Lesão celular e Necrose Flashcards

1
Q

Quais as causas da lesão celular?

A
  • isquémia (anóxia): função respiratória ou circulatória anormal
  • agentes físicos: radiações, traumas, frio, calor
  • agentes químicos: metais pesados, tetracloreto de carbono, venenos
  • agentes biológicos: vírus, bactérias, fungos, parasitas
  • hipersensibilidade
  • alterações genéticas: defeitos genéticos ou cromossómicos
  • alterações endócrinas: atividade hormonal deficiente ou excessiva
  • desequilíbrios nutricionais: deficiências proteicas e vitaminas, excessos de hidratos de carbono e lípidos
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2
Q

Quais os mecanismos associados à lesão celular?

A
  • hipóxia (diminuição do nível de oxigénio)
  • interrupção da fosforilação oxidativa nas mitocôndrias e depleção de ATP
  • alteração da membrana celular
  • aumento de ião cálcio nas células
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3
Q

Como se relacionam as oscilações da concentração de Ca2+ e a progressão da lesão?

A
  1. Aumento ligeiro de Ca2+ - Célula com capacidade de reparação e homeostasia como resposta:
    - morfologicamente não detetado
    - reversível
  2. Influxo de Ca2+, aumento da permeabilidade para Na e entrada de H2O - Membrana celular com capacidade para ser reparada se a causa for suspensa:
    - morfologicamente detetado
    - reversível funcionalmente e morfologicamente (degenerescência)
  3. Aumento de Ca2+ que excede a capacidade da célula recuperar:
    - morfologicamente e funcionalmente irreversível
    - morte celular
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4
Q

Como progride a anóxia e quais as suas consequências?

A
  • paragem da produção de ATP pelas mitocôndrias
  • diminuição de ATP celular
  • aumento de AMP e estimulação da glicólise anaeróbia
  • diminuição de glicogénio e acumulação de ácido láctico e fósforo (proveniente do ATP)
  • pH baixa
  • desnaturação das proteínas
  • alteração da membrana celular (hidrólise de macromoléculas): passagem de Na e H2O para a célula (tumefação celular- edema)
  • falha da bomba de sódio (ausência de ATP): entrada de Na e K
  • libertação de enzimas para o exterior
  • ribossomas destacam-se do RER
  • alteração das microvilosidades (quando existem)
  • membrana celular perde a estrutura morfológica normal

NOTA: Se a fosforilação oxidativa for reiniciada as alterações são reversíveis.

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5
Q

Como se iniciam as alterações irreversíveis?

A
  • mitocôndrias tornam-se permeáveis ao cálcio
  • Ca2+ precipita com os fosfatos
  • Ca2+ ativa fosfolipases endógenas e proteases que provocam lesão das membranas e do citoesqueleto, respetivamente
  • rutura dos lisossomas
  • alterações do núcleo
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6
Q
O que indica o diagnóstico diferencial dos seguintes processos?
Autólise
Heterólise
Necrose
Putrefação
A

Autólise: digestão pelas enzimas dos lisossomas
Heterólise: digestão por glóbulos brancos
Necrose: observação de inflamação, congestão, enfarte, trombo
Putrefação: lise dos tecidos necrosados por enzimas bacterianas

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7
Q

Quais os sinais de lesão celular no núcleo?

A
- alterações muito frequentes
Ex: patologia tumoral
- anomalias de tamanho
Ex: aumento irregular nos tumores
- alterações do número
Ex: células multinucleadas em células de origem macrofágica e nos tumores
- inclusões
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8
Q

Quais os sinais de lesão celular no citoplasma?

A
  • aumento de volume (mais frequente)
  • hiperhidratação
  • alterações com diferentes graus: reversíveis ou irreversíveis
    Ex: degenerescência, tumefação turva
  • acidofilia
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9
Q

Quais as lesões celulares reversíveis?

A
  • degenerescência hidrotópica
  • degenerescência vacuolar
  • degenerescência balonizante
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10
Q

Como se caracteriza a degenerescência hidrotópica?

A

Células mais afetadas: epiteliais
Aspeto macroscópico pouco característico
Aspeto microscópico:
- aumento de volume celular
- vacúolos no citoplasma junto ou à volta do núcleo
- citoplasma corado empurrado para a periferia

Diagnóstico diferencial: com esteatose, sobrecarga de glicogénio, autólise ou artefacto

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11
Q

Como se caracteriza a degenerescência vacuolar?

A
  • sinónimo de degenerescência hidrópica
    OU
  • estadio celular mais avançado e grave, com observação de grandes vacúolos claros
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12
Q

Como se caracteriza a degenerescência balonizante?

A
  • célula aumentada de volume
  • citoplasma claro e homogéneo
  • organitos de aspeto normal
  • penetração de água no citoplasma devido a uma lesão eletiva da membrana plasmática
    Ex: antigénios virais fixos à membrana e que são atacados pelo sistema imunitário (anticorpos e linfócitos T)

Etiologia (causa): vírus epiteliotrópicos (febre aftosa, esgana, varíola), venenos, deficiências circulatórios

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13
Q

Quais as lesões celulares irreversíveis e respetivas características?

A
  • tumefação turva (degenerescência parenquimatosa, granulosa, albuminosa)
Órgãos mais afetados: fígado, rim e coração
Aspeto macroscópico:
- aumento de volume
- palidez
- aspeto cozido
- mais pesado
Aspeto microscópico:
- células aumentadas de volume
- citoplasma granuloso: desnaturação das proteínas e grande tumefação das mitocôndrias
- limites celulares mal definidos

Etiologia: infeções, anóxia, venenos, toxinas bacterianas, radiações ionizantes

  • necrose
    Etiopatogenia: perda de inervação, circulação sanguínea deficiente, agentes mecânicos e térmicos
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14
Q

Quais os principais indicadores de necrose?

A
  • acidofilia do citoplasma
  • alterações do núcleo
  • detritos celulares (ação das enzimas dos lisossomas)
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15
Q

Qual a diferença entre morte celular causada por apoptose e necrose?

A

Apoptose atinge células isoladas e a necrose atinge grupos de células.

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16
Q

Durante quanto tempo sobrevivem as células e os tecidos à ausência de nutrição?

A

Neurónio: alguns minutos
Músculo cardíaco: 20 minutos
Hepatócitos, epitélio do tubo renal: 1-2 horas
Fibroblastos, epiderme: 24-48 horas

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17
Q

Como se caracterizam os tecidos necrosados?

A

Morfologia:

  • perda da coloração: mais pálido
  • perda de consistência: amolecimento
  • zona de demarcação entre tecido necrótico e vivo

Alterações bioquímicas: aumento de enzimas no soro
Ex: transaminases, fosfatase alcalina

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18
Q

Como se apresenta o citoplasma na necrose?

A
  • aumento do volume celular
  • vacuolização das mitocôndrias
  • aparecimento de lípidos
  • aumento da permeabilidade: lesão da membrana celular
  • acidofilia
  • coloração difusa do citoplasma e do núcleo
  • perda dos limites celulares

Necrose de coagulação: denso, opaco, granuloso
Necrose de liquefação: desaparecimento das membranas e estruturas

19
Q

Como se apresenta o núcleo na necrose?

A

Alterações mais evidentes:

  • hipercromatose nuclear
  • picnose: condensação da cromatina
  • cariólise: dissolução da cromatina
  • cromatólise: inibição dos tecidos pela cromatina
20
Q

Que tipos de necrose existem?

A
  • coagulação
  • caseificação
  • liquefação
  • supurada
  • da gordura
21
Q

Quais as características da necrose de coagulação?

A

Desnaturação das proteínas

Ocorrência: enfartes, queimaduras, venenos
Aspeto microscópico:
- contornos celulares visíveis
- picnose
- acidofilia do citoplasma
Aspeto macroscópico:
- esbranquiçado, opaco
- firme, denso
- por vezes, deprimido em relação aos tecidos vizinhos
22
Q

O que é a necrose de Zenker?

A

Subtipo da necrose de coagulação: coagulação das proteínas do sarcoplasma
Ocorrência: músculo estriado, toxinas de microrganismos (carência em vitamina E e selénio)

23
Q

Quais as características da necrose de caseificação?

A

Enzimas libertadas produzem a coagulação das proteínas e particularmente das gorduras

Ocorrência: granulomas (tuberculose), linfoadenite caseosa dos ovinos
Aspeto microscópico: perda do contorno das células e da coloração diferencial
Aspeto macroscópico: tecido necrótico seco, sem coesão e cinzento-amarelado

24
Q

Quais as características da necrose de liquefação?

A

Lesão de hiperhidratação, citólise e edema intersticial

Ocorrência: SNC (pouca albumina e alto conteúdo em lípidos)
Aspeto microscópico:
- espaço claro de contorno irregular
- células periféricas com sinais de necrose
- por vezes, precipitado de cor rosada no espaço claro
Aspeto macroscópico:
- cavidade de dimensão variada com fluido
- paredes irregulares e moles

Diagnóstico diferencial: quistos com epitélio de revestimento

25
Q

Quais as características da necrose supurada?

A

Derivada da ação das enzimas das bactérias e dos neutrófilos

Ocorrência: abcessos

26
Q

Quais as características da necrose da gordura?

A

Hidrólise dos triglicéridos com posterior formação de glicerol e ácidos gordos, os quais se combinam com Na, K e Ca para formar sabões

Ocorrência: tecido adiposo
Aspeto microscópico: deposição de material opaco e homogéneo nos adipócitos
- azulado: sabões de Na
- rosado: sabões de K
- púrpura: Ca
Aspeto macroscópico: opaco, sólido ou granuloso

Etiopatogenia: necrose traumática da gordura, necrose pancreática (ação de lípases), ingestão de certas
gramíneas (festuca nos bovinos)

27
Q

Quais alguns exemplos de necrose das superfícies?

A

Úlcera: perda de substância do revestimento cutâneo ou mucoso, com pouca tendência para cicatrizar
Crosta: tecido necrótico em processo de separação do tecido normal

28
Q

Como evolui a necrose?

A
  • lise: dissolução de tecido
  • formação de exsudado purulento
  • encapsulamento
  • sequestro
  • descamação
  • calcificação
  • gangrena
  • reparação: regeneração e cicatrização (substituição por tecido fibroso)
  • atrofia
29
Q

O que é a apoptose?

A

Morte celular programada:

  • adaptação dos tecidos a novas situações
  • eliminação de células desnecessárias
  • remoção de células prejudiciais
30
Q

Em que circunstâncias ocorre apoptose?

A
  • estímulos fisiológicos
  • regulação da constituição dos tecidos
  • estimulação dos linfócitos pelas citoquinas
    Alguns estímulos patológicos podem aumentar (insuficiência funcional dos órgãos) ou diminuir a apoptose (tumores).
31
Q

De que forma a apoptose constitui um mecanismo de controlo de qualidade celular?

A

Homeostase na regulação dos tecidos:

  • desenvolvimento embrionário
  • organogénese
  • renovação de células epiteliais e hematopoiéticas
  • involução de órgãos
  • regressão de tumores
32
Q

Qual a morfologia associada ao processo de apoptose?

A
  • organelos com estrutura normal (contrariamente à necrose)
  • marginação e condensação da cromatina
  • fragmentação da célula e do núcleo: corpos apoptóticos
  • isolamento da célula em apoptose
  • diminuição do volume com perda de água (contrariamente à necrose)
  • modificação da forma
33
Q

Como se diferenciam a necrose e a apoptose?

A

Ao contrário da apoptose, a necrose provoca uma reação inflamatória e a alteração da matriz e líquido extracelular.

34
Q

O que é a gangrena?

A

Ocorre em tecidos necrosados onde crescem microrganismos saprófitas que levam à degradação dos açúcares e das proteínas: necrose + putrefação
Surge principalmente em tecidos onde as bactérias saprófitas têm fácil acesso (pele, pulmão, intestino, glândula
mamária)

35
Q

Que tipos de gangrena existem?

A
  • seca

- húmida

36
Q

Como se apresenta a gangrena seca?

A

Surge em focos de necrose com pouca quantidade de líquido devido a evaporação ou drenagem (pouco favorável para o desenvolvimento microbiano.

Causas:
- isquémia derivada de vasoconstrição ou congelamento
- festuca arundinácea: substância vasoconstritora concentrada na erva seca
- ergotismo: toxinas produzidas por “Claviceps purpura” provocam vasoconstrição e lesões vasculares
Aspeto macroscópico: linha de demarcação entre o tecido gangrenoso escuro e o tecido normal

37
Q

Como se apresenta a gangrena húmida?

A

Estão presentes bolhas de gás, hemorragias e edema. Os focos gangrenosos apresentam cheiro característico.

Aspeto microscópico:
- área da necrose com grandes bacilos
- podem existir espaços vazios correspondentes a bolhas de gás
Aspeto macroscópico:
- cor escura
- zona aumentada de volume, com tendência para se desfazer
Evolução:
- rápida com morte provocada pela toxémia sistémica
- rutura dos órgãos afetados

38
Q

Que alterações pós-morte existem?

A
  • “rigor mortis”
  • “algor mortis”: arrefecimento do corpo
  • “livor mortis”: palidez das mucosas
  • alterações de cor
  • amolecimento dos tecidos: autólise confere um aspeto cozido
  • distensão dos órgãos digestivos devido à produção de gases (pode sair sangue pelas narinas e surgir falsos prolapsos rectais e roturas do estômago)
  • pressão no fígado, miocárdio (advém da dilatação das ansas intestinais, abdómen)
  • bolhas de gás
  • cheiro característico
  • sangue no ventrículo esquerdo
39
Q

O que se entende por “rigor mortis”?

A
  • endurecimento e contração dos músculos
  • diminuição de ATP
  • inicia-se 1 a 6 horas após a morte
  • desaparece após 1 a 2 dias
40
Q

Que alterações de cor decorrem após a morte?

A
  • hipostase: acumulação de sangue devido à gravidade
  • imbibição pós-morte por hemoglobina (degradação dos eritrócitos): avermelhado
    NOTA: Atuação das bactérias sulfídricas na hemoglobina alteram a cor para azulado, esverdeado, púrpura (putrefação)
  • imbibição pela bílis: esverdeado
41
Q

Que informações sobre a morte nos fornece o estado do sangue no ventrículo esquerdo?

A

Sangue não coagulado:

  • morte recente: contração do VE provoca a saída de sangue
  • desaparecimento de “rigor mortis” (24-72 horas após a morte)

Sangue coagulado:
- pode indicar doenças de evolução arrastada

42
Q

Quais as principais causas da aceleração dos processos autolíticos? Como os retardar?

A
  • temperatura elevada: ambiente, tétano
  • presença de bactérias de putrefação
  • fermentação dos reservatórios gástricos

Retardar processos autolíticos: conservação a 4ºC e fixação rápida de acordo com as normas

43
Q

O que se avalia no diagnóstico diferencial entre necrose e autólise pós-morte?

A
  • presença de tecido normal e tecido morto
  • demarcação (leucócitos e hiperémia) entre a zona normal e necrosada
  • observação dos glóbulos vermelhos nos vasos (coloração e forma)
  • presença de bactérias de grandes dimensões nos tecidos em autólise