Patologia dos metabolitos Flashcards

1
Q

Quais as perturbações do metabolismo dos lípidos?

A
  • esteatose
  • colesterol: xantomas e aterosclerose
  • lípidos complexos: dislipidoses (anomalias genéticas das enzimas lisossomais)
  • pseudo-hipertrofia lipomatosa
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2
Q

O que é a esteatose e onde ocorre?

A

Acumulação excessiva de triglicéridos intracelulares e consequente formação de vacúolos intracelulares.

  • transporte de lípidos para as células afetadas em quantidades que excedem a sua capacidade para os metabolizar
  • incapacidade da célula para sintetizar proteínas e lipoproteínas necessárias para o transporte de lípidos para o exterior

Ocorre na maioria dos órgãos, sendo mais comum no fígado.

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3
Q

Como se caracteriza a patogenia da esteatose?

A

A acumulação excessiva de triglicéridos pode resultar num defeito em qualquer uma das seguintes etapas:

  • entrada excessiva de ácidos gordos no fígado
  • síntese de ácidos gordos aumentada
  • oxidação reduzida de ácidos gordos: anóxia
  • esterificação aumentada dos ácidos gordos para triglicéridos: álcool
  • síntese reduzida de apoproteínas: dietas pobres em proteína, lesão do RER devido a álcool ou tetracloreto de carbono
  • secreção comprometida de lipoproteínas do fígado: tóxicos (álcool)
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4
Q

Qual a gravidade da esteatose?

A

Depende da causa e da quantidade acumulada

  • ligeira: sem efeito na função celular
  • acentuada: pode alterar a função celular

Lesão reversível (exceto quando ocorrem outras alterações - tetracloreto de carbono)

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5
Q

Qual o aspeto microscópico da esteatose?

A

Órgãos fixados pela formalina:

  • desidratação pelo álcool: dissolução de gordura
  • células com vacúolos, por vezes confluentes
  • núcleo em posição periférica

Cortes de congelação - coloração pelo Sudan:
- gotas lipídicas vermelhas ou negras

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6
Q

Que zonas dos órgãos são maioritariamente atingidas pela esteatose?

A
  • fígado: esteatose perilobular e centrolobular (anóxia)
  • rim: epitélio dos tubos renais (síndroma nefrótico, “diabetes mellitus”, cetose, esteatose fisiológica dos gatos)
  • coração: miócitos (anemias graves)
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7
Q

Qual o aspeto macroscópico da esteatose nos diversos órgãos?

A

Fígado:

  • aumento de volume
  • cor mais clara
  • brilho untuoso
  • peso específico diminuído
  • consistência friável

Rim:

  • cor pálida
  • estrias esbranquiçadas e brilhantes na medula

Coração:

  • alterações pouco expressivas
  • por vezes, zonas com estrias claras
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8
Q

Qual o trajeto do colesterol?

A

Origem: alimentação, síntese endógena (fígado)
Utilização: membranas celulares, hormonas esteróides
Circulação no plasma: LDL, HDL
Eliminação: hepatócitos (bílis), macrófagos

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9
Q

Qual o aspeto microscópico do colesterol intracelular?

A

Colesterol acumulado - Pequenas gotas
- inclusão em parafina (espaços vazios) ou cortes por congelação

Células com sobrecarga - Citoplasma com vacúolos e aspeto espumoso

  • célula xantomatosa: macrófago hipertrofiado com pequenos vacúolos vazios
  • célula de Touton: célula gigante, com numerosos núcleos

Tecido com sobrecarga

  • infiltração de células xantomatosas com/sem fibrose e com/sem leucócitos
  • xantomatoses viscerais, colesteroloses vesiculares, xantomas cutâneos, histiocitofibromas dérmicos, xantogranulomas)
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10
Q

Qual o aspeto microscópico do colesterol extracelular?

A
  • precipitação de colesterol em grande quantidade no líquido extracelular sob a forma de cristais, geralmente associados às células xantomatosas
  • cristais grandes e com forma característica: retangulares (colesterol livre), losângicos (colesterol esterificado)
  • inclusão em parafina (espaços vazios) ou cortes por congelação
  • corpos estranhos: reação macrofágica e fibrose
  • placas aterosclerosas, quistos epidérmicos, colesteatomas
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11
Q

Qual o aspeto macroscópico do colesterol?

A
  • coloração amarelada (xantomatose): placas ou nódulos (xantomas), presença de fibrose (acinzentado) ou hemossiderina (acastanhado)
  • cristais (sobrecargas extracelulares): placas ateromatosas, cálculos colesterólicos, focos de necrose, abcessos, quistos epidérmicos
  • endurecimento dos tecidos: fibrose (histiocitofibromas dérmicos, xantogranulomas)

Consoante a abundância e distribuição, as células xantomatosas podem formar:

  • xantomas: nódulos ou placas, principalmente na pele
  • xantomatoses: infiltração generalizada, principalmente nas vísceras (xantomatoses viscerais)
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12
Q

O que são dislipidoses e que células afetam?

A

Doenças hereditárias raras, cada uma correspondente à acumulação de um tipo particular de lípido complexo em células, devido ao defeito genético de uma enzima lisossomal necessária à degradação dos lípidos.
Provoca hipertrofia das células com sobrecarga e, eventualmente, destruição.
- macrófagos
- neurónios
- células mesenquimatosas
- células parenquimatosas

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13
Q

Como se processam as dislipidoses?

A
  • ausência hereditária de enzimas lisossomais
  • alterações de armazenamento nos lisossomas
  • processamento anormal
  • acumulação de metabolitos insolúveis
  • aumento dos lisossomas (acumulação de produtos não digeridos)
  • interferência com a função celular normal

As doenças de armazenamento dos lisossomas são classificadas de acordo com a natureza bioquímica da substância acumulada.

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14
Q

O que é a arteriosclerose e quais os seus tipos?

A

Espessamento e perda de elasticidade das paredes arteriais.

  • aterosclerose
  • arteriosclerose de Monckeberg: calcificações focais na camada média das artérias musculares de pequeno e médio calibres, sem inflamação associada
  • arteriosclerose (hialina e hiperplásica): espessamento difuso da parede arteriolar, estreitamento do lúmen, isquémia os tecidos distais
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15
Q

Quais as principais características da aterosclerose?

A

Doença das artérias progressiva, caracterizada por placas ateromatosas (fibrose e lípidos) da camada íntima, formadas a partir da deposição de lípidos, proliferação e células musculares lisas, síntese de matriz extracelular.
- placa ateromatosa típica (ateroma): lesão amarelo- esbranquiçada da camada íntima que faz saliência para dentro do lúmen do vaso

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16
Q

Qual o aspeto microscópico da aterosclerose?

A
  • camada fibrosa superficial com miócitos lisos, leucócitos e densa matriz extracelular de tecido conjuntivo (células mortas, lípidos, fendas de colesterol, células espumosas com lípidos e proteínas plasmáticas) a revestir uma zona necrosada
  • pequenos vasos em proliferação na periferia
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17
Q

Como se caracteriza a teoria lesional da aterosclerose (patogenia)?

A
  • aterosclerose é uma resposta à lesão crónica ou repetida da célula endotelial causada por hiperlipidémia
  • lesão endotelial acompanhada pelo aumento da permeabilidade aos constituintes do plasma (nomeadamente lípidos) e a adesão de monócitos e plaquetas ao endotélio
  • monócitos migram para dentro da camada íntima, fagocitam os lípidos (formando-se células espumosas) e proliferam nesta camada
  • fatores das plaquetas ativadas e monócitos (PDFG) induzem migração e proliferação dos miócitos lisos da camada média para a íntima: proliferação e síntese de matriz extracelular (colagénio, fibras elásticas, proteoglicanos)
  • lípidos extracelulares derivam da passagem de lípidos a partir do lúmen (devido à hipercolesterolémia e células espumosas): a acumulação de colesterol advém de um desequilíbrio entre a sua passagem para o interior e a saída
  • miócitos lisos também acumulam lípidos (principalmente colesterol)
  • macrófagos produzem enzimas e citoquinas que agravam a lesão
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18
Q

Que complicações estão associadas à aterosclerose?

A
  • calcificação
  • úlceras
  • predisposição para trombose local
  • hemorragia
  • atrofia medial
  • formação de microêmbolo de colesterol
  • dilatação tipo aneurisma
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19
Q

Existem sintomas da aterosclerose?

A

Permanece assintomática até:

  • diminuição do lúmen vascular com necrose e gangrena
  • rutura da placa com trombose e oclusão do lúmen (enfarte)
  • formação de êmbolos de uma placa ateromatosa (enfartes renais devido a êmbolos)
  • diminuição da resistência de um vaso com formação de aneurisma (eventual rutura)
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20
Q

O que é a pseudo-hipertrofia lipomatosa?

A

Músculo infiltrado e substituído por gordura (substituição de muitas fibras musculares por células adiposas).
- reconhece-se no matadouro, quando se observa uma extensão variável de gordura intramuscular

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21
Q

Qual o aspeto microscópico da pseudo-hipertrofia lipomatosa?

A
  • presença de áreas com fibras musculares e outras em que há substituição por tecido adiposo
  • pode estar presente tecido fibroso
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22
Q

Qual o aspeto macroscópico da pseudo-hipertrofia lipomatosa?

A
  • aumento de volume (pseudo-hipertrofia muscular)

- presença de trabéculas branco-amareladas e consistência aumentada (tecido fibroso)

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23
Q

Quais as causas das perturbações do metabolismo dos glúcidos?

A

Sobrecargas de glicogénio.

  • adquiridas: hiperglicémia (diabetes), neoplasias (carcinoma renal)
  • congénitas: doenças de armazenamento de glicogénio (glicogenoses)
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24
Q

Qual o aspeto macroscópico da sobrecarga de glicogénio?

A
  • pouco expressivo

- em grandes sobrecargas: aumento de volume do órgão e coloração mais clara

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25
Qual o aspeto microscópico da sobrecarga de glicogénio?
Fixados alcoólicos e coloração com Carmim de Best: - glicogénio visível a rosa vivo ou vermelho Fixadores aquosos: - célula aumentada de volume e muito clara - contorno celular muito evidente - núcleo geralmente claro e em posição central (semelhante a célula vegetal)
26
Quais as perturbações do metabolismo das proteínas (acumulação nos espaços intercelulares)?
- esclerose ou fibrose - substância hialina - alterações das fibras elásticas - substâncias amilóides - lesões secundárias às perturbações do metabolismo das purinas
27
O que é a esclerose/fibrose?
Endurecimento de um órgão devido ao colagénio (normal ou anormal), preservando ou alterando a função dos tecidos ou dos órgãos afetados.
28
Qual o aspeto macroscópico da esclerose/fibrose?
- endurecido - esbranquiçado - zonas brilhantes e lisas
29
Qual o aspeto microscópico da esclerose/fibrose?
- colagénio em feixes espessos e densos - número variável de fibroblastos - algumas escleroses podem ter um número elevado de fibras elásticas espessas e irregulares ou fibras reticulares
30
Qual a distinção entre esclerose sistematizada e mutilante?
A esclerose sistematizada acompanha a trama conjuntiva pré-existente e respeita inteiramente as estruturas tecidulares. A esclerose mutilante não respeita a topografia pré-existente e desorganiza o tecido, tendo repercussões funcionais mais intensas.
31
Como se categoriza a esclerose quanto à idade?
Esclerose recente (matriz extracelular laxa): - consistência mole - rede de fibrilas - muito líquido e substâncias solúveis - rica em células - numerosos fibroblastos e miofibroblastos - células inflamatórias - colagénio III e IV - pode regredir ou desaparecer Esclerose antiga (matriz extracelular densa): - consistência dura - fibras em feixes espessos e muito refringentes - pouco líquido e substâncias solúveis - pobre em células - fibroblastos e miofibroblastos raros - sem células inflamatórias - colagénio I - estável ou irreversível
32
Como se categoriza a esclerose quanto à etiologia?
Esclerose pós-inflamatória ou pós-necrótica: - mais frequentes Escleroses distróficas: - secundárias a um processo geral: senescência, insuficiência endócrina, fatores vasculares de hipoxia crónica - acompanham e acentuam a arquitetura existente
33
Como se categoriza a esclerose quanto à patogenia?
Escleroses pós-inflamatórias correspondem frequentemente a uma fase de reparação tecidular - citoquinas produzidas por células de reação inflamatória (macrófagos). Escleroses independentes de qualquer inflamação (fator tipo isquémico, agente físico, agente tóxico ou auto-imunitário) - esclerose sistémica progressiva (esclerodermia): deposição excessiva de colagénio em diversos tecidos e órgãos, provável origem autoimune
34
O que é substância hialina?
Deposição de material hialino - homogéneo, vítreo, claro, translúcido, amorfo, denso, eosinófilo e refringente.
35
Qual o aspeto microscópico da substância hialina?
- homogénea - acidófila - sem estrutura
36
Qual o aspeto macroscópico da substância hialina?
- homogénea - branca - brilhante - translúcida - densa - detritos celulares, proteínas plasmáticas, fibrinogénio, imunoglobulinas, lipoproteínas, glicoproteínas, material correspondente a tecido conjuntivo normal ou anormal
37
Que formas toma a substância hialina?
- gotas hialinas - cilindros hialinos - hialinose arteriolar - pneumopatias com presença de membranas hialinas
38
Quais as características das gotas hialinas?
- presentes no citoplasma das células epiteliais dos tubos contornados renais - excessiva reabsorção de proteínas do lúmen dos tubos renais (por endocitose) - surgem em processos patológicos com proteinúria (por alteração da permeabilidade glomerular)
39
O que são os cilindros hialinos?
Presença de substância hialina nos tubos renais.
40
Quais as características da hialinose arteriolar?
- deposição de substância hialina entre as fibras musculares comprimidas - espessamento da parede do vaso e diminuição do lúmen
41
O que são pneumopatias com a presença de membranas hialinas?
Pseudo-membranas ao nível dos bronquíolos terminais, canais alveolares e alvéolos. O aumento da permeabilidade vascular (por lesão endotelial) é responsável por exsudado rico em proteínas e podem-se formar membranas hialinas (provocam insuficiência respiratória).
42
Que alterações das fibras elásticas existem?
Elastoses, correspondem ao aumento da produção de fibras elásticas. - algumas escleroses - estroma de alguns tumores
43
O que são substâncias amilóides (amiloidose)?
Conjunto de substâncias proteicas extracelulares que têm em comum características morfológicas e físico-químicas, encontrando-se em quadros variados.
44
Qual o aspeto macroscópico das substâncias amilóides?
- aumento de volume do órgão: nódulos ou difuso - consistência firme - coloração pálida - brilho vidrado e translúcido - órgãos friáveis, com tensão da cápsula com tendência para rutura e hemorragia - superfície de corte pálida, translúcida e homogénea Baço lardáceo: deposição difusa Baço sagu: deposição focal Lugol: coloração acastanhada Ácido sulfúrico diluído: azul violeta
45
Qual o aspeto microscópico das substâncias amilóides?
- homogéneo - sem estrutura tecidular ou celular visível - amorfo - eosinófilo (HE) Tratamento por permanganato de potássio: descoloração da substância amilóide (tipo AA) Coloração específica - vermelho do Congo (alaranjado) - exame com luz polarizada: amilóide refringente verde - exame com ultra violeta: amilóide fluorescente avermelhado - PAS positivo Microscopia eletrónica - fibrilas de 10-15 nm de diâmetro, rígidas, não ramificadas - em glomérulos renais, sinusóides hepáticos e periferia dos folículos esplénicos
46
Qual a composição da substância amilóide?
Existem várias substâncias amilóides e a sua composição química varia no mesmo indivíduo, entre indivíduos e entre espécies. - proteínas (principal componente): fibrilas β-plissadas (resistentes à degradação) cuja natureza varia com a doença subjacente e forma a base da classificação - hidratos de carbono (reação com o PAS e iodo) - lípidos
47
Qual a origem da substância amilóide?
Ligada à fagocitose de imunocomplexos e proteínas desnaturadas em circulação pelas células fagocitárias - degradação enzimática, de várias proteínas e polipeptídeos - exocitose de cadeias leves de globulinas, precursoras da substância amilóide
48
Quais os principais tipos de substância amilóide?
Substância amilóide AL - na amiloidose “primitiva” - cadeias leves de imunoglobulinas - associada a células B (plasmócitos, linfócitos B) e doenças proliferativas (mieloma múltiplo) - forma mais importante de amilóide no homem: observação em plasmocitomas na pele (cão, gato) Substância amilóide AA (amiloidose sistémica reativa) - na amiloidose “secundária”: estados inflamatórios - proteína amilóide AA derivada de uma proteína percursora no sangue, "serum amyloid associated": proteína sintetizada e segregada por hepatócitos sob influência de citocinas (IL-1 e IL-6) e libertada durante a resposta inflamatória aguda - forma mais importante de amilóide nos animais
49
Quais as consequências da amiloidose?
- atrofia devido à compressão do parênquima adjacente - proteinúria - insuficiência cardíaca
50
Que lesões secundárias às perturbações do metabolismo das purinas existem?
- litíase úrica | - gota
51
Como se caracteriza a litíase úrica?
- vulgar nos dálmatas (bexiga e uretra) - foco amarelado/acastanhado, firme, pequeno/médio, esférico/irregular, não opaco a raios X - formação em urina ácida (menor solubilidade em meio ácido) Complicações: cólicas, hidronefrose, infeções
52
Como se caracteriza a gota?
Deposição de ácido úrico sob a forma de cristais de urato de sódio em tecido conjuntivo e membranas serosas. Afeta principalmente as articulações (gota articular), pleura, peritoneu, tubos renais da região papilar (gota visceral). - mamíferos convertem ácido úrico em alantoína (pela uricase hepática) como produto final do metabolismo das purinas - homem, dálmata e aves eliminam ácido úrico (excretado pelos rins, pouco solúvel na urina) como produto final do metabolismo da purinas - excesso de uratos no sangue e fluidos orgânicos determina a deposição no tecido de cristais hidrossolúveis, com reação granulomatosa - fagocitose dos cristais provoca a perfuração dos fagossomas pelos cristais: morte celular e amplificação da reação inflamatória, favorecendo a precipitação de novos “ tofos gotosos” (processo crónico, com deformação local e dor aguda e intensa)
53
Qual o aspeto macroscópico da gota?
- cavidades articulares com substância esbranquiçada | - superfícies polvilhadas de gesso com aspeto pulverulento
54
Qual o aspeto microscópico da gota?
Ao nível do “tofo gotoso”: - zona central necrosada com finas agulhas correspondentes aos cristais (hidrossolúveis e dissolvidos durante o processamento pela técnica de rotina) - granuloma periférico: macrófagos, células gigantes, linfócitos, plasmócitos
55
Que processos engloba a patologia do cálcio?
- calcificação distrófica - calcificação metastática - calcinose circunscrita - cálculos
56
Como se caracteriza a calcificação patológica?
- surgem localizadas ou difusas em tecidos e no lúmen dos canais excretores Calcificação distrófica: - presença de um substrato anormal - sem aumento de cálcio humoral - necrose Calcificação metastática - depende de hipercalcémia
57
Qual o aspeto macroscópico da calcificação patológica?
- endurecimento - branco acinzentado - range ao corte - radio-opacos aos raios X
58
Qual o aspeto microscópico (sem descalcificação) da calcificação patológica?
- grânulos irregulares que podem confluir (por vezes fragmentados devido ao corte) - púrpura (HE) - negro (Von Kossa)
59
Em que locais ocorre calcificação metastática?
Rim, pulmão, estômago, coração, parede das artérias e córnea, sendo a localização preferencial as membranas basais e fibras elásticas.
60
Quais as consequências da calcificação patológica?
Depende do local e da intensidade - inócuo e inerte (apesar de permanente e irreversível) - possíveis efeitos graves: válvulas cardíacas, complicações de ateromas, alterações respiratórias, insuficiência renal
61
O que é a calcinose circunscrita (gota cálcica)?
- em cães (ocasionalmente gatos) - pele: tecido conjuntivo na derme - patogenia não conhecida
62
Qual o aspeto macroscópico da calcinose circunscrita?
- formações nodulares (encapsulados ou não) - epiderme possivelmente ulcerada - ao corte, presença de formações circunscritas de substância branca envolvida por tecido conjuntivo
63
Qual o aspeto microscópico da calcinose circunscrita?
- massas isoladas ou confluentes de material basófilo envolvido por histiócitos, células gigantes e tecido conjuntivo com neutrófilos e linfócitos
64
O que são cálculos/concreções/litíases?
- formações esféricas, ovóides ou facetadas - sólidas e compactais - consistência mais ou menos dura - no interior de órgãos ocos (bexiga, vesícula biliar), cavidades naturais do organismo (peritoneal), condutos naturais (ureter, colédoco, ducto pancreático ou salivar) e interior de vasos - precipitações sucessivas de sais inorgânicos ao redor de um núcleo orgânico (agregados de células descamadas, bactérias, fibrina, mucina, corpos estranhos)
64
O que são cálculos/concreções/litíases?
- formações esféricas, ovóides ou facetadas - sólidas e compactais - consistência mais ou menos dura - no interior de órgãos ocos (bexiga, vesícula biliar), cavidades naturais do organismo (peritoneal), condutos naturais (ureter, colédoco, ducto pancreático ou salivar) e interior de vasos - precipitações sucessivas de sais inorgânicos ao redor de um núcleo orgânico (agregados de células descamadas, bactérias, fibrina, mucina, corpos estranhos)
65
Como se categorizam os cálculos?
- biliares: colelitíase, colélitos - urinários: urolitíase, urólitos - brônquicos: bronquiolitíase, bronquiólitos - salivares: sialolitíase, sialólitos - vasculares: flebólitos, arteriólitos (formados a partir de trombos)
66
Quais os tipos de litíases cálcicas?
Primárias ou metabólicas: - concentração excessiva de cálcio ou diminuição da sua solubilidade Secundária: - substrato anormal: corpo estranho, coágulo de fibrina, muco, células necrosadas, aglomerados microbianos
67
Quais as causas, consequências e localização das litíases cálcicas?
- canais pancreáticos - vasos sanguíneos - glândulas salivares - vesícula biliar - vias urinárias Causas: hipercalciúria, oligúria, substrato anormal Consequências: cólicas, anúria, hidronefrose
68
O que são falsos cálculos?
- formados no aparelho gastro intestinal | - material exógeno: pelos, ou fibras vegetais
69
Que tipos de falsos cálculos existem?
Pilobezoários (piloconcreções ou egagropilos): - pelos ingeridos - bovinos, cães, suínos - inócuos, obstruções, ruturas, peritonite Fitobezoários (fitoconcreções): - equinos, ruminantes Fecalomas: - material fecal dessecado e endurecido
70
Qual a definição de pigmentos e como se categorizam?
- substâncias com composição química e cor próprias - podem estar presentes nas células e tecidos sob a forma de grânulos - funções importantes - causa ou efeito de alterações funcionais Exógenos: origem no exterior, corpos estranhos Endógenos: produzidos pelo organismo
71
Que doenças provocam os pigmentos exógenos?
- sais de prata: argirismo - sais de bismuto: bismutismo - sais de chumbo: plumbismo - carotenos: carotenose - sílica: silicose - ferro: siderose - deposição de carvão nos pulmões e linfonodos regionais: antracose Consequências: fibrose, reação inflamatória (grandes quantidade durante períodos prolongados)
72
Qual o aspeto macroscópico dos pigmentos exógenos?
Pulmão: - ponteado escuro - porção ventral mais afetada que a dorsal Linfonodos: - cor escura
73
Qual o aspeto microscópico dos pigmentos exógenos?
- presença de grânulos negros resistentes aos branqueadores (MNO4K e H2O2)
74
Que pigmentos endógenos existem?
- melanina - lipofuscina - pigmentos derivados da hemoglobina
75
O que é a melanina?
Pigmento granular castanho ou negro responsável pela cor escura da pele, cabelo, mucosa oral (cães), cascos e chifres de alguns animais e destruído pela oxidação (H2O2).
76
Quais as consequências do aumento localizado de melanina?
Melanomas: - neoplasias benignas ou malignas - cães, equinos Melanose: - visceral e cutânea (geralmente congénitas) - maculosa: disposição tipo “tabuleiro de zadrez” com limites nítidos, sem significado clínico (pulmão/fígado, animais jovens)
77
O que é a lipofuscina?
- deriva da oxidação dos lípidos - ocorre na senilidade, caquexia ou carências em vitamina E - coração, músculo esquelético, fígado, adrenal, neurónios, tiróide, paratiróide, rins, ovários, testículos, linfonodos - resistência aos solventes dos lípidos - sudanófilas: coram-se com os corantes dos lípidos
78
Qual o aspeto macroscópico e microscópico da lipofuscina?
Macroscópico: - coloração acastanhada - atrofia castanha do miocárdio e do fígado Microscópico: - grânulos castanhos amarelados, negativos ao ferro - distribuição pelo citoplasma ou junto aos polos do núcleo (fibras musculares)
79
Quais são os pigmentos derivados da hemoglobina?
Pigmentos com ferro: reação positiva ao azul da Prússia - hemossiderina Pigmentos sem ferro: reação negativa ao azul da Prússia - hematoidina - hematinas - porfirinas - pigmentos biliares
80
Como se caracteriza a hemossiderina?
- em locais com desintegração excessiva de hemácias - pigmento amarelo dourado ou castanho escuro - aspeto granular - dentro de macrófagos - resulta da degradação da Hb - estrutura semelhante à da ferritina - contém ferro - identificado com azul da Prússia: conversão do ferrocianeto de potássio em ferrocianeto férrico (azul esverdeado)
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O que é a hemossiderose?
Acumulação anormal de hemossiderina nos tecidos, principalmente nos macrófagos Etiologia: hemólise excessiva - local: hemorragias, congestão passiva prolongada (pulmões, baço) - generalizado: anemias hemolíticas, cirrose
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Qual o aspeto macroscópico e microscópico da hemossiderina?
Macroscópico: - coloração acastanhada dos órgãos quando presente em grande quantidade Microscópico: - grânulos brilhantes amarelos dourados ou castanhos - entre as células, dentro das células epiteliais ou macrófagos (geralmente fagocitados) - positivos ao azul da Prússia
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O que é a hemocromatose?
Alteração do metabolismo do ferro. Etiologia: quantidades excessivas de ferro são absorvidas no intestino ou através de transfusões - anemias por carências de ferro e cobalto Lesões: - deposição de pigmentos dentro das células epiteliais do fígado, rins, pâncreas, pele e glândulas salivares - pigmentos semelhantes à hemossiderina. - cirrose hepática, atrofia das ilhotas de Langerhans, “Diabetes bronzeada”
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O que é a hematoidina?
- presença de cristais extracelulares amarelados ou alaranjados - não reage com o azul da Prússia - ocorre junto a hemorragias antigas
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O que são hematinas e em que categorias se agrupam?
Pigmentos de coloração que varia de amarelo a castanho. - pigmentos do formol - pigmentos parasitários - pigmento das úlceras
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Como se caracterizam os pigmentos do formol?
- sem significado patológico (devido à fixação dos tecidos com formol ácido) - pode ser removido dos cortes com a aplicação de ácido pícrico saturado - grânulos pretos que não reagem com o azul da Prússia - a utilização de formol tamponado e neutro previne a sua ocorrência
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Como se caracterizam os pigmentos parasitários?
Hematina da malária: - resulta da digestão enzimática da Hb pelo "Plasmodium sp" com rutura das hemácias - grânulos castanho escuros nos macrófagos (baço, fígado, linfonodos, medula óssea) Hematina provocada por "Schistosoma sp": - resulta da digestão da Hb no aparelho digestivo destes parasitas - grânulos castanho escuros nas células de Kupffer Hematina provocada por "Fascioloides sp"
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Como se caracterizam o pigmento das úlceras?
- hematina ácida hidroclorídica - presente junto às úlceras gástricas - formada devido à ação do ácido clorídrico na Hb
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O que caracteriza as porfinas adquiridas?
- intoxicação por hexaclorobenzeno (fungicida) - fenotiazina (antihelmíntico) - ingestão de plantas: "Hypericum sp", "Fagopyrum sp" - alteração da excreção de filoeritrina (derivado da degradação da clorofila) devido a lesão hepática
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O que caracteriza as porfinas congénitas?
- alteração na biossíntese do grupo Heme - bovinos (gene recessivo), suínos, gatos (gene dominante) - acumulação no organismo de porfirinas e seus percursores - grande quantidade de uroporfirinas e coproporfirinas na circulação sanguínea - aumento da excreção destas substâncias nas fezes e urina
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O que provocam as porfinas?
- hiperporfirinémia - hiperporfirinúria: urina vermelha escura quando exposta à luz solar - ossos castanhos e dentes rosados: fluorescência vermelha sob a ação de UV - fotossensibilização (as porfirinas são pigmentos fotodinâmicos) - quando os animais são expostos à luz solar pode surgir eritrema, edema, necrose
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O que é a icterícia?
Alteração caracterizada pela coloração amarela esverdeada dos tecidos, provocada pelo aumento do nível sérico dos pigmentos biliares. - icterícia pré-hepática ou hemolítica - icterícia hepática ou tóxica - icterícia pós-hepática ou obstrutiva
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Qual o aspeto macroscópico e microcópico da icterícia?
Macroscópico: - coloração amarela facilmente reconhecível em alguns tecidos: esclerótica ovular, mesentério, omento, gordura Microscópico: - bilirrubina reconhecível nos tecidos (quando em maior quantidade) - rins: pigmentos precipitados de coloração acastanhada (células epiteliais e lúmen do tubos renais) - fígado (colestase): precipitados nos canalículos biliares e grânulos nas células de Kupffer, macrófagos e hepatócitos
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Qual a distinção entre bilirrubina conjugada e não conjugada?
Não conjugada: - não hidrossolúvel - não excretada pela urina - em excesso, tóxica para o cérebro Conjugada: - hidrossolúvel - não tóxica - pode ser excretada pela urina: bilirrubinúria
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Quais as causas e mecanismo da icterícia pré-hepática ou hemolítica?
- doenças hemolíticas - piroplasmose - anaplasmose - leptospirose - anemia infeciosa dos equídeos - hemorragias intensas - icterícia do recém-nascido: deficiência transitória da enzima glucoronil-transferase (homem, equinos) - infecções com "Bacillus anthracis", "Clostridium sp", estrepctococcus hemolíticos - intoxicações Mecanismo: - hemólise excessiva - aumento de bilirrubina não conjugada - perda de capacidade de metabolização e excreção do fígado
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Quais as características da icterícia pré-hepática ou hemolítica?
- aumento da bilirrubina não conjugada no sangue e deposição nos tecidos - aumento de urobilinogénio nas fezes e urina
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Quais as causas e mecanismo da icterícia hepática ou tóxica?
Lesões hepáticas que provocam a diminuição da capacidade funcional dos hepatócitos: - infeções: leptospiras, vírus - intoxicações: venenos - neoplasias Mecanismo: - lesão dos hepatócitos - diminuição da capacidade de metabolização e excreção hepática - tumefação dos hepatócitos e bloqueio dos canalículos biliares
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Quais as características da icterícia hepática ou tóxica?
- aumento da bilirrubina não conjugada no sangue devido à lesão dos hepatócitos - aumento da bilirrubina conjugada no sangue devido à tumefação dos hepatócitos
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Quais as causas e mecanismo da icterícia pós-hepática ou obstrutiva?
- obstrução das vias biliares (intra ou extrahepáticas) - parasitas intestinas: ascarídeos, ténias - colelitíases - duodenite - compressão dos ductos: abcessos, neoplasias, cirrose hepática Mecanismo: - diminuição do fluxo biliar
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Quais as características da icterícia pós-hepática ou obstrutiva?
- acumulação de bilirrubina conjugada no fígado com reabsorção - aumento de bilirrubina conjugada no sangue - diminuição de urobilinogénio - fezes descoradas com esteatorreia - urina descorada