Pediatria Flashcards
O que é a Doença de Kawasaki ?
Vasculite sistêmica, aguda e autolimitada, com predomínio de vasos de médio calibre. 85% dos casos acometem menores de 5 anos.
Pode causar aneurisma de coronária, sendo indicado ecocardiograma com doppler.
Diagnóstico Clínico de Doença de Kawasaki
Febre por > 5 dias + 4 dos 5 critérios:
- Alteração de lábios e cavidade oral: Eritema, fissura labial, hiperemia de mucosa, língua em framboesa ou morango
- Hiperemia conjuntival: bilateral, sem exsudato
- Alteração de extremidades: edema (aguda)ou descamação periungueal (subaguda)
- Exantema polimorfo
- Linfadenopatia cervical >1,5 cm
Diagnóstico Laboratorial da Doença de Kawasaki
Febre por >5/7 dias + 2 critérios clínicos + 3 laboratoriais: Anemia para idade, ALT elevada, Albumina <3, Plaqueta >450.000, Leucocitose >15.000, Urina com piúria estéril, VHS e/ou PCR aumentados
Exantema morbiliforme x escarlatiniforme
Morbiliforme: viral
Escarlatiniforme: textura de lixa, bacteriano
Características clínicas do Sarampo
3 Cs: Coriza, Conjuntivite com fotofobia e Cough (tosse) - quadro prodrômico com febre.Também tem as manchas de Koplik. Exantema cranio-caudal
Complicações: OMA, Pneumonia e PESS
Agente etiológico: Morbilivirus/Paramyxoviridae
3 sinais semiológicos clássicos da Escarlatina
Sinal de Pastia, Filatov e língua em framboesa
Características clínicas do Eritema infeccioso
Face Esbofetada (erupção malar + palidez perioral) + exantema rendilhado
Complicação: Crise aplásica (falciforme)
Agente Etiológico: Parvovírus B-19
Características clínicas da Escarlatina
Complicação dermatológica pós faringoamigdalite por S. pyogenes. Rash em lixa, exsudato em orofaringe, sinal de Pastia e Filatov, faixa etária de 3-5 anos. Exantema em lixa com descamação.
Características clínicas do Exantema Súbito
Mais comum nos 2 primeiros anos de vida. Rash/ Exantema maculopapular que acomete palma e planta, iniciado logo após o desaparecimento de febre alta de 3-5 dias
Complicação: Convulsão febril
Agente etiológico: HHV-6
Características clínicas da Varicela
Lesões de pele heterogêneas, em diferentes estágios. Exantema pruriginoso que evolui para pápulas -> vesículas de fluido claro -> crostas.
Complicação: Infecção secundária
Agente etiológico: HHV-3
Características clínicas da Rubéola
Exantema maculopapular cranio-caudal, poupando palma e planta. Linfadenopatia cervical, retroauricular e occipital. Sinal de Forchheimer (lesão rósea em palato)
Agente etiológico: Togavírus
Tratamento da Doença de Kawasaki
Imunoglobulina + AAS 80 a 100 mg/kg/dia
Tratamento da Escarlatina
Penicilina Benzatina ou Amoxicilina
Definição e Tratamento da síndrome do choque tóxico
Infecção com porta de entrada (ex:queimadura) + exantema + alteração de consciência + oligúria
Tratamento: Vancomicina + Clindamicina
Defina a Síndrome Inflamatória Multissistêmica associada à Covid-19 (SIM-P)
<20 anos, histórico de covid-19 recente ou contato, provas inflamatórias elevadas com 2 ou mais alterações: rash ou conjuntivite bilateral não purulenta, hipotensão, choque, alterações cardíacas, coagulopatia e sintomas de TGI
Tratamento da Varicela
Sintomáticos + cuidados com a lesão. Uso de aciclovir em 24h é indicado quando: >12 anos não vacinado, imunossuprimidos, doença pulmonar ou dermatológica crônica, uso de AAS ou CI
Características clínicas da Mão-Pé-Boca
Lesões vesiculares que evoluem para exulceração, podendo acometer nádegas
Complicação: Desidratação
Agente etiológico: Coxsackie-A16
Qual é a profilaxia do Sarampo ?
Feita com Imunoglobulina (até 6 dias em imunossuprimidos, gestantes e menores do que 6 meses) ou Vacina (até 3 dias, imunocompetentes com mais de 6 meses)
O que é a pneumonia afebril do lactente ?
RN de parto vaginal, 1ª semana de vida apresente conjuntivite autolimitada. Por volta de 1-3 meses tem tosse arrastada, dispneia, taquipneia, prostração, sem febre.
Agente etiológico: Chlamydia Trachomatis (pode ter eosinofilia)
Principais agentes causadores de pneumonia na pediatria, por faixa etária
- Período neonatal (<2 anos): obrigatoriamente bacteriano - EGB B, Clamídia, enterobactérias
- Menores de 5 anos: Vírus
- Menores de 5 anos bacteriano: Pneumococo
- Maiores de 5 anos (atípica): micoplasma, clamídia, pneumococo
Conduta na persistência da febre após inicio de tratamento com antibiótico na pneumonia
Uso de Amoxicilina, reavaliação feita em 48-72h, se afebril, mantém-se a terapêutica. Se febre, obrigatório realizar radiografia de tórax. Se identificar complicações, internar. Se não, em >5 anos trocar para claritromicina ou azitromicina e em <5 anos para amoxicilina-clavulanato ou cefalosporina, e depois reavaliar - se febre persistente, internar.
Quadro característico da pneumonia na pediatria
Febre, tosse, desconforto respiratório, dor abdominal, comprometimento do estado geral + TAQUIPNEIA.
<2 meses: >60 irpm
2-11 meses: >50 irpm
1-4 anos: >40 irpm
Pneumonia típica x atípica
Típica: Quadro agudo, febre alta, tosse produtiva, estertores, padrão lobar no Rx, derrame pleural. Principais agentes são Pneumococo, Aureus e Influenza. Tratamento com Amoxicilina
Atípica: Quadro arrastado, febre baixa, tosse seca, sibilos, padrão intersticial, efeitos sistêmicos (artralgia, anemia). Principais agentes são Vírus, Mycoplasma, Chlamydia Pneumoniae. Tratamento com macrolídeo
Características clínicas da Coqueluche
Agente etiológico: Bordetella Pertussis (gram-negativo)
Clínica com 3 fases: Catarral (sintomas gripais), Paroxística (paroxismos de tosse seca em crise súbita e rápida, podendo ficar cianótico) e Convalescença (vira tosse comum)
Tratamento: Azitromicina
Tratamento ambulatorial x hospitalar da pneumonia
Ambulatorial: Taquipneia sem esforço respiratório. Trata com Amoxicilina por 10 dias (ou amoxicilina + clavulanato)
Hospitalar: Taquipneia + esforço respiratório. Tratamento com ATB IV, com penicilina cristalina. Quadros com sepse pode usar ceftriaxona e quando for por S. Aureus ceftriaxona + oxacilina
Principais complicações da pneumonia
Derrame parapneumônico, empiema pleural, abscesso pulmonar e pneumonia necrosante (S. aureus prevalente)
Conduta diante de um derrame pleural em quadro de pneumonia
Febre persistente + complicação = tratar a complicação e manter ATB. O derrame pode ser drenado por toracocentese ou colocação de dreno de tórax (derrame volumoso, refratário)
Critério de internação de pneumonia
Sepse, <2 meses, hipoxemia (saturação <90% ou O2 complementar), insuficiência respiratória, incapacidade de usar medicações via oral, comorbidades graves, desidratação, complicações, falha terapêutica
Sinais de alarme na dengue
Dor abdominal contínua, vômitos persistentes, hemorragias, hipotermia, hipotensão postural, hepatomegalia, acúmulo de líquido (ascite, derrame pleural), letargia, aumento do hematócrito
Classificação em grupos de A-D na dengue
A: Sem sangramento espontâneo ou induzido (prova do laço negativa), sem sinal de alarme, sem risco social ou comorbidades
B: Com sangramento espontâneo ou induzido (laço positivo), risco social ou comorbidade presente, sem sinal de alarme
C: Com sinal de alarme
D: Com sinal de choque (hemorragia grave, disfunção de órgãos)
Tratamento na dengue de acordo com os grupos A-D
Hidratar todos. A e B oral, C e D venosa.
A: Acompanhamento ambulatorial, hemograma a critério e sorologia
B: Observação até resultados dos exames, hemograma obrigatório e sorologia
C: Internação hospitalar
D: Internação hospitalar em CTI
Quadro suspeito de dengue
Febre por 2-7 dias com 2 ou mais critérios: náusea, vômito, exantema, mialgia, artralgia, cefaleia, dor retro-orbital, petéquia, prova do laço positiva, leucopenia
Febre sem sinal localizatório x Febre de origem indeterminada
FSSL: Febre sem foco aparente por menos de 1 semana
FOI: Febre com mais de 3 semanas de duração
Fluxograma de FSSL (0-36 meses): O que fazer quando há comprometimento do estado geral?
Independente da idade, internação. Solicitar hemograma, urocultura, LCR, radiografia de tórax, atb empírico.
Fluxograma de FSSL (0-36 meses) sem comprometimento do estado geral: <30 dias
Internação com painel viral respiratório (PVR), hemograma, hemocultura, urina I, urocultura, LCR, radiografia de tórax, atb empírico
Fluxograma de FSSL (0-36 meses) sem comprometimento do estado geral: 1 a 3 meses
Usar critérios de Rochester para classificar como alto ou baixo risco.
Baixo risco: Reavaliação diária obrigatória
Alto risco: Internação, hemocultura, urocultura, LCR, radiografia de tórax, atb empírico
Fluxograma de FSSL (0-36 meses) sem comprometimento do estado geral: 3 a 36 meses
Vacinação completa: PVR, urina I e urocultura, com reavaliação diária.
Vacinação incompleta: PVR e ver temperatura. Tax <39ºC - reavaliação diária (considerar urina 1/urinocultura); Tax >39ºC - urina I/urocultura. Se leucocitúria >5x10^5ml, tratar; se menor, realizar hemograma. Se leucócitos <20k ou neutrófilos <10k, reavaliação diária, se for >, hemocultura e radiografia de tórax. Se radiografia alterada, tratar pneumonia. Se normal, risco de bacteremia oculta, usar ceftriaxona 50mg/kg IM 1xdia e reavaliar diariamente até resultado da hemocultura
Quais são os critérios de Rochester para FSSL?
Nascido a termo, previamente hígido, período neonatal sem intercorrência, exame clínico normal, sem uso de atb prévio, leucócitos entre 5.000 e 15.000, bastões <1.500, sedimento urinário <10/campo
Atb empírico mais usado na FSSL
Penicilina + aminoglicosídeos ou penicilina + cefalosporina (cuidado com ceftriaxona)
Formas/Métodos de coletar urina na criança com suspeita de ITU e quais exames são feitos
Saco coletor, punção suprapúbica, cateterismo vesical e jato médio.
Urina I não confirma diagnóstico, urocultura sim (porém, quando feita com saco coletor é realizado para excluir diagnóstico devido ao alto risco de contaminação - alto valor quando negativo)
Obs: Punção e cateterismo em pacientes sem controle esfincteriano, com controle é feito por jato médio
Agente mais comuns na ITU com menos de 1 ano
E. coli, Enterobacteriaceae e Enterococus (80% por E. coli)
Obs: em meninos não circundados comum ser causado por Proteus
Klebsiella também é um agente possível
Fatores de resistência do organismo à ITU
Hábito miccional normal, evitando estase, urina com composição e osmolaridade adequadas, estímulo a reação inflamatória produzindo IL-6 e 8.
Incidência de pielonefrite x cistite na pediatria
Pielonefrite: lactentes jovens
Cistite: escolar
Obs: cistite não costuma cursar com febre
Critérios avaliados na urina I em suspeita de ITU - sensibilidade e especificidade
Esterase leucocitária: S - 83%; E - 78%
Nitritos positivos: S - 50%; E - 92%
Contagem leucocitária: S - 73%; E - 81%
Bacterioscopia: S - 81%; E - 83%
Gram: S - 93%; E - 95%
Mais comuns em prova: nitrito tem alta especificidade e baixa sensibilidade (poucos falsos positivos) esterase tem alta sensibilidade.
Valores de referência para positividade de urocultura de acordo com método de coleta
Punção suprapúbica: qualquer valor positivo
Sondagem vesical: > 1.000 ufc/ml
Jato médio e saco coletor: > 50.000-100.000 ufc/ml
Métodos de imagem usados na ITU
1º a ser usado é a USG (malformações, abscessos). Se vier alterado, pode ser feito a cintilografia renal DMSA (avalia morfologia renal, bom para ver cicatriz renal) ou UCM (uretrocistografia miccional). Se normal, realizar DMSA. Se este vier normal, acaba a investigação, mas se alterado realizar UCM.
Obs: em prova, Urina I positiva com urocultura negativa avaliar DMSA antes de USG
Medicação usada em quadro de ITU por ESBL
Meropenem (carbapenêmicos)
ATB de 1ª linha para tratamento de ITU na pediatria e tempo de tratamento
Cefalosporina de 1ª geração.
2ª linha seria nitrofurantoína, bactrim e aminopenicilinas de segunda geração
Tratamento por no mínimo 7 dias
Qual exame pedir na ITU de acordo com a SBP e AAP
SBP: Menores de 2 anos deve pedir USG + UCM. Maiores de 2 anos USG, se alterado pedir UCM e DMSA.
AAP: 2-24m, USG. Se alterado, UCM
Qual o quadro de bacteriúria assintomática e conduta
Paciente hígido com urina I ou urocultura evidenciado infecção. Não deve ser tratado.
Quando internar paciente pediátrico com quadro de ITU ?
Menores de 3 meses, vômitos (não consegue fazer medicação por via oral), sepse, comprometimento do estado geral, desidratação
Achados da USG compatíveis com quadro de ITU na pediatria
Dilatação pielocalicial e ureteral associada a refluxo vesico-ureteral
Obs: Menores de 2 anos sempre é pielonefrite
Cardiopatias congênitas cianóticas x acianóticas
Acianóticas: CIV, CIA, PCA e Defeito do septo atrioventricular total, coarctação de aorta. Não tem shunt ou é da E-D.
Cianótica: Tetralogia de Fallot, Transposição de grandes vasos, atresia tricúspide, + várias. O fluxo pulmonar depende do canal arterial. Medicamento usado é a prostaglandina (vasodilatador, mantém o canal aberto). Tem shunt D-E.
Tetralogia de Fallot
- 4 Componentes: Estenose pulmonar (EP), CIV, dextroposição da aorta e hipertrofia de VD. Pode ter atresia da valva pulmonar.
- Clínica: Cianose desde o nascimento. É central e generalizada. Quanto maior a EP maior a cianose. Pode ter crises de hipóxia, além de taquipneia e alteração de consciência. Em crianças maiores pode ter baqueteamento digital e adoção da posição de cócoras, com melhora dos sintomas.
- Cardiopatia de hipofluxo pulmonar
- Radiografia: Coração em bota devido a hipertrofia de VD
Transposição das Grandes Artérias (TGA)
Aorta saindo do VD e A. pulmonar do VE. Há separação da circulação pulmonar e sistêmica. É necessário um shunt entre aorta e pulmonar ou CIA/CIV, senão é incompatível com a vida.
- Clínica: Cianose nas primeiras horas, B2 hiperfonética em foco pulmonar, pode ser única, sem B1 nem sopros
Tem alta mortalidade. Cirurgia de correção (de Jatene) é necessária nas primeiras 2-3 semanas de vida. Dificilmente há lactentes vivos sem correção cirúrgica.
Características de um sopro inocente na pediatria
Sistólico, baixa intensidade, ausência de frêmito, bulhas normais, audível em decúbito e some ao sentar, ausência de anormalidade estrutural
Características das cardiopatias congênitas acianóticas: CIV e CIA
- CIV: Mais comum; Sopro holossistólico; Clínica de IC; Hiperfluxo pulmonar. Perimembranosa é a principal: assintomática, defeito pequeno corrigido espontaneamente. Os demais tipos necessitam de cirurgia.
- CIA: Paciente assintomático. Desdobramento fixo da 2ª bulha e sopro sistólico em borda esternal esquerda alta (foco pulmonar). Pode ter BRD. Conduta tende a ser expectante. Hiperfluxo pulmonar
Estruturas chaves na circulação fetal
Ducto venoso (comunica a v. umbilical à cava inferior), Forame oval (direciona o sangue do AD diretamente ao AE) e Canal arterial (desvia o sangue da a. pulmonar para aorta - nesse momento RVP>RVS)