Psicologia da Inteligência Flashcards

1
Q

Relevância do estudo da inteligência

A

Inteligência no seio dos grandes construtos psicológicos (Personalidade): inteligência, emoção, motivação, valores … na explicação do comportamento humano

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2
Q

A existência própria da inteligência: constructo psicológico vs. construção social

A

Debate sobre se a inteligência é uma característica inerente, medida por testes de QI. Ou se é algo moldado por normas e valores de uma sociedade específica ( a sua definição pode variar culturalmente e no tempo)

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3
Q

Artigo da Wall Street Jornal: significado e a avaliação da inteligência

A
  1. A inteligência é uma capacidade mental muito geral que, entre outras coisas, envolve a capacidade de raciocinar, planear, resolver problemas, pensar abstratamente, compreender ideias complexas, aprender rapidamente e aprender com a experiência. Não se trata apenas da aprendizagem de livros, de uma competência académica restrita ou da capacidade de fazer testes. Pelo contrário, reflete uma capacidade mais ampla e profunda de compreender o que nos rodeia - “perceber”, “dar sentido” às coisas ou “descobrir” o que fazer.
  2. A inteligência, pode ser medida através de testes de inteligência. Estes, Estão são dos mais precisos (em termos técnicos, fiáveis e válidos) entre os testes e avaliações psicológicas. Não medem a criatividade, o carácter, a personalidade ou outras diferenças individuais.
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4
Q

Conceito de inteligência geral

A

Potencial biopsicológico que nos permite pensar, aprender e resolver problemas;

Capacidade ou habilidade desenvolvida de raciocinar (esquemas operatórios; funções cognitivas de resolução das tarefas e problemas)

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5
Q

Esquema: inteligência geral

A

A partir do construto de inteligência são criados testes que consigam avaliar diferenças apartir dos resultados. O construto de inteligência também afeta a definição /teoria e esta ajuda a interpretar os resultados dos testes.

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6
Q

Avaliação: Testes psicológicos de inteligência

A

· Tudo o que existe é detetável (quantidade, estado)…

· Os testes psicológicos de inteligência podem revelar as potencialidades e fragilidades cognitivas de uma pessoa. Eles são ferramentas que permitem aos psicólogos identificar as áreas em que uma pessoa pode ser mais forte ou mais fraca em termos de habilidades cognitivas.

o A inteligência correlaciona-se fortemente com o sucesso educacional, profissional e social, uma vez que um QI elevado auxilia na tomada de decisões e no raciocínio.

o Os testes de pontuações de QI fazem previsões igualmente precisas para todos, independentemente da raça e classe social.

· O psicólogo deve ser melhor que os instrumentos que usa: a interpretação dos resultados requer a experiência e o julgamento de um psicólogo treinado

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7
Q

Conceitos estatísticos - sensibilidade, precisão e validade; normas

A

A distribuição da inteligência entre indivíduos segue uma curva normal, prevendo com precisão diversos resultados na vida.

Existem diferenças entre grupos étnico-raciais no que diz respeito ao QI, embora membros de todos os grupos estejam representados em todos os níveis de QI

Disparidades no QI entre grupos étnicos e raciais persistem ao longo do tempo, com as razões para essas diferenças estarem envolvidas com a interação complexa de fatores genéticos e ambientais, embora não existam respostas definitivas. Essas disparidades também persistem dentro dos mesmos contextos socioeconómicos em certa medida

Sensibilidade, precisão e validade: são as caraterísticas psicométricas da medida que se tem em conta quando se mede o QI. Os testes devem ser sensíveis, precisos e válidos.

Normas: Interpretação dos desempenhos; As normas são dados de referência que indicam como o desempenho de um indivíduo se compara com a média da população

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8
Q

Galton e Mck.Cattell

A

· Sequência da psicologia experimental de Wundt

· Inteligência associada à acuidade dos sentidos e qualidade dos movimentos (Ss diretamente observáveis) - A informação que recebemos chega-nos através dos sentidos; Quanto maior for a nossa perceção das diferenças pelos sentidos, melhor será o nosso julgamento e inteligência

· Maior ou menor inteligência: (i) discriminação sensorial e (ii) coordenação motora - Quanto mais baixo fosse o nível de aptidão intelectual indivíduo, menor seria a sua capacidade de discriminação sensorial e coordenação motora.

· Tarefas: diferenciar sons, pesos, tamanhos, cores… tempos de reação simples e complexos, articulação de movimentos de pernas e braços.

· Aparecimento da expressão “teste mental” (Cattell)

· Baixas correlações com medidas de desempenho e busca de outras formas de medida (Ss) - As correlações entre as medidas sensório motoras e as medidas de capacidade intelectual contrariam as suas conceções fazendo diminuir progressivamente a utilização das suas escalas para tais fins

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9
Q

Esquema: inteligência Cattel e Galton

A

O construto de inteligência permite criar testes e teoria que consequentemente ajudam a avaliar as diferenças apartir dos resultados de testes e ajudam a interpretar esses resultados. Esses resultados afetam a teoria ajudando a compreender melhor o construto da inteligência.

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10
Q

Teoria compósita/QI: Alfred Binet - objetivo, ideias, definição de inteligência e os seus fatores

A

Pedido: Identificar crianças com problemas / atrasos na aprendizagem

Recusa da suficiência das funções simples (sensações, perceções, tempos de reação)

Inteligência é ação deliberada de realização de tarefas:

· compreensão da tarefa ou problema (discernimento);

· inovação ou evocação de possíveis soluções;

· direção ou resolução orientada por um objetivo

· avaliação ou apreciação da qualidade do resultado face ao objetivo

Uma criança distingue-se de um adulto no nível inteligência porque recorre a estas dimensões de uma forma mais fraca ou limitada

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11
Q

Alfred Binet: Como as crianças interagem e resolvem as tarefas?; Escalas de inteligência

A

Processos básicos e superiores: Atenção, perceção, compreensão, memória, invenção, raciocínio, avaliação

Conteúdos diversos ( diferentes tipos de informação com que a criança interage): verbais, figurativos, numéricos, manipulativos (práticos)

Escalas de inteligência

· versão de 1905 (30 itens em ordem crescente de dificuldade; 3-13 anos)

· versão de 1908 (organização etária dos itens - os itens estão separados por faixas etárias)(ver escala ppt); Desenvolvimento Mental (Reconhece uma relação entre o crescimento etário dos sujeitos e a sua capacidade de resolução das situações)

· Conceito de IM e QI de razão

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12
Q

Alfred Binet: Elementos Pioneiros

A

· Conceptualização da inteligência como um processo psicológico complexo que é inferida (constructo; variável latente) através dos desempenhos da criança em tarefas objetivas (resolução das tarefas);

· Não se pode chegar à inteligência com base nas funções simples sensório motoras

· Diversas funções (sensação, compreensão, memória, raciocínio, criatividade…) entram na resolução cognitiva, a par das emoções e motivações

· Após Binet, a evolução na psicologia continuou através de duas linhas: (i) a ênfase na medida/instrumento e nos testes e no seu aperfeiçoamento (psicometria), e (ii) a ênfase no desenvolvimento ao longo da infância e adolescência (psicologia genética ou do desenvolvimento)

· A avaliação do nível intelectual deve ser acompanhada de uma interpretação das causas que o produziram

· Criou a Ortopedia mental: intervenção que tem em vista desenvolver a debilidade e o atraso através do exercício (prática de exercitação cognitiva), ou seja, aumentar a facilidade dos sujeitos em certas componentes da aptidão ou melhorar as funções intelectuais.

· Conceito desenvolvimental de “Idade Mental”: Prós e contras

· Conceito unitário de inteligência (não é só uma habilidade/traço; inclui uma grande variedade de situações, e, por isso, a inteligência era o produto de muitas aptidões) e baterias compósitas de inteligência (testes que avaliam o desempenho de alguém em várias áreas)

· Versões revistas da Escala de inteligência Binet-Simon:

o USA (Stanford-Binet); Terman Merrill

o França (NEMI); Henri Zazzo

· Dificuldades: IM e QI de razão: : Idade Mental (nível de desenvolvimento mental), idade base (itens que devem ser resolvidos até a x idade) + bonificações (itens resolvidos para faixas etárias superiores à da criança); QI de razão: Com base na diferença entre a idade mental e idade cronológica é possível ver se a criança apresenta um desenvolvimento mental normal (idade normal/ idade cronológica x 100)

· Elaborou uma escala métrica ou quantitativa da inteligência para crianças - escala de inteligência Binet-Simon (organizada por subtestes). Esta escala que permitia diferenciar os atrasos escolares diretamente ligados a deficiências intelectuais, dos atrasos associados a condições ambientais desfavoráveis

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13
Q

Galton e Mck.Cattell vs Binet: Diferenças

A

· Galton e Mck.Cattell: Capacidade intelectual dos sujeitos é a manifestação das suas aptidões simples, nomeadamente, as capacidades discriminativas sensoriais; as características intelectuais são estáveis

· Binet: capacidade intelectual é manifestada através das funções complexas ou superiores do comportamento, mensuráveis em si mesmas; as características intelectuais podem ser melhoradas

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14
Q

Galton e Mck.Cattell vs Binet: Semelhanças

A

· Ambos consideram a inteligência como um todo: capacidade mental unitária (Galton e Mck.Cattell), produto que integra diferentes capacidades (Binet).

· Preocupação comum na avaliação da inteligência: índices fisiológicos - TR (Galton…) parâmetros avaliados em tarefas - memória (Binet)

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15
Q

Escala de inteligência de Wechsler: definição de inteligência

A

A inteligência é um agregado de capacidades ou uma capacidade global. A sua avaliação apenas é possível através da consideração conjunta dos diferentes aspetos das aptidões

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16
Q

WISC: Provas

A

Quanto às provas verbais temos:

· Informação: aquisições informativas do sujeito e a sua retenção; Itens fortemente ligados às experiências culturais escolares do sujeito.

· Compreensão: medida do “senso comum” e adaptação, com apelo à capacidade do sujeito de recorrer à informação prática possuída e avaliar experiências passadas.

· Aritmética: concentração e raciocínio numérico, através de cálculos práticos e rápidos.

· Semelhanças: perceção das relações lógicas entre termos, através de um processo de raciocínio inferencial.

· Vocabulário: índice das aprendizagens escolarização do sujeito; Desenvolvimento da linguagem e formação de conceitos.

· Memória de números: medida da memória de trabalho ou memória a curto prazo, através da repetição de números numa ordem direta ou inversa quanto à sua apresentação.

Quanto às provas de realização temos:

· Completamento de figuras: capacidade discriminativa do sujeito; diferenciação do essencial do não essencial e, reconhecimento (memória) visual de objetos familiares

· Ordenação de figuras: capacidade de antecipação, compreensão e chegada à ideia de conjunto com base nas relações das suas partes.

· Arranjo de figuras: coordenação visuo-motora; atenção e velocidade de execução; processos de pensamento e capacidade de abordagem geral da tarefa.

· Cubos: perceção e análise de formas; Capacidade de síntese de sujeito, planeamento probabilidades (raciocínio) no seguimento de um padrão visual; Integração visuo-motora.

· Código (facultativo): velocidade de aprendizagem e realização em tarefas simples, não familiares; Velocidade motora e coordenação visuo-motora; Acuidade de realização.

· Labirinto (facultativo): perceção visual e coordenação visuo- motora; Capacidade de análise global e de observação do pormenor.

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17
Q

WISC: Notas de QI

A

QI Global: medida geral

· QI Verbal e QI de Realização

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18
Q

WISC: índices ou fatores

A

O teste inclui as provas de realização e verbais, e os seus subtestes estão associados a diferentes índices/fatores:

· ICV: Compreensão verbal (informação, Semelhanças, Vocabulário, Compreensão)

· IOP: Organização percetiva (Completamento de gravuras, Disposição de gravuras, Cubos, Composição de objetos)

· IVP: Velocidade de processamento (Código, Pesquisa de símbolos)

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19
Q

WISC: Análise de substestes

A

Scatter: podem haver variações/discrepâncias significativas entre as pontuações em diferentes subtestes, o que pode indicar áreas em que a criança se destaca ou tem desafios

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20
Q

O que nos dá cada Escala?- WAIS-III

A

Um resultado, em termos de QI, por conteúdo: QI Verbal e QI de realização; e QI global

Índices fatoriais:

· Um índice de Compreensão Verbal

· Um índice de Raciocínio Perceptivo

· Um índice de Memória de Trabalho

· Um índice de Velocidade de Processamento

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21
Q

Observação de comportamentos na aplicação da WISC-III e exemplos

A

GATSB: Guide in the assessment of tesd sessions behaviors for the WISC-III and WIAT: é uma lista de verificação de classificação de comportamento baseada em normas, com 29 itens, que se destina a quantificar o comportamento da sessão de teste de crianças (6 a 16 anos) durante uma administração WISC e/ou WIAT. Os pontos são convocados em três níveis baseados em três fatores (Evasão, Desatenção, Humor Não Cooperativo) e em uma escala total.

Exemplos de itens de observação do GATSB

· Persistência nas tarefas difíceis

· Interesse nas tarefas de teste

· Esforço para resolver bem os itens

· Comportamento típico de crianças mais novas em idade

· Instabilidade (pergunta constante do tempo ou dos itens para acabar…)

· Necessita de elogios para permanecer na tarefa

· Manifesta hesitações, anula respostas

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22
Q

Escala de competências cognitivas (ECCOS 4/10 ) - Características

A

Características da ECCOS:

· Avaliação assente num modelo compósito de inteligência

· Conjugação de seis processos cognitivos com dois tipos de conteúdos (verbal ou linguístico e não verbal ou manipulativo)

· Tipologia de prova constante ao longo das faixas etárias, diferenciando-se a complexidade dos itens

· Tarefas próximas do quotidiano infantil e contextualizadas

· Introdução de critérios de início e paragem de aplicação

· Flexibilidade na sucessão de aplicação das provas

· Critérios de cotação das respostas simples e com exemplificações

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23
Q

Escala de competências cognitivas (ECCOS 4/10 ) - descrição

A

Ver tabela

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24
Q

Escala de competências cognitivas (ECCOS 4/10 ) - Aferição

A

Amostra

· 539 crianças

· Residentes na zona Norte de Portugal Continental

· Organizadas em 14 faixas etárias, dos 4 aos 10 anos

· Equitativamente : Género, Zona de Residência (urbano/rural), e Região do País (interior/litoral)

Precisão: o teste mostra-se preciso, com valores do Alpha de Cronbach elevados; contudo no teste-reteste, as categorias de construção de figuras e de construção de histórias não atingiram sequer o 0.60 para o Alpha e por isso, apresentavam baixa precisão

Validade Genética

Validade Empírica: apesar das correlações serem estatisticamente significativas, as mais elevadas representam valores considerados moderados

Validade do construto: os valores obtidos foram todos estatisticamente significativos ao longo das diferentes faixas etárias - verificou-se que a média dos resultados totais aumenta, de um modo geral, com a idade, não só para a amostra total como também para as subamostras de rapazes e raparigas confirmando, deste modo, a existência de validade de constructo desta prova

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25
Q

Síntese das teorias compósitas de inteligência

A

· Multiplicidade de funções cognitivas (amálgama; composto)

· Diversidade de tarefas e conteúdos (não apenas linguagem e escolarização)

· Testes referenciados a Binet e a Wechsler, mas novas baterias (ex. ECCOS 4/10)

· Conceito de QI de desvio

· Conceito universal de QI (OMS): média de 100 pontos, e unidade de desvio de 15 pontos

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26
Q

Esquema: inteligência como fator g

A

O fator g insere-se na zona dos resultados, porque os resultados permitem perceber as diferenças nas dimensões da inteligência. Os resultados são interpretados através da teoria e recolhidos através de testes. Os resultados afetam a teoria e consequentemente o construto de inteligência.

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27
Q

Teoria do Fator g: Charles Spearman - ideias principais

A

Defesa de um fator geral decisivo: habilidade mental (inteligência como energia cortical), ou seja, uma capacidade global/da mente humana

Equação tétrade: Diferença tétrade - diferença de uma correlação com outra para determinar o desempenho do sujeito na prova; r=correlação; a,b,c,d= provas

rac . rbd - rbc . rad = 0

Abordagem unifatorial da inteligência (g + s): Toda a atividade intelectual exprime basicamente um fator geral (g) comum a toda a atividade mental (fator central e única) e um fator específico (s) a essa atividade individualizada

Ex. se uma pessoa realizar 3 testes então o resultado é dado por s1 + s2 + s3 + g

Ou seja, qualquer teste mede g mas em graus diferentes e g é então o fator central único que justifica a variância dos resultados.

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28
Q

Teoria do Fator g: Charles Spearman - Significado psicológico de g (3 princípios para a aprendizagem)

A

Inicialmente g, era interpretado como energia mental (energia nervosa) que era constante e inata (não é aprendida). Progressivamente adquiriu um novo significado, energia neogenética e que incluía 3 leis:

· apreensão da experiência: capacidade experiencial ligada às capacidades sensórias e percetivas (entrar numa situação e aprender o significado da mesma …)

· edução de relações: quando se pensa em duas ideias, evoca-se uma relação possível entre elas

· edução de correlatos: quando se pensa numa ideia e numa correlação, evoca-se outra ideia correlacionada (ex. pensando em maçã e no facto de ser uma fruta, evoca outras frutas)

A facilidade com que executam estas três componentes traduz-se nos diferentes níveis de inteligência.

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29
Q

Teoria do Fator g: Charles Spearman - Dificuldades na verificação da teoria

A

· Princípio do desaparecimento das diferenças tétrades (intercorrelações): Rac.rbd-rbc.rad=0; Este seria o resultado para que a sua lei fosse perfeita, contudo, empiricamente, não se encontra sempre esta correspondência de valores.

· Os testes também não deviam ser muito semelhantes senão teria um fator s idêntico e não seria apenas g a uni-los

Estes problemas conduziram à aceitação de fatores secundários de grupo ou fatores de grupo de segunda ordem

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30
Q

Teoria do Fator g: Charles Spearman - Caraterísticas dos Itens/testes de fator g

A

· processos cognitivos centrados no raciocínio

· material “livre” culturalmente (não apela à história/linguagem)

· novidade das tarefas ou tarefas não associadas a aprendizagem e treino (ex. só porque consigo realizar uma tarefa, não implica que consiga realizar a próxima)

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31
Q

Teoria do Fator g: Charles Spearman - A importância do fator g

A

· Atualmente, apesar da teoria dos 2 fatores não ser geralmente aceite, g ainda traduz a capacidade básica dos sujeitos estabelecem relações ou a facilidade de pensarem abstratamente (em situações novas onde o recursa à aprendizagem/treino é mínimo)

· A inteligência geral é ainda aceite por vários, contudo, estes incluem a importância de outros fatores substanciais e a multidimensionalidade da inteligência (inclui experiência pessoal e a especificidade de situações).

32
Q

Teoria do Fator g: Charles Spearman - Testes de factor g mais usados

A

· Matrizes Progressivas de Raven

· Teste dos Dominós de Pichot D48; D70

· Free-culture tests de R. Cattell

33
Q

Teoria do Fator g: Charles Spearman - Matrizes “progressivas”

A

Cada item é uma matriz com uma lacuna. Ao longo das séries e intra-série os itens organizam-se por índice de dificuldade.

Forma Geral : Standard Progressive Matrices (SPM)

· 60 itens (12 itens x 5 séries)

· Séries A e B: Perceção de semelhanças, continuidade, simetria…

· Séries C, D, e E: operações de edução de relações e correlatos

Forma Especial: Colored Progressive Matrices (CPM)

· As crianças e idosos apenas faziam A, B e começos de C e D (não analogias)

· Importava aumentar a sensibilidade da prova junto das crianças

· Tornar os itens mais atraentes para as crianças (ex. cor)

· 3 séries: A, Ab, B (elimina-se as séries C, D e E, metendo-se uma intermédia em termos de dificuldade entre A e B)

Forma Avançada (MPA1 e MPA2 ): Advanced Progressive Matrices (APM)

· Avalia pessoas com alto desempenho cognitivo

· total de 12 + 36 itens inferenciais (muitos elementos informativos)

· discriminação dos 10% superiores na SPM

34
Q

Teoria do Fator g: Charles Spearman - Matrizes coloridas de Raven (CPM47); considerações

A

· Versão dos 3-12 anos; Material não-verbal ; Versão papel-lápis e tabuleiro (esta mais fácil; a criança ao colocar as peças reconhece percetivamente se a resposta é correta…)

· Aplicação individual e coletiva, com e sem tempo limite; Normas para aplicação individual e coletiva. Estudos em Portugal (Simões, 1994).

Considerações:

· Um desvio de 2 pontos por série coloca em causa um resultado

· Efeito de teto a partir dos 8 anos: aos 8 anos quase todas as crianças conseguem acertar em tudo, e por isso, torna-se difícil perceber as diferenças entre elas.

· Tipologia de erros: atípicos (sem sentido), repetitivos (reproduzem parte do desenho) e evitáveis (em função do ID dos itens que respondeu corretamente).

· Estratégias de resposta: gestalt-percetivo e analítico-conceptual (menos frequente nas crianças com dificuldades de aprendizagem)

35
Q

Teoria do Fator g: Charles Spearman - Teste Dominós ou D48 (Pichot, 1961)

A

· Teste não-verbal de Fator g

· Aplicação individual ou coletiva

· Sem relação com “jogo do dominó”

· Instruções suficientes e representando a sequência de processos e formatos ao longo da prova

· Elimina as respostas ao acaso (sem alternativas…) mas introduz pequena componente de cálculo

· Tempo de realização: 25 minutos (15´ + 10´)

· Fiabilidade: +/- .90

· Normas: Percentis e 9 classes (estaninos)

36
Q

Teoria das Aptidões Primárias: Thurstone - ideias principais

A

· Postulados teóricos: diferenças e perfis individuais (consegue perceber-se diferenças intra e inter indivíduo)&raquo_space;> orientação e seleção profissional (o perfil psicológico permite perceber para que trabalhos, alguém está mais habilitado)

· Rejeita a existência de um fator intelectual único

· Rejeita a componente específica de cada teste (uma determinada aptidão entra na realização de vários testes - aptidões fundamentais/primárias/básicas ou fatores em grupo)

Ex. 2 fatores apenas, podem explicar intercorrelações de 6 testes de aptidão.

37
Q

Teoria das Aptidões Primárias: Thurstone - Estrutura/Leis

A

Estudava duas estruturas:

· Lei da “estrutura simples”: autonomia (cada aptidão é autónoma da outra) - (não estão correlacionadas entre si e por isso uma pessoa pode ser boa numa aptidão e má noutra; não se sobrepõem)

· Lei da “ortogonalidade dos fatores”: independência (Os fatores devem ser independentes entre si, isto é, saturados fatorialmente o mais possível, e o maior número de vezes perto de zero, nas variáveis a que não estão associados)

38
Q

Teoria das Aptidões Primárias: Thurstone - Aptidões primárias

A

Aptidões primárias: 9 (S,P,N,M,V,W,I,R,D) e mais tarde 7 (sem I, D, R) (irrelevante saber as aptidões)

· Compreensão Verbal (V): capacidade de compreensão do significado de palavras ou frases.

· Fluência Verbal (W): Capacidade de produzir rapidamente palavras, num curto espaço de tempo.

· Memória (M): Capacidade de reter e de evocar num curto espaço de tempo, estímulos apresentados. (afasta-se de Spearman porque envolve aprendizagem)

· Raciocínio (R): Capacidade de descoberta e aplicação de uma lei de sucessão de dígitos (letras, números) ou de transformação de figuras.

· Espacial (S): visualização de figuras num espaço bi- ou tridimensional.

· Velocidade preceptiva (P): Capacidade de rapidamente e com acuidade visualizar diferenças ou semelhanças entre figuras ou palavras.

· Numérica (N): Capacidade de lidar com números e de efetuar rapidamente operações aritméticas. (aproxima-se de Spearman)

39
Q

Teoria das Aptidões Primárias: Thurstone - Dificuldades empíricas de Thurstone

A

· Apenas estudos metodologicamente orientados (uso dos testes mais adequados à avaliação de uma determinada aptidão, uso de amostras homogéneas nas suas características) permitem dar alguma consistência às aptidões formuladas.

· Thurstone acabou por aceitar que duas aptidões ou fatores são distintos, porém não são independentes entre si (ex. as classificações escolares e os resultados em testes de inteligência são dois aspetos comportamentais distintos, contudo, existe um relacionamento mútuo).

· Thurstone aceitou também a existência de um fator g (2ª ordem), identificado a partir da análise das intercorrelações entre os fatores de grupo previamente isolados.

40
Q

Teoria das Aptidões Primárias: Thurstone - Testes mais usados

A

Primary Mental Abilities (PMA)

Differential Aptitude Tests (DAT)- Bennett, G. K., Seashore, H. G., & Wesman, A. G. (1947)

· Rapidez Percetiva / Perceptive Speed

General Aptitude Test Battery (GATB)

41
Q

Spearman/Thrustone: A conciliação de posições

A

A opção por uma das teorias não é possível já que está sempre dependente da heterogeneidade da amostra, do número e tipo de testes administrados, e das técnicas utilizadas na análise fatorial.

· Com o progressivo desenvolvimento psicológico, há uma maior diferenciação do comportamento cognitivo ( aptidão geral/única passa a aptidões/fatores), e por isso, as intercorrelações entre os testes diminuem.

· O recurso preferencial de amostras estudantis favorece a homogeneidade, o que facilita a atribuição dos diferentes resultados à presença de um fator geral.

Alexander propôs uma conciliação de ambas as posições: os seus estudos com grupos diversificados, manifestaram tanto a existência de um fator geral como também a de 2 fatores (unidades funcionais).

42
Q

GMA - Avaliação de Quadros Médios e Superiores Stephen F. Blinkhorn (2004)

A

Raciocínio Verbal (GMA-V): avalia a compreensão verbal e o pensamento crítico. GMA-V é constituída por uma série de textos, de carácter não técnico, aos quais se encontram associadas várias afirmações. Assim, a seguir a cada texto o sujeito encontrará quatro afirmações que deverá analisar relativamente ao seu conteúdo enquanto “verdadeiras”, “falsas” ou “não se sabe” por falta de informação.

Raciocínio Numérico (GMA-N): avalia a capacidade para raciocinar num contexto numérico. Esta prova é usada na seleção de candidatos para funções ligadas à área financeira e económica. A prova GMA-N é constituída por exercícios que abordam vários conceitos matemáticos (soma de uma constante, variações percentuais, leitura de tabelas e gráficos, probabilidades, estatísticas básicas, etc.).

Raciocínio Abstrato (GMA-A): avalia a “inteligência geral” ou “raciocínio indutivo” Cada enunciado é constituído por dois grupos de figuras (A e B), existindo uma regra ou um conceito subjacente a cada grupo. O sujeito deverá classificar cada um dos 5 itens de acordo com essa regra.

43
Q

Teorias Fatoriais da inteligência: J. P. Guilford - ideias principais

A

· Modelo “Estrutura da Inteligência” (SOI)

· O uso da análise fatorial como meio de estudo da estrutura da inteligência, contudo usa para testar um modelo hipotético-dedutivo.

· Cada aptidão alvo faz apelo a certo tipo de práticas em ordem a promover o seu incremento.

· Os testes de Guilford são projetados para medir funções cognitivas de forma “purificada”, ou seja, com menos influência de outros fatores.

· Inteligência como uma “coletânea sistemática de aptidões para o processamento, por vários modos, de diferentes tipos de informação”

· Aptidões combinando as dimensões (trigramas)

· Transposição do modelo para o currículo/ensino

· Rejeita a existência do fator g da inteligência e estipulou um elevado número de diferentes aptidões intelectuais. Estas resultam na combinação simultânea de 3 dimensões intelectuais:

o operação: operação mental envolvida na aptidão

o conteúdo: o conteúdo o campo de informação no qual se realizam as operações (

o produto: o produto resultante da aplicação de uma operação mental particular a um conteúdo também específico

44
Q

Teorias Fatoriais: Guilford - Operação

A

1 - Operação

Tipos de atividade, modos de funcionamento ou processos intelectuais que o sujeito utiliza na manipulação ou processamento da informação recebida.

Sequência temporal ou de fases na resolução de problemas:

a) Cognição (C): discernimento, consciência, compreensão, reconhecimento ou redescoberta;

b) Memória (M): fixação e evocação de informação mantendo a forma como foi transmitida ou aprendida (mais tarde Guilford divide em STM e LTM)

c) Produção divergente (D): produção de informação e formulação de alternativas a partir da informação apresentada, avaliadas em termos de quantidade, diversidade e qualidade (variedade);

d) Produção convergente (N): formulação de conclusões lógicas a partir da informação apresentada, indução e dedução;

· Ex.Produção divergente: são dados 4 formas (círculo, retângulo, triangulo, trapézio) e a pessoa tem de os combinar para fazer determinado objeto que é pedido (cara, lâmpada…)

e) Avaliação (E): tomada de decisão ou comparação de produtos de acordo com qualquer critério lógico ou valorativo, como sejam a desejabilidade ou a adequação; trabalho mental de ponderação a propósito da satisfação de tais critérios.

45
Q

Teorias Fatoriais: Guilford - Conteúdo

A

2 - Conteúdo

Géneros ou tipos principais de informação, discrimináveis pelo organismo, onde se desenrolam as operações.

Tipos de conteúdo:

· Figurativo (F): informação na sua forma concreta, apreendida ou evocada sob a forma de imagens (nomeadamente visuais, auditivas e cinestésicas) (Guilford mais tarde divide em visual e auditivo);

· Simbólico (S): Informação sob a forma de sinais denotativos sem qualquer significação em si por si mesmos (geralmente integrados em sistemas gerais ou códigos, sendo as letras e os números os mais usados);

· Semântico (M): informação sob a forma de significações, ideias ou construções mentais, geralmente fazendo apelo às palavras;

o Ex. Teste de produção divergente para implicações semânticas: é apresentado ao examinado um símbolo (ex. lâmpada elétrica), e é pedido para que identifique grupos de pessoas ou ocupações para as quais o objeto poderia representar um símbolo. Algumas respostas poderiam ter sido “eletricista”, “fabricante de aparelhos elétricos”, “comunicação”, “professor” e “estudantes bem dotados”.

· Comportamental (B): informação não verbal, representando situações do relacionamento interpessoal. Inclui perceção das atitudes, intenções, motivações, emoções e pensamentos dos outros ou de si próprio.

o Ex. Conteúdo comportamental: é dado um item de expressão (ex. dedo a apontar para a palma da mão), são dadas 4 opções de comportamento (pessoa a tossir, pessoa a coçar a cabeça, pessoa a atirar copo ao chão, pessoa a levar o dedo), ao qual o individuo tem de escolher o que é semelhante, neste caso seria a opção de levantar o dedo, que é o ponto enfatizado.

46
Q

Teorias Fatoriais: Guilford - Produtos

A

3- Produtos:

Resultados alcançados das operações sobre certos conteúdos em função dos problemas ou objetivos

Tipos de Produtos:

· Unidades (U): itens de informação isoladas ou singulares, circunscritos a si próprios (figura, símbolo, ideia, palavra);

o Ex. Avaliação simbólica de unidades

· Classes (C): conceções subjacentes a conjuntos de itens de informação agrupados por característica em comum, ou classificação de “unidades”;

· Relações (R): ligações entre itens de informação em função de pontos de contacto que se lhes aplicam;

· Sistemas (S): agregados de itens de informação organizados ou estruturados, ou complexos de partes interrelacionadas ou interatuantes;

· Transformações (T): mudanças na informação atual, por exemplo redefinições, substituições, transições ou modificações;

o Ex. Teste de troca de expressões: Em cima aparece uma cabeça que parece chateada/enojada. Esta vai ser colocada sobre um corpo. A cara altera-se. Das três opções (1. Cara chateada; 2. Cara sorridente; 3. Cara enojada) selecione a mais diferente à número 2: realizaria a maior transformação; de uma postura tensa e zangada para uma atitude de coqueteria.

· Implicações (I): conexões circunstanciais entre itens de informação, em função da contiguidade ou outra condição que os possa associar; extrapolações de informação sobre a forma de predição conhecidos os fatores antecedentes, concomitantes ou as consequências.

47
Q

Teorias Fatoriais: Guilford - Recusa do fator g e dificuldades da teoria

A

Rejeita a existência de fatores g de 1ª ou de 2ª ordem, dado que as correlações de nível zero são bastante frequentes entre testes de aptidões intelectuais.

Em 76% dos casos a hipótese nula em que rab = 0 (sendo a e b qualquer par de resultados em aptidões diferentes) seria rejeitada, deduzindo-se que rab ≠ 0. Isso implica que a estrutura de Guilford, com seus três elementos principais, pode não ser suficiente para explicar completamente as relações entre as variáveis ‘a’ e ‘b’ que foram observadas nos dados. Portanto, a teoria de Guilford pode ser limitada quanto à sua capacidade de explicar esses resultados específicos e que a inclusão de fatores mais amplos pode ser necessária para uma compreensão completa.

Outras considerações contrárias às conceções teóricas de Guilford:

Nos seus estudos utilizava Cadetes da força aérea que por si já estão altamente selecionados do ponto de vista intelectual, quer em termos de aptidão geral quer no que respeita às aptidões específicas. Assim, havia uma redução das flutuações na aptidão mental e por isso, se obtiam essas correlações.

· Não se pode fundamentar empiricamente uma teoria que se pretende generalizar com resultados obtidos através de uma amostra tão diferente e delimitada da população

Muitos dos testes apresentavam baixos índices de fidelidade (por vezes inferior a 0.50); a pouca extensão dos testes elaborados é uma das razões que prejudica a fidelidade

Os testes desenvolvidos com base na Teoria de Guilford, no que respeita à validade (preditiva) , não parecem ter grande capacidade de prever ou antecipar resultados futuros. Quanto à validade conceito (capacidade de um teste medir o que pretende medir) e a validade externa (prever resultados externos-ex. desempenho escolar), os testes até parecem ser conceitualmente válidos, mas não necessariamente preditivos em relação a critérios externos.

Assim sendo, os critérios externos (como sucesso escolar) geralmente envolvem várias dimensões e não são facilmente separáveis em categorias distintas, o que não vai de acordo com os testes de Guilford que são mais específicos.

Outro problema vem da inclusão da operação mental produção divergente. Este tipo de teste em comparação com os testes de aptidão intelectual ( têm umuma só resposta correta), são cotados em função do número e da qualidade das diferentes respostas do sujeito. Isto pode aumentar ou diminuir a força percebida das correlações, dependendo da natureza das respostas dos sujeitos.
À semelhança, os testes de conteúdo comportamental (elaborados com base em aspetos relacionais – sentimentos, atitudes…) parecem estar mais relacionados com dimensões da personalidade do sujeito e seu relacionamento social, do que com a aptidão mental em si mesma. Assim, tenderão a apresentar correlações mais baixas com as restantes medidas intelectuais e consequentemente, induzir erradamente à inexistência de fatores gerais.
Mesmo que as correlações propostas por Guilford sejam reduzidas após a exclusão de testes com baixa confiabilidade, ainda existem algumas correlações que são maiores que 0.1. Isso implica que não se pode afirmar que não existe nenhum fator geral de inteligência (referido como “fator g”) com base apenas na frequência reduzida de correlações significativas.

48
Q

Teorias Fatoriais: Guilford - Apreciação final

A

· Ultrapassa as teorias assentes na análise fatorial

· Mais interesse teórico-prático que empírico

· Reconhecimento da criatividade e inteligência social

· Algumas aptidões postuladas sem testes específicos

· Nº crescente de aptidões fixadas: 120, 150, 180…

· Várias provas estão correlacionadas entre si, o que remete para fatores mais gerais

· Metodologia muito própria: sujeitos selecionados e tarefas bem delimitadas

· Menor fidelidade e validade das provas SOI face aos testes mais clássicos de QI (menos testes e mais grupos de tarefas)

· Potencialidades do SOI no diagnóstico diferencial e programas de enriquecimento (contexto escolar) (Ex. M. Meeker, 1965: SOI Learning Abilities Test)

49
Q

Modelos hierárquicos de conciliação do fator g & aptidões primárias - Construção e validação de testes de inteligência

A

Relevância da Análise Fatorial:
As relações entre desempenhos ou variáveis manifestas podem ser atribuídas ou terem a sua origem em causa(s) ou fator(es) comum(ns) latente(s)
A ligação entre determinadas variáveis latentes e comportamentos manifestos é designada por coeficientes de saturação (loadings)
Os loadings informam da % de variância nas variáveis manifestas explicada pelas variáveis ou fatores latentes
Um modelo teórico deve explicar suficientemente essa realidade latente que não é diretamente observada, mas que a análise fatorial nos permite inferir

50
Q

Teoria hierárquica de Ph. Vernon - ideias principais

A

Procurando num conjunto dos testes, todos os testes têm uma parte da variância explicada pelo mesmo fator (fator g)
a) Relevância: G e fatores de grande grupo v:ed e K:m
b) Fatores de pequeno grupo e específicos: fraca relevância (modelo de análise fatorial)
c) Níveis sucessivos de generalização das habilidades ou de especialização nas novas aquisições
Ele faz emergir um nível intermédio de análise que diz que as suas capacidades dependem de uma variedade influências/aprendizagens (experiências, motivações, gostos do sujeito)

51
Q

Teoria hierárquica de Ph. Vernon - tipos de testes e % dos fatores

A

Ver imagem

52
Q

Teoria hierárquica de Ph. Vernon - Suportes à teoria da especialização v:ed & k:m

A
  • Funcionamento diferencial do cérebro: hemisfério direito (espacial) e hemisfério esquerdo (linguagem)
  • Educação e formação ao longo do ciclo de vida:
    o Currículo e docente único na infância (g)
    o Organização diferenciada do currículo a partir da adolescência (ciências vs humanidades) (v:ed & K:m)
    o Formação e especialização profissional na idade adulta (fatores de pequeno grupo)
53
Q

Exercício de aplicação

A

Em pequeno grupo, simule uma tabela com os principais dados da análise fatorial de um conjunto de resultados em testes psicológicos de inteligência aplicados a uma amostra de adolescentes entre os 16 e os 18 anos, seguindo o modelo teórico de Vernon (3 primeiros níveis):
* Teste D48
* Teste das Matrizes Progressivas de Raven
* Memória de Dígitos da WISC-III (nºs)
* Prova de Cubos da WISC-III
* Prova de Sinónimos da WISC-III
* Teste de Aptidão Numérica (PMA)
* Teste de Aptidão Espacial (PMA)

54
Q

BPRD - Fundamentação teórica

A
  • modelo hierárquico de inteligência (Vernon, 1966)
  • níveis mais gerais e mais específicos de análise (Anastasi, 1981)
  • processos e conteúdos na realização cognitiva (Almeida, 1994)
  • realização = aptidão + conhecimentos + Vs socio-motivacionais
55
Q

BPRD - Construção e Aferição Nacional

A
  • Fidelidade: fidelidade teste-reteste e homogeneidade dos itens
  • Validade: critério e constructo
  • Normas: grupos tomando ano escolar e sexo, e tipologia de normas (percentis e 5 classes)
56
Q

BPRD - Perspetivas na sua utilização (prática)

A
  • Orientação vocacional
  • Dificuldades de aprendizagem
  • Recrutamento (formação + emprego)
57
Q

BPRD - Exemplos de baterias:

A

Bateria de provas de raciocínio: RA
Bateria de provas de raciocínio: RV
Bateria de provas de raciocínio: RN
Bateria de provas de raciocínio: RE
Bateria de provas de raciocínio: RM

58
Q

BPR - Fundamentação teórica

A
  • processos e conteúdos na realização cognitiva
  • realização = aptidão + conhecimentos + Vs socio-motivacionais
59
Q

BPR - Perspetivas na sua utilização (prática)

A
  • Orientação vocacional
  • Dificuldades na aprendizagem
  • Recrutamento (formação + emprego)
60
Q

Teorias Fatoriais conciliatórias: Raymond Cattell - ideias principais

A
  • Teoria inteligência fluída (gf)/cristalizada (gc)
  • Conceito de gf e gc a partir da análise fatorial
  • Fatores primários e fatores mais gerais (2ª ordem)
  • Metodologia diversa entre Cattell e Vernon: Cattell 1º identifica os fatores primários, depois encontra fatores secundários que explicam essas correlações e entre esses 2ºs fatores encontra algo em comum com todos (fator g). Vernon começa pelo fator g e a partir daí encontra os fatores de grande grupo e depois os de pequeno grupo.
61
Q

Cattell: Fatores de 1ª ordem ou Primários

A

Partindo dos testes de Thurstone, de Guilford (…) encontra cerca de duas dezenas de fatores primários:
1. uns mais próximos de Thurstone
* Compreensão Verbal
* Aptidão Numérica
* Aptidão Espacial
* Raciocínio Indutivo (…)
2. outros mais próximos de Guilford
* Produção divergente de ideias
* Fluência de ideias
* Memória Semântica
* Julgamento estético (…)

62
Q

Modelo Gf-Gc de Cattell e Horn - inteligência fluida e Inteligência cristalizada

A

Inteligência Fluida: não verbal, pouco dependentes de conhecimentos e cultura, operações mentais frente a uma tarefa nova, mais determinada pelos aspectos biológicos, lesões cerebrais ou problemas decorrentes da má nutrição, formação e reconhecimento de conceitos, identificação de relações complexas, implicações e inferências, carga fatorial de Gf em g sugere uma unidade (g e Gf equivalentes)
Inteligência Cristalizada: capacidade de solução dos problemas cotidianos, assente nas experiências culturais e educacionais, evolui com o aumento da idade ao contrário de gf (declina após o final da adolescência, devido à gradual degeneração das estruturas fisiológicas)
Undheim (1981), pessoas com um nível igual de Gf diferem em Gc, explicado pela extensão e implicação no trabalho acadêmico.
No início da infância Gf e Gc seriam proximamente relacionadas, mas começariam a divergir no final da infância e na adolescência

63
Q

Conciliação dos fatores g & aptidões primárias através da introdução dos fatores gerais de 2ª ordem - Fatores Gerais de 2ª Ordem

A
  • Relevância na definição e avaliação da inteligência
  • Comunalidades cognitivas associadas a conteúdos e processos (retirando parte da relevância de um fator geral e dos fatores primários)
  • Convergência de conhecimentos e destrezas com aptidões para descrever as capacidades
64
Q

Cattell: 5 Fatores de 2ª ordem

A
  • gf (inteligência fluida): potencial biológico, capacidade intelectual, raciocínio geral
  • gc (inteligência cristalizada): capacidades aprendidas, habilidades associadas ao treino e aculturação
  • pv (capacidade de visualização): capacidade de visualizar formas e rodar figuras em problemas de conteúdo figurativo
  • gs (velocidade de realização): capacidade de boa realização em situações de velocidade, geralmente tarefas pouco complexas
  • gr (capacidade de evocação ou fluência): fácil acesso a LTM
65
Q

Horn: 10 Fatores gerais (2ª ordem)

A

Acrescentou ao sistema Gf-Gc quatro capacidades cognitivas, entre elas:
1. Processamento Visual (Gv)
2. Memória a Curto Prazo (Gsm)
3. Armazenamento e Recuperação a Longo Prazo (Glr)
4. Velocidade de Processamento (Gs)
Posteriormente, duas capacidades foram adicionadas às quatro anteriores:
1. Rapidez para a Decisão Correta (CDS)
2. Processamento Auditivo (Ga)
A identificação do fator do Conhecimento Quantitativo (Gq) e do fator Leitura-escrita (Grw), deu origem a uma nova estrutura, a partir do modelo Gf-Gc inicial, formada por dez capacidades.
As duas capacidades básicas, Gf e Gc, bem como os outros oito fatores gerais são compostos de “capacidades mentais primárias”. Um total de aproximadamente quarenta capacidades primárias explicaria grande parte das características individuais de raciocínio, solução de problemas e capacidade de compreensão

66
Q

Carroll: 8 Fatores gerais (2ª ordem)

A

gf – raciocínio, inteligência fluida
gc – inteligência cristalizada
gsm – memória-aprendizagem
glr – produção de ideias
gs – velocidade de processamento
gt - velocidade de decisão
gv – perceção visual
ga – perceção auditiva

67
Q

Carroll (1993, 1996): Teoria dos 3 estratos

A

Propôs uma teoria ou modelo que explica a inteligência por meio de uma estrutura hierárquica
* Estrato I – seis dezenas de fatores específicos ou primários (ex. visualização, fluência de ideias, raciocínio dedutivo, memória visual, …) representam especializações das capacidades, refletindo os efeitos da experiência e da aprendizagem
* Estrato II – oito fatores gerais de 2ª ordem; influencia uma grande variedade de comportamentos
* Estrato III – fator g (similar a Spearman)
A análise fatorial de primeira ordem é a aplicação direta da técnica de análise fatorial à matriz de correlação das variáveis originais, resultando num ou mais fatores de primeira de ordem.
A análise fatorial de segunda ordem envolve a aplicação da técnica de análise fatorial à matriz de correlação dos fatores de primeira ordem, produzindo um ou mais fatores de segunda ordem.
A análise fatorial de terceira ordem pode ser descrita como a utilização desse tipo de análise na matriz de correlação dos fatores de segunda ordem, proporcionando, geralmente, um único terceiro fator.

Existem oito capacidades amplas ou gerais presentes na camada II:
1. Inteligência Fluida (Gf/F)
2. Inteligência cristalizada (Gc/C)
3. Memória e Aprendizagem (Gy/Y)
4. Perceção Visual (Gv/V)
5. Perceção Auditiva (Gu/U)
6. Capacidade de Recuperação (Gr/R)
7. Rapidez Cognitiva (Gs/S)
8. Velocidade de Processamento (Gt/T).

68
Q

Conceções de Carroll e Horn-Cattell: semelhanças e diferenças

A

Semelhanças:
ambos consideraram a existência de capacidades gerais relacionadas: à Inteligência Fluida (Gf) e Cristalizada (Gc), Memória a Curto Prazo e/ou Aprendizagem (Gsm ou Gy), aos Processamentos Visual (Gv) e Auditivo (Ga ou Gu), à Recuperação (Glr ou Gr), à Velocidade de Processamento (Gs) e à Velocidade de Decisão e/ou Tempo de Reação (CDS e Gt).
Diferenças:
1. Carroll: o fator de inteligência geral, disposto no topo da sua teoria das três camadas, seria semelhante ao fator g de Spearman por estar subjacente a todas as atividades intelectuais e muito relacionado à hereditariedade. Além disso, dentre as oito capacidades gerais da camada II, Inteligência Fluida seria a mais fortemente relacionada ao fator geral.
Horn: não concordava com a existência de um fator geral acima das capacidades Gf-Gc
2. Horn: o Conhecimento Quantitativo (Gq) seria uma capacidade geral.
Carroll: considerou que o Conhecimento Quantitativo não era uma capacidade geral, mas sim uma capacidade específica relacionada à Inteligência Fluida (Gf).
3. Carrol: Leitura e a Escrita deveriam ser consideradas capacidades específicas, associadas à Gc (Inteligência Cristalizada). Porém, nas versões do modelo Horn-Cattell, têm-na incluído como capacidade geral.
4. Carroll: incluiu as capacidades de Extensão da Memória, Memória Associativa, Espontânea, para Significados e Visual juntamente à capacidade de Aprendizagem: todas associadas ao fator de Memória Geral e Aprendizagem (Gy).
Horn: realizou a distinção entre Memória a Curto Prazo e Armazenamento e Recuperação a Longo Prazo, considerando-os como capacidades ou fatores diferentes.

69
Q

Teoria de Cattell-Horn-Carroll (CHC)

A
  • Estrato I – seis dezenas de fatores específicos ou primários (ex. visualização, fluência de ideias, raciocínio dedutivo, memória visual, …)
  • Estrato II – dez fatores mais gerais de 2ª ordem (gf – inteligência fluida, gc – inteligência cristalizada, gq – conhecimento quantitativo, grw – leitura e escrita, gsm – memória a curto prazo, gv – processamento visual; ga – processamento auditivo, glr – memória a longo prazo, gs – velocidade de processamento, e gt - velocidade de decisão)
  • Estrato III – fator g (similar a Spearman)
70
Q

A integração dos modelos de Carroll e Horn-Cattell

A

McGrew concluiu que seria possível elaborar um modelo de integração, desde que os seguintes critérios fossem obedecidos:
1. manutenção do Raciocínio/Conhecimento Quantitativo (Gq) separado da Inteligência Fluida (Gf);
2. inserção das capacidades de Leitura e Escrita associadas a um fator geral de Leitura-Escrita (Grw);
3. inclusão das capacidades de Conhecimento Fonológico no fator geral de Processamento Auditivo (Ga);
4. manutenção das capacidades de Memória a Curto Prazo associadas a um fator geral (Gsm) e inserção das capacidades de Armazenamento e Recuperação em um fator geral de Recuperação (Glr).

71
Q

Teoria CHC: 10 Fatores de 2ª ordem

A
  • Inteligência fluida (Gf) raciocínio estruturante
  • Inteligência cristalizada (Gc) capacidade associada à experiência e aprendizagem
  • Conhecimento quantitativo (Gq) destrezas de numeracia
  • Leitura e escrita (Grw) destrezas de literacia, codificação
  • Processamento visual (Gv) perceber, manipular, armazenar, recuperar e transformar imagens visuais
  • Processamento auditivo (Ga) perceber, manipular, armazenar, recuperar e transformar sons
  • Memória a curto prazo (Gsm) retenção e evocação imediata de informação
  • Armazenamento e recuperação a longo prazo (Glr) recuperação e reestruturação de informação a longo prazo, fluência de associações
  • Velocidade cognitiva geral (Gs) acuidade na sinalização de detalhes
  • Velocidade de processamento (Gt) acuidade e imediaticidade de processamento da informação, tomada de decisão
72
Q

CHC: Gf e Gc como duas inteligências interdependentes

A
  • Hereditariedade influencia mais Gf do que Gc
  • Fatores pré-natais, obstetrícios e nutricionais interferem Gf e por esta via Gc
  • Fatores educativos e culturais influenciarão apenas Gc
  • Gf e Gc oscilam com a idade havendo queda em Gf mais precoce
  • Traumatismos cranianos , em idades precoces, interferem em Gf e por esta via em Gc; em idades avançadas podem interferir apenas em Gf
73
Q

CHC: Evidências (Horn & Noll, 1997)

A
  • Evidência estrutural: intercorrelações ou covariâncias em testes similares permanecem em diferentes amostras…
  • Evidência desenvolvimental: aquisição, estabilidade e declínio diferenciado das aptidões
  • Evidência académica-profissional: gc melhor preditor no imediato, gf melhor a longo prazo
74
Q

CHC: Aplicações na avaliação da inteligência (McGrew & Flanagan, 1998)

A
  • Desempenho por processos e conteúdos versus uma medida global (QI ou g);
  • Análise fatorial de testes e escalas disponíveis, e novas propostas de organização dos scores;
  • Fundamentação cognitiva dos testes psicológicos em uso
  • Construção de novas escalas de inteligência:
    o Woodcock-Johnson Battery of Cognitive Abilities (1990)
    o Escala de Competências Cognitivas (ECCOs, Brito & Almeida, 2008)
    o Lemos, G. C., & Almeida, L. S. (2015). Bateria de Aptidões Cognitivas (BAC A, BAC B). Braga: Edição de Autor
75
Q

CHC: Considerações Finais (McGrew & Flanagan, 1998)

A
  • G (estrato III) e gf (estrato II) são “muito similares”
  • Proximidade g, gf e processamento de informação em tarefas simples (atenção, perceção, STM): ideia de um “executivo central” próximo da “working memory”
  • Gf e gc diferenciam-se: raciocínio e novidade na 1ª, destrezas aprendidas e memorizadas na 2ª
76
Q

Fator g: nova definição (cognitivista)

A

Baddeley (1996) - processos básicos ao funcionamento do “executivo central”: coordenação de atividades mentais em simultâneo, supervisão da atividade mental, atenção seletiva, e ativação de informação da LTM.