “perceber”, “dar sentido” às coisas ou “descobrir” o que fazer.
- A inteligência, pode ser medida através de testes de inteligência. Estes, Estão são dos mais precisos (em termos técnicos, fiáveis e válidos) entre os testes e avaliações psicológicas. Não medem a criatividade, o carácter, a personalidade ou outras diferenças individuais.
Conceito de inteligência geral
Potencial biopsicológico que nos permite pensar, aprender e resolver problemas;
Capacidade ou habilidade desenvolvida de raciocinar (esquemas operatórios; funções cognitivas de resolução das tarefas e problemas)
Esquema: inteligência geral
A partir do construto de inteligência são criados testes que consigam avaliar diferenças apartir dos resultados. O construto de inteligência também afeta a definição /teoria e esta ajuda a interpretar os resultados dos testes.
Avaliação: Testes psicológicos de inteligência
· Tudo o que existe é detetável (quantidade, estado)…
· Os testes psicológicos de inteligência podem revelar as potencialidades e fragilidades cognitivas de uma pessoa. Eles são ferramentas que permitem aos psicólogos identificar as áreas em que uma pessoa pode ser mais forte ou mais fraca em termos de habilidades cognitivas.
o A inteligência correlaciona-se fortemente com o sucesso educacional, profissional e social, uma vez que um QI elevado auxilia na tomada de decisões e no raciocínio.
o Os testes de pontuações de QI fazem previsões igualmente precisas para todos, independentemente da raça e classe social.
· O psicólogo deve ser melhor que os instrumentos que usa: a interpretação dos resultados requer a experiência e o julgamento de um psicólogo treinado
Conceitos estatísticos - sensibilidade, precisão e validade; normas
A distribuição da inteligência entre indivíduos segue uma curva normal, prevendo com precisão diversos resultados na vida.
Existem diferenças entre grupos étnico-raciais no que diz respeito ao QI, embora membros de todos os grupos estejam representados em todos os níveis de QI
Disparidades no QI entre grupos étnicos e raciais persistem ao longo do tempo, com as razões para essas diferenças estarem envolvidas com a interação complexa de fatores genéticos e ambientais, embora não existam respostas definitivas. Essas disparidades também persistem dentro dos mesmos contextos socioeconómicos em certa medida
Sensibilidade, precisão e validade: são as caraterísticas psicométricas da medida que se tem em conta quando se mede o QI. Os testes devem ser sensíveis, precisos e válidos.
Normas: Interpretação dos desempenhos; As normas são dados de referência que indicam como o desempenho de um indivíduo se compara com a média da população
Galton e Mck.Cattell
· Sequência da psicologia experimental de Wundt
· Inteligência associada à acuidade dos sentidos e qualidade dos movimentos (Ss diretamente observáveis) - A informação que recebemos chega-nos através dos sentidos; Quanto maior for a nossa perceção das diferenças pelos sentidos, melhor será o nosso julgamento e inteligência
· Maior ou menor inteligência: (i) discriminação sensorial e (ii) coordenação motora - Quanto mais baixo fosse o nível de aptidão intelectual indivíduo, menor seria a sua capacidade de discriminação sensorial e coordenação motora.
· Tarefas: diferenciar sons, pesos, tamanhos, cores… tempos de reação simples e complexos, articulação de movimentos de pernas e braços.
· Aparecimento da expressão “teste mental” (Cattell)
· Baixas correlações com medidas de desempenho e busca de outras formas de medida (Ss) - As correlações entre as medidas sensório motoras e as medidas de capacidade intelectual contrariam as suas conceções fazendo diminuir progressivamente a utilização das suas escalas para tais fins
Esquema: inteligência Cattel e Galton
O construto de inteligência permite criar testes e teoria que consequentemente ajudam a avaliar as diferenças apartir dos resultados de testes e ajudam a interpretar esses resultados. Esses resultados afetam a teoria ajudando a compreender melhor o construto da inteligência.
Teoria compósita/QI: Alfred Binet - objetivo, ideias, definição de inteligência e os seus fatores
Pedido: Identificar crianças com problemas / atrasos na aprendizagem
Recusa da suficiência das funções simples (sensações, perceções, tempos de reação)
Inteligência é ação deliberada de realização de tarefas:
· compreensão da tarefa ou problema (discernimento);
· inovação ou evocação de possíveis soluções;
· direção ou resolução orientada por um objetivo
· avaliação ou apreciação da qualidade do resultado face ao objetivo
Uma criança distingue-se de um adulto no nível inteligência porque recorre a estas dimensões de uma forma mais fraca ou limitada
Alfred Binet: Como as crianças interagem e resolvem as tarefas?; Escalas de inteligência
Processos básicos e superiores: Atenção, perceção, compreensão, memória, invenção, raciocínio, avaliação
Conteúdos diversos ( diferentes tipos de informação com que a criança interage): verbais, figurativos, numéricos, manipulativos (práticos)
Escalas de inteligência
· versão de 1905 (30 itens em ordem crescente de dificuldade; 3-13 anos)
· versão de 1908 (organização etária dos itens - os itens estão separados por faixas etárias)(ver escala ppt); Desenvolvimento Mental (Reconhece uma relação entre o crescimento etário dos sujeitos e a sua capacidade de resolução das situações)
· Conceito de IM e QI de razão
Alfred Binet: Elementos Pioneiros
· Conceptualização da inteligência como um processo psicológico complexo que é inferida (constructo; variável latente) através dos desempenhos da criança em tarefas objetivas (resolução das tarefas);
· Não se pode chegar à inteligência com base nas funções simples sensório motoras
· Diversas funções (sensação, compreensão, memória, raciocínio, criatividade…) entram na resolução cognitiva, a par das emoções e motivações
· Após Binet, a evolução na psicologia continuou através de duas linhas: (i) a ênfase na medida/instrumento e nos testes e no seu aperfeiçoamento (psicometria), e (ii) a ênfase no desenvolvimento ao longo da infância e adolescência (psicologia genética ou do desenvolvimento)
· A avaliação do nível intelectual deve ser acompanhada de uma interpretação das causas que o produziram
· Criou a Ortopedia mental: intervenção que tem em vista desenvolver a debilidade e o atraso através do exercício (prática de exercitação cognitiva), ou seja, aumentar a facilidade dos sujeitos em certas componentes da aptidão ou melhorar as funções intelectuais.
· Conceito desenvolvimental de “Idade Mental”: Prós e contras
· Conceito unitário de inteligência (não é só uma habilidade/traço; inclui uma grande variedade de situações, e, por isso, a inteligência era o produto de muitas aptidões) e baterias compósitas de inteligência (testes que avaliam o desempenho de alguém em várias áreas)
· Versões revistas da Escala de inteligência Binet-Simon:
o USA (Stanford-Binet); Terman Merrill
o França (NEMI); Henri Zazzo
· Dificuldades: IM e QI de razão: : Idade Mental (nível de desenvolvimento mental), idade base (itens que devem ser resolvidos até a x idade) + bonificações (itens resolvidos para faixas etárias superiores à da criança); QI de razão: Com base na diferença entre a idade mental e idade cronológica é possível ver se a criança apresenta um desenvolvimento mental normal (idade normal/ idade cronológica x 100)
· Elaborou uma escala métrica ou quantitativa da inteligência para crianças - escala de inteligência Binet-Simon (organizada por subtestes). Esta escala que permitia diferenciar os atrasos escolares diretamente ligados a deficiências intelectuais, dos atrasos associados a condições ambientais desfavoráveis
Galton e Mck.Cattell vs Binet: Diferenças
· Galton e Mck.Cattell: Capacidade intelectual dos sujeitos é a manifestação das suas aptidões simples, nomeadamente, as capacidades discriminativas sensoriais; as características intelectuais são estáveis
· Binet: capacidade intelectual é manifestada através das funções complexas ou superiores do comportamento, mensuráveis em si mesmas; as características intelectuais podem ser melhoradas
Galton e Mck.Cattell vs Binet: Semelhanças
· Ambos consideram a inteligência como um todo: capacidade mental unitária (Galton e Mck.Cattell), produto que integra diferentes capacidades (Binet).
· Preocupação comum na avaliação da inteligência: índices fisiológicos - TR (Galton…) parâmetros avaliados em tarefas - memória (Binet)
Escala de inteligência de Wechsler: definição de inteligência
A inteligência é um agregado de capacidades ou uma capacidade global. A sua avaliação apenas é possível através da consideração conjunta dos diferentes aspetos das aptidões
WISC: Provas
Quanto às provas verbais temos:
· Informação: aquisições informativas do sujeito e a sua retenção; Itens fortemente ligados às experiências culturais escolares do sujeito.
· Compreensão: medida do “senso comum” e adaptação, com apelo à capacidade do sujeito de recorrer à informação prática possuída e avaliar experiências passadas.
· Aritmética: concentração e raciocínio numérico, através de cálculos práticos e rápidos.
· Semelhanças: perceção das relações lógicas entre termos, através de um processo de raciocínio inferencial.
· Vocabulário: índice das aprendizagens escolarização do sujeito; Desenvolvimento da linguagem e formação de conceitos.
· Memória de números: medida da memória de trabalho ou memória a curto prazo, através da repetição de números numa ordem direta ou inversa quanto à sua apresentação.
Quanto às provas de realização temos:
· Completamento de figuras: capacidade discriminativa do sujeito; diferenciação do essencial do não essencial e, reconhecimento (memória) visual de objetos familiares
· Ordenação de figuras: capacidade de antecipação, compreensão e chegada à ideia de conjunto com base nas relações das suas partes.
· Arranjo de figuras: coordenação visuo-motora; atenção e velocidade de execução; processos de pensamento e capacidade de abordagem geral da tarefa.
· Cubos: perceção e análise de formas; Capacidade de síntese de sujeito, planeamento probabilidades (raciocínio) no seguimento de um padrão visual; Integração visuo-motora.
· Código (facultativo): velocidade de aprendizagem e realização em tarefas simples, não familiares; Velocidade motora e coordenação visuo-motora; Acuidade de realização.
· Labirinto (facultativo): perceção visual e coordenação visuo- motora; Capacidade de análise global e de observação do pormenor.
WISC: Notas de QI
QI Global: medida geral
· QI Verbal e QI de Realização
WISC: índices ou fatores
O teste inclui as provas de realização e verbais, e os seus subtestes estão associados a diferentes índices/fatores:
· ICV: Compreensão verbal (informação, Semelhanças, Vocabulário, Compreensão)
· IOP: Organização percetiva (Completamento de gravuras, Disposição de gravuras, Cubos, Composição de objetos)
· IVP: Velocidade de processamento (Código, Pesquisa de símbolos)
WISC: Análise de substestes
Scatter: podem haver variações/discrepâncias significativas entre as pontuações em diferentes subtestes, o que pode indicar áreas em que a criança se destaca ou tem desafios
O que nos dá cada Escala?- WAIS-III
Um resultado, em termos de QI, por conteúdo: QI Verbal e QI de realização; e QI global
Índices fatoriais:
· Um índice de Compreensão Verbal
· Um índice de Raciocínio Perceptivo
· Um índice de Memória de Trabalho
· Um índice de Velocidade de Processamento
Observação de comportamentos na aplicação da WISC-III e exemplos
GATSB: Guide in the assessment of tesd sessions behaviors for the WISC-III and WIAT: é uma lista de verificação de classificação de comportamento baseada em normas, com 29 itens, que se destina a quantificar o comportamento da sessão de teste de crianças (6 a 16 anos) durante uma administração WISC e/ou WIAT. Os pontos são convocados em três níveis baseados em três fatores (Evasão, Desatenção, Humor Não Cooperativo) e em uma escala total.
Exemplos de itens de observação do GATSB
· Persistência nas tarefas difíceis
· Interesse nas tarefas de teste
· Esforço para resolver bem os itens
· Comportamento típico de crianças mais novas em idade
· Instabilidade (pergunta constante do tempo ou dos itens para acabar…)
· Necessita de elogios para permanecer na tarefa
· Manifesta hesitações, anula respostas
Escala de competências cognitivas (ECCOS 4/10 ) - Características
Características da ECCOS:
· Avaliação assente num modelo compósito de inteligência
· Conjugação de seis processos cognitivos com dois tipos de conteúdos (verbal ou linguístico e não verbal ou manipulativo)
· Tipologia de prova constante ao longo das faixas etárias, diferenciando-se a complexidade dos itens
· Tarefas próximas do quotidiano infantil e contextualizadas
· Introdução de critérios de início e paragem de aplicação
· Flexibilidade na sucessão de aplicação das provas
· Critérios de cotação das respostas simples e com exemplificações
Escala de competências cognitivas (ECCOS 4/10 ) - descrição
Ver tabela
Escala de competências cognitivas (ECCOS 4/10 ) - Aferição
Amostra
· 539 crianças
· Residentes na zona Norte de Portugal Continental
· Organizadas em 14 faixas etárias, dos 4 aos 10 anos
· Equitativamente : Género, Zona de Residência (urbano/rural), e Região do País (interior/litoral)
Precisão: o teste mostra-se preciso, com valores do Alpha de Cronbach elevados; contudo no teste-reteste, as categorias de construção de figuras e de construção de histórias não atingiram sequer o 0.60 para o Alpha e por isso, apresentavam baixa precisão
Validade Genética
Validade Empírica: apesar das correlações serem estatisticamente significativas, as mais elevadas representam valores considerados moderados
Validade do construto: os valores obtidos foram todos estatisticamente significativos ao longo das diferentes faixas etárias - verificou-se que a média dos resultados totais aumenta, de um modo geral, com a idade, não só para a amostra total como também para as subamostras de rapazes e raparigas confirmando, deste modo, a existência de validade de constructo desta prova
Síntese das teorias compósitas de inteligência
· Multiplicidade de funções cognitivas (amálgama; composto)
· Diversidade de tarefas e conteúdos (não apenas linguagem e escolarização)
· Testes referenciados a Binet e a Wechsler, mas novas baterias (ex. ECCOS 4/10)
· Conceito de QI de desvio
· Conceito universal de QI (OMS): média de 100 pontos, e unidade de desvio de 15 pontos
Esquema: inteligência como fator g
O fator g insere-se na zona dos resultados, porque os resultados permitem perceber as diferenças nas dimensões da inteligência. Os resultados são interpretados através da teoria e recolhidos através de testes. Os resultados afetam a teoria e consequentemente o construto de inteligência.
Teoria do Fator g: Charles Spearman - ideias principais
Defesa de um fator geral decisivo: habilidade mental (inteligência como energia cortical), ou seja, uma capacidade global/da mente humana
Equação tétrade: Diferença tétrade - diferença de uma correlação com outra para determinar o desempenho do sujeito na prova; r=correlação; a,b,c,d= provas
rac . rbd - rbc . rad = 0
Abordagem unifatorial da inteligência (g + s): Toda a atividade intelectual exprime basicamente um fator geral (g) comum a toda a atividade mental (fator central e única) e um fator específico (s) a essa atividade individualizada
Ex. se uma pessoa realizar 3 testes então o resultado é dado por s1 + s2 + s3 + g
Ou seja, qualquer teste mede g mas em graus diferentes e g é então o fator central único que justifica a variância dos resultados.
Teoria do Fator g: Charles Spearman - Significado psicológico de g (3 princípios para a aprendizagem)
Inicialmente g, era interpretado como energia mental (energia nervosa) que era constante e inata (não é aprendida). Progressivamente adquiriu um novo significado, energia neogenética e que incluía 3 leis:
· apreensão da experiência: capacidade experiencial ligada às capacidades sensórias e percetivas (entrar numa situação e aprender o significado da mesma …)
· edução de relações: quando se pensa em duas ideias, evoca-se uma relação possível entre elas
· edução de correlatos: quando se pensa numa ideia e numa correlação, evoca-se outra ideia correlacionada (ex. pensando em maçã e no facto de ser uma fruta, evoca outras frutas)
A facilidade com que executam estas três componentes traduz-se nos diferentes níveis de inteligência.
Teoria do Fator g: Charles Spearman - Dificuldades na verificação da teoria
· Princípio do desaparecimento das diferenças tétrades (intercorrelações): Rac.rbd-rbc.rad=0; Este seria o resultado para que a sua lei fosse perfeita, contudo, empiricamente, não se encontra sempre esta correspondência de valores.
· Os testes também não deviam ser muito semelhantes senão teria um fator s idêntico e não seria apenas g a uni-los
Estes problemas conduziram à aceitação de fatores secundários de grupo ou fatores de grupo de segunda ordem
Teoria do Fator g: Charles Spearman - Caraterísticas dos Itens/testes de fator g
· processos cognitivos centrados no raciocínio
· material “livre” culturalmente (não apela à história/linguagem)
· novidade das tarefas ou tarefas não associadas a aprendizagem e treino (ex. só porque consigo realizar uma tarefa, não implica que consiga realizar a próxima)