Pediatria Flashcards
Defina diarreia aguda, persistente e crônica
Diarreia aguda > 7 a 14 dias (pode ser aquosa ou com sangue)
Diarreia persistente > 14 a 30 dias
Diarreia crônica > mais de 30 dias
Principais agentes da diarreia aguda 1-virais, 2-bacterianos, 3-parasitários
1- Rotavírus (principal), adenovírus e norovírus
2- E. coli, Salmonella, Shigella
3- Giardia, Entamoeba
Exames complementares para se lançar mão e sua utilidade na diarreia aguda
- Hemograma > descobrir etiologia
- Ionograma > casos graves, avaliar gravidade
- Gasometria > em caso de acidose metabólica
- Parasitológico de fezes
- Coprocultura > avaiar bacteriose
- Pesquisa de vírus nas fezes
Parâmetros para avaliar gravidade da diarreia aguda (7)
- Estado geral (ativo/irritado/letárgico)
- Sede (sem sede/sedento/não consegue ingerir)
- Umidade das mucosas (úmida/seca/muito seca)
- Perda de peso (Sem perda/menos de 10%/mais de 10%)
- Pulso (Cheio/Cheio/fraco ou ausente)
- Sinal da prega (Ausente/lentificado/muito lentificado)
- Olhos (Normais/fundos/fundos)
Como diagnosticar desidratação leve na diarreia aguda?
2 ou mais parâmetros abaixo:
- Irritado, hipoativo
- Com sede
- Olhos fundos
- Sinal da prega > desaparece lentamente
- Boca seca
- Perda de até 10% do peso
Como diagnosticar desidratação grave?
2 ou mais dos parâmetros abaixo:
- Comatoso, hipotônico, letárgico
- Pulso diminuido ou ausente
- Mucosa muito seca
- Incapaz de ingerir líquido
- Perda de peso maior que 10%
- Sinal da prega > muito lentamente mais de 2seg
Explique o plano A na diarreia aguda
- Soro de rehidratação oral a cada episódio de diarreia
< 1 ano: 50 a 100ml
> 1 ano: 100 a 200ml
> 10 anos: volume tolerado - Explicar aos pais a importância de avaliar os sinais de alerta e estimular higiene pessoal e da casa
- Reposição de zinco até os 5 anos
<6 meses: 10mg. >6 meses: 20mg - Manter alimentação habitual
Sinais de alerta na diarreia aguda (7)
- Não melhora em 2 dias
- Aumento da frequência ou piora da consistência da diarreia
- Aumento da sede
- Recusa alimentar
- Diminuição da diurese
- Sangue nas fezes
- Vômitos repetitivos
Explique o plano B na diarreia aguda
- SRO contínuo com volume tolerado pelo paciente (em média 50 a 100ml a cada 4/6h)
- Reposição de zinco até os 5 anos
- Reavaliação do paciente para retornar ao plano A com o cessamento da desidratação
- Orientação dos pais sobre higiene e sinais de alerta
- Ondansetrona, se vômito
Explique o plano C na diarreia aguda hipotônica
- SF 0,9%
< 1 ano: 30ml na 1a hora, 70ml nas 5h depois
> 1ano: 30ml nos primeiros 30min, 70ml nas 2,5h depois - Fase de manutenção: 4/1 soro glicosado 5% + SF 0,4%
<10kg: 100ml/kg
>10kg: 1000ml + 50ml/kg a mais
>20kg: 1.500ml + 20ml/kg a mais (no máximo 2000ml)
Quando puder, retornar a SRO associado à hidratação EV
Tratamento farmacológico na dirreia aguda
- Antipirético: se febre ou dor
- Antibiótico: em caso de suspeita de causa bacteriana, sempre em imunossuprimidos (independente da causa)
- Antiparasitário: se causa parasitária
- Probiótico
- Zinco: até os 5 anos para evitar diarreia recorrente
Explique o plano C na diarreia aguda isotônica
Expansão:
50ml/kg de SF0,9% por 30 min (repetir por no máximo mais 2 ciclos ou até o paciente urinar)
Manutenção:
- SG5% 100ml/kg (vale até os 10kg, depois 50ml por cada kg adicional, depois dos 20kg, 20ml por cada kg a +)
- NaCl20% 40ml/1000ml de SG
- KCl 19,1% 10ml/1000ml de SG
Reposição:
- 100ml/kg de SF0,9% + SG5% 1/2
- 1ml/kg de KCl19,1%
Diagnóstico com base na gravidade da diarreia
Leve: até 5 evacuações
Moderada 5-10 evacações
Grave: mais de 10 evacuações
Diagnóstico anatômico da diarreia aguda, descreva-o
Diarreia alta
- Ocorre no delgado
- Geralmente mais aquosa e de grande volume
- Não costuma ter característica invasiva (geralmente não causa disenteria) > menos esforço da musculatura
Diarreia baixa
- Ocorre no grosso
- Menor volume, maior frequência
- Maior a chance de assumir característica invasiva
Classifique quanto à fisiopatologia da diarreia: 1-Osmótica, 2- Secretora, 3-Inflamatória 4- Esteatorreica/disabsortiva
1- Acúmulo de solutos inabsorvíveis no lúmen intestinal, os quais são osmoticamente ativos e atraem a água para a alça
2- Distúrbio hidroeletrolítico, levando a aumento da secreção e diminuição da absorção (age geralmente no cotransporte sódio/cloreto)
3- Presença de sangue, pús e muco leva a distúrbio de absorção
4- Por grande quantidade lipídica, ocorre disabsorção dessas substânias no delgado
Fatores de risco da diarreia persistente
- Menores de 1 ano
- Baixas condições socioeconômicas
- Pré-termo e baixo peso
- Ausência de aleitamento materno
- Desnutrição
- Infecções prévias
Tratamento diarreia persistente
- Em caso bacteriano ou parasitáro, lançar mão de antibiótico ou antiparasitário
- Em alguns casos será necessário rever alimentação, como uma intolerância ou doença celíaca/pancreática
- Probiótico hoje é bem aceito em todos em casos de diarreia
Fatores ao analisar diarreia crônica na criança (6)
- Fatores socioeconômicos: água potável, saneamento?
- Classificação nutricional: o desnutrido pode ter diarreia prolongada
- História alimentar completa
- Caracterizar número, aspecto e duração das evacuações
- Questionar sintomas associados (febre, despertar noturno, perda de peso, dor abdominal)
- Tratamentos utilizados
Tente diagnosticar com base nesses cenários acerca da diarreia 1- Ocorre somente durante o dia mas sempre, 2- Noturna também, 3- Sanguinolenta, 4- Excesso de sucos 5- Com presença de flatulência 6- Com escape fecal porém sem evacuações de fato
1- Diarreia funcional ou osmótica por intolerância a alimento
2- Infecção, causa orgânica
3- Infecção, fala a favor de causa secretiva invasiva (como Sanmonella, Shigela)
4- Diarreia osmótica (excesso de componente osmoticamente ativo)
5- Má absorção de carboidratos
6- Constipação (escape do líquido, porém o bolo fecal impede a saída de fezes de fato)
O consenso internacional de Roma IV padroniza os distúrbios do eixo intestino-cérebro em 7 grupos, quais são eles?
- Regurgitação
- Constipação
- Disquesia
- Cólica do lactente
- Diarreia funcional
- Síndrome dos vômitos cíclicos
- Síndrome da ruminação
Defina regurgitação no lactente e diferencie de refluxo e vômito
Regurgitação é quando o movimento retrógrado estomacal passa a ser visualizado à boca. No lactente, geramente ocorre por iaturidade do esfínter esofágico inferior, que costuma estar relaxado, permitindo a volta do alimento
- Diferenciando-o de refluxo, que não se visualiza, porém constuma ser sintomático
- Já vômito é um reflexo neurológico de expunsão do conteúdo gástrico, exige esforço da musculatura abdominal
Critérios de diagnóstico da regurgitação do lactente (3)
- Ter entre 3 meses e 1 ano
- Regurgitar 2+ vezes ao dia por 3 semanas ou mais
- Ausência de náuseas, hematêmese, aspiração, apnéia, déficit postural ou alimentar
Na regurgitação do lactente, existem três cenários, descreva-os e trate-os:
1- Maria aparecida (feliz, não se importa com as regurgitações)
2- Maria das dores (sente um pouco de incômodo)
3- Maria do socorro (regurgitação complicada)
1- Não tem sintomas, não apresenta incômodo, não há perda de peso. Nesse caso, não há tratamento! Tende a cessar até os 12 meses
2- Chora e agita com as regurgitações, exige algumas orientações, como:
- Evitar hiperingestão, amamentar de forma fracionada
- Não deitar assim que mama, esperar 20-30min
- Dormi em decúbito dorsal
- Para não estressar os pais, pode indicar uso de espesante na mamada, mas não impede o refluxo, passa a ser menos externado
- Se necessário, pensar em fórmula específica do DRGE
3- Essa, pode ter sintomas asociados, comos vômitos biliosos, distenção abdominal, alteração do sono e alimentação, além de perda de peso
- Reeducação, assim como Maria das Dores
- Se não houver melhora com reeducação, avaliar possibilidade de APLV (a mãe pode suspender leite de vaca de sua alimentação como teste) > só se não preencher todos os critérios de roma IV
- Avaliar hipótese de DRGE também > testar formula específica do DRGE se não preencher todos os critérios
Por que a regurgitação no lactente tende a cessar com 12 meses?
Porque os estímulos contra-refluxo se refinam até o primeiro ano de idade, como por exemplo a contratura do esfíncter esofágico inferior, permitindo que o conteúdo gástrico não suba ao esôfago pós deglutição.
Defina síndrome da ruminação
Regurgitação do conteúdo gástrico para cavidade oral com comportamento de autoestimulação, seguido de deglutição do conteúdo depois. Geralmente associada a privação social prolongada
Critérios de Roma IV ao diagnosticar síndrome da ruminação
- Contração repetida do músculo abdominal, língua e diafragma (caráter de autoestimulação)
- Regurgitação sem esforço do conteúdo gástrico, podendo ser expulso pela boca ou deglutido
- AO MENOS TRÊS DOS 4 ABAIXO:
- Início entre os 3-8 meses
- Irresponsivo ao tratamento de DRGE
- Ausência de desconforto
- Ausência de episódios durante o sono ou durante interação social
Tratamento da síndrome da ruminação
Terapia comportamental da criança e estimular estreitamento dos laços dos cuidadores com a criança, já que a criança tende a regurgitar forçadamente na ausência de atenção
Defina síndrome dos vômitos cíclicos na criança
Ocorre episódios de vômitos paroxísticos no início do sono, declinando logo em seguida. Se não tiver desequilíbrio hidroeletrolítico, a criança retorna ao seu estado habitual logo depois.
Lembrar: vômitos exigem ativação do eixo cérebro-intestino, havendo conexão e estímulo muscular para que ocorra
Critérios de Roma IV para a síndrome dos vômitos cíclicos (3)
- Dois ou mais paroxismos de vômito incessante, com ou sem esforço em um período de 6 meses
- Episódios estereotipados de cada paciente
- Intervalos de semanas ou meses entre os episódios, com retorno a saúde normal
Tratamento nas crises e entre as crises da síndrome dos vômitos cíclicos
Nas crises:
- Ansiolítico
- Inibidor da bomba de prótons
- Correção de DHE
Entre as crises:
Tratamento profilático utilizado nas enxaquecas: Propanolol ou pizotifeno/cipoheptadina
Defina disquesia do lactente e tratamento
Manifestações de dor e desconforto antes de evacuar, sintomas duram cerca de 20min e persistem até os 9 meses. Quando a criança aprende a evacuar, relaxando o esfíncter anal, relaxa e os sintomas cessam naturalmente. Não exige tratamento.
Criterios de Roma IV na disquezia do lactente (2)
- Pelo menos 10 min de esforço ou choro pré evacuação
- Ausência de outros problemas de saúde
Defina a cólica do lactente
Episódios de choro, irritabilidade e inquietação, durando horas e sem causa definida. Ocorre por instabilidade da microbiota intestinal, depende também da qualidade de vida da família, podendo ter origem psicogênica.
Critérios de Roma IV para cólica do lactente (para diagnóstico clínioco / fins de estudos)
Para diagnóstico clínico:
1. Início e fim dos sintomas até os 5 meses de vida
2. Períodos prolongados de choro, desconforto e irritabilidade sem causa evidente
3. Ganho de peso normal, ausência de sintomas
Para critério acadêmico:
1. Relto de choro/irritabilidade por mais de 3h e 3 ou mais dias, nos últimos 7 dias
2. Episódio de desconforto, choro em um período de 24h
Tratamento para cólica do lactente
- Orientar os pais a passar pela situação
- Se não melhorar, pesquisar APLV com fórmula altamente hidrolizada e mudança da dieta da mãe
- Probióticos podem ser utilizados
Defina constipação intestinal funcional na criança e sua faixa etária prevalente
Retenção de fezes por período prolongado, levando a retenção da água (por passar mais tempo em contato com as vilosidades intestinais, tornando as fezes mais secas. Podendo causar defecação cada vez mais dolorosa, por isso a criança tende a fazer quadro vicioso de controle do cocô para não sentir dor.
Em lactentes, não costuma ocorrer. Tende a iniciar com a amamentação complementar, mas ocorre principalmente a partir dos 4 anos
Critérios de Roma IV na constipação intestinal, sem controle e com controle fecal
AO MENOS DOIS DOS CRITÉRIOS POR 1 MÊS:
1. Duas ou menos evacuações por semana
2. História de comportamento de retenção
3. Evacuações com dor ou dificuldade
4. Presença de grande quantidade de fezes no reto
5. Elimitação de fezes muito grossas
PARA MENORES DE 4 ANOS COM CONTROLE FECAL:
1. Pelo menos um episódio por semana de incontinência fecal
2. Eliminação de fezes de grande diâmetro
Apresentação clínica da constipação
- Menor número de evacuações
- Fezes endurecidas
- Comportamento de retenção e incontinência fecal (grande resíduo fecal)
- Podem apresentar fissura anal
Sinais de alarme na constipação intestinal
- Antecedentes de megacólon congênitos
- Fezes em fita
- Febre
- Perda de peso ou difiuldade de ganho
- Vômitos biliosos
- Anormalidades na tireoide
- Fístula perianal
- Distensão abdominal intensa