PED 2 - Síndromes Respiratórias Na Infância Flashcards
Quais são os sinais-chave das Infecções Respiratórias Agudas?
- Estridor: Obstrução das vias de condução extra-pleurais (Doença periglótica).
- Taquipneia: Doenca das Vias aéreas inferiores (pneumonia)
- Sem taquipneia, sem estridor: IVAS
Etiologia e transmissão do resfriado comum?
- Rinovírus.
- Contato direto.
Quadro clínico do resfriado comum?
- Infecção da mucosa e seios para nasais.
- Coriza (torna-se mucopurulenta).
- Obstrução nasal (roncos).
- Tosse (noturna).
- Febre.
O que não pode ser usado no tratamento do resfriado comum?
- AAS (Síndrome de Reye)
- Antitussígenos / descongestionantes / mucolíticos
- Anti-histamínicos
O que pode ser usado no tratamento do resfriado comum?
- Soro nasal.
- Líquidos.
- Anti-piréticos.
- 1 colher de mel (>1 ano).
Complicações do resfriado comum?
- Otite Média Aguda
- Sinusite bacteriana aguda
Três quadros clínicos para diagnosticar Sinusite Bacteriana Aguda (SBA)?
- Quadro arrastado:
- Sintomas >= 10 dias (tosse diurna, febre, obstrução nasal)
- Quadro grave:
- > = 3 dias de febre >= 39ºC
- Secreção purulenta
- Quadro bifásico (resfriado comum que melhora e volta a piorar).
Qual exame complementar pedir para o diagnóstico da Sinusite Bacteriana Aguda?
NENHUM!!! O dx é clínico.
Etiologia da Sinusite Bacteriana Aguda?
- Streptococcus pneumoniae (maioria)
- H. influenzae não tipável^ (50% produz betalactamase)
- Moraxella catarrhalis
^ Não encapsulado.
Como é o tratamento da Sinusite Bacteriana Aguda?
- Amoxicilina
- Associar clavulanato se conjuntivite (“EYEmóphilo”)
- Tempo: individualizar; 7 dias após melhora clínica
Complicação grave de Sinusite Bacteriana Aguda? (Clínica, confirmação, diagnóstico diferencial e tratamento).
- Principalmente SBA de seio etmoidal.
- Celulite orbitária.
- Inflamação da pálpebra; proptose; dor à movimentação; edema na conjuntiva.
- Confirmação: TC
- DDX: celulite periorbitária (é pré-septal -> só tecidos da face).
- Tto: internação e atb parenteral.
Diagnósticos diferenciais de Sinusite Bacteriana Aguda e suas características?
- Rinite alérgica:
- Prurido e espirros / palidez de mucosas / eosinófilos
- Sífilis:
- Primeiros 3 meses / Obstrução intensa e secreção sanguinolenta.
- Corpo estranho:
- Rinorreia fétida, sanguinolenta / Unilateral.
Quadro clínico, etiologia e confirmação da Otite Média Aguda?
- Dor (queixada ou irritabilidade) / otorreia (que alivia a dor)
- Etiologia igual a da Sinusite Bacteriana Aguda
- Confirmação: otoscopia
- Hiperemiada / Opaca / Abaulada (+ específico) / Otorreia / Imóvel.
Tratamento da Otite Média Aguda?
- Analgésico e anti-pirético (menos AAS)
- Antibiótico ou observação? Antibiótico:
- < 6 meses
- 6m-2anos: se bilateral
- Qualquer idade com otorreia ou grave^
^ Grave: dor moderada a grave / Febre >= 39ºC / Dor > 48h.
Qual antibióticoterapia na Otite Média Aguda?
- Amoxicilina.
- Amoxicilina + clavulanato se falha terapêutica (hemófilo ou moraxella betalactamase) ou se otite+conjuntivite (EYEmófilo).
Complicação da Otite Média Aguda e sua clínica, tratamento e diagnóstico diferencial?
Mastoidite Aguda:
- Periostite / Edema retroauricular / Deslocamento do pavilhão
- Tto: internação + atb parenteral
- Ddx: adenite retro-orbitária (massa bem delimitada).
Etiologia e faixa etária da Farigite Bacteriana?
- Streptococcus Beta hemolítco do grupo A (S. pyogens).
- 5-15 anos (< 5a improvável / < 3 impossível - não tem receptores ainda para a bactéria).
Como é o quadro clínico da Faringite Bacteriana?
- Febre alta e dor de garganta
- Exsudato amigdaliano
- Petéquias no palato
- Adenomegalia cervical
- NÃO coriza ou tosse (não é evolução de vírus)
Diagnósticos diferenciais da Faringite Bacteriana e suas características?
- Herpangina:
- Úlceras na região posterior da cavidade oral / Salivação / Coxsakie A
- Adenovírus:
- Faringite + conjuntivite + adenopatia retro-auricular
- Mononucleose:
- Linfadenopatia generalizada / esplenomegalia / linfocitose com atipia.
- PFAPA:
- Febre Periódica, estomatite Aftosa, Faringite, Adenite
- Quadros recorrentes / melhora com uma dose de corticoide
Exames complementares na Faringite Bacteriana?
- Teste rápido (antígenos bac.)
- Muito específico, pouco sensível
- Cultura:
- Muito sensível e especifico (faço se teste rápido negativo)
- O tratamento é eficaz na prevenção de febre reumática até 9 dias (posso esperar a cultura para tratar, ou parar o tratamento caso venha negativa).
Complicações supurativas das Faringite Bacteriana?
- Abcesso peritonsilar
- Abcesso retrofaríngeo
- Pode ocorrer mesmo com tratamento.
Quadro clínico e tratamento do Abcesso Peritonsilar?
- Amigdalite / Disfagia, sialorreia / Trismo / Desvio da úvula.
- Internação (?) / Atb (SGA + anaeróbio + S. aureus (?)).
- Aspiração por agulha OU incisão e drenagem.
Quadro clínico do abcesso retrofaríngeo?
- NÃO tem trismo
- IVAS recente (qualquer)
- Febre alta e dor de garganta
- Disfagia e sialorreia
- Dor à mobilização do pescoço (ddx: torsicolo na infância)
- Estridor (RARO!!)
Diagnósticos diferenciais de Estridor na infância?
- Epiglotite aguda (hemófilo / posição do tripé / não tem tosse)
- Laringotraqueíte viral (parainfouenza / rouquidão / tosse metálica)
Quadro clínico e imagem da Epiglotite Aguda?
- Agudo e fulminante (SEM pródromos catarrais)
- Febre alta e toxemia
- Dor de garganta, disfagia e sialorreia
- Estridor (achado tardio)
- Posição do tripé
- Sinal do polegar no Rx (espessamento da epiglote)
Etiologia e tratamento da Epiglotite?
- Haemophilus influenzae B (S. pneumoniae/S.pyogens/S.aureus)
- GARANTIR A VIA AÉREA!!!
- Atb (ceftriaxone / amox+clav)
Quadro clínico e imagem da Laringotraqueíte viral?
- Pródromos catarrais / febre baixa
- Tosse metálica (Crupe viral)
- Estidor
- Rouquidão
- Sinal da torre ou da ponta do lápis no Rx (não é específico)
Etiologia e tratamento da Laringotraqueíte Viral?
- Vírus parainfluenza (75%)
- Com estridor em repouso:
- NBZ com adrenalina + dexametasona
- Sem estridor em repouso:
- Dexametasona
Diagnóstico diferencial da Laringotraqueíte Viral?
- Laringite estridulosa (crupe espasmódico):
* Despertar súbito sem pródromos
Complicação da Laringotraqueíte Viral?
Traqueíte Bacteriana:
- S. aureus
- Febre alta / piora clínica
- Resposta parcial ou ausente à adrenalina.
Quais são as formas de pneumonia?
- Bacteriana (aguda/grave)
- Atípica (insidiosa)
- Viral (sibilos)
- Mais comum em < 5 anos (exceto RN)
- < 2 anos = BRONQUIOLITE
Como é o quadro clínico da pneumonia bacteriana?
- Pródromos catarrais (até o 3º dia; crianças)
- Febra alta e tosse (constante)
- Taquipneia sem estridor (< de 5 anos é o dado + sensível)
- Sinais clássicos (estertores, broncofonia, pectorilóquia…)
Quais são sinais de gravidade na Pneumonia Bacteriana?
- Tiragem subcostal mantida (a OMS não considera, mas o MS sim)
- BAN (batimento de aleta nasal)
- Gemência (glote parcialmente fechada para tentar manter capacidade residual)
- Cianose / Sp02 < 92%
Como é o diagnóstico da Pneumonia bacteriana? Quando indicar exame complementar?
- Dx clínico
- Rx não é obrigatório; não afasta diagnóstico (se vier normal)
- O Rx é indicado nas hospitalizações
Quais são achados do Rx que podem indicar etiologia bacteriana na Pneumonia?
- Consolidação
- Aerobroncograma (líquido no álveolo X ar no brônquio)
O que pode me confundir no Rx de crianças pequenas?
- O TIMO
- Sinal da vela do barco
Quais são indicações de hospitalização na Pneumonia Bacteriana?
- Idade < 2 m
- Comprometimento grave (sinais de gravidade)
- Sinais gerais de perigo:
- Vomita tudo que ingere / Incapaz de aceitar líquidos
- Doença de base
- Complicações (no Rx)
Etiologia e tratamento da Pneumonia nos < 2 meses?
- Principalmente nos < de 1 mês (primeiros dias de vida)
- S. agalactiae (grupo B)
- Gram (-) entérico (E. coli)
- Tto: Ampicilina + aminoglicosídeo
Etiologia e tratamento da Pneumonia nos > 1-2 meses?
- S. pneumoniae (MAIS COMUM)
- S. aureus (raro)
- Ambulatório:
- Amoxicilina (7-10 dias) - Reavaliar em 48h (queda da FR)
- Hospitalar:
- Penicilina cristalina (Grave / S. de gravidade)
- Oxacilina + ceftriaxona (Muito grave / UTI, dependente de 02…)
Quando recomendar a transferência da criança com pneumonia para a UTI?
- SpO2<92% com FiO2>60%
- Hipotensão arterial
- Evidência clínica de grave falência respiratória e exaustão
- Apneia recorrente ou respiração irregular.
Quando suspeitar de Pneumonia por S. aureus?
- Quadro grave
- Complicações: (nenhuma é patognomônico)
- Derrame pleural
- Pneumatocele (imagem cavitária com parede fina)
- Porta de entrada cutânea
O que PENSAR quando o paciente com Pneumonia não melhora em 48-72h?
- Má adesão? Resistência? Erro diagnóstico? Complicação?
- Complicação:
- Derrame pleural (sempre pedir toracocentese)
- Transudato? NÃO! O parapneumônico é sempre exsudato.
- Derrame pleural (sempre pedir toracocentese)
O que FAZER quando o paciente com Pneumonia não melhora em 48-72h?
- Derrame pleural no Rx? Sim -> TORACOCENTESE.
- Empiema?
- Purulento
- pH < 7,2 !!!
- Glicose < 40 mg/dL
- Bactéria
- Tem empiema? Fazer drenagem torácica e MANTER O TRATAMENTO (a bactéria mais comum continua sendo o S. pneumoniae).
!!! Sempre fazer toracocentese quando houver derrame pleural no Rx !!!
Etiologia, faixa etária, ddx e tratamento da Pneumonia Atípica?
- Mycoplasma pneumoniae e Clamydophila pneumoniae
- > 5 anos
- Ddx com pneumonia afebril do lactente
- Tto: macrolídeo
Como é o quadro clínico e achado laboratorial da Pneumonia atípica?
- Início gradual
- Manifestações extra-pulmonares: cefaleia, odinofagia, ROUQUIDÃO
- Tosse + taquipneia (no > 5 anos não dependo tanto da FR)
- Crioaglutinina (altos títulos / associação com anemia falciforme)
Etiologia, fator de risco, quadro clínico, ddx e tratamento da Pneumonia Afebril do Lactente?
- Clamydia trachomatis
- Risco: parto vaginal (colonização do olho e trato respiratório)
- Conjuntivite no RN
- Pneumonia:
- 1-3 meses (insidioso)
- Tosse + taquipneia
- Afebril
- Hemograma: eosinofilia
- Ddx: coqueluche
- Macrolídeo oral (se for só colírio ainda fica bac. no trato respiratório)
Etiologia e quadro clínico da coqueluche?
- Bordetella pertusis
- 3 fases:
- Catarral
- Paroxística (acessos de tosse -> guincho)
- Fase de convalescença
- No < 3 meses: tosse + APNEIA! + cianose
! A apneia pode ser o único achado no < 3 meses
Achados no laboratório e Rx da coqueluche? E o tratamento?
- Lab: Leucocitose (alta) com LINFOCITOSE (por causa da toxina liberada)
- Rx: hiperinsuflação e infiltrado pericárdico (“coração felpudo”)
- Tto: Azitromicina^.
^ Seu uso tem o objetivo de diminuir o contágio. Não há redução do tempo de doença (a não ser que o início do tratamento seja na fase prodrômica).
^ 1ª escolha: aztitromicina. 2ª escolha: claritromicina (>1 mês). Eritromicina: indisponibilidade dos anteriores. Bactrim: intolerância a macrolídeos.
Etiologia, faixa etária e quadro clínico da Bronquiolite Viral Aguda?
- Vírus sincicial respiratório
- < 2 anos (obrigatoriamente e só dou esse diagnóstico no primeiro quadro de sibilância)
- Pródromos catarrais / febre e tosse / TAQUIPNEIA / SIBILOS
Como é feita a profilaxia pós-exposição da coqueluche?
- A profilaxia é feita com Azitromicina em dose terapêutica por 5 dias.
- Quem deve receber?
- Todos os comunicantes com idade inferior a 1 ano, independentemente da situação vacinal.
- Comunicantes entre 1-7 anos não vacinados ou com situação vacinal desconhecida ou que tenham tomado menos de 4 doses de alguma vacina com o componente pertussis.
Como é feito o diagnóstico de Bronquiolite Viral Aguda?
- Dx é clínico
- Antígenos virais
- Rx de tórax (não é obrigatório nem para internar)
- Hiperinsuflação (rebaixamento hepático e esplênico)
Diagnóstico diferencial de Bronquiolite Viral Aguda?
- Asma (episódios recorrentes de sibilância)
- Sibilante transitório precoce:
- Melhora após os 2 anos (não era asma, eram várias infecções virais)
- Sibilante persistente:
- Sibila após os 2 anos (infecções virais + asma)
- Sibilante de início tardio:
- Início após os 2 anos
O que é quais os critérios do Índice Preditor de Asma (API)?
- Índice para tentar prever o diagnóstico de asma na criança com episódios recorrentes de sibilância
- Critérios maiores:
- Um dos pais com asma
- Diagnóstico de dermatite atópica
- Critérios menores:
- Diagnóstico médico de rinite alérgica
- Sibilância não associada a resfriado
- Eosinofilia >= 4% (ou > 3%)
- Probabilidade alta: 1 maior OU 2 menores.
Quais são fatores de risco para uma evolução com gravidade da Bronquiolite Viral Aguda?
- Faixa etária < 12 semanas (3 meses)
- Presença de tabagismo domiciliar
- Comorbidades (cardiopatia hemodinamicamente instável, imunodeficiência, Doença pulmonar croônica e prematuridade)
!!! Atopia não é fator de risco para gravidade
Quais as indicações de hospitalização na Broquiolite Viral Aguda?
- < 12 semanas (3 meses)
- Prematuro (< 32 semanas)
- Gravidade
Como é feito o tratamento da Bronquiolite Viral Aguda?
- Oxigenioterapia (Se Sat02 <90-92%)^
- Nutrição / Hidratação (HV com solução isotônica)
- NBZ com salina hipertônica 3% (encurta o tempo de hospitalização)
- NÃO FAZER:
- Beta2-agonista (como teste terapêutico no 1º episódio)
- Corticoide
- Fisioterapia respiratória (não melhora gravidade da doença nem parâmetros respiratórios, não diminui o tempo de internação nem a necessidade de 02)
^ O uso de cânula nasal de alto fluxo tem sido demonstrado como melhor forma de ofertar oxigênio (reduz trabalho respiratórios necessidade de intubação).
Como é feita a prevenção da Bronquiolite Viral Aguda?
- Lavagem de mãos
- Palivizumabe (anticorpo para VSR)^:
- < 1 ano: PMT < 29 semanas
- < 2 anos: com cardiopatia congênita ou poença pulmonar da prematuridade
- SBP: também para < 6 meses e PMT entre 29 e < 32 semanas.
^ No meses de circulação do vírus, 1x/mês por 5 meses.
Fale sobre a bronquiolite obliterante.
- Forma grave de bronquiolite viral; é uma má evolução do quadro.
- O exame de eleição para elucidação do quadro é a TC. Achados: bronquiectasias, alçaponamento de aéreo e perfusão em mosaico.
- Ela é uma das principais causas de bronquiectasias em nosso meio.
Fale sobre o quadro de laringomalácia.
- Principal anomalia congênita que leva ao estridor crônico.
- Responsável por 60% dos casos que se apresentam com essa queixa no lactente jovem.
- O estridor costuma ser agravado com esforços (choro, agitação, alimentação). Agravado também pela posição supina (decúbito dorsal) e aliviado pela pronta (decúbito ventral).