Preventiva Flashcards
Definição de prevalência
Número de casos de um doença ou evento de saúde. Indica a magnitude da doença no momento. Casos novos + já existentes. Bom para ver doenças mais crônicas.
(Total de casos da doença em um local e período/ População suscetível à doença do mesmo local e período) x 10^n.
10^n
- Mortalidade e incidência acumulada: 10^3 (1.000)
- Mortalidade materna: 100.000
- Comparar indicadores com a mesma potência de 10
Fatores que aumentam e diminuem a prevalência
Aumentam
- Maior duração da doença
- Aumento da sobrevida
- Aumento da incidência
- Imigração de casos
- Emigração de pessoas saudáveis
- Melhora dos recursos diagnósticos
- Melhora do registro dos casos
Diminuem
- Menor duração da doença
- Maior letalidade da doença
- Melhora no tratamento curativo da doença
- Redução de casos novos (incidência)
- Imigração de pessoas saudáveis
- Emigração de casos
Definição de Incidência
Mede o número de casos novos de uma doença em uma população em determinado local e período. Mostra as pessoas que estão contraindo a doença, podendo estimar o risco de adoecer. Bom para avaliar doenças agudas.
(Casos novos da doença em um local e período/ População suscetível à doença do mesmo local e período) x 10^n.
Relação Incidência x Prevalência
Em doença crônicas: P > I
Em doenças agudas: P = I ou um pouco maior
Prevalência = Incidência x duração da doença
Obs: Incidência e Prevalência são indicadores de morbidade
Definição de incidência acumulada
Probabilidade de um indivíduo, de um determinada população, desenvolver uma doença em um período específico. No denominador são contabilizadas só as pessoas que não tinham a doença no início do período.
Ex: Em uma cidade de 100 pessoas em 2020, 5 pessoas ficaram doentes pela doença X e 5 já estavam doentes antes do início do ano.
Prevalência: 10/100 = 10%
Incidência: 5/100 = 5%
Incidência acumulada: 5/95 = 5,26% ou 52,63 a cada 1.000 habitantes.
Definição de taxa de ataque
Mais usada em surtos, epidemias em uma população bem definida.
- Taxa de ataque primário: (Número de casos novos/ População exposta no local) x 100. É a mesma fórmula da incidência.
- Taxa de ataque secundário: (Número de casos em contatos de casos primários/Número total de contatos) x 100.
Ex: Em uma festa com 400 pessoas, 45 ficaram doentes. Taxa de ataque primário = (45/400) x 100 = 11,25%. Esses 45 casos tiveram contato com outras pessoas depois e o número total de casos subiu para 93 (contactante). Desses, 21 não estavam na festa. Taxa de ataque secundário = (21/93) x 100 = 22,5%
Indicadores de mortalidade
- Coeficiente de mortalidade geral
- Mortalidade materna
- Mortalidade infantil
- Mortalidade proporcional
Coeficiente de mortalidade geral
(Número de óbitos no período/população) x 1.000
Causas mais prevalentes de morte no Brasil: 1º: Doença do aparelho circulatório; 2º Neoplasia; 3º é diferente para homens e mulheres. No geral e nas mulheres são as doenças do aparelho respiratório e nos homens causas externas.
Obs: Na pandemia as doenças infecciosas e parasitárias (covid-19) passou para 2º, enquanto neoplasias foi para 3º.
Coeficiente de mortalidade materna
É utilizado o número de nascidos vivos, usado para avaliar o número de gestantes com risco de morte materna e crianças menores de 1 ano.
(Número de óbitos por causa materna/Número de nascidos vivos) x 100.000
Óbito por causa materna: Morte de uma mulher por condições decorrentes da gestação, parto ou até 42 dias após o término da gestação. Pode ser classificada como tardia quando ocorre devido ao parto porém depois de 42 dias.
Coeficiente de mortalidade infantil
Óbitos ocorridos em crianças menores de 1 ano de acordo com o número de nascidos vivos, ou seja, avalia o risco de morte no 1º ano de vida.
(Número de óbitos em menores de 1 ano/Números de nascidos vivos) x 1.000
- Perinatal: 22 semanas de IG até 7 dias após o parto
- Neonatal: Primeiros 27 dias de vida completos
- Neonatal precoce: 0 a 6 dias de vida completos
- Neonatal tardia: 7 a 27 dias de vida completos
- Pós-neonatal: 28 a 364 dias de vida completos
- Infantil: Até 1 ano
Principais causas de morte de acordo com a mortalidade infantil
Infantil
- 1º: Afecções do período perinatal
- 2º: Malformações congênitas
- 3º: Doenças do aparelho respiratório
Neonatal
- 1º: Afecções do período perinatal
- 2º: Malformações congênitas
- 3º: Doenças do aparelho respiratório
Pós-Neonatal
- 1º: Malformações congênitas
- 2º: Afecções do período perinatal
- 3º: Doenças do aparelho respiratório
Neonatal e pós-neonatal tiveram queda dos índices devido ao TRO, melhora da cobertura vacinal, incentivo ao aleitamento materno e ampliação do saneamento básico e atenção à saúde.
Coeficiente de mortalidade perinatal
(Número de perdas fetais com 22 semanas ou mais + número de óbitos até 6 dias completos/ Número de nascidos vivos + perdas fetais com 22 ou mais semanas de gestação) x 1.000
Avalia a qualidade da assistência obstétrica, neonatal e dos serviços de saúde. Auxiliam o planejamento de ações de prevenção e redução de morte fetal e neonatal precoce evitável.
Coeficiente de natimortalidade
(Número de nascidos mortos com 22 semanas ou mais de gestação/ Número de nascidos vivos + número de nascidos mortos) x 1.000
Definição de mortalidade proporcional
Numerador terá os óbitos e o denominador o total de óbitos cuja fração se deseja conhecer.
Mortalidade proporcional a causa X: (Número de óbitos pela causa X/ Número total de óbitos no período) x 100
Definição do índice de Swaroop-Uemura
Indica a proporção de mortes em maiores de 50 anos em relação à mortalidade geral. Em países desenvolvidos varia entre 80-90%, nos em desenvolvimento em torno de 50%.
Grupo 1 (ISU >75%): países desenvolvidos
Grupo 2 (ISU entre 50-74%):
Grupo 3 (ISU entre 25-49%)
Grupo 4 (ISU <25%): alta proporção de mortes de jovens; alto grau de subdesenvolvimento
Curva de Nelson de Moraes
Avalia óbitos. Os cálculos são de mortalidade proporcional por faixa etária: <1 ano, 1-4 anos, 5-19 anos, 20-49 anos e >50 anos.
Tipos I (pior nível), II, III e IV (melhor nível)
- Tipo I: “N invertido”. Mortalidade acentuada em fases iniciais da vida, com predomínio entre 20 e 49 anos. Maior mortalidade por causas externas e doenças infectocontagiosas.
- Tipo II: “L” ou “J invertido”. Alta exposição às adversidades da natureza. 50 anos ou mais com baixa mortalidade pois poucos chegam até la.
- Tipo III: “U”. Próximo do esperado. Óbitos infantis acima do esperado.
- Tipo IV: “J”. Pouca criança morrendo e maiores taxas em idades mais avançadas.
Definição de Letalidade
Probabilidade de morte (desfecho) entre os doentes (expostos). Avalia a gravidade da doença, o risco de morte de quem tem a doente
(Número de óbitos por determinada doença/Número de casos da doença no período) x 100
Ex: 14.000 casos e 5 óbitos de uma doença X
Letalidade: 5/14.000 = 3,5 óbitos a cada 10.000 casos.
Definição de taxa de mortalidade por causa
Número de óbitos por uma causa específica, expresso por 100.000 habitantes, em determinado local e período. Avalia o risco de alguém da população morrer por uma causa específica.
(Número de óbitos pela causa/população total) x 100.000
Epidemiologia do câncer no Brasil
As 3 mais incidentes (exceto câncer de pele não-melanoma - são os mais frequentes (30% dos tumores malignos) porém tem baixa letalidade).
- Mulheres
1º: Mama
2º: Cólon e reto
3º: Colo do útero - Homens
1º: Próstata
2º: Cólon e reto
3º: Pulmão
Mortalidade
- Mulheres
1º: Mama
2º: Pulmão
3º: Cólon e reto - Homens
1º: Pulmão
2º: Próstata
3º: Cólon e reto
Indicadores compostos: APVP, DALY e QALY
- APVP (Anos potenciais de vida perdidos): Número de anos de vida que a população deixa de viver por mortes prematuras. Usa a expectativa de vida ao nascer (IBGE: 76,8 anos; sem contar covid). A causa com maior indicador são causas externas (em SP).
- DALY (Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade): Avalia o tempo vivido com incapacidade/limitação por doença + o tempo perdido devido a mortalidade prematura. Ex: Doença X causou a perda de 1 ano de vida saudável de uma pessoa. Pode ser calculado pelo YLD (anos vividos com incapacidade) + YLL (anos de vida perdidos).
YLL: Número de mortes x expectativa de vida na idade ao morrer (difícil de cobrar)
YLD: Número de casos x duração até remissão ou morte x peso da incapacidade (difícil de cobrar) - QALY (Anos de vida ajustados por qualidade de vida): Estima os anos com qualidade de vida esperados para uma pessoa ou população. 1 QALY = 1 ano de vida saudável. Avalia se as intervenções foram eficazes ao ponto de melhorar a qualidade de vida.
Tipos de amostras
Probabilísticas (aleatória, sem interferência do pesquisador): Aleatória (simples ou estratificada), sistemática ou por conglomerados.
Não probabilísticas (com interferência do pesquisador): por cotas, por julgamento ou de conveniência
Amostras probabilísticas
- Aleatória simples: Todos os indivíduos tem a mesma probabilidade de fazer parte da amostra. É feito um sorteio comum, sendo boa para fazer em populações homogêneas. Ponto negativo: É preciso conhecer todas as pessoas da população para realizar o sorteio. Ex: Pesquisa numa região de 1.000 mulheres, para ter uma amostra de 5% sorteia 50 mulheres.
- Aleatória estratificada: Os indivíduos são divididos em estratos e a partir disso são feitos os sorteios. Melhor para populações heterogêneas. Ex: Há diferenças entre mulheres do bairro A e B, dessa forma, para escolher as 50 mulheres são feitos 2 sorteios, um para cada bairro
- Sistemática: Indivíduos já estão ordenados de alguma forma (ex: número de prontuário, da rua). São selecionadas as pessoas de acordo com um intervalo fixo de seleção (número de indivíduos na população/amostra desejada). Ex: Tem 1.000 mulheres e a amostra desejada é de 50. 1.000/50 = 20, ou seja, seleciona-se o primeiro número de prontuário e vai pulando de 20 em 20 até chegar no 50.
- Por conglomerados (Cluster): Cada unidade é um grupo, útil quando a população é muito grande. Ex: Quer estudar o Brasil inteiro; divide o país por estados.
Amostras não probabilísticas
- Por cotas: População divididas por estratos (cotas) de acordo com alguma característica. Ex: Pesquisador quer apenas mulheres entre 30 e 50 anos. Pode ficar na porta de um hospital selecionando todas dessa faixa.
- Por julgamento: Feito por um perito no assunto. Ex: Escolhe os participantes que,de acordo com sua experiência, tem características mais representativas da doença X.
- De conveniência: Não há desejo de generalizar para toda uma população. Ex: Dono do mercado quer ver o alimento preferido dos seus consumidores, não do país, então entrevista só os que entram em sua loja.
Variáveis
- Numérica/quantitativa contínua: Números que podem assumir valor decimal. Ex: Peso, altura, glicemia, consumo em g.
- Numérica/quantitativa discreta: Número que necessariamente são inteiros. Ex: Número de filhos, de consultas realizadas
- Categórica/qualitativa nominal: Variáveis não numéricas que não tem ordenação entre categorias. Ex: sexo, cor dos olhos, variáveis sim/não
- Categórica/qualitativa ordinal: Variáveis não numéricas que tem ordenação. Ex: mês da ocorrência, escolaridade, estágio de câncer
Medidas de tendência central e dispersão
Ex: 200, 200, 200, 250, 300, 400, 550, 650, 700, 750, 800, 800, 1.000, 1.500 (dica de prova: colocar a lista em crescente)
Central: Média, moda e mediana
- Moda: Valor que mais aparece. Pode ser uni, bi ou multimodal. Ex: 200 aparece 3x - unimodal. Se outro número aparecesse 3x também, seria bimodal.
- Mediana: O valor que divide a amostra em 2 metades. Ex: Nesse caso é o 550, porque o total de números é ímpar. Se for par, é feita a média entre os dois números centrais.
Dispersão: Amplitude, variância e desvio-padrão
- Amplitude: Diferença do valor máximo e mínimo. Ex: 1.500 - 200 = 1.300
- Variância: distância dos valores da pesquisa em relação à média. Quanto maior a variância, mais dispersa são os dados.
- Desvio-padrão: Calculado a partir da variância - é a sua raíz quadrada. Mais usado em diagramas de controle e para criar uma curva de distribuição normal (curva de Gauss - mostra a distribuição normal de acordo com a probabilidade).
Altos valores de variância e DP indica que a distribuição é mais dispersa (valores da amostra mais distantes da média).
Quartis e Box-Plot
Ex: 200, 200, 200, 250, 300, 400, 550, 650, 700, 750, 800, 800, 1.000, 1.500
Quartis: dividem a sequência em 4 partes. Q2 é a mediana. Divide em “quartos”. Ex: Q1 seria 250, Q2 seria 550 e Q3 seria 800.
Box-Plot: forma gráfica de representar o quartis. Outlier são valores extremos.
Hipótese Estatística
- Hipótese nula (H0): Hipótese negativa entre um fator e um desfecho. Ex: Não há relação entre tomar suco de uva e câncer de colo.
- Hipótese alternativa (HA): Hipótese positiva - há associação entre fator e desfecho. Ex: Há relação entre tomar suco de uva e câncer de colo.
É feito um teste de hipóteses para aceitar ou rejeitar a hipótese nula. Se o estudo mostrar associação, será que é verdadeira ?
Erro tipo 1 e 2 nas hipóteses
Aceitamos a H0: Quando H0 é verdadeira, nossa hipótese está certa; H0 é falsa, há o erro tipo 2 (beta).
Rejeitamos a H0: Quando H0 é verdadeira, há o erro tipo 1 (alfa); quando H0 é falsa, nossa decisão foi correta. (Ex: Hipótese: Não tem associação entre tomar suco de uva e ter câncer de colo. Eu acho que tem. Faço o estudo e não tem associação = erro tipo 1)
Não é um erro do pesquisador ou da pesquisa, é um erro aleatório. O erro só é zero se a população usada for inteira - quanto maior a amostra menor os erros.
Alfa e p-valor
Alfa: nível de significância. É um valor pré-fixado, mais comum de 5% (0,05). Ex: Quero um intervalo de confiância de 95%. 1-0,95 = 0,05. Dessa forma, o limite do p-valor é 0,05.
Se na pesquisa o p-valor é <0,05 há significância estatística. Se for >0,05 não há significância.
Estudos descritivos
Descrevem uma situação sem fazer comparações. São usados em eventos raros ou na primeira descrição de um agravo. É rápido e barato mas englobam uma amostra pequena, não representativa da população.
Tipos de estudos descritivos
- Relato de caso: Tendem a ser casos isolados e únicos, detalhando a apresentação da doença. No geral 1 caso, no máximo 3. Ex: 1º caso de doença por COVID.
- Série de casos: Descrição de muitos casos. Mais do que 3 casos. Ex: primeiros casos de microcefalia com Zika no Brasil
Problemas de ambas: baixa evidência sem possibilidade de extrapolar para a população
Estudos analíticos
Estabelecem comparações, associando exposição e desfecho fazendo análises estatísticas.
Tipos de estudos analíticos
Como diferenciar ?
1º passo: Ver se é observacional (o pesquisador apenas observa a história natural) ou intervencionista (o pesquisador realiza uma intervenção em um grupo e avalia os efeitos dela).
2º passo: Análise individual (analisa grupos de pessoas; ex: um grupo recebeu medicamento X vs controle; pessoas expostas ao composto U vs não-expostas) ou agregada (análise comparativa de territórios; ex: consumo de gordura e incidência de CA entre brasil vs china)
3º passo: Estudo transversal (dados sobre exposição e desfecho são obtidos no mesmo momento) ou longitudinal (são obtidos em momentos diferentes)
Estudo transversal ou prevalência ou inquérito
Observacional, individual e transversal
É feita uma observação direta da população em uma única oportunidade (feito questionário, entrevista, inquérito sorológico). Usada para avaliar exposição e desfecho ao mesmo tempo.
- Vantagens: Bom para avaliar prevalência, tem curto tempo para realização e baixo custo.
- Desvantagens: Baixo poder analítico, não pode calcular incidência e é sujeito a vieses (principalmente seleção e memória)
Estudo ecológico
Observacional, agregado e transversal
É feita uma observação em um único momento, sem intervenção. Costuma usar dados secundários (ex: indicadores de mortalidade, IDH) e mencionar comparações entre bairros, países, municípios. São dados agregados. Ex: mortalidade x renda per capita de países
- Vantagens: Curto tempo para realizar e baixo custo.
- Desvantagens: Baixo poder analítico e sujeito à falácia ecológica (erro na análise do dado, com conclusões individuais a partir de um dado agregado; ex: cidades com mais piscinas em casa tem maior mortalidade por afogamento - não faz com que ter piscina em casa seja fator de risco)
Série temporal
Observacional, agregado e transversal com peridiocidade
Semelhante ao ecológico, mas analisa o dado transversal de forma periódica (ex: acompanha a incidência de dengue todo mês),
Cai pouco em prova
Caso-controle
É observacional, individual e longitudinal retrospectivo
Parte do desfecho para a exposição. Os participantes são selecionados a partir da presença (caso) ou não do desfecho (controle). É retrospectiva. Avalia-se exposições de risco em ambos os grupos.
- Vantagens: Bom para investigar fatores de risco, bom para desfechos raros e doenças crônicas. Curto tempo e baixo custo
- Desvantagens: Baixa evidência, ruim para
exposição rara, alto risco de viés e fatores confundidores.
Coorte
Observacional, individual e longitudinal
Parte da exposição ao desfecho, com os participantes sendo selecionados pela presença ou não da exposição. A coleta de dados pode ser prospectiva ou retrospectiva.
Prospectivo (ou concorrente): Boa evidência, bom para exposição rara e calcula risco; Limitações são longo tempo de seguimento e alto custo, ruim para desfechos raros e viés de seleção
Retrospectivo (ou não-concorrente ou histórica; cai pouco em prova): diferença para caso-controle é que o pesquisador busca dados no passado para compor ou grupos, não é pelo desfecho, é para exposição ou não. Bom para exposição rara, curto tempo, baixo custo e calcula risco; suas limitações são ser ruim para desfechos raros, ter viés de seleção e ser sujeito a registro incompleto de dados.
Ensaio clínico
Intervencionista, individual e longitudinal
Parte da exposição para o desfecho, é prospectivo. São selecionados pacientes randomizados e divididos em grupo experimental (que sofre a intervenção) e controle (serve de comparação), avaliando sucesso ou não em cada grupo. Pode avaliar medicações, vacinas, cirurgias.
- Vantagens: Alto nível de evidência, comparação entre 2 tratamentos em nível individual.
- Desvantagens: Longo tempo de seguimento e alto custo.
Ensaio comunitário
Intervencionista, agregado e longitudinal
Intervenção em regiões geográficas diferentes, analisando em clusters (conglomerados)
- Vantagens: Boa evidência, avalia a validade de uma intervenção em população específica
- Desvantagens: Longo tempo de seguimento e alto custo
(Cai muito pouco em prova)
Fases de um ensaio clínico
Pré-clínica: Feita in vitro
I: Pequeno grupo de indivíduos saudáveis. Avalia as vias de administração, doses, farmacocinética, farmacodinâmica, tolerabilidade, segurança e interações medicamentosas
II: 100 a 300 indivíduos de forma geral. Avalia a segurança a curto prazo, imunogenicidade e a relação dose-resposta. Até aqui é considerado um estudo-piloto.
III: Amostra na casa de milhares de pessoas. São feitos ensaios clínicos randomizados, controlados e multicêntrico. Compara a nova droga com um placebo. Verifica a eficácia e efeitos colaterais desconhecidos, acontecendo antes da comercialização do medicamento
IV: População geral. Produto já comercializado, fase de farmacovigilância. Fica de olho em efeitos colaterais não visto em fases anteriores.
Tipos de estudo: aberto/open-label, simples cego, duplo cego, triplo cego
- Aberto: Todos sabem o grupo que o participante pertence
- Simples cego: Alguém não sabe. No geral é o participante que não sabe.
- Duplo cego: Nem o participante nem o pesquisador sabem
- Triplo cego: Nem o participante, nem o pesquisador, nem o estatístico sabem.
Efeito Hawthorne
Participante muda sua característica ao ser observada. Ex: estudo para emagrecimento, fazer parte do controle e começa a ir pra academia (não ia antes).
Critérios de Hill
1 - Força de associação: quanto maior a correlação entre os achados, maior a chance de estarem correlacionados.
2 - Consistência: Repetir estudos em diferentes lugares e ter o mesmo desfecho.
3 - Especificidade: Causa necessária para efeito.
4 - Temporalidade: Desfecho deve ocorrer após a exposição.
5 - Gradiente biológico/efeito dose/resposta: quanto maior a exposição mais forte é o desfecho.
6 - Plausibilidade: Avalia se a relação estudada é plausível diante do conhecimento biológico prévio.
7 - Coerência: O novo conhecimento não pode entrar em conflito com conhecimentos prévios.
8 - Evidência experimental: Causa e efeito podem ser reproduzidos em experimentos
9 - Analogia: Quando o conhecimento prévio ajuda a estabelecer um novo conhecimento.
Vieses dos estudos
- Seleção: O grupo estudado não é representativo da população ou os grupos comparados são diferentes devido a seleção. Ex: informações obtidas por redes sociais.
Como evitar: randomização - Aferição: Há imprecisão na coleta de dados devido à não padronização da ferramenta de coleta. Ex: Ver peso com balanças diferentes .
Como evitar: Calibrar o equipamento - Memória: Mais comum nos casos-controle. Dados imprecisos por não se lembrarem. Paciente doente lembra mais das informações
Como evitar: Boa anamnese - Confundimento/Confusão: Algum fator influencia no resultado final.
Como evitar: Usar critérios de exclusão, controlar as variáveis - Seguimento/Perda de acompanhamento: Perda de participantes do estudo
Níveis de recomendação e evidência
Avalia validade e confiança
Revisões sistemáticas
Ensaio clínico randomizado
Coorte
Caso-controle
Estudo de caso
Opinião de especialista
Pesquisa animal
In vitro
- Nível I/A: Metanálises e revisões sistemáticas, ensaio controlado e randomizado com IC estreito
- Nível II/B: Revisão sistemática de coorte, estudo coorte, ensaio clínico de menor qualidade
- Nível III: Revisão sistemática de caso-controle e caso-controle
- Nível IV: Relato de caso
- Nível V: Opinião sem avaliação crítica ou de estudos em animais
Grau de recomendação
A - Altamente recomendado
B - Recomendação favorável
C - Recomendado, porém não conclusivo
D - Não recomendado
I - Inconclusivo
Medidas de associação
Ver tabela nas fotos.
- Risco relativo: Risco de alguém exposto desenvolver o desfecho. Mede o risco real da amostra. Mais usado em estudos de coorte e ensaio clínico*. Cálculo: incidência nos expostos/incidência nos não expostos.
RR = (a/a+b)/(c/c+d) - Odds-Ratio: Mostra a chance de um indivíduo com o desfecho ter sido exposto. É uma aproximação do RR, não medindo o risco de fato. Mais usado em caso-controle*. Cálculo: Produtos cruzados. OR = (a.d)/(b.c)
- Razão de prevalências: Relaciona a prevalência entre expostos e não expostos. Mais usado em estudos transversais. Divide-se a prevalência nos expostos pela nos não expostos. É o mesmo cálculo do RR.
Interpretação das medidas de associação
1º passo: Avaliar se teve associação - fator de risco ou protetor. Ver o RR, OR ou RP. Se = 1, não tem associação; se >1 é fator de risco; se <1 é fator de proteção.
2º passo: Ver se tem significância estatística pelo IC ou p-valor. Se IC: Dois extremos acima de 1 (ex: 1,03 e 5,03) a associação é significativa; se ambos abaixo do 1 a associação é significativa; se um abaixo e outro acima do 1 (ex: 0,4 e 3,2), a associação não é associativa. Se p-valor: se <0,05, a associação é significativa.
3º passo: Qual a magnitude da associação. 3 cenários. Se RR, OR ou RP entre 0 e 1, é feito o valor complementar. Ex: RR = 0,6; complementar é 1 - 0,6 = 0,4. Dessa forma, o desfecho foi reduzido em 0,4 vezes (40%); Se RR, OR ou RP entre 1 e 2, é usado o valor depois da vírgula. Ex: Valor é de 1,60, usa-se 0,6. Dessa forma, o desfecho aumentou em 0,6 vezes (60%); se RR, OR ou RP >2, diminuir 1. Ex: Valor é 3,4. 3,4 - 1 = 2,4. Desse modo, o desfecho aumentou em 2,4 vezes (240%)
Gráfico de Floresta (Forest plot)
É uma representação gráfica da medida de associação e do IC. Muito usado em revisões sistemáticas e metanálises.
Redução relativa de risco (RRR)
Redução do risco individual da ocorrência do desfecho, usado pra calcular a eficácia de um ensaio clínico. É um valor complementar do RR. Cálculo: 1 - RR; RR = RT/RC.
Redução absoluto do risco (RAR)
Mede em % o quanto a intervenção reduziu o número de eventos. Cálculo: RAR = RC - RT (risco do controle - risco do tratamento; incidência em ambos).
Número necessário para tratar (NNT)
Quantos pacientes tem que ser tratados para que 1 seja “salvo”.
Cálculo: NNT = 1/RAR
Número necessário para causar dano (NNH)
Cálculo similar ao do NNT. É o número de pacientes que precisam ser tratados para 1 ter desfecho desfavorável.
Risco atribuível ao fator (RAF)
Parte do risco que seria exclusivamente atribuída ao fator de risco em questão. Cálculo: Subtração da incidência dos expostos e dos não expostos. (a/a+b) - (c/c+d).