Cirurgia Geral Flashcards
Quadro clássico de Colangite Biliar Primária
Paciente jovem, mulher, icterícia, prurido e fadiga. Pesquisar o anticorpo antimitocôndria (AMA) e biópsia para estadiamento (se positivo) ou diagnóstico diferencial (se negativo).
Coledocolitíase primária x secundária
Primária: cálculo formado no colédoco
Secundário: cálculo que migra da vesícula (mais comum). Pode ser residual quando presentes até 2 anos após colecistectomia
Diagnóstico e tratamento de colangite
Diagnóstico: A + B + C
A: Inflamação sistêmica - Febre >38, Leucócitos> 12.000 ou <4.000 ou PCR >1
B: Colestase - Icterícia com BT >2, Aumento de TGO/TGP ou GGT/FA >1,5x
C: Imagem - Dilatação de vias biliares ou evidência da etiologia
Tratamento: ATB + Desobstrução
O que é a vesícula de Courvoisier-Terrier ?
Vesícula palpável e indolor em paciente ictérico. Achado sugestivo de tumor periampular
Quando realizar colecistectomia em pacientes assintomáticos com colelitíase?
Microcálculos, cálculos >2,5-3cm, Vesícula de porcelana (calcificada), anemia hemolítica, cirurgia bariátrica, pólipos >1cm
Colecistite alitiásica é mais comum em que perfil de paciente ?
2-15% dos casos de colecistite, mais comum em pós-operatórios, traumas recentes graves e queimaduras.
Em idosos diabéticos, qual o tipo de colecistite mais comum ?
Colecistite enfisematosa
O que é a Colangite Esclerosante Primária ?
Doença autoimune das vias biliares intra e extra-hepáticas. Predomina em mulheres de 30-50 anos, com ANCA positivo.
Tratamento da Coledocolitíase
CPRE (Papilotomia endoscópica) + Colecistectomia na mesma internação.
Obs: Na USP, diagnosticar de fato a coledocolitíase antes de trata, podendo ser necessário realizar uma Colangio-RM ou ultrassom endoscópico
Fatores de risco que favorecem DII
HF positiva (principal - parente de 1º grau), genética, AINE, tabagismo* e apendicectomia* (protetores para retocolite e risco para Crohn).
Epidemiologia das DIIs
Distribuição bimodal. 15-40 anos (principal) e 60-80 anos. Não há predileção por sexo.
Características da Doença de Crohn
Acometimento transmural (mucosa, submucosa, serosa e muscular), da boca ao ânus (todo o TGI). Há aspecto salteado/descontínuo. Pode ter estenoses, ulceração linear, fissuras e fístulas.
80% acomete o intestino delgado, sendo dessas 90% afetando o íleo terminal, 50% ileocolite, 20% apenas colite (classicamente poupa o reto). 1/3 tem acometimento perianal e 5-15% de TGI alto.
Clínica da Doença de Crohn
Sintomas cardinais: Dor abdominal em cólica, diarreia, perda de peso, astenia. Pode ter também déficit de crescimento em crianças e doença perianal (fístulas, abscessos, fissuras). Pode ter 3 padrões: Doença inflamatória, estenosante (pode ter abdome agudo obstrutivo) ou fistulizante/perfurante.
Características da retocolite ulcerativa
Inflamação restrita a mucosa, afeta o reto e o cólon (intestino grosso), principalmente retossigmoide. Tende a poupar o ânus. Seu acometimento é ascendente e contínuo. As formas mais comuns são proctosigmoidite (50%) e pancolite (20%, mais grave)
Clínica da RCU
Diarreia invasiva (mucossanguinolenta), dor abdominal, retal e tenesmo.
Complicações das DIIs
Obstrução intestinal, perfuração ou fístulas (a retovaginal tem pouca possibilidade de responder a medicamento, necessitando de cirurgia) no TGI.
- Megacólon tóxico: Febre, taquicardia, leucocitose; É uma dilatação colônica, mais comum na RCU (também pode ter na DC). Tratamento com colectomia total.
- Câncer colorretal: RCU mais comum que DC. Principais fatores de risco são tempo de doença >8-10 anos, extensão da lesão (pancolite) e associação com colangite esclerosante primária
Manifestações extraintestinais das DIIs
Podem preceder as manifestações intestinais. As mais comuns são as articulares. Pode ser também dermatológica (pioderma gangrenoso, eritema nodoso), ocular (uveíte, episclerite), hepatobiliar (litíase biliar, cirrose), espondilite esclerosante.
Manifestações extraintestinais da DIIs: Articulares
- Artrite é o mais comum. É simétrica, poliarticular e migratória, melhorando com o tratamento da DII.
- Espondilite anquilosante: Não melhora com o tratamento da DII
Manifestações extraintestinais da DIIs: Oftalmológicas
Uveíte e Episclerite. Assintomático, com ardor, prurido ou vermelhidão nos olhos; tem evolução benigna, não evolui pra cegueira.
Manifestações extraintestinais da DIIs: Dermatológicas
- Eritema Nodoso: nódulos vermelhos, quentes, dolorosos, presentes nas faces anteriores das pernas, panturrilhas, tornozelos, coxas e braços. Melhora com o tratamento da DII.
- Pioderma gangrenoso: Pústula de crescimento concêntrico que ulcera. Mais comum na RCU, tem melhora com o tratamento da DII, mas pode ter evolução independente.
Quais manifestações extraintestinais não melhoram com o tratamento das DIIs ?
Colangite esclerosante primária (CEP), uveíte e espondilite.
Obs: Artrite, eritema nodoso, pioderma gangrenoso, aftas orais e episclerite pioram com a excerbação da doença.
Obs2: Paciente com RCU + síndrome colestática = investigar CEP
Diagnóstico de DII
- Laboratorial: Pedir PPD (tratamento pode ser feito com imunossupressores, se estiver infecção latente - PT >5mm ou IGRA + - é preciso tratar TB); marcadores fecais (calprotectina e lactoferrina - marcam o grau de atividade da doença), sorológicos (ASCA + no Crohn, p-ANCA + RCU).
Marcadores de formas graves: anti-I2, anti-OmpC e anti-CBirl. - Colonoscopia
RCU: Mucosa eritematosa, superfície granulosa, ulcerada, formação de pseudopólipos (pólipos inflamatórios). Na microscopia há criptite.
Crohn: Úlceras intercaladas com mucosa normal (pedras em calçamento) - não confundir com colite pseudomembranosa (amarelada na imagem). Na microscopia há úlceras aftoides que formam granulomas não caseosos incluindo todas as camadas celulares da parede intestinal
Tratamento das DIIs
- Derivados do Ácido Aminosalicílico (5-ASA) - Antiinflamatório tópico na mucosa intestinal: Sulfassalazina, Mesalazina (via retal; preferencial no tratamento da colite distal, seja procite ou proctosigmoidite)
- Corticoides: Gera remissão das formas moderadas e graves. Não podem ser usados de manutenção. Ex: Budesonida
- Imunomoduladores
- Agentes biológicos: imunobiológicos
Classificação da gravidade da RCU
- Leve: sem toxemia, 4 ou menos evacuações/dia, PCR/VHS normais
- Moderado: sem toxemia, 4 a 6 evacuações/dia com ou sem sangue, dor abdominal, anemia sem precisar de transfusão
- Grave: febre, taquicardia, 6 ou mais evacuações mucossanguinolentas, anemia com Hb<10