Modelos de Intervenção Psicológica Flashcards

1
Q

O que é a psicoterapia? Frank & Frank

A

Consiste num processo relacional, interpessoal e sistemático que implica uma série de contatos mais ou menos estruturados, destinados a proporcionar alívio, crescimento e modificação de sentimentos, cognições e comportamentos, mediante o recurso a um racional de compreensão e explicação do problema/queixa, que se materializa em técnicas terapêuticas veiculados por terapeutas treinados, cujas capacidades são reconhecidas e aceites pelo paciente e respetivo grupo social de pertença

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2
Q

O que é a psicoterapia? - Wampold

A

É um tratamento individualizado, primordialmente interpessoal, assente em princípios psicológicos e envolve um terapeuta treinado e um cliente com uma dada perturbação, problema ou queixa.

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3
Q

O que é a psicoterapia? - definição geral

A

Método de tratamento fundamentado em diferentes conceitos teóricos e técnicos que têm como objetivo a modificação de problemas emocionais, cognitivos e comportamentais

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4
Q

A que se destina a psicoterapia?

A

Todos aqueles para os quais fatores psicológicos são responsáveis ou contribuem de forma significativa para mal-estar ou incapacidade:
* Perturbações psicopatológicas
* Dificuldades de ajustamento a situações de vida
* Conflito com as normas sociais
* Busca de autoconhecimento
* Melhor qualidade de vida

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5
Q

Principais motivos para a procura da psicoterapia?

A

Humor depressivo
Ansiedade
Problemas conjugais e familiares
Stress e somatização
Álcool e drogas

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6
Q

Em que difere a psicoterapia da ajuda informal de amigos e familiares?

A
  1. Os terapeutas são treinados;
  2. A sua atividade é sistematicamente orientada por uma teoria articulada que explica as fontes dos problemas e prescreve formas de modificá-los.
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7
Q

Em que difere a psicoterapia dos procedimentos médicos?

A
  • Assenta essencialmente em formas de comunicação simbólica (vs. intervenções no corpo);
  • Preocupa-se com o conteúdo do sintoma e o seu significado na vida do paciente.
  • Todas as formas de psicoterapia dependem mais da influência pessoal do terapeuta e da relação terapêutica.
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8
Q

Em 2000, Kazdin estimava existirem mais de 500 variedades de psicoterapia que diferem quanto aos:

A
  1. Objetos (comportamentos, cognições, emoções, conflitos internos)
  2. Objetivos (modificar ou corrigir, insight, crescimento)
  3. Métodos/técnicas
  4. Modalidades/settings (individual, grupo, familiar)
  5. Frequências das sessões/duração do tratamento
    CONTUDO: As diferentes “escolas” terapêuticas podem ser vistas como variações fenotípicas que refletem combinações particulares de um número limitado de conceções genotípicas mais básicas
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9
Q

Quais as semelhanças entre as diferentes formas de psicoterapia?

A
  • Uma relação intensa e assimétrica;
  • Um setting (local seguro) e um contrato;
  • Uma teoria ou esquema conceptual;
  • Procedimentos
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10
Q

Quais as semelhanças entre as diferentes formas de psicoterapia? - Modelo do fator comum (The common factor model)

A
  • Uma ligação emocionalmente intensa entre o terapeuta e o paciente
  • Um ambiente de cura confidencial onde a terapia ocorre
  • Um terapeuta que fornece uma explicação para o sofrimento emocional que é psicologicamente fundamentada e culturalmente enraizada
  • Uma explicação que seja adaptativa e seja aceite pelo paciente
  • Um conjunto de procedimentos ou rituais em que o paciente e o terapeuta se envolvem, levando o paciente a realizar algo que seja positivo, útil ou adaptativo
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11
Q

Principais modelos de terapia

A
  • Teorias psicanalíticas/Psicodinâmicas
  • Teorias Comportamentais
  • Teorias Cognitivas
  • Teorias Existenciais-humanistas
  • Teorias Sistémicas
  • Teorias Construtivistas
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12
Q

Modelos de terapia e papel do terapeuta

A
  1. Psicoterapia como forma de tratamento para as perturbações psiquiátricas
    Papel do terapeuta como técnico especializado, veiculador de técnicas e metodologias especializadas, com o objetivo de conseguir a remissão da psicopatologia
  2. Psicoterapia como um processo educacional ou de aprendizagem
    Papel do terapeuta como um técnico, educador/tutor a quem cabe motivar o paciente para um processo de aprendizagem que facilite a aquisição de novas formas de compreensão e novas competências
  3. Psicoterapia como um processo corretivo ou de reforma
    * Representada pelos críticos do sistema de saúde mental.
    * A terapia é percebida como uma forma de repressão política, destinada a controlar ou recuperar aqueles que se desviam das normas sociais
    * Papel pouco positivo do psicoterapeuta: poder, autoridade, possibilidade de controlar a liberdade dos pacientes
  4. Psicoterapia como redenção
    Paralelo da psicoterapia com a religião e com a busca da transcendência espiritual
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13
Q

Terapia Cognitivo-Comportamental

A

ver imagem (2)

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14
Q

Eficácia da psicoterapia

A

Smith & Glass (1962, 1977)
Recorreram à meta-análise para agregar os resultados de todos os estudos que comparavam a psicoterapia com um grupo de controlo de controlo de modo a estimar o tamanho do efeito da psicoterapia (Effect Size)
1ª Meta-análise (375 estudos): Effect size = .68
2ª Meta-análise (475 estudos): Effect size = .85
Effect size médio = 0.8 (79% dos pacientes no grupo experimental melhoram contra 21% no grupo de controlo);
A eficácia da psicoterapia é superior a muitos tratamentos médicos (e.g., vacina da gripe, cirurgia às cataratas, etc.);
A eficácia da psicoterapia é equivalente à dos tratamentos farmacológicos para problemas emocionais, mas o seu efeito é mais duradouro;
A eficácia da psicoterapia conduzida em contexto naturalista é equivalente à conduzida no contexto de Randomized Controlled Trials (RCTs).
Wampold (2007) sugere que a psicoterapia é mais eficaz que a maioria das intervenções médicas.

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15
Q

Eficácia da psicoterapia - Problemas metodológicos

A
  • Avaliação da melhoria: Os critérios de melhoria variam de acordo com as escolas terapêuticas, dificultando comparações.
  • Distinguir efeitos da psicoterapia: É complicado separar os efeitos da psicoterapia de outras experiências de vida simultâneas.
  • Sessões psicoterapêuticas vs. vida cotidiana: As sessões representam uma pequena parte da vida, e a melhoria pode ser resultado de ajuda informal ou mudanças na vida.
  • Diferenças entre abordagens: Pesquisas não mostram grandes diferenças na eficácia entre diferentes abordagens psicoterapêuticas.
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16
Q

Eficácia da psicoterapia - O veredicto do “Dodo Bird”

A

“Everyone has won and all must have prizes”. Essa expressão sugere que, na psicoterapia, as diferentes abordagens terapêuticas têm resultados semelhantes e eficazes, independentemente da orientação específica do terapeuta.
Wampold (2001): less than 1% of variance outcomes due to orientation –> Defensor da ideia do “Dodo Bird Verdict”. Ele argumenta que a relação terapêutica e os fatores comuns, como empatia, aliança terapêutica e esperança, desempenham um papel mais importante nos resultados terapêuticos do que a abordagem terapêutica específica escolhida.

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17
Q

Eficácia da psicoterapia - Asay & Lambert (1999) – o que faz a terapia funcionar?

A

40% - Cliente e fatores extra-terapia
30% - Fatores comuns
15% - Placebo
15% - Técnicas

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18
Q

Eficácia da psicoterapia - Razões possíveis para explicar a equivalência na eficácia terapêutica

A
  1. Globalidade do diagnóstico psiquiátrico com base na qual se estabelecem os grupos de pacientes que integram a investigação comparativa, negligenciando características psicológicas mais subtis que poderiam proporcionar resultados diferenciais (e.g., locus de controlo interno vs. externo)
  2. Fatores comuns a todas as formas de intervenção psicoterapêutica. Frank & Frank (1991) referem 6 fatores que são comuns a todas as psicoterapias:
    * Relação terapêutica
    * Promoção da esperança
    * Experiências novas de aprendizagem
    * Ativação emocional
    * Promoção da autoeficácia
    * Oportunidades de prática
    Fatores comuns
    Variáveis do Psicoterapeuta nomeadamente a relação entre paciente e terapeuta e mais concretamente a qualidade da chamada aliança terapêutica
    De igual modo, as causas mais frequentes para os efeitos de detioração do estado do paciente são as variáveis do terapeuta
    Freud em 1905 referia que o que curava as neuroses não era medicina mas sim a personalidade do médico
    Fatores associados ao cliente:
    * Expetativas
    * Motivação
    * Envolvimento
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19
Q

História da psicoterapia

A

A origem da psicoterapia é usualmente atribuída a Freud, mas remonta à segunda metade do séc. XIX
1. “Moral treatment” (1860-1890): Philippe Pinel , Psiquiatra francês, iniciou tratamentos não violentos e não-médicos
2. Movimento psicoterapêutico americano (1880-1920)
* Pós-guerra – modelo somático/rejeição dos tratamentos psicológicos/ favoreciam o tratamento físico
* Franz Anton Mesmer, (precursor da hipnose/psicoterapia praticada por leigos)
* Boston School of Psychotherapy (promoção do estudo da Psicopatologia)
* Lightner Witmer (figura chave na Psicologia Clínica)
3. Psicanálise (século XX)
* Clark Conference, 1909 (introdução da psicanálise nos EUA)
* Domina a psiquiatria e psicoterapia durante a 1ª metade do século XX
4. Behaviorismo
* Watson e Mary Cover Jones (figuras importantes)
* Assume relevância a partir dos anos 60
5. Humanismo: Principal alternativa à Psicanálise durante as 2 décadas que se seguiram à 2ª Guerra Mundial
6. Modelos Psicanalistas: Freud até às Psicoterapias Dinâmicas Breves
7. Modelos Humanistas: Rogers até à terapia Gestalt e Terapia Centrada nas Emoções
8. Modelos Comportamentais

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20
Q

Psicoterapia influenciada por 3 campos distintos

A
  • Teoria da aprendizagem: A psicopatologia deve ser objetivada; enfatiza os processos comportamentais
  • Perspetivas psicanalíticas: A psicopatologia pode ser compreendida; Pode ser intervencionada;
  • Perspetivas humanistas: Os problemas psicológicos devem ser personalizados (cada indivíduo deve ser tratado de forma personalizada)
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21
Q

Perspetivas psicanalistas

A

Psicanálise (modelo teórico, orientação terapêutica) vs. Terapia Psicodinâmica segundo a APA (mais relacionada com a intervenção).
De acordo com muitos terapeutas que praticam esta orientação terapêutica, os termos “psicanálise” e “terapia psicodinâmica” são frequentemente usados de forma intercambiável. No entanto, a distinção básica é mais relevante no contexto da terapia.
A psicanálise, em particular, tem dois significados:
1. é uma teoria para compreender apresentações clínicas e talvez até mesmo pessoas em geral (não apenas problemas de saúde mental (apresentações clínicas) em um contexto terapêutico, mas também para compreender aspectos do funcionamento humano em geral.)
2. é usado para descrever uma forma de psicoterapia intensiva no sentido mais clássico, que envolve tratamento a longo prazo, muitas vezes por anos.
A terapia psicodinâmica é em grande parte psicanalítica e parte de suas premissas sobre o funcionamento da mente são baseadas na teoria psicanalítica. No entanto, a técnica difere radicalmente de um tratamento psicanalítico tradicional. É breve - 15 sessões não seriam incomuns - e muitas vezes possui um número semelhante de sessões à terapia cognitivo-comportamental (CBT) (Nº de sessões reduzido para evitar dependência). Geralmente, é realizada uma vez por semana e ocorre presencialmente. O terapeuta pode não ser um psicanalista certificado, mas alguém que foi treinado em psicanálise ou terapia psicodinâmica e considera essa sua orientação terapêutica.
A perspetiva psicanalítica refere-se a teorias e métodos terapêuticos baseados nas obras originais de Freud. Já a perspetiva psicodinâmica geralmente dá menos ênfase à sexualidade e atribui mais importância à influência do ambiente social.
Livros clássicos da psicanálise:
* Studies on Hysteria(1893-1895/1955)
* Psychopathology of everyday life (1901/1960)
* The interpretation of Dreams (1900/1953)

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22
Q

Quem era Freud?

A

Freud formou-se em Medicina na Universidade de Viena, em 1881, e especializou-se em Psiquiatria. Trabalhou num laboratório de Fisiologia e deu aulas de Neuropatologia no instituto onde trabalhava.
Por dificuldades financeiras, não pode dedicar-se integralmente à vida acadêmica.
Começou, então, a fazer clínica atendendo pessoas com “problemas nervosos”.
Obteve, ao final da residência médica, uma bolsa de estudo para Paris, onde trabalhou com Jean Charcot, psiquiatra francês que tratava as histerias com hipnose
Em 1886, retornou a Viena e voltou à clínica e seu principal instrumento de trabalho na eliminação dos sintomas dos distúrbios nervosos passou a ser a sugestão hipnótica
Freud achava que a hipnose permitia chegar ao inconsciente e trazê-lo para o consciente, permitindo aceder a desejos recalcados, traumas…
Em Viena, o contato de Freud com Josef Breuer, médico e cientista, também foi importante para a continuidade das investigações. Nesse sentido, o caso de uma paciente de Breuer foi significativo.
Ana O. apresentava um conjunto de sintomas: paralisia com contratura muscular, inibições e dificuldades de pensamento (Perturbação dissociativa e Perturbação somatoforme: problema que não consegue ser explicada através da medicina -ex. não conseguir andar).
Esses sintomas tiveram origem na época em que ela cuidara do pai doente.
No período em que cumprira essa tarefa, ela havia tido pensamentos e afetos que se referiam a um desejo de que o pai morresse. Estas ideias e sentimentos foram reprimidos e substituídos pelos sintomas

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23
Q

História do movimento psicanalítico

A

Breur notou que Anna O. murmurava palavras durante as ausências. Breuer, repete as palavras murmuradas e incita à associação de ideias.
Anna O., sob hipnose, reproduzia as fantasias, devaneios; Verificava-se alívio, bem-estar…até uma nova ausência. As ausências cessavam pela revelação das fantasias formadas: “Cura pela palavra”/ “Limpeza da Chaminé” (Freud chamava à melhoria pela hipnose, a cura pela palavra)
Hipnose: estado alterado de consciência que possibilita o acesso ao subconsciente, onde se encontram emoções, sentimentos, hábitos e memórias de longo prazo que não podemos controlar no nível consciente
Anna O. tinha 21 anos, altos dotes intelectuais e manifestava perturbações físicas e psíquicas mais ou menos graves:
* Uma paralisia de ambas as extremidades do lado direito, com anestesia, sintomas que se estendiam por vezes ao lado esquerdo
* Perturbações dos movimentos oculares e várias alterações da visão
* Dificuldade de manter a cabeça erguida
* Tosse nervosa intensa
* Repugnância pelos alimentos e impossibilidade de beber durante várias semanas (apesar da sede)
* Redução da faculdade de expressão verbal (impedi-a de falar ou entender a língua materna)
* Estados de ausência (confusão, delírio, alteração da personalidade).
Repugnância pela água: “A certa altura tendo ido ao quarto da sua dama de companhia, de quem não gostava, viu beber num copo o seu cão, um animal nojento, Nada disse”. Contou este episódio com expressão clara de repugnância, nojo e cólera. Após o relato do episódio sob hipnose, pediu para beber. A perturbação desapareceu definitivamente.
Perturbações visuais: “Certa altura enquanto cuidava de seu pai, este perguntou-lhe as horas. Estando Anna O. com os olhos marejados de lágrimas, não podia ver distintamente, forçou a vista, aproximou os olhos do relógio, cujo mostrador lhe pareceu muito grande (efeito de convergência visual) e esforçou-se por reprimir as lágrimas para que o seu pai não as percebesse”.
Paralisia: “Uma noite velava muito angustiada junto ao seu pai doente e com febre. Estava em grande ansiedade porque esperavam um cirurgião para operar o seu pai. Anna colocou o braço direito sobre o espaldar da cadeira. Caiu em estado de semi-sonho e viu, como se viesse da parede uma cobra negra que se aproximava do seu pai enfermo para mordê-lo. Quis afastá-la mas estava como que paralisada, com o braço direito adormecido, insensível. Quando ela o contemplou os seus dedos transformaram-se em cobrinhas cujas cabeças eram coveiras. Provavelmente procurou afastar a cobra, mas não conseguiu. Quando a cobre desapareceu, aterrorizada quis rezar, mas não encontrou palavras e idioma algum, até se lembrar de uma poesia infantil em inglês, pôde então pensar e rezar em inglês”.
Breuer denominou método catártico o tratamento que possibilita a libertação de afetos e emoções ligadas a acontecimentos traumáticos que não puderam ser expressos na ocasião da vivência desagradável ou dolorosa. Esta libertação de afetos leva à eliminação dos sintomas.
Freud, na sua Autobiografia, afirma que desde o início de sua prática médica usara a hipnose, não só com objetivos de sugestão, mas também para obter a história da origem dos sintomas. Posteriormente, passou a utilizar o método catártico

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24
Q

Conceito de Histeria

A

Hipócrates pensava que a causa da histeria fosse um movimento irregular de sangue do útero para o cérebro.
Jean-Martin Charcot (1825-1893) foi o primeiro a considerar a histeria como um estado dinâmico da mente mais do que uma doença estrutural do cérebro
A histeria e a neurose histérica correspondem, segundo alguns autores, no DSM-5 e no CID-10, principalmente às categorias das perturbações dissociativas e somatoformes
Os estudos convergem no sentido de mostrar uma associação com trauma e/ou abuso, negligência na infância; no entanto a investigação é escassa ao esclarecer esta associação
Algumas experiências podiam ser positivas mas por serem desejos recalcados, estavam ao nível do inconsciente.
Freud abandonou as perguntas no trabalho terapêutico com os pacientes e deixou-os dar livre curso às suas ideias, observou que, muitas vezes, eles ficavam embaraçados, envergonhados com algumas ideias ou imagens que lhes ocorriam.
A esta força psíquica que se opunha a tornar consciente, a revelar um pensamento, Freud denominou resistência. E chamou de repressão o processo psíquico que visa encobrir, fazer desaparecer da consciência, uma ideia ou representação insuportável e dolorosa que está na origem do sintoma. Estes conteúdos psíquicos “localizam-se” no inconsciente
Relativamente ao tratamento, as perspetivas psicodinâmicas procuram ajudar o indivíduo a perceber porque estão ansiosos e de que forma estão a lidar ineficazmente com a ansiedade
O objetivo do terapeuta é através da interpretação aumentar a consciência do indivíduo
sobre preocupações e conflitos inconscientes. Ex. O psicanalítico dizer à Ana.O “estava aqui a pensar que algumas das suas dificuldades passem por você desejar que o seu pai estivesse morto”
As dificuldades psicológicas são percebidas à luz de experiências desenvolvimentais adversas passadas que desencadearam conflitos não resolvidos ou estratégias de coping maladaptativas
Anna O. subjugava a emoção; não permitia a descarga da emoção de forma apropriada (palavras e ações). Durante o relato sob hipnose:
* A expressão da emoção era intensa, como se tivesse estado presa.
* O sintoma atingia a máxima intensidade, quando durante o tratamento se ia chegando à sua causa.
* Desaparecia completamente quando a causa se esclarecia
* A recordação sem expressão emocional era inútil

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25
Q

Conclusões de Freud

A

“Os histéricos sofrem principalmente de reminiscências”(1893); os seus sintomas são resíduos mnésicos de experiências traumáticas.
* Recordam acontecimentos dolorosos que se deram há muito tempo
* Ficam presos emocionalmente a esses momentos
* Não se desembaraçam do passado e alheiam-se por isso da realidade e do presente.
* Fixação anormal da vida psíquica no passado traumático: neurose.
* A emoção era a essência da doença e da cura
Os psicanalistas consideram que na histeria os pacientes reprimem memórias e lembranças passadas que são de grande intensidade emocional e, nestes casos, a ansiedade sentida é “convertida” ao nível corporal.
As diversas manifestações corporais que podem ser sentidas pelo doente podem-se dividir em distúrbios sensoriais e distúrbios motores:
Distúrbios sensoriais:
* podem afetar os sentidos da visão, audição, paladar e olfato;
* podem afetar a hipersensibilidade total;
* podem sentir dores fortes em alguma zona do corpo, sem que haja qualquer causa orgânica.
Distúrbios motores:
* paralisia total;
* tremores e convulsões;
* afonia, náuseas, vómitos, etc.
As observações de Breuer também indicam a existência de diferentes estados de consciência: Consciente (estado ligado à consciência) e Inconsciente (estado desligado da consciência)
Segundo Breuer os sintomas histéricos aparecem em estados mentais “hipnoides”. As excitações nestes estados “hipnoides” tornam-se patogénicas, porque não encontram as condições para a descarga normal do processo de excitação. Origina-se então o sintoma que se insinua como um corpo estranho no estado normal.
Onde existe o sintoma existe uma amnésia, cujo preenchimento suprime as condições que conduzem, à produção do sintoma.
Em Estudos sobre a Histeria (1895) da autoria de Breuer e Freud, documentam o trabalho necessário para ir da consciência até aos pensamentos que lhes estão subjacentes. Nesse tempo recorria-se à hipnose.
O seu efeito terapêutico dependia demasiadamente da pessoa, do hipnotizador, e das suas sugestões. Por isso, sempre tinha o perigo do efeito terapêutico se extinguir o desfazer do laço emocional entre o terapeuta e o paciente.
Era preciso descobrir um outro método para alcançar o inconsciente – um método que, além disso, estivesse de acordo com a racionalidade e atitude não autoritária de Freud.
Freud prescindiu da hipnose. Conseguia então que os doentes estabelecessem ligações entre as cenas patogénicas esquecidas e os seus resíduos (sintomas).
Freud confirmou que as recordações esquecidas não se perdem. Estavam prontas a surgir em associação a factos ainda sabidos, mas alguma força as detinha.
Atualmente, consideramos a substituição da hipnose pela chamada “associação livre” como o verdadeiro nascimento da psicanálise.
A seguir à interpretação dos sonhos, a associação livre é a segunda via régia para penetrar no inconsciente.

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25
Q

1885-1897: A Fase Pré-analítica

A

Joseph Breuer (médico), Viena: no trabalho com a sua paciente Anna O., consegui retraçar os seus numerosos sintomas histéricos até à sua origem em experiências psíquicas que se tinham tornado inconscientes.
Jean-Martin Charcot (médico e cientista francês que trabalhou nos domínios da neurologia e da psiquiatria), Paris: Histeria como afeção neurológica.
“Quase ao mesmo tempo em que Breuer praticava a talking cure com a sua paciente, começava Charcot, em Paris, com as suas doentes histéricas da Salpêtrière, as investigações de onde havia de surgir nova conceção da doença”
Foi seu discípulo Pierre Janet que tentou penetrar mais intimamente nos processos psíquicos particulares da histeria.
Hippolyte Bernhein (médico neurologista francês): Nas suas demonstrações com hipnose , provou que o comportamento e ações humanas podem ser motivados por processos de pensamento de que a pessoa não tem consciência.
Bernheim demonstrou que as pessoas sob hipnose só aparentemente tinham perdido a lembrança de factos ocorridos, sendo possível despertar nelas tais factos no estado normal de consciência. Perante a insistência, as pacientes lembravam-se do que tinha acontecido sob um estado de consciência diferente.
Freud passou a insistir com os pacientes quando estes referiam não se lembrarem de mais nada. Freud assegurava-lhes que sabiam.

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26
Q

A Psicanálise em si: Os anos de solidão de Freud: 1897-1908

A

Fase de solidão, fermentação intelectual.
Mantinha correspondência com o seu amigo Fliess e com a sua ajuda estabeleceu os fundamentos práticos e teóricos da psicanálise, concebeu o método da associação livre. Abandonou a hipnose.
Começou a ver a neurose como o resultado de um conflito inconsciente, em cujo cerne estavam fantasias derivadas dos instintos relacionadas com a sexualidade (conflitos edipianos)

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27
Q

Os princípios do movimento psicanalítico: 1907/8-1920

A

Jung, Adler, Stekel, Abrham, Frenczi, Jones e Rank
* Primeiro congresso psicanalítico em Salzburgo e inaugurado um jornal
* Crescimento do movimento psicanalítico.
Freud, Jung e Ferenczi em Viena
Freud convidou médicos a ingressar no seu Instituto Psicanalítico em Viena, Áustria, para compartilhar sua empolgação e conhecimento sobre o funcionamento interno da mente. Tanto Carl Jung quanto Sándor Ferenczi fizeram parte desse círculo por um tempo e ambos saíram e, com o tempo, formaram suas próprias escolas de pensamento. Ambos também rejeitaram a teoria freudiana da pulsão, mas por razões muito diferentes. Jung tinha uma visão menos biológica e mais espiritual do ser humano. Ele acreditava que os seres humanos têm uma auto-organização transpessoal que nos guia numa jornada pessoal de individuação. De forma muito diferente, Ferenczi permaneceu fiel ao pensamento original de Freud de que o trauma sexual era real e causador de transtornos psicológicos. Para consternação de Freud, Ferenczi defendia uma forma ativa e interpessoal de psicanálise, totalmente diferente da neutralidade estudada de Freud. Por muitos anos, ele foi completamente ostracizado e excluído de todo o pensamento psicanalítico. No entanto, atualmente, ele é reconhecido como um importante precursor tanto na teoria quanto na prática, especialmente na escola de pensamento relacional americana, e a sua reputação e importância agora são reconhecidas (Mitchell & Black, 1995).

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28
Q

Modelos de Freud - 1. Modelo do Afeto/Trauma

A

O significado oculto dos sintomas deve ser descoberto e conscientemente revivido, juntamente com o seu afeto associado, a fim de efetuar uma “cura”. Este foi o primeiro dos modelos de Freud sobre o funcionamento da mente que se tornou conhecido como o modelo de trauma afetivo, um modelo que ressoa fortemente com as abordagens psicanalíticas atuais que tratam o trauma relacional precoce através de uma relação terapêutica de suporte que se assemelha à díade mãe-bebê.
.O modelo de trauma afetivo propôs que os sintomas das pacientes histéricas tinham um significado psicológico oculto relacionado com traumas emocionais importantes que a paciente tinha reprimido (Freud, 1893a, 1893b, 1893c, 1893d).
Observações de sinistrados da Guerra Franco-Prussiana
A paralisia histérica parecia estar relacionada com experiências traumáticas na frente de batalha e que eram aliviadas quando o indivíduo era capaz de falar sobre os terríveis acontecimentos
Elevada frequência de abuso sexual na infância dos seus pacientes histéricos
Analogia com o traumatismo de guerra, acontecimentos externos dolorosos como a sedução na infância podiam submergir o “aparelho mental” deixando-o incapaz de lidar com os afetos resultantes.
Raízes na “Psiquiatria Dinâmica” Pré-analítica
* Charcot (1882)
* Janet (1889)
Trabalho com Breuer e caso clínico Anna O.
Determinados conteúdos (e.g., pensamentos, memórias) não são integrados na nossa auto-organização dominante e, como tal, existem fora da consciência;
Estes conteúdos, dada a sua natureza desintegrada, exercem uma forte influência patogénica sobre os nossos comportamentos, pensamentos e sentimentos.
Cada experiência possui uma “quota de afeto” que é normalmente descarregada através da experiência consciente – e.g., falar acerca da experiência – e integrada da sua associação com outros conteúdos mentais.
É especialmente difícil , experiências acompanhadas de grande quantidade de afeto como os traumas – associarem-se a outros conteúdos.
Na histeria, nenhuma destas tarefas – descarregamento do afeto e associação a outros conteúdos – é realizada com sucesso.
O afeto permanece “estrangulado” e a memória da experiência desintegrada (i.e., não ligada ou associada a outros conteúdos).
A estrangulação do afeto + isolamento associativo =
desenvolvimento de sintomas histéricos
O tratamento dos sintomas implica, assim, des-estrangular/desbloquear o afeto através de uma resposta adequada – e.g., resposta verbal – e promover a associação da memória traumática a outros conteúdos.
Nos Estudos sobre a histeria (1895/1969), Freud e Breuer introduzem suas ideias sobre a doença, como sendo originária de uma fonte da qual os pacientes relutam em falar ou mesmo não conseguem discernir sua origem.
A origem seria encontrada num trauma psíquico ocorrido na infância, em que uma representação atrelada a um afeto aflitivo teria sido isolada do circuito consciente de ideias, sendo o afeto dissociado desta e descarregado no corpo.
Através da hipnose, os pacientes conseguiam reencontrar a lembrança traumática, tendo assim a oportunidade de reagir a esta por suas palavras, aliviando seus sintomas.

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29
Q

Modelos de Freud - 2. Modelo Topográfico

A

Começou a ver a neurose como o resultado de um conflito inconsciente, em cujo cerne estavam fantasias derivadas dos instintos relacionadas com a sexualidade (conflitos edipianos)
A sexualidade infantil e o papel da experiência corporal no início do desenvolvimento tornaram-se um dos pilares do pensamento psicanalítico.
O termo “topográfico” implica um modelo espacial no qual diferentes funções psicológicas se encontram em diferentes locais.
A divisão da mente nos sistemas inconsciente, pré-consciente, e consciente, foi introduzida na segunda fase do trabalho de Freud (1897-1923), contendo ainda ecos das localizações cerebrais, que relembravam a carreira prévia de Freud
como neurologista.
A interpretação dos Sonhos” (1900)

Analogia do Iceberg:
Consciente: topo do iceberg – a pequena quantidade de atividade mental que conhecemos (pensamentos, perceções)
Pré-consciente: Parte submersa do iceberg - coisas das quais poderíamos estar cientes se quiséssemos ou tentássemos (memórias, conhecimento armazenado, estado de sonho, experiências recentes);
Inconsciente: parte mais funda e submersa do iceberg - coisas das quais não temos consciência e das quais não podemos ter consciência (instintos-sexual e agressivo, traumas, medos, paixões, motivos violentos, desejos irracionais, experiências vergonhosas, necessidades egoístas)
* O ID faz parte da mente inconsciente e compreende os dois instintos: Eros e Thanatos

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30
Q

Modelo Topográfico – Inconsciente

A

Forma-se a partir do recalcamento
Rege-se pelo processo primário
Os seus conteúdos, fortemente investidos de energia pulsional, procuram retornar à consciência (retorno do recalcado); mas não podem ter acesso à consciência senão nas formações de compromisso, depois de terem sido submetidos às deformações da censura
A sua existência é demonstrada pelas suas manifestações:
* Sintomas neuróticos: “realização deformada de um desejo inconsciente”
* Sonhos: “Realização (disfarçada) de um desejo (recalcado)”
* Atos falhados
Atos falhados
* Não acontecem por acaso, têm sempre algum sentido e existem por algum motivo.
* Quando há um ato falhado, é porque existe um conflito entre a intenção consciente do sujeito e o seu inconsciente recalcado.
* São atos em que o resultado desejado é substituído por outro que o indivíduo não controla. Podem ser representados por lapsos de linguagem, erros de leitura ou de escrita, lapsos de memória, etc.
* Nos atos falhados existe uma intenção consciente e outra intenção escondida. Nestes atos há um conflito onde estão presentes duas tendências contraditórias e com finalidades opostas.

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31
Q

Modelo Topográfico - Pré-consciente

A

Processos psicológicos inconscientes em “termos descritivos” (o indivíduo não está ciente deles), mas acessíveis à consciência.
Rege-se pelo processo secundário
Está separado do sistema inconsciente pela censura que não permite que os conteúdos inconscientes passem para o pré-consciente sem sofrerem transformações, tornando-os assim aceitáveis para o sistema consciente.
O foco mudou da realidade externa e o seu impacto nos processos psicológicos para o próprio mundo interno.
Durante a maior parte da sua vida Freud viu o mundo interno como dominado pela luta do homem com os seus instintos ou impulsos
Freud considerou os instintos como necessidades de desenvolvimento básicas instituídas a partir de fantasias que requeriam expressão e gratificação.
Instintos ou impulsos estão na origem quer do desenvolvimento normal quer na origem da perturbação.
* Instintos de morte ( agressivos, destrutivos)
* Instintos de auto preservação
Os instintos são componentes do sistema inconsciente e têm necessidade inata de descarga.
No esquema clássico, os desejos instintivos têm uma fonte, um fim e um objeto.
Exemplo:
* Fonte: Corpo, dores de fome
* Fim: sucção/saciação da fome
* Objeto: Seio materno
A presença do objeto e a sua qualidade é memorizada e da próxima vez que o bebé sentir fome, a memória do seio é reativada e a fantasia é mais uma vez estabelecida.

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32
Q

Limitações do modelo topográfico

A

Não há lugar neste mapa da mente para ideais, valores e consciência.
Necessidade de maior exploração da influência do mundo externo nas estruturas mentais
* Como é que a experiência interpessoal / parental (e.g., pais rígidos e punitivos) pode constituir uma parte estrutural do mundo interno de um indivíduo
A tentativa de resposta a estas questões orientaram Freud para a 3ª fase do seu modelo: o modelo estrutural ou segunda tópica

33
Q

Modelo Estrutural

A

Propôs 3 partes ou componentes estruturais da personalidade humana: id, ego e superego.
Estes devem ser entendidos como funções e não como entidades estruturais: “Id e Ego” (1926)
O modelo estrutural mantém-se firmemente enraizado na teoria dos instintos;
* O termo id refere-se, por exemplo, às pulsões inatas e aos impulsos sexual e agressivo.
Este modelo preocupa-se também com a forma como a estrutura da personalidade de um indivíduo se adapta às exigências dos desejos instintivos e coloca uma maior enfâse na realidade externa do que o modelo topográfico.
Id:
“Contém tudo o que é herdado, que se acha presente à nascença” e o que foi recalcado
* Reservatório dos instintos
* Funcionamento Inconsciente
* Rege-se pelo princípio do prazer
Ego:
Polo defensivo “organização das energias livres e móveis do id, tendo em conta os imperativos e limites impostos pela realidade exterior”
* O Ego procura gerar harmonia entre o Id, o Superego e o mundo externo, agindo segundo o princípio da realidade.
Funcionamento parcialmente Pré-consciente–Consciente e parcialmente inconsciente (mecanismos de defesa)
Superego
Está envolvido nas experiências de culpa, perfeccionismo, indecisão e preocupação com o que é certo ou errado fazer-se
Funcionamento essencialmente inconsciente, mas também pode ter um funcionamento pré-consciente - consciente.
Dois princípios de funcionamento mental:
1. Processo primário: pensamento típico do sonho, da fantasia da vida infantil, onde não se aplicam as leis do espaço, do tempo, da contradição.
2. Processo secundário: pensamento racional, segue as leis da lógica espacial e temporal.
Mecanismos de defesa do ego:
* Recalcamento,
* Negação,
* Formação reativa,
* Intelectualização ou racionalização
* Projeção
* Sublimação
* (…)

34
Q

Evolução dos modelos de Freud

A

Imagem (13)

35
Q

Implicações da Teoria de Freud para a Intervenção

A

O tratamento psicanalítico envolve a indução, através da livre associação e da presença não crítica e discreta do analista, num contexto de introspeção e compreensão, de uma regressão (também chamada de “neurose de transferência”), na qual o analisando se torna “infantil” (ou seja, retorna a formas mais primitivas de sentir, experimentar e comportar-se, incluindo uma preocupação consigo mesmo) e emocionalmente dependente do analista, de modo a que possa crescer novamente com um pai/analista mais benigno, tendo relembrado, compreendido e dominado experiências reprimidas.
O paciente sofre de formações de compromisso patológicas* assentes em conflitos reprimidos.
Estes conflitos são baseados em desejos instintivos originários da infância, especialmente desejos edipianos.
Estes desejos manifestam-se na relação terapêutica sob a forma de resistência e de transferência.

36
Q

Resistência

A

Resistência: tudo o que, no decorrer do tratamento psicanalítico, nos atos e palavras do analisando, se opõe ao acesso deste ao seu consciente (i.e., à associação livre, ao insight, à mudança).
* Silêncio – Objeção crítica/vergonha
* Resistência intelectual
O cliente sofre com os sintomas vs. “empreende uma luta no interesse da sua doença contra a pessoa que os está a ajudar”
Ganhos secundários
O cliente apresenta todos os fenómenos desta resistência sem reconhecê-lo como tal
A superação da resistência = função essencial da psicanálise
A função do psicanalista é clarificar e interpretar que o paciente está a resistir, como, a quê, e porquê que o cliente está a resistir.

37
Q

Transferência

A

Transferência: processo pelo qual o cliente transfere para o analista as experiências passadas e sentimentos fortes que anteriormente sentiu em relação a pessoas significativas.
* O homem tende a colocar o pai no lugar do médico/esforço de se tornar independente, superar
* Na mulher predominam transferências afetuosas com nuances eróticas
“…novas edições ou fac-símiles dos impulsos e fantasias que são despertados e tornados conscientes durante o decorrer da análise… eles substituem alguma pessoa anterior pela pessoa do médico… as experiências psicológicas são revividas, não como pertencentes ao passado, mas como aplicáveis à pessoa do médico no momento presente.” - FREUD
“Os fenômenos de transferência são inconscientes e, desde o início, servem tanto as funções de resistência quanto de revelação. A transferência é incentivada na situação analítica através da adoção de uma postura acolhedora e não julgadora.”

38
Q

Vantagens da Transferência:

A
  1. Ao colocar o analista no lugar do pai ou mãe, concede-lhe o poder que o superego exerce sobre o ego – o superego dispõe de uma oportunidade de pós-educação.
  2. O cliente representa uma parte importante da sua história em vez de contá-la apenas.
39
Q

O que ter em conta na intervenção psicanalítica

A

Resistência e Transferência
1. Resistência à Transferência: interrupção das associações, silêncios
2. Resistência através da Transferência
A prontidão do paciente para transferir as suas reações é facilitada quando a situação de tratamento é não estruturada e favorece a associação livre*, que permite que o inconsciente (i.e., conflitos não resolvidos) sejam expressos através dos sonhos, memórias, reações ao terapeuta…

  • Consiste em exprimir indiscriminadamente todos os pensamentos, quer a partir de um dado elemento, quer de forma espontânea; é favorecida pelo silêncio do analista

O analista ouve com atenção flutuante*, com uma atitude empática, não avaliativa, neutra que facilita a aliança terapêutica - o desejo do paciente para cooperar apesar do conflito sobre recordar.

  • O analista não deve privilegiar a priori qualquer elemento do discurso do analisando; é o correspondente da regra da associação livre.

Ao longo dos anos, à medida que Freud ouvia os seus pacientes e teorizava - arguivelmente privilegiando a teoria sobre a audição -, ele criou o que ficou conhecido como a técnica psicanalítica clássica (Greenson, 1967). Os pacientes eram instruídos a deitar-se num sofá enquanto ele se sentava fora da vista, ouvindo atentamente. As instruções dadas eram para falar sobre qualquer coisa que lhes viesse à mente e depois fazer associações livres aos pensamentos que surgissem. Freud acreditava que a sua “neutralidade” e a falta de direção deste método assegurariam que o que ocorria durante a sessão revelaria os conflitos pessoais do paciente, ao mesmo tempo que permitiria a Freud, manter a sua autonomia. Freud acreditava que essa combinação seria a rota mais direta para a origem do problema. Quando falava, a sua intenção era oferecer uma interpretação - geralmente uma conexão entre o dilema presente e um conflito passado - que ele considerava útil. A interpretação abriria a porta para o inconsciente e os seus conflitos. Além disso, garantiria que as necessidades relacionais do paciente não fossem de forma alguma satisfeitas.

Neutralidade implica:
* Não se pronunciar sobre as opiniões emitidas pelo paciente; a função do analista é ouvir, compreender, não julgar.
* Não deixar que as reações de contratransferência interfiram com a compreensão e interpretação dos conflitos do paciente

Contratransferência: Conjunto das reações inconscientes do analista à pessoa do analisando.
* Decorre dos conflitos inconscientes do próprio analista = resistência do analista (sendo o paciente representante das figuras importantes do passado do analista).
* Na perspetiva clássica, interfere com a escuta atenta dos processos inconscientes – dificulta a postura analítica (analista como perito/distante + ecrã neutro)

O analista adere ao princípio da abstinência*: evitar gratificações deliberadas. Ajuda o paciente a experienciar e compreender as bases intrapsíquicas dos seus problemas interpessoais.

  • Implica para o analista a regra de se recusar a satisfazer os pedidos do paciente e a desempenhar os papéis que este tende a impor-lhe; Serve para manter um nível ótimo de frustração/ sofrimento.

Estas condições promovem o desenvolvimento de uma transferência analisável

Interpretações do analista das resistências e conflitos do paciente, tal como são manifestados na transferência ajuda a chegar a insights sobre a natureza e origem dos conflitos e das ansiedades associadas.
* Por em evidência o sentido latente de um dado material.
* Deve ter em conta a capacidade de elaboração do paciente e portanto não pode ser selvagem.

“A técnica de interpretação foi desenvolvida para explicar a influência do processo primário, que é acessado através da associação livre. Ela possui várias funções, incluindo estabelecer conexões entre enunciações aparentemente díspares do paciente, confirmar, esclarecer, confrontar os pacientes com suas contradições, corrigir representações incorretas, apontar omissões ou distorções, proporcionar insight, sintetizar, fazer perguntas ocasionais e criteriosas, e interpretar sonhos.”

A experiência repetitiva de interpretações dos conflitos no contexto de reações de transferência afetivamente vividas no aqui e agora, ajuda o paciente a mudar.
A Psicanálise presta auxílio ao Ego enfraquecido pelo conflito interno
* “à semelhança de uma guerra civil que tem de ser decidida pela assistência de um aliado vindo de fora – o analista”
Facilita o insight/controle consciente
* Devolvendo “ao seu ego o domínio sobre regiões perdidas da sua vida mental”
“Where id was, there shall ego be”

Dispositivo:
Divã com o analista fora do campo visual
Regularidade e frequência das sessões
Duração indeterminada

40
Q

Perspetivas clássica e moderna

A

Perspetiva clássica (transferência e contratransferência):
O paciente transfere para o analista as experiências passadas e sentimentos fortes que anteriormente sentiu em relação a pessoas significativas
O paciente não tem consciência desta falsa conexão
Vive os sentimentos como relevantes para o presente
A interpretação permite reviver e reconstruir o passado no presente o obter o insight sobre a transferência

Perspetiva moderna (transferência):
A transferência permite a emergência de significados latentes organizados em torno e evocados pela intensidade da relação analítica
A interpretação permite examinar de que forma os desejos cotidianos, a formação do caráter e as expetativas pessoais são influenciadas pelo passado
A transferência tornou-se num conceito mais lato, engloba a interação entre paciente e analista
* É um meio através do qual o drama interno do paciente é encenado com o analista, uma nova experiência influenciada pelo passado mas não uma repetição de uma experiência anterior.
Assim o propósito da interpretação de transferência é ajudar o paciente a ver, na intensidade da transferência, os objetivos, o caráter e o modo como os seus desejos correntes e expetativas são influenciados pelo passado.

Perspetiva moderna (contratransferência):
Hoje é uma parte central da teoria e da técnica.
Aplica-se àqueles sentimentos e pensamentos experimentados pelo analista (consciente e inconscientemente) que podem ser usados pelo analista para compreender o significado das comunicações do paciente, para ajudar e não impedir o tratamento.
Pode ser entendida como ressonância afetiva e empática

41
Q

Críticas aos modelos freudianos

A

Houve quatro mudanças importantes na teoria psicanalítica em relação à teoria original de Freud:
1. Os processos interpessoais e o papel da educação (ou seja, o ambiente) ganharam destaque em contraste com o foco supostamente intrapsíquico da teoria original;
2. Houve desacordo sobre a primazia que Freud atribuía à sexualidade e uma mudança na ênfase das causas sexuais para as causas sociais (ou seja, interpessoais) da psicopatologia;
3. Surgiram divergências em relação à técnica e ao local da ação terapêutica; e
4. Houve uma mudança no foco do desenvolvimento patológico para os processos de desenvolvimento normais.

41
Q

Terapia psicodinâmica breve

A

A psicoterapia dinâmica breve surge em resposta aos pedidos de pacientes com pedidos muito específicos, sem tempo para intervenções prolongadas ou para pacientes com poucos recursos económicos
A diferença entre esta psicoterapia e a psicoterapia dinâmica clássica não está apenas no tempo, mas também no estabelecimento de objetivos limitados.

42
Q

Terapia psicodinâmica breve - Precursores

A

Freud: No início as suas intervenções não duravam mais de 1 ano e vários eram realizados em apenas horas
Havia, no entanto algumas diferenças:
* O método catártico, utilizado na época por Freud, não levava em conta certas noções às quais ele só chegaria posteriormente, e que têm lugar importante nas técnicas de hoje (transferência e resistência)
* Freud procurava a cura através do método catártico, ou seja, de tornar conscientes as memórias traumáticas reprimidas, com a negação dos afetos a elas relacionados
Fatores que levaram a um prolongamento cada vez maior do processo de análise em FREUD:
* A mudança do interesse de Freud, do tratamento de sintomas neuróticos para a compreensão da natureza do inconsciente e da personalidade;
* O fato de ter recorrido a uma explicação metapsicológica do funcionamento psíquico;
* A mudança do método catártico para a associação livre e a importância atribuída à neurose de transferência

A neurose de transferência é a projeção das neuroses infantis do cliente no analista

43
Q

Precursores da terapia dinâmica breve -Ferenczi (1926)

A

As modificações introduzidas por Ferenczi foram principalmente técnicas, que se referiam ao que ele denominou “técnica ativa”
Foram tentativas de intensificar o processo transferencial apressando a emergência das experiências passadas e dando um novo impulso ao tratamento, especialmente quando este chegava a momentos de impasse.
O objetivo era levar o paciente a enfrentar situações ansiógenas, proibindo certos comportamentos propiciadores de gratificações que se constituíam em obstáculos para a evolução do caso

44
Q

Precursores da terapia dinâmica breve - Rank

A

As modificações introduzidas por Rank estavam ligadas não só a questões técnicas, mas a uma diferente conceção etiológica da neurose, que foi refutada por Freud.
Dava importância central ao “trauma do nascimento”, gerador da “ansiedade primordial”
Apesar das inúmeras críticas que recebeu, Rank deixou contribuições significativas para a PB:
* Estabelecimento prévio de uma data para o término da análise e o conceito de “will-therapy”, que, segundo Marmor (1979), é um precursor do conceito de “motivação para mudança”, considerado atualmente como um dos importantes critérios de indicação para tratamentos breves.

45
Q

Precursores da terapia dinâmica breve - Alexander e French (1946)

A

Outros precursores - Alexander e French (1946)
Considerados por muitos como o verdadeiro marco inicial da terapia psicodinâmica breve
Enfatizaram, como Ferenczi, a experiência emocional mais do que a rememoração, e viam a cura como uma experiência em que a atitude do analista, diferente da dos pais, permite uma correção da relação infantil.
Surge assim o conceito de experiência emocional corretiva e o “princípio da flexibilidade” do terapeuta
Abreviar o processo terapêutico, para eles, não era primordialmente uma questão social ou econômica, mas sim técnica: uma forma de frustrar a dependência e levar o paciente a abandonar as posições infantis em benefício de uma adaptação adulta
Conceito de Experiência emocional corretiva
Alexander desenvolveu o conceito denominado de experiência emocional corretiva, defendendo que a cura de uma neurose não passava pela simples revivência de uma experiência emocionalmente intensa.
Sustentava que para se ultrapassar uma neurose era necessário que o paciente revivesse, num novo contexto, uma experiência corretiva que pudesse destruir os traumatismos do passado.
A experiência emocional corretiva visa possibilitar que os conflitos antigos, não resolvidos surjam na relação transferencial, permitindo que a diferença entre as reações atuais do terapeuta e as reações das figuras parentais na relação primitiva seja o fator preponderante para produzir mudanças.
A atitude do terapeuta, mais adequada, empática e compreensiva, vai possibilitar ao cliente revivenciar, dentro do ambiente seguro da relação terapêutica, situações emocionais difíceis do passado e nesse sentido “corrigir” experiências passadas.
Princípio da Flexibilidade
Alexander contestou a rigidez técnica e propôs que o terapeuta deveria adaptar a técnicas às necessidades do paciente.
Um dos pontos que Alexander trouxe, em termos de flexibilidade, foi a frequência de sessões: muitas por semana, início do tratamento, e, depois, as interrupções (15 dias, um mês, dois meses) para a preparação do fim do tratamento.

46
Q

Aspetos relevantes para as psicoterapias dinâmicas breves atuais

A
  • O estabelecimento de objetivos e de um planeamento do tratamento;
  • A mudança da ênfase no intrapsíquico para a psicologia interpessoal e relacional, desenvolvida por Balint, Fairbairn , Winnicott e Bowlby (Inglaterra) e por Sullivan, Thompson, Fromm e Fromm-Reichmann (Estados Unidos).
  • Influenciaram a psicoterapia breve relacional de Strupp e Binder (1984), através da ênfase na importância da experiência real do paciente na relação terapêutica, e as PB ecléticas, defendendo a ideia da terapia como uma experiência de aprendizagem a serviço da adaptação.
47
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Estrutural: Autores e semelhanças

A

Três autores principais e mais conhecidos representantes deste modelo:
Malan (1976, 1979) (Inglaterra)
Sifneos (1979, 1984) (EUA)
Davanloo (1980) (Canadá)

Semelhanças:
Bases nitidamente freudianas, preocupações concentram-se especialmente nos aspetos técnicos.
A abordagem dá prioridade aos conflitos intrapsíquicos.
A herança freudiana fica clara também pela frequência com que utilizam o conflito edipiano como referencial.

48
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Estrutural: Malan (1976, 1979)

A

Propõe que logo no princípio seja estabelecida uma hipótese psicodinâmica de base, a partir de um diagnóstico que inclui entrevistas e testes psicológicos.
A ideia é identificar o conflito primário, que é reeditado na problemática atual do paciente. Sobre esta hipótese psicodinâmica de base planeia-se o trabalho terapêutico, que é feito através da interpretação ativa e seletiva, com tempo e objetivos delimitados.
Malan dedicou-se intensamente ao estudo de casos clínicos, inclusive com acompanhamento aprofundado e prolongado, visando um maior conhecimento do problema da seleção de pacientes e dos resultados

49
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Estrutural: Sifneos (1979, 1984)

A

Desenvolveu a Psicoterapia Breve Provocadora de Ansiedade (Short-Term Anxiety Provoking-Psychotherapy – STAPP), dirigida a pacientes criteriosamente selecionados, com problemática fundamentalmente edipiana, e com forte motivação para mudança.
A partir da formulação de uma hipótese psicodinâmica, o terapeuta adota uma postura bastante ativa, que visa levar o paciente a confrontar-se com os seus conflitos.
O processo é focalizado e limitado entre 12 e 18 sessões.

50
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Estrutural: Davanloo (1980)

A

Propôs uma técnica altamente ativa, de confrontação e manutenção de foco, que se utiliza, desde o início, de interpretações da transferência, das defesas, dos sonhos e das fantasias.
Com a confrontação constante, por vezes desafiadora, tende a provocar sentimentos de hostilidade no paciente, a utilização desta técnica depende da existência de uma sólida aliança terapêutica.
Aplica-se não só a pacientes com focos edípicos, mas também a casos mais graves, com os quais conseguiu resultados positivos.
O número de sessões não é fixado antecipadamente, mas é explicitado que o trabalho será breve

51
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Estrutural: Críticas

A

As principais críticas dirigidas ao modelo estrutural advêm do fato de que aquilo que eles consideram uma postura ativa do terapeuta resvala muitas vezes para uma atitude autoritária, especialmente nas técnicas de Sifneos e Davanloo, que tende a submeter o paciente a um terapeuta onipotente.

52
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Relacional: autores e mudança

A

Mudança filosófica que se refletiu na psicanálise, gerando uma nova visão da teoria da personalidade, da psicopatologia e consequentemente psicoterapia, baseada principalmente nas relações objetais, a partir dos trabalhos de Melanie Klein, Fairbairn e Winnicott

53
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Relacional: As mães da psicanálise infantil: Melanie Klein e Anna Freud

A

Seguidoras de Freud mas com percursos singulares
Melanie Klein foi das primeiras a utilizar a psicanálise tradicional, tal como Sigmund Freud a delineou.
No entanto, fê-lo, em especial, com crianças; e fê-lo de uma forma inovadora, procurando usar brinquedos na interação com estas, de forma a chegar às suas conclusões quanto às relações que as crianças estabeleciam com os objetos e com a realidade exterior.

Onde Anna Freud disse que crianças muito pequenas não podiam realizar livre associação, Klein viu um rico mundo de fantasias refletidas no brincar. Onde Anna Freud viu a si mesma como uma professora com suas obrigações educadoras, Klein foi mais fundo, interpretando ansiedades sobre seios e outras partes do corpo, sobre ódio, sofrimento, luto e inveja que chocaram os não-kleinianos

A primeira tarefa de Klein foi desenvolver uma técnica de análise que viabilizasse o acesso ao inconsciente da criança, já que não é esperado que uma criança pequena colabore com a técnica da associação livre
Ela desenvolveu então a análise através da brincadeira.
Por meio da atividade lúdica, Klein interpretava as fantasias, as angústias, e outras manifestações do inconsciente da criança, as quais eram expressas de maneira simbólica
Klein considerava a mãe fundamental no desenvolvimento relacional e humano da criança,

54
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Relacional: D. Winnicott

A

D. Winnicott, importante psicanalista, que também trabalhou com crianças.
As maiores contribuições de Winnicott para a psicanálise foram sobre o “ambiente e os processos de maturação”, ou seja, a figura da mãe como responsável pelo desenvolvimento da criança

55
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Relacional: Diferenças em relação ao modelo estrutural

A
  • Menos preocupações técnicas
  • Menor interesse pelo estudo de aspetos como limites estritos de tempo e critérios de seleção.
  • No estabelecimento do foco, estas PB apoiam-se menos num único constructo teórico, como as anteriores se apoiam no complexo de Édipo, e dão maior importância à experiência, a relação e ao “aqui e agora”, o que resulta numa maior diversidade de focos clínicos.
  • Priorizam a relação terapêutica e os padrões de relacionamento interpessoal que o indivíduo estabelece, e encaram o terapeuta como observador participante
56
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Relacional: Podem ainda ser considerados representantes desta forma de trabalho

A

Luborsky (1984)
Horowitz (1988, 1991)
Strupp & Binder (1984)

57
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Relacional: Hans Strupp

A

Psicoterapia dinâmica de tempo limitado (PDTL)- Hans Strupp
Influências: Teoria Interpessoal
* A personalidade é composta por relações objetais internas que consistem em autoimagens, imagens dos outros e um conjunto de transações entres estas. A cada uma destas transações está associada uma variedade de sentimentos, desejos, pensamentos, atitudes e expectativas.
* Estas relações objetais são o produto de experiências interpessoais com outros significativos que foram internalizadas, particularmente durante a infância
* Atualização das relações de objeto internas na relações interpessoais.
* As relações de objetos são padronizadas em relações de papeis estruturadas. A ação destas relações estruturadas nas relações interpessoais correntes resulta no assumir inconsciente de certos papeis de si próprio e dos outros.
* Relação isomórfica entre as relações objetais internalizadas e as características das relações reais, particularmente com aquelas que a pessoa mantém com outros emocionalmente importantes para si.
* Quando o repertório de relações objetais internalizadas não é responsivo às experiências interpessoais, podem influenciar negativamente as relações interpessoais.
* Rigidez e persistência do repertório resulta da complementaridade interpessoal
Foco Interpessoal
* Na PDTL os problemas são conceptualizados de modo a evitar a formulação abstrata e vaga (característico dos tratamentos baseados na teoria metapsicológica de Freud).
* As queixas dos pacientes são traduzidas em termos interpessoais e organizados em forma de padrão mal adaptativo cíclico (CMP)
o Este padrão ajuda o terapeuta a gerar, reconhecer e organizar a informação psicoterapêutica relevante. Não é uma formulação final mas é usada no curso do tratamento para focalizar o terapeuta num problema solucionável.
* O padrão mal adaptativo cíclico é um modelo de trabalho de um padrão saliente ou central de papeis interpessoais em que os clientes inconscientemente se colocam a si próprios, os papeis complementares em que colocam os outros e a sequência de interações, expectativas autodepreciativas, autoapreciações negativas e afetos de desprazer que resultam
Influências: Psicologia Cognitiva
* Relações objetais internalizadas mais salientes podem ser conceptualizadas como esquemas: estruturas de significado que integram conhecimento acerca do self e dos outros.
* Estes esquemas atuam inconscientemente para organizar o pensamento, estados de humor, relações interpessoais, etc.
* Personalidade: organização hierárquica de esquemas pessoais que, por sua vez, influencia as relações entre objetos.
Padrão Mal Adaptativo Cíclico
Imagem (21)

58
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Integrativo: ideias

A

Nos últimos anos tem-se observado uma tendência a integrar técnicas e conceitos de diferentes tradições terapêuticas, com o objetivo de aumentar a eficiência e o espectro de aplicação das psicoterapias.
As evidências de que não existe uma abordagem que seja adequada para todos os casos levaram alguns autores a considerar que se deve adaptar a psicoterapia ao paciente, e não o contrário.

59
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Integrativo: Mann (1973).

A

Uma das primeiras tentativas de se chegar a um modelo integrativo de PB foi feita por Mann (1973).
Mann baseou a sua proposta nos quatro constructos principais contidos nos modelos anteriores:
* Impulso
* Ego
* Objeto
* Self
Considerando-os não como mutuamente exclusivos, mas complementares e reveladores de diferentes maneiras de funcionamento mental. Estes estariam presentes em todos os aspetos significativos do funcionamento da pessoa adulta, organizados numa hierarquia diferente para cada indivíduo.

60
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Integrativo: Outros nomes relevantes

A

Wolberg (1980)
Bellak (1992)

61
Q

Modelo atual de PDB - Modelo Integrativo: Prochaska (1995)

A

“Terapia Transteórica” (Transtheoretical therapy)
A terapia é adaptada a cada paciente, de acordo com o estágio do processo de mudança em que este se encontra, e com o tipo e gravidade do problemas que apresenta. Esta adaptação refere-se tanto à estrutura do trabalho (número e frequência de sessões, por exemplo), quanto às estratégias utilizadas e aos objetivos estabelecidos.
* Estágio de Pré-contemplação: onde a pessoa não está a considerar a mudança;
* Estágio de Contemplação: onde a pessoa está ativamente ambivalente em relação à mudança;
* Preparação: onde a pessoa começa a planear e comprometer-se com a mudança;
* Ação: onde são tomadas as medidas necessárias para alcançar a mudança. Se bem-sucedida, a ação leva à última fase;
* Manutenção: onde a pessoa trabalha para manter e sustentar a mudança a longo prazo.

A recaída é considerada uma etapa importante no processo de mudança e é usada como uma oportunidade para aprender a manter a recuperação no futuro.

62
Q

Conceitos relevantes em Psicanálise

A

Defesas - os padrões que cada um de nós cria para evitar dor psíquica e vulnerabilidade.
Ego - no modelo estrutural do id, ego e superego, o ego é o mediador entre os impulsos do id e os ideais do superego da família e cultura.
Associação livre - o convite para falar o que vier à mente sem censura.
Histeria - historicamente referida como uma coleção de sintomas vagos e inexplicáveis, como excesso de emotividade, comportamento de busca de atenção e episódios de amnésia, encontrados exclusivamente em mulheres.
Id - no modelo estrutural do id, ego e superego, o id é o condutor básico da vida instintual inconsciente.
Conteúdo latente - aquilo para o qual o sonho está a apontar depois de ser compreendido de forma mais profunda e rica, usando tanto associações livres quanto interpretações.
Conteúdo manifesto - as imagens e narrativa recordadas de um sonho.
Negação - dizer o oposto do que é verdade; uma defesa freudiana.
Transferência negativa - experimentar o analista/terapeuta de forma automaticamente negativa.
Transferência positiva - experimentar o analista/terapeuta de forma automaticamente positiva, até idealizada.
Modelo estrutural - a interação entre o id, ego e superego - estruturas psíquicas hipotetizadas por Freud para explicar o que ele experienciava como analista.
Superego - no modelo estrutural do id, ego e superego, o superego detém os ideais e as injunções dos pais e cultura.
Modelo topográfico - a ideia de que a consciência é apenas uma pequena parte de nossa estrutura psíquica, e o inconsciente é muito maior e exerce mais controlo do que imaginamos.
Transferência - Freud notou e nomeou o facto de que as nossas primeiras experiências como bebés moldam inconscientemente como nos relacionamos com os outros no futuro, especialmente com outros importantes ou figuras de autoridade.

63
Q

Modelos humanistas: origem, autores, informações…

A

Os modelos humanistas emergiram nos EUA e Europa nos anos 50 e 60
Um conjunto de psicólogos, incluindo Maslow e Rogers, insurgiram-se contra o paradigma dominante:
* Criticaram o carácter nomotético e reducionista do estudo da experiência humana à luz dos métodos das ciências naturais;
* Reclamaram uma psicologia mais “humana” que incorporasse métodos naturalistas e descritivos;
* Focaram-se nos processos subjetivos internos.

Modelo hierárquico das necessidades de Maslow
1. Autorrealização: desejo de ser o melhor que se pode ser
2. Estima: respeito, autoestima, status…
3. Amor e pertencimento: amizade, intimidade…
4. Necessidades de segurança: segurança pessoal, emprego, recursos…
5. Necessidades fisiológicas: ar, água, comida, sono…

64
Q

Modelos humanistas: “A Terceira Força” em Psicoterapia

A

Nem determinação interna, nem determinação externa
* Psicanálise versus comportamentalismo
* Perspetiva otimista dos seres humanos
* As pessoas são fundamentalmente boas
Têm capacidade de melhorar as suas próprias vidas e as dos outros, desde que as condições sejam adequadas

Imagem (23)

65
Q

Modelos humanistas: 4 Perspetivas da Motivação Humana (McAdams, 2001)

A

Otimismo
* As pessoas são basicamente boas, capazes de pensamento racional, atuando de acordo com os seus interesses
* Platão, filósofos do Iluminismo (Rousseau), Rogers,
* Maslow
Pessimismo
* As pessoas são más e a maioria das vezes infelizes porque o seu comportamento é determinado por instintos irracionais. O papel da razão humana é exagerado.
* Antigo Testamento, Freud, psicologia evolutiva
Neutralidade
* As pessoas não tem em si inscritas desde o nascimento qualquer determinação. O ambiente determina se as pessoas serão boas ou más.
* Locke, comportamentalistas
Diversidade
* As pessoas são muitas coisas diferentes, com diferentes motivações e diferentes objetivos
* Tipologias antigas (Galeno), Murray, McClelland
* Exemplo dos domínios de Murray (24 necessidades)
* Materiais, afeto entre as pessoas, defesa do estatuto, ambição, poder, informação

66
Q

Modelos humanistas: Princípios dos Modelos Humanistas

A
  1. Compromisso com a abordagem fenomenológica;
    Tentativa de compreender as perspetivas subjetivas das pessoas, incluindo os seus sentimentos, perceções, valores e construções.
  2. Tendência atualizante ou para o crescimento e desenvolvimento;
    Visão anti homeostática do ser humano.
  3. Os indivíduos são autodeterminados
    Capacidade de autorreflexão; Capacidade de escolher entre diferentes desejos, vontades, necessidades e valores
    4 . Centralidade da pessoa/relação: preocupação e respeito por cada pessoa;
    Defendem o carácter único e o valor de cada pessoa e respeitam a sua experiência subjetiva
    Defendem o desenvolvimento de relações igualitárias e autênticas
67
Q

Modelos humanistas: Carl Rogers

A

Nasceu em 1902, nos arredores de Chicago.
Começou por estudar agricultura, mudando depois para história na University of Wisconsin (queria seguir uma carreira religiosa).
Depois de casar-se, mudou-se para NY e ingressou no Union Theological Seminary em NY. Pediu, mais tarde, transferência para o Columbia Teachers College para estudar Psicologia Clínica.
Recebeu treino em avaliação psicológica e psicoterapia psicanalítica durante o seu internato no Institute for Child Guidance.
Quando terminou os seus estudos, começou a trabalhar na Society for the Prevention of Cruelty to Children (em Rochester, NY), do qual se tornou diretor em 1930.
Familiarizou-se com o trabalho do psicanalista Otto Rank: ênfase no aqui-e-agora, no poder terapêutico da relação, e nas forças internas construtivas.
Em 1939, publicou o seu primeiro livro: “The Clinical Treatment of the Problem Child”. No ano seguinte, foi convidado para lecionar na Ohio State University, onde permaneceu até 1944.
Publicou um livro onde documenta o processo de mudança: “Counselling and Psychotherapy”
Em 1945, mudou-se para a University of Chicago
Identificou e descreveu processos de mudança e as formas como estes podiam ser facilitados pelo terapeuta
Em 1951, publicou o seu 3º livro: “Client-Centered Therapy”
Em 1957, mudou-se para a University of Wisconsin.
Em 1964, mudou-se para a California: Interessou-se pelo trabalho com grupos, bem como por questões sociais e políticas.
Passou a denominar a sua modalidade terapêutica de “centrada na pessoa” em vez de “centrada no cliente”– em 1961, publicou o livro “On becoming a Person”

68
Q

Modelos humanistas: ideias

A

Todo o indivíduo existe num mundo de experiência do qual é centro e que está em
permanente mudança.
Mundo íntimo = campo fenomenológico ou experiencial
O indivíduo reage ao campo fenomenológico tal como este é experienciado e
apreendido.
Este campo é, para o indivíduo, a realidade.

O melhor ângulo para a compreensão da comportamento é a partir do quadro de
referência interno do indivíduo.
O organismo tem uma tendência básica: realizar, manter e desenvolver a experiência organísmica.
Processo avaliação organísmica
* Tendência inata para avaliar positivamente as experiências que contribuem para a autoatualização
* Avaliar negativamente as experiências que, pelo contrário, não contribuem para a estabilidade e crescimento.
* O comportamento é fundamentalmente o esforço dirigido a um fim do organismo para satisfazer as suas necessidades tal como as experencia no campo fenomenológico:
o O comportamento não é causado por algo que aconteceu no passado
o A experiência passada influencia o presente na medida em que modifica o sentido captado das experiências atuais

69
Q

Teoria da personalidade de Carl Rogers

A

Aspeto mais importante da vida da criança: ser amado
Necessidade de aceitação (positive regard) por parte dos outros: “O desejo “de se perceber como fazendo uma diferença positiva no campo experiencial do outro” (1959, p. 208).
* A criança começa a perceber que algumas experiências são aceites, enquanto outras não são (e.g., agredir o irmão)
As associações entre as experiências e o seu grau de aceitação são internalizadas; a criança adquire, assim, condições de valor.
Estes valores são aceites como tão “reais” como os valores associados à experiência direta.
* Simbolização adequada: “Os meus pais consideram esta experiência como não
* satisfatória”
* Simbolização distorcida: “Eu vejo esta experiência como não satisfatória”
Os valores ligados à experiência e os valores que são parte da estrutura do self são:
a) valores experienciados diretamente pelo organismo e, noutros casos
b) valores introjetados, mas captados de uma forma distorcida, como se fossem diretamente
À medida que vão ocorrendo experiências na vida de um indivíduo estas são:
a) simbolizadas e organizadas numa certa relação com o self;
b) ignoradas porque não se capta relação com a estrutura do self;
c) recusadas à simbolização ou simbolizadas de um modo distorcido porque a experiência é incoerente com a estrutura do ego
* Rejeitados de um modo consciente
* Rejeitados inconscientemente – repressão
o Experiência orgânica sem simbolização
o Experiência orgânica distorcida
A desadaptação psicológica existe quando o organismo rejeita da consciência experiências sensoriais e viscerais importantes que, por conseguinte, não se simbolizam nem se organizam na gestalt da estrutura do ego.
* “[uma discrepância] se desenvolve entre o eu conforme percebido e a experiência real do organismo. Assim, o indivíduo pode se perceber como tendo características a, b, c e experimentando x, y, z.” (1959, p. 203)
* Se o indivíduo toma consciência desta tensão ou discrepância, sente-se ansioso, sente que não está unificado
Congruência
Congruência como estado ideal
* As diversas vertentes da experiência encontram-se em harmonia
* Abertura à experiência
* Incongruência consciente gera mal‐estar (e.g. Pessoa achar-se integra e ter um comportamento desonesto)
Incongruência não consciente gera confusão, desorganização e ansiedade

70
Q

Psicoterapia de Carl Rogers

A

Fortemente processual: Importância da qualidade do envolvimento momento-a-momento
Auto-conceito
Profundamente afetado pelos julgamentos adversos/crítica dos outros
Dúvidas em relação ao seu valor
Condições de Valor
O seu sentido de valor pessoal é condicional:
* Receber aprovação
* Evitar desaprovação

71
Q

Psicoterapia de Carl Rogers: evolução

A
  1. Terapia não diretiva (anos 40-‐50)
    Diferenciação da psicanálise
    * Não interpretar, não aconselhar, não persuadir
    * Importância dos sentimentos, em vez dos pensamentos
  2. Terapia centrada no cliente (anos 50-‐61)
    Condições necessárias e suficientes
    Estas condições resolvem os problemas transferenciais, porque o terapeuta é transparente
  3. Terapia centrada na pessoa (anos 61‐87)
    Auto-atualização como força curativa na psicoterapia:
    * A pessoa tenta o seu melhor para crescer e proteger-se
    * O terapeuta confia no desejo do cliente para fazer o melhor que pode
    * A agressão e a destruição podem ser interpretadas como recursos
    Rejeição do modelo médico: Crescimento e desenvolvimento pessoal
72
Q

Pressupostos da terapia centrada no cliente

A

Rejeita a noção de “paciente”, preferindo a de “cliente” por respeitar a responsabilidade e autonomia do indivíduo.
Crença na importância de rejeitar o controlo ou autoridade sobre as outras pessoas – Abdicar do poder em ordem a dar poder:
* A Consulta é uma forma de ajudar a pessoa a ajudar-se. A função do terapeuta é ajudar o cliente a pensar mais clara e e profundamente sobre si.
* Ênfase no processo de descoberta do cliente em oposição a um processo interpretativo.
O papel do terapeuta é criar uma atmosfera favorável a que o cliente explore a si mesmo ao seu mundo de um modo mais claro e aceite as suas atitudes mais completamente. Os clientes são capazes de confrontar os problemas mais claramente, mais independentemente e com mais responsabilidade.
Que clima é este?
1. Genuinidade ou congruência do terapeuta
2. Aceitação positiva e incondicional
3. Compreensão empática

73
Q

Pressupostos da terapia centrada no cliente - condições suficientes e necessárias

A

Genuinidade ou congruência do terapeuta
* Terapeuta como uma pessoa “real” – o cliente está numa relação com uma pessoa, não com uma “fachada”.
* Este genuinidade refere-se à congruência entre aquilo que o terapeuta pensa e sente e o que expressa verbalmente.
Aceitação positiva e incondicional: Implica mostrar cuidado e aceitação pela pessoa “sem condições”
Compreensão empática
* “Entrar” no quadro de referência do cliente
* Ser sensível e responsivo, momento a momento, à experiência do cliente
* Ajudar o cliente a “descobrir” significados latentes, sem o ameaçar
* Verificar /confirmar se o cliente se sente compreendido
* Centrar-se no presente – aqui-e-agora.

74
Q

Pressupostos da terapia centrada no cliente - condições relacionais

A

Formas de empatia progressivamente mais complexas.
Aceitação de dimensões negativas de si: Torna-as menos poderosas; porque deixam de precisar de se defender destes aspetos
Empatia como um dos preditores relacionais mais poderosos
Avaliações da empatia do ponto de vista do cliente são melhores preditores que do ponto de vista do terapeuta.
Empatia e emoções
Importância de facilitar o processamento emocional
Investigação que sugere que a profundidade da experiência é um preditor de sucesso dos resultados
Importância de refletir sobre a experiência para além de experienciar as emoções

75
Q

Pressupostos da terapia centrada no cliente - condições relacionais: várias formas de empatia

A

ver tabela (27)

76
Q

Terapia centrada no cliente - Como é que as 3 condições favorecem a mudança

A

Congruência do terapeuta: Permite ao cliente ser mais congruente, expressando o que realmente está a sentir
Aceitação positiva e incondicional: Autoaceitação: “se calhar, tenho valor, posso cuidar de mim, posso respeitar-me mais”
Compreensão empática: Encoraja a pessoa a ser empática consigo mesma: “o que é que se está a passar comigo?”

77
Q

Características das Teorias Humanísticas

A

Para Carl Rogers, o eu é um conceito central na personalidade;
O eu representa um aspeto fundamental de todas as teorias humanísticas, que é a ênfase na busca da autorrealização;
A autorrealização é um esforço constante para realizar o potencial inato de alguém;
O esforço em direção à autorrealização é uma força construtiva e orientadora que leva cada pessoa a comportamentos geralmente positivos e ao aprimoramento do eu.”

78
Q

Limitações da terapia centrada na pessoa

A
  • Clientes pouco motivados
  • Estrutura não diretiva pode ser demasiado ambígua para alguns clientes em forte sofrimento
  • Clientes em que exista uma forte componente biológica a terapia centrada no cliente não é provavelmente adequada
  • Cliente de culturas que não valorizem a autoatualização podem não se ajustar à terapia centrada na pessoa
  • Clientes que não vêm os seus problemas como psicológicos