Inflamação Flashcards

1
Q

Quais os sinais clínicos da inflamação?

A

Calor:

  • hiperémia
  • aumento do metabolismo local

Rubor:
- hiperémia

Tumor:
- aumento da permeabilidade vascular: edema

Dor:

  • irritação química nas terminações nervosas
  • compressão mecânica provocada pelo edema

Perda de função:

  • depende da gravidade do processo inflamatório
  • varia com a vulnerabilidade e capacidade regenerativa do tecido afetado
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2
Q

O que causa a inflamação?

A
  • infeções bacterianas
  • agentes físicos
  • substâncias químicas
  • tecido necrosados
  • reações imunológicas
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3
Q

Qual é o papel da inflamação?

A
  • isolar a lesão
  • destruir microrganismos invasores
  • inativar as toxinas
  • atingir a cura
  • reparar
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4
Q

Quais as consequências da inflamação?

A

Positivas:

  • impede a penetração, proliferação e disseminação de microrganismos
  • cura, cicatrização, reparação

Negativas:

  • reações de hipersensibilidade potencialmente fatais
  • lesão progressiva do órgão e fibrose
  • choque anafilático
  • cirrose hepática
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5
Q

Quais os principais eventos da inflamação aguda?

A
  • alterações no fluxo e calibre dos vasos sanguíneos
  • permeabilidade vascular aumentada
  • eventos celulares: marginação, migração, ativação
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6
Q

Que alterações no fluxo e calibre dos vasos sanguíneos ocorrem na inflamação aguda?

A
  • vasoconstrição inicial transitória das arteríolas
  • vasodilatação que provoca aumento de fluxo
  • permeabilidade vascular aumenta e diminui a velocidade de circulação: estase e edema
  • menor velocidade: marginação dos leucócitos
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7
Q

Como aumenta a permeabilidade vascular na inflamação aguda e quais as consequências?

A

Devido à ação de histamina, bradicinina e citocina

  • vasodilatação
  • perda de líquido rico em proteínas plasmáticas através do endotélio mais permeável
  • diminuição da pressão osmótica
  • aumento da pressão hidrostática
  • efluxo final acentuado de líquido
  • formação de edema
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8
Q

Quais os mecanismos possíveis de permeabilidade endotelial aumentada?

A
  • contração da célula endotelial
  • retração endotelial
  • lesão endotelial direta
  • lesão endotelial mediada por leucócitos
  • transcitose aumentada
  • extravasamento retardado e prolongado
  • extravasamento dos capilares em regeneração
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9
Q

Como se processa a contração da célula endotelial (inflamação aguda)?

A
  • leva à formação de junções intercelulares ampliadas ou hiatos intercelulares
  • forma mais comum provocada pelos mediadores químicos: histamina, bradicinina, leucotrienos, substância P
  • ocorre imediatamente após injeção do mediador
  • vida curta: resposta imediata e transitória
  • envolve apenas vénulas, não afeta capilares nem arteríolas
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10
Q

Como se processa a retração endotelial (inflamação aguda)?

A
  • decorre da reorganização citoesquelética e da junção
  • resulta em junções interendoteliais ampliadas
  • efeito um pouco retardado e de longa duração
  • induzido por mediadores citocina: interleucina-1 (IL-1), fator de necrose tumoral (FNT)
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11
Q

Como se processa a lesão endotelial direta (inflamação aguda)?

A
  • resulta em necrose e descolamento da célula endotelial
  • provocada por lesões necrosantes graves
  • afeta vénulas, capilares, arteríolas
  • lesão imediata e contínua
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12
Q

Como se processa a lesão endotelial mediada por leucócitos (inflamação aguda)?

A
  • resulta da agregação, adesão e emigração de leucócitos
  • libertam substâncias tóxicas e enzimas proteolíticas que provocam lesão ou descolamento endotelial, levando ao aumento da permeabilidade
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13
Q

Como se processa a transcitose aumentada (inflamação aguda)?

A
  • organelos citoplasmáticos (vacúolos) aglomerados, formando canais que levam à saída de exsudado
  • mediadores como o fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF)
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14
Q

Como se processa o extravasamento retardado e prolongado (inflamação aguda)?

A
  • aumento de permeabilidade 2-12 horas depois do estímulo, permanecendo durante horas ou dias
  • provocado por lesões térmicas moderadas, raios X, radiação ultravioleta e algumas toxinas bacterianas
  • ocorre em vénulas e capilares
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15
Q

Como se processa o extravasamento dos capilares em regeneração (inflamação aguda)?

A
  • durante a cicatrização da ferida

- ocorre a partir dos novos capilares em desenvolvimento

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16
Q

Relativamente aos eventos celulares da inflamação aguda, como decorre o extravasamento de leucócitos e fagocitose?

A

Passagem de leucócitos para o local da lesão

  • marginação, rolamento e adesão
  • transmigração através do endotélio (diapedese)
  • migração nos tecidos intersticiais em direção ao estímulo quimiotático
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17
Q

Relativamente aos eventos celulares da inflamação aguda, como decorre a adesão e transmigração?

A
  • devido a interações entre moléculas complementares de adesão nos leucócitos e no endotélio
  • mediadores químicos da inflamação modulam a adesão
  • moléculas de adesão endotélio-leucócito: seletinas (E, P e L), imunoglobulinas como ICAM-1 endotelial (adesão intercelular) e VCAM-1 (célula vascular) que se ligam a integrinas

Etapas da adesão e transmigração de neutrófilos:

  • adesão inicial rápida e pouco firme, responsável pelo rolamento, envolvendo as seletinas
  • ativação dos leucócitos por mediadores químicos através do endotélio ou outras células, resultando em avidez aumentada das integrinas para se ligarem aos seus ligantes
  • ligação estável das integrinas nos leucócitos ativados às imunoglobulinas endoteliais, seguida pela transmigração
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18
Q

Relativamente aos eventos celulares da inflamação aguda, como decorre a quimiotaxia e ativação leucocitária?

A

Os leucócitos aderentes emigram através das junções interendoteliais, atravessam a membrana basal e movem-se para o local da lesão ao longo do gradiente dos agentes quimiotáticos - Emigração dos neutrófilos seguidos dos monócitos

Agentes quimiotáticos para neutrófilos:

  • produtos bacterianos
  • fragmentos de complemento: C5a
  • metabolitos do ácido araquidónico: leucotrieno B4
  • certas citocinas: 1L-8
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19
Q

Relativamente aos eventos celulares da inflamação aguda, como decorre a fagocitose?

A
  • fixação das partículas opsonizadas a recetores na superfície dos leucócitos
  • ingestão pelos pseudópodes envolvendo a partícula fagocitada, criando um fagossoma
  • fusão dos grânulos lisossomais com o fagossoma, levando à desgranulação
  • destruição e degradação das bactérias
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20
Q

O que são mediadores químicos?

A

Substâncias que quando são ativadas participam, desencadeando, mantendo e amplificando os diversos processos envolvidos na resposta inflamatória.

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21
Q

Quais os critérios que uma substância deve obedecer para que seja considerada um mediador na inflamação?

A
  • ser isolada do local da inflamação
  • quando injetada, provocar reação inflamatória
  • quando bloqueada, impedir a reação inflamatória
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22
Q

Como funcionam os mediadores na inflamação?

A

Produzem os processos vasculares e eventos leucocitários.

  • realizam a sua atividade biológica ligando-se inicialmente a recetores específicos nas células alvo (alguns com atividade enzimática direta, como as proteases)
  • um mediador pode estimular a libertação de outros através das próprias células alvo, fornecendo um mecanismo para amplificação ou anulando a ação mediadora inicial
  • uma vez ativados e libertados, os mediadores tem vida curta: rápida degradação ou inativação por enzimas ou inibidores
  • sistema de controlo e equilibro na regulação da ação mediadora, devido aos efeitos potencialmente nocivos dos mediadores
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23
Q

Quais são os mediadores químicos da inflamação?

A
  • aminas vasoativas
  • histamina
  • serotonina
  • complemento
  • sistema das cininas
  • sistema de coagulação
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24
Q

Quais as características das aminas vasoativas?

A

A histamina e a serotonina, encontradas nos mastócitos, basófilos e plaquetas provocam vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular

Libertação de mastócitos provocada por:

  • agentes físicos
  • reações imunológicas envolvendo IgE
  • C3a e C5a (anafilotoxinas)
  • Interleucina-1 e Interleucina-8
  • outros fatores estimuladores de histamina

Libertação pelas plaquetas estimulada pelo contacto direto com:

  • colagénio
  • trombina
  • ADP
  • complexos antigénio-anticorpo
  • fator ativador das plaquetas
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25
Q

Quais as características da histamina?

A
  • em mastócitos, basófilos, plaquetas
  • libertada rapidamente após o estímulo
  • efeitos mediados por recetores H1
  • promove dilatação arteriolar e contração endotelial venular
  • resulta na ampliação das junções das células endoteliais com aumento da permeabilidade vascular
  • rapidamente degradada depois de atuar
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26
Q

Quais as características da serotonina?

A
  • efeitos vasoativos semelhantes à histamina
  • em plaquetas
  • libertada quando há agregação de plaquetas
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27
Q

Quais as características do complemento?

A

Ativação do complemento:

  • via clássica: iniciada pelos complexos antigénio-anticorpo
  • via alternativa: ativada por endotoxinas, polissacarídeos complexos e globulinas agregadas

Componentes do complemento com atividade inflamatória:
- C3a: aumenta permeabilidade vascular
- C5a: aumenta permeabilidade vascular, altamente
quimiotática para os leucócitos
- C3b e C3bi: atua como opsonina, promove fagocitose
das células através da formação de recetores para C3b
- C5-9: complexo de ataque à membrana que lisa células, estimula o metabolismo do ácido araquidónico e a produção de metabolitos reativos do oxigénio pelos leucócitos (MAC C5-9)

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28
Q

Quais as características do sistema de cininas?

A
  • ativação do fator de Hageman
  • produção de fator de coagulação XIIa: conversão de pré-calicreína plasmática em calicreína
  • clivagem de cininogénio de alto peso molecular (CAPM) pela calicreína
  • produção de bradicinina

Papel da bradicinina (tempo de vida curto):

  • aumento da permeabilidade vascular
  • dilatação arteriolar
  • contração do músculo liso
  • dor quando injetado na pele
  • ações semelhantes à histamina

NOTA: A calicreína é um ativador potente do fator de Hageman, tem atividade quimiotática e causa agregação de neutrófilos.

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29
Q

Quais as características do sistema de coagulação?

A
  • ativado pelo fator de Hageman

Culmina em:

  • conversão de fibrinogénio em fibrina pela ação da trombina
  • libertação de fibrinopeptídeos: quimiotáticos, aumentam permeabilidade vascular
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30
Q

Quais as características dos metabolitos do ácido araquidónico (AA)?

A
  • tempo de vida curto
  • atuam localmente ao sítio da sua formação
  • rapidamente inativos ou destruídos

AA é libertado da membrana celular pelas fosfolipases ativadas por inversos estímulos e/ou mediadores da inflamação.
O metabolismo do AA ocorre através de duas vias principais denominadas pelas enzimas que iniciam as reações: lipoxigenase e cicloxigenase.
- aspirina e drogas anti-inflamatórias não esteróides: via da cicloxigenase
- esteróides: inibem fosfolipase A2 (em parte)

Prostaglandinas e leucotrienos:

  • PGI2 (prostaciclina) e PGE2: vasodilatação
  • tromboxano A2: vasoconstrição
  • leucotrienos C4, D4 e E4: vasoconstrição, aumento da permeabilidade vascular
  • leucotrieno B4: poderoso agente quimiotático
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31
Q

Quais as vias do ácido araquidónico?

A
Lipoxigenase:
- HETE: quimiotaxia
- HPETE: formação de leucotrienos
- leucotrienos: vasoconstrição, broncoespasmo, aumento da
permeabilidade vascular

Ciclooxigenase:

  • prostaglandinas: vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular
  • prostaciclina: vasodilatação, inibe agregação plaquetária
  • tromboxano A2: vasoconstrição, promove agregação plaquetária
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32
Q

O que é o fator ativador das plaquetas (FAP)?

A

Outro mediador derivado dos fosfolípidos e libertado pelas fosfolipases.
Produzido por mastócitos e outros leucócitos após vários estímulos, incluindo reações IgE.

Efeitos:
- agregação e libertação das plaquetas
- broncoconstrição
- vasodilatação
- aumento da permeabilidade vascular
- aumento da adesão leucocitária
- quimiotaxia
- desgranulação
- surto oxidativo dos leucócitos
NOTA: 100 a 1000 vezes mais potente que a histamina na indução da vasodilatação e da permeabilidade vascular.
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33
Q

Quais as características das citocinas?

A

Polipéptidos produzidos por macrófagos, linfócitos e outras células.
Regulam o comportamento celular e têm efeitos autócrinos, parácrinos ou endócrinos.

Efeitos inflamatórios de IL-1 e FNF (fator de necrose tumoral):

  • ativação endotelial: aumentam a adesão dos leucócitos, estimulam a síntese de PGI2 e FAP, aumentam a trombogenicidade da superfície, induzem a produção de outras citocinas e fatores de crescimento (IL- 8, IL- 6)
  • induzem respostas sistémicas da fase aguda: febre, neutrofilia, efeitos hemodinâmicos (choque), sono
  • fibroblastos: induzem proliferação, aumento da formação de colagénio e síntese de colagenase
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34
Q

Que tipo de citocinas existem?

A
  • monocinas: produzidas por monócitos e macrófagos
  • linfocinas: produzidas por linfócitos
  • interleucinas: produzidas por células hematopoiéticas, atuam em leucócitos
  • quimiocinas: estimulam o movimento dos leucócitos (quimiocinese) ou induzem migração direcionada (quimiotaxia)
35
Q

Quais as características das quimiocinas?

A

Família de pequenas proteínas, onde se inclui IL-8.
- importante na quimiotaxia
- ativador dos neutrófilos induzido nos macrófagos
ativados e células endoteliais por outras citocinas (IL-1 e
FNT)

PQM-1 (MCP-1): quimiotática para monócitos
RANTES: quimiotático para linfócitos

36
Q

Quais as características do monóxido de azoto (óxido nítrico, NO)?

A

Inicialmente designado fator de relaxamento endotelial (implicado em certas doenças, incluindo choque séptico).
Sintetizado pela arginina, oxigénio molecular e NADPH pela enzima óxido nítrico sintase (NOS).
- NOS endotelial (também nos neurónios): rapidamente ativado pelo aumento no cálcio citoplasmático
- iNOS (macrofágico): induzido quando os macrófagos são ativados pelas citocinas como gama-interferão (sem aumento no cálcio intracelular)

Efeitos:

  • vasodilatação
  • inibe a agregação e adesão plaquetária
  • atua como radical livre: citotóxica para certos microrganismos, células tumorais e outras células tecidulares
37
Q

Quais são os constituintes lisossomais dos leucócitos?

A

Os neutrófilos exibem dois tipos principais de grânulos.

Grânulos específicos (secundários):

  • lactoferrina
  • lisozima
  • fosfatase alcalina
  • colagenase

Grânulos azurófilos (primários):

  • mieloperoxidase
  • proteínas catiónicas: aumentam a permeabilidade vascular, causam quimiotaxia
  • hidrólases ácidas
  • elastase
  • colagenase
  • ativador de plasminogénio

NOTA: As proteases neutras degradam a matriz extracelular e são controladas por antiproteases como alfa1-antitripsina e alfa2-macroglobulina.

38
Q

Qual o papel dos radicais livres derivados do oxigénio?

A

H2O2 superóxido (O2-) e radicais hidroxilo (OH).

Efeitos:

  • lesão da célula endotelial: aumento da permeabilidade vascular
  • inativação das antiproteases: atividade não inibida das proteases
  • lesão a vários tipos celulares: células tumorais, hemácias, células parenquimatosas
  • metabolitos do oxigénio destoxificados por antioxidantes: proteínas séricas ceruplasmina e ransferrina, enzimas superóxido-dismutase, catálase e glutationa-peroxidase
  • efeitos finais na lesão tecidular dependentes do equilibro entre a sua produção e inativação
39
Q

Que neuropéptidos existem?

A
  • taquiquininas
  • neuroquinina A
  • sustância P: transmissão da dor, regulação da pressão sanguínea, estimulação da secreção de células endócrinas e imunitárias, potente mediador, aumento da permeabilidade vascular
40
Q

Como se classifica a reação inflamatória de acordo com a natureza do exsudado?

A
  • serosa
  • catarral ou mucosa
  • fibrinosa
  • purulenta
  • hemorrágica
41
Q

O que é a inflamação serosa?

A

Predomínio de edema: exsudado.
Pode evoluir para inflamação fibrinosa ou purulenta.

Ocorrência:

  • cavidades serosas: pleural, pericárdica, peritoneal
  • 1ª fase de pneumonias
  • queimaduras (vesículas)
  • febre aftosa: estomatite vesicular

Causas:

  • agentes pouco patogénicos
  • pele: queimaduras, venenos, traumatismos
  • canal vertebral e cavidade cerebral: bactérias, vírus
  • pulmão: bactérias, vírus, clorofórmio, éter
42
Q

Qual o aspeto macroscópico e microscópico da inflamação serosa?

A

Macroscópico:

  • líquido aquoso nas cavidades ou tecidos
  • pode ser turvo

Microscópico:

  • hiperémia
  • presença de precipitado rosa
  • pouca fibrina
  • alguns leucócitos e eritrócitos
43
Q

O que é a inflamação catarral ou mucosa?

A

Predomínio de muco (proteção).

  • inflamação mucopurulenta: muco e pus
  • inflamação mucofibrinosa: muco e fibrina

Causas:

  • bactérias ou vírus pouco virulentos
  • alimentos irritativos
  • excesso de alimentos
  • anti-sépticos
44
Q

Qual o aspeto macroscópico e microscópico da inflamação catarral?

A

Macroscópico
- presença de muco

Microscópico:

  • aumento das células mucosas
  • perda das superfícies epiteliais
  • hiperémia
  • infiltração de células inflamatórias
45
Q

O que é a inflamação fibrinosa?

A

Predomínio de fibrina (proteção contra a perda de sangue das mucosas necrosadas e da ação irritativa nos tecidos).

Ocorrência:

  • membranas mucosas e serosas
  • pericárdio, faringe, alvéolos pulmonares, pleura, peritoneu, sinoviais, intestino

Causas:

  • peripneumonia contagiosa dos bovinos
  • vírus de laringotraqueíte
  • enterite fibrinosa dos suínos
  • enterite
  • peritonite infeciosa

Evolução:

  • exsudado fibrinoso pode ser removido
  • organização (presença de fibroblastos e vasos sanguíneos): formam-se aderências que impedem os movimentos e funções normais (pericárdio)
46
Q

Qual o aspeto macroscópico e microscópico da inflamação fibrinosa?

A

Macroscópico:

  • focos esbranquiçados e irregulares
  • aspeto turvo, rugoso e sem brilho (ou viloso)
  • formação de moldes com forma de brônquios/bronquíolos: expelidos com a tosse junto com as fezes (moldes do intestino)

Microscópico:

  • aspeto rosado com detritos celulares
  • fibrina sob a forma de fibrilas acidófilas
  • fibrina pode ter um aspeto denso não fibrilar e estar aderente às superfícies
  • fibrina associada a necrose de coagulação
  • tecidos subjacentes hiperémicos
47
Q

Que subtipos de inflamação fibrinosa existem?

A

Inflamação crupal:

  • formação de pseudomembranas que se destacam facilmente
  • mucosas da faringe, laringe, traqueia, brônquios, intestino
  • animais podem eliminar moldes de fibrina

Inflamação diftérica (homem - difteria, animais - difteróide):

  • formação de pseudomembranas intimamente aderentes aos tecidos
  • “Fusobacterium necrophorum” (enterite difteróide dos vitelos)
  • inflamação sero-fibrinosa: edema e fibrina
  • inflamação fibrino-purulenta: fibrina e pus
48
Q

O que é a inflamação purulenta?

A

Predomínio de pus e presença de muitos PMN’s vivos ou mortos, células necrosadas dos tecidos e exsudado.

  • abcesso: coleção de pus circunscrito
  • fleimão: difusão de pus nos tecidos
  • empiema: acumulação de pus em cavidades naturais

Causas:
- bactérias piogénicas: “Corynecbacterium sp”,
“E. coli”, “Staphylococcus sp”, “Streptococcus sp”

Evolução:

  • necrose supurada: característica da inflamação purulenta, resposta violenta contra agentes patogénicos
  • quando a reação é extensa e prolongada origina-se toxémia
49
Q

Qual o aspeto macroscópico e microscópico da inflamação purulenta?

A

Macroscópico:

  • exsudado purulento
  • cor branca amarelada ou esverdeada
  • consistência cremosa mais ou menos fluida (quase sólida)

Microscópico:

  • hiperémia
  • fibrina, macrófagos e número elevado de neutrófilos
50
Q

O que é a inflamação hemorrágica?

A

Exsudado com predomínio de glóbulos vermelhos, fibrina e proteínas plasmáticas.
- prognóstico reservado

Causas:

  • microrganismos muito patogénicos
  • venenos
  • alteração grave do endotélio
  • estase venosa

Ocorrência:

  • carbúnculo
  • pasteurelose
  • riquetsiose
  • pneumonia hemorrágica
  • leptospirose
51
Q

Qual o aspeto macroscópico e microscópico da inflamação hemorrágica?

A

Macroscópico:

  • superfícies e tecidos com material avermelhado
  • consistência gelatinosa mais ou menos fluída

Microscópico:

  • muitos glóbulos vermelhos fora dos vasos
  • hiperémia
  • fibrina e proteínas plasmáticas
  • leucócitos
52
Q

Como evolui a inflamação aguda?

A

Pode originar:

  • resolução completa com regeneração das células e restauração do local da inflamação aguda ao normal
  • cura por reposição de tecido conjuntivo: cicatrização após substancial destruição tecidular/quando a inflamação ocorre nos tecidos que não regeneram/quando há exsudação abundante de fibrina
  • formação de abcesso
  • progressão para uma diferente resposta inflamatória (inflamação crónica)
53
Q

Como evolui o processo inflamatório?

A
  • penetração de corpo estranho ou um agente vivo num hospedeiro: reação inflamatória aguda (exsudado com neutrófilos e fagócitos mononucleados)
  • leucócitos fagocitam o invasor e tentam destruí-lo ou neutralizá-lo
  • finalidade atingida: resolução do processo
  • agente agressor persiste: evolução para inflamação crónica, se não existirem fatores quimiotáticos para os neutrófilos

Se o agente patogénico continuar a persistir em altas concentrações, pode estimular a maturação dos fagócitos mononucleados, que coalescem e se dividem, originando um granuloma maturo (corpo estranho).
Se o agente persistir e as linfocinas estimularem os macrófagos estes sofrem hipermaturação, evoluindo para células epitelióides e originando um granuloma epitelióide, que persiste até à destruição do agente patogénico.

54
Q

O que é a inflamação crónica?

A

Abundante infiltração linfocitária ou plasmocitária que traduz uma forte reação imunitária local.

  • fenómenos exsudativos ausentes ou muito atenuados
  • atividade macrofágica moderada
  • fibrose cicatricial pouco marcada mas condiciona a gravidade da lesão (hepatite crónica)
  • presença de infiltrado linfoplasmocitário indica apenas o desenvolvimento da reação imunitária local (não o tempo de evolução das lesões)
  • acompanha inflamações prolongadas devido à persistência do agente agressor mas pode também caracterizar reações de evolução rápida como infeções virais (encefalites crónicas)
  • fibrose inflamatória hipertrófica: aumento de volume e consistência do tecido atingido (possível confundir macroscopicamente esta lesão com uma neoplasia)
  • por vezes, a fibrose inflamatória é atrófica e a dimensão do órgão é inferior ao normal: hiperplasia epitelial associada a reparação cicatricial (epiderme, à volta dos orifícios das fístulas cutâneas, mucosa das trompas nas salpingites crónicas)
  • pode ter duração prolongada
  • inflamação ativa, destruição tecidular e tentativas de cicatrização ocorrem simultaneamente
55
Q

Quais as características microscópicas da inflamação crónica?

A
  • fenómenos exsudativos ausentes ou muito atenuados
  • linfócitos, plasmócitos e macrófagos
  • pode estar presente fibrose cicatricial
56
Q

Como surge a inflamação crónica?

A

Após inflamação aguda, devido à persistência do estímulo desencadeador ou a uma interferência na normal cicatrização.
Resultado de surtos repetidos de inflamação aguda.
Resposta latente de baixa intensidade que não segue a inflamação aguda clássica (forma insidiosa):
- infeção persistente por microrganismos de baixa toxicidade mas que desencadeiam reação imunológica: bacilos da tuberculose, vírus
- exposição prolongada a substâncias não degradáveis e potencialmente tóxicas: silicose e abestose nos pulmões
- reações imunes, em particular as perpetuadas contra os próprios tecidos do indivíduo: doenças autoimunes

57
Q

Quais as características histológicas da inflamação crónica?

A
  • infiltração por células mononucleadas: macrófagos, linfócitos, plasmócitos
  • destruição tecidular
  • reposição do tecido conjuntivo da lesão por um processo que envolve a proliferação dos vasos sanguíneos (angiogénese) e fibrose
58
Q

O que são macrófagos?

A

Elementos importantes na inflamação crónica devido ao grande número de produtos biologicamente ativos que podem segregar.
Derivados dos monócitos do sangue periférico induzidos a migrar através do endotélio por agentes quimiotáticos:
- C5a
- fibrinopeptídeos
- citocinas (PQM-1)
- fator de crescimento derivado das plaquetas
- fragmentos de colagénio
- fibrinonectina

A segregação dos macrófagos é ativada por linfocinas, que são produzidas por células T imunes ativadas ou fatores não imunes (endotoxina).

59
Q

Que substâncias segregam os macrófagos?

A
  • proteases neutras
  • fatores quimiotáticos
  • metabolitos do ácido araquidónico
  • metabolitos reativos de oxigénio
  • componentes do complemento
  • fatores de coagulação
  • fatores de crescimento
  • citocinas (IL-1, FNT)
  • outros fatores (FAP, alfa-interferão)
60
Q

Que alterações induzem os produtos secretores dos macrófagos?

A

Alterações características da inflamação crónica:

  • destruição tecidular: protease, radicais livres derivados de oxigénio
  • neovascularização
  • proliferação de fibroblastos: fatores de crescimento
  • acumulação de tecido conjuntivo: citocinas, fatores de crescimento
  • “remodelagem”: colagenases
61
Q

Qual o papel dos linfócitos na inflamação crónica?

A
  • linfócitos mobilizados por anticorpos, reações imunes mediadas por células e reações não-imunológicas
  • relação recíproca com macrófagos na inflamação crónica
  • ativados por contacto com antigénio e inespecificamente por endotoxinas bacterianas
  • linfócitos ativados produzem linfocinas sendo os principais estimuladores dos monócitos e macrófagos (particularmente, gama-interferão)
  • macrófagos ativados produzem monocinas que influenciam a função das células B e T

NOTA: Macrófago ativa linfócito por monocinas, linfócito ativa macrófago por linfocinas.

62
Q

Como decorre a reparação de tecido conjuntivo na inflamação crónica?

A

A destruição tecidular na inflamação crónica envolve as células parenquimatosas e estrutura do estroma, logo a reparação não pode ser realizada apenas através da regeneração das células parenquimatosas.
A reparação envolve substituição por tecido conjuntivo, produzindo eventualmente fibrose e cicatrização.

Componentes do processo:

  • angiogénese: formação de novos vasos sanguíneos
  • migração e proliferação de fibroblastos
  • deposição de matriz extracelular
  • “remodelagem”: maturação e reorganização do tecido fibroso
63
Q

Quais as etapas fundamentais da angiogénese?

A
  • degradação enzimática da membrana basal do vaso de origem
  • migração de células endoteliais
  • proliferação de células endoteliais
  • maturação e organização nos tubos capilares
64
Q

Quais os fatores de crescimento que induzem a angiogénese (inflamação crónica)?

A
  • fator de crescimento dos fibroblastos: media todas as etapas na angiogénese
  • fator de permeabilidade vascular ou fator de crescimento endotelial vascular: causa angiogénese e aumento da permeabilidade
65
Q

Que fatores de crescimento influenciam a migração e proliferação dos fibroblastos (inflamação crónica)?

A
  • fator de crescimento: derivado das plaquetas
  • fator de crescimento endotelial
  • fator de crescimento dos fibroblastos
  • TGF-beta
66
Q

Qual o papel do “Transforming growth factor-beta” (inflamação crónica)?

A

Produzido por plaquetas, macrófagos e outras células e libertado na forma inativa.

Ações:

  • quimiotaxia de monócitos
  • favorece a deposição de tecido fibroso
  • induz migração e proliferação de fibroblastos
  • inibe degradação da matriz extracelular pelas metaloproteinases
  • aumenta síntese de colagénio
67
Q

O que é a inflamação granulomatosa?

A

Caracterizada pelos granulomas, conjuntos focais e organizados de fagócitos mononucleares ou células epitelióides.
A formação de um granuloma indica que uma substância estranha resistiu à ação da inflamação aguda e está a ser aprisionada e destruída por elementos maturos do sistema fagocitário mononuclear.

NOTA: No granuloma também podem existir linfócitos, plasmócitos, neutrófilos e necrose central.

68
Q

Quais os estádios de evolução dos granulomas?

A
  • desenvolvimento de infiltrado de células mononucleares fagocitárias jovens
  • maturação e agregação das células num granuloma maturo (corpo estranho)
  • hipermaturação das células num granuloma epitelióide: pode coexistir com necrose (granuloma epitelióide necrosante)

A acumulação e número de células epitelióides é acelerado se o hospedeiro já tiver contactado previamente com esse antigénio (reação de hipersensibilidade retardada).

69
Q

Que tipos de granulomas existem?

A

Granulomas de corpo estranho relativamente inertes
Granulomas imunes formados por reações mediadas por células T imunes a antigénio pouco degradáveis
- linfocinas (gama-interferão de células T ativadas) induzem transformação de macrófagos em células epitelióides e células gigantes multinucleadas

70
Q

Como se originam os macrófagos?

A

A partir de monócitos do sangue estimulados por granulomas maturos/de corpo estranho.
NOTA: A hiperestimulação de monócitos origina células epitelióides e, consequentemente, granulomas epitelióides.

71
Q

Qual a relação entre a persistência dos granulomas e os macrófagos?

A

A persistência dos granulomas resulta da longa sobrevivência ou multiplicação dos macrófagos.

Granulomas de renovação baixa (low turn-over):

  • provocados por substâncias inertes, abundantes em macrófagos (carvão)
  • emigração exógena e proliferação endógena baixas
  • lesões perduram devido ao tempo longo de vida dos macrófagos (4 a 6 semanas)

Granulomas de renovação alta (high turn-over):

  • induzidos por substâncias tóxicas (“Mycobacterium”)
  • substância irritante em pequenas proporções nos macrófagos
  • sobrevivem devido à alta capacidade de multiplicação e emigração dos macrófagos
  • tempo de vida dos macrófagos curta (alguns dias)
  • persistem até à destruição do agente, podendo emigrar ou morrer
  • elementos mais maturos como células epitelióides e macrófagos ativados podem evoluir para formas menos maturas.
72
Q

Qual a morfologia da inflamação granulomatosa?

A

Fagócitos mononucleares jovens:

  • pequenos
  • redondos
  • superfície lisa
  • núcleo heterocromático

Fagócitos ativados:

  • macrófagos
  • células maiores achatadas
  • sulcos e saliências
  • prolongamentos em contacto com outros macrófagos (sem fusão)

Células epitelióides:

  • maiores
  • citoplasma extenso, pálido e eosinófilo
  • aparelho de Golgi e RER muito desenvolvidos
  • prolongamentos que se interligam com os das células vizinhas
  • muito ativas na pinocitose, degradação, exocitose e destruição de microrganismos
  • capacidade de fagocitose inferior à dos macrófagos
  • atividade secretora superior à dos macrófagos
  • agrupamento em paliçada: aspeto pseudoepitelial

Células gigantes:

  • dimensões variadas
  • várias dezenas de núcleos resultantes da fusão dos macrófagos (induzida por citocinas)
  • células gigantes de Muller (granulomas de corpo estranho): forma e distribuição de núcleos irregular
  • células gigantes de Langhans (granulomas da tuberculose): globosas, com núcleos à periferia em coroa ou ferradura
73
Q

Como se classificam os granulomas atendendo à sua etiologia?

A

Granulomas por corpos estranhos exógenos:
- material de sutura e próteses

Granulomas por corpos estranhos endógenos:

  • necrose da gordura
  • cristais de urato de Na

Granulomas infeciosos:

  • actinomicose: “Actinomyces bovis” (Gram+)
  • actinobacilose: “Actinobacillus lignieresi” (Gram-)
  • coligranuloma: “E. coli” (Gram-)
  • tuberculose: “Mycobacterium sp.”
  • paratuberculose: “Mycobacterium paratuberculosis”
  • aspergilose: “Aspergillus fumigatus” (PAS+)
  • parasitas: helmintes, voso de Shistosomas
74
Q

O que é a reação granulomatosa e qual a sua especificidade?

A

Surge quando a inflamação aguda é ineficaz ou inadaptada para destruir ou neutralizar o agente agressor.

  • reação inflamatória aguda: inespecífica, desencadeada por vários mecanismos a partir da alteração celular, qualquer que seja a natureza do agressor
  • reação granulomatosa: biologicamente específica, em particular na presença de uma resposta imunitária celular desencadeada contra um antigénio de um certo agressor

NOTA: Ocorre também em estados patológicos em que as funções líticas dos macrófagos são deficientes.

75
Q

Quais os agentes que provocam a reação granulomatosa?

A
  • substâncias inertes (exógenas ou endógenas) sem ação tóxica ou quimiotática para desencadear reação exsudativa
  • substâncias com quimiotatismo seletivo para macrófagos: complexos imunes (granulomas das reações alérgicas)
  • agentes infeciosos/parasitas dos macrófagos (Mycobactérias, micoses, protozoários) não acessíveis a fatores líticos do plasma nem polimorfonucleares: suscitam reação imunitária celular porque o agente agressor não é degradado pelo macrófago ou é degradado lentamente
  • substâncias estranhas: sílica, cristais de urato de sódio
76
Q

Quais os efeitos sistémicos da inflamação crónica?

A

Febre:

  • causada pela libertação de IL-1, FNT e IL-6.
  • ativa macrófagos e linfócitos
  • IL-1 e FNT interagem com recetores vasculares nos centros termorreguladores do hipotálamo e induzem a produção local de PGE2: estimulação de nervos simpáticos, vasoconstrição de vasos cutâneos

Leucocitose:

  • devida à libertação acelerada de células medulares induzida por IL-1 e FNT
  • causada pela proliferação dos percursores na medula óssea por fatores estimuladores de colónia

Elaboração de proteínas da fase aguda pelo fígado:

  • proteína C-reativa e amilóide A
  • induzida pela libertação de IL-1, FNT e IL-6

Outras reações da fase aguda:

  • sonolência
  • hipotensão
  • lipólise
77
Q

O que é a reparação?

A

Regeneração dos tecidos lesados por célula parenquimatosas do mesmo tipo e substituição por tecido conjuntivo.
Engloba a renovação celular e cicatrização de feridas.

78
Q

Quanto a renovação celular, que tipos de células existem?

A

Células lábeis:

  • boa capacidade de regeneração e renovação
  • epiderme, epitélio das mucosas, epitélio do trato gastrointestinal

Células estáveis:

  • boa capacidade de regeneração
  • pouca capacidade de renovação
  • hepatócitos, epitélio dos tubos renais, ácinos pancreáticos

Células permanentes:

  • sem capacidade regenerativa
  • células nervosas, células musculares cardíacas, músculo esquelético
79
Q

Qual a distinção entre cicatrização de primeira intenção ou segunda intenção?

A

Cicatrização de primeira intenção:

  • incisão cirúrgica limpa com bordos aproximados
  • rapidamente preenchida por coágulo

Cicatrização por segunda intenção:

  • quando há perda mais extensa de tecido: enfarte, ulceração, formação de abcessos e grandes feridas
  • tecido de granulação abundante cresce a partir das margens para preencher o defeito
  • contração da ferida pelos miofibroblastos: defeito acentuadamente reduzido
80
Q

Como evolui a cicatrização de feridas (primeira intenção)?

A

Dia 1:

  • neutrófilos das margens infiltram o coágulo
  • surgem mitoses nas células basais epiteliais
  • encerramento epitelial às 24-48 horas

Dia 3:

  • neutrófilos substituídos por macrófagos
  • surge tecido de granulação

Dia 5:

  • espaço de incisão preenchido com tecido de granulação
  • ponto máximo da neovascularização
  • aparecem fibrilas de colagénio
  • proliferação epitelial no seu máximo

Segunda semana:

  • proliferação de fibroblastos: acumulação contínua de colagénio
  • inflamação e vasos recém-formados desaparecem

Segundo mês:
- fibrose: tecido conjuntivo sem inflamação coberto por epiderme intacta

81
Q

Que mecanismos estão envolvidos na cicatrização de feridas?

A

Interações entre células e entre células e matriz
Síntese de colagénio, degradação e remodelagem
Fatores de crescimento: fator de crescimento epidérmico, fator de transformação do crescimento (α e β), fatores de crescimento dos fibroblastos, fator de crescimento derivado das plaquetas
- quimiotaxia de monócitos
- migração e proliferação de fibroblastos
- angiogénese
- síntese de colagénio
- secreção de colagenase

82
Q

Que fatores modificam a intensidade da resposta inflamatória e qualidade da reparação?

A

Fatores sistémicos e locais:

  • suprimento sanguíneo adequado
  • estado nutricional do hospedeiro
  • existência ou não de infeção
  • existência ou não de Diabetes mellitus
  • terapêutica com glucorticóides: impede o processo inflamatório ou de reparação
  • níveis adequados de leucócitos em circulação
83
Q

Como se equilibram a síntese e degradação de colagénio?

A

A síntese de colagénio é estimulada por fatores de crescimento e citocinas libertadas por leucócitos e fibroblastos.
A acumulação de colagénio depende do ritmo de síntese e degradação pelas metaloproteinases secretadas por fibroblastos e leucócitos
- indução: fatores de crescimento e citocinas
- inibição: “fator de transformação do crescimento beta”
Colagenases ativadas são rapidamente inibidas por inibidores tecidulares específicos das metaloproteinases (produzidos por células mesenquimatosas).

  • colagénio cutâneo adulto: tipo I
  • colagénio depositado no início no tecido de granulação: tipo III, mais tarde substituído pelo I
84
Q

Como se desenvolve a resistência da ferida?

A

As fibras de colagénio são responsáveis pela resistência da ferida.
Recuperação progressiva da força elástica devida à grande síntese de colagénio (excede a degradação) e aumento de tamanho das fibras colagénicas.
Cicatrização engloba fenómenos de inflamação precoce, seguida por fibroplasia (tecido de granulação) e finalmente deposição de matriz extracelular, “remodelagem” e fibrose.

Final da primeira semana:

  • 10% normal
  • depende da sutura cirúrgica e adesão dos tecidos