Parasitoses Intestinais Flashcards
Explique as principais características gerais dos protozoários causadores de parasitoses intestinais x Helmintos causadores de parasitoses intestinais.
- Protozoários são unicelulares, logo, invisíveis à olho nu, enquanto os Helmintos são visíveis (em uma escala filogenética são mais evoluídos que os protozoários).
- Protozoários não causam eosinofilia (exceto casos raríssimos de Amebíase), Helmintos geram.
- Em ambos: maioria assintomática, devendo sempre ser tratados (diminuir transmissão).
- Maioria em ambos tem transmissão fecal-oral:
- Amebíase, Giardíase, Ascaridíase, Toxocaríase, Enterobiose e Tricuríase e Teníase: fecal oral, sendo as duas primeiras por meio da ingestão de alimentos contaminados com cistos dos agentes; Ascaridiase, Toxocaríase, Enterobiose e Tricuríase com ingestão de ovos dos agentes, sendo que a Toxocaríase está relacionado a ingestão de areia contaminada com fezes de cachorro; e a Teníase com a ingestão de carne de porco (Taenia solium) ou vaca (Taenia saginata) contaminados com cisticercos e mal cozidos.
- Ancilostomíase, Estrongiloidíase e Esquistossomose: larva penetra pele do paciente, nas 2 primeiras ao entrar em contato com solo contaminado e na terceira com água contaminada.
Explique de forma geral as diferenças entre o ciclo evolutivo dos protozoários causadores de parasitoses intestinais x Helmintos causadores de parasitoses intestinais e as implicações.
- Ciclo dos protozoários: ingestão de água e/ou alimentos contaminados com cistos -> chega no intestino e volta com sua sua forma parasitária (trofozoíta) que se multiplica por divisão binária, se encista novamente (se ficar em ambiente desprotegido morre rapidamente) e é -> eliminado nas fezes na forma de cisto.
- Ciclo dos Helmintos: ingestão de água e/ou alimentos contaminados com ovos -> chega no intestino, eclode e da origem a uma larva, que amadurece, dando origem ao verme adulto, que copulam e -> liberam ovos que são eliminados nas fezes. Obs: (1) A maioria, antes de ser eliminado nas fezes, faz o ciclo de Loss, sendo que o Toxocara canis não o completa, não sendo eliminado nas fezes (se diarreia, aumenta eliminação de trofozoítas); (2) Na Ancilostomíase e na Estrongiloidiase: Larva filarioide penetra pele -> ganha a corrente sanguínea -> ciclo de Loss -> intestino -> verme adulto, sendo que na Ancilostomiase esse verme libera os ovos na luz intestinal, que são eliminados na fezes, eclodem no solo, liberando larva rabditoide, que amadurece formando a larva filarioide, enquanto na Estrongiloidiase o verme adulto fêmea, que é parte partenogenética, elimina o ovo no intestino, que eclode na luz intestinal, liberando a larva rabtitoide na fezes, que amadurece em filarioide no solo. Na Estrongiloidiase a larva pode pós ciclo de Loss inclusive penetrar a parede intestinal e fazer re-infecção, o que não ocorrer em imunocompetente pois o SI não deixa. (3) Na enterobiose, a fêmea vai ao canal anal de noite e faz a oviposição. (4) Na esquistossomose, em que, ao entrar em contato com água contaminada, a cercária -larva infectante do Shistossoma mansoni-, penetra na pele do paciente, ganha a corrente sanguínea e vai para os vasos mesentéricos, onde amadurecem em verme adulto, copulam e a fêmea nada contra corrente para sair da proximidade do fígado e ir até o reto ->perfura o seu epitélio e faz oviposição -> o ovo tem 3 caminhos: ficar preso na parede retal, retornar ao sistema portal ou ser eliminado nas fezes, sendo que, se for eliminado em água, eclode e libera uma larva, o miracídio, que infecta um caramujo do gênero Biomphalaria, onde se torna a larva infectante. (5) na teníase: Ingestão de carne de porco/vaca mal cozidas contaminadas com cisticercos (larvas) da Taenia solium/saginata -> amadurecem no intestino e formam o verme adulto (geralmente a solitária e chega a metros de comprimento) -> coloca o ovo, que é eliminado nas fezes -> porco ingere alimentos contaminados com o ovo (proglotides cheias de ovo), que eclode no seu organismo, liberando a larva -> perfura a mucosa intestinal e ganha corrente sanguínea -> chega às vísceras: cérebro, olho, fígado, e, principalmente, músculo.
- Conclusão: O diagnóstico de parasitose intestinal por protozoários se dá por EPF com pesquisa de cistos (com exceção do (1) abcesso amebiano, em que deve-se diferenciar de abcesso piogênico, sendo diagnóstico feito por imagem + sorologia - ELISA) e por helmintos se dá por EPF com pesquisa de ovos (com exceção da (1) Toxocaríase, em que o parasita não é eliminado nas fezes e por isso diagnóstico não se dá por EPF e sim por sorologia - ELISA; da (2) Estrongiloidiase, que libera larvas rabititoides, devendo ser usado corante Baermann-Moraos; da (3) Enterobiose, em que deve ser feito com fita gomada/método Graham ao invés de EPF; da (3) Esquistossomose, em na fase aguda o diagnóstico se dá por sorologia, após 40 dias por EPF com pesquisa de ovos -espiculado-, e, se resultado inconclusivo, pode se feito biópsia retal para identificar granuloma com ovo, exame de maior sensibilidade; e da (4) Teníase, EPF com Tamisação (sedimentação da fezes -como se fosse peneiração-
Ara encontrar proglotes, se suspeita de Neurocisticercose + TC: múltiplas calcificações evidenciando a “cicatriz” (cérebro não faz fibrose, fffa glicose, calcifica) (bolinhas brancas, não tratar) (diagnóstico diferencial com metástase e toxoplasmose) ou cisto com escolex (buraco com ponto branco dentro, parasita vivo, tratar) +/- líquor (padrão inflamatório: eosinofilia ou inespecífico coo aumento de lifomono).
Resuma de forma geral os principais anti-parasitários usados em casos de parasitoses intestinais.
- Nitazoxanida (Annita): poliparazitário ótimo contra todos os parasitas intestinais (protozoários e helmintos), mas muito caro. 1cp 12/12 por 3d. Age um pouco melhor contra ameba que giárdia.
- Albendazol: poliparazitário que cobre quase todos os os helmintos, não cobre muito bem ameba mas cobre giárdia que é muito mais comum, além de ser muito mais barato que Annita. 400mg /d por 5 dias para Giardia e em dose única para helmintos, 400mg 2x/d por 5 dias para Toxocara cannis (larva é autolimitada, sendo questionado a real necesssidade do tratamento) (se inflamado -> + corticoide).
- Protozoários: Derivados imidazólico (metro/sec/ti, mata forma parasitária na mucosa) 2 g em dose única. Se Amebíase assintomática: teclosan (mata forma intraluminal) 500mg 1x/d por 3d; leve: secnidazol na dose citada + teclosan; se grave metronidazol 750 mg 3x/d por 10 d.
-Estrongiloidiase: ivermectina 200 mcg/kg por 2d. Pode ser usados os “…bendazol”, sendo o Tiabendazol uma boa opção, sendo que a forma tópica dele é a única que pode tratar antes da larva sair da pele e chegar à corrente sanguínea.
-Enterobiose: “…bendazol” ou Pervínio ou Pirantel.
-Tricuríase: Albedazol 400mg em DU ou por 3-7d
- Platelminto: Praziquantel (5-10mg DU?). Se Esquistossomose, alternativo é o Oxaminique, sendo ambos em DU. Se teníase, alternativo é niclosamida 50mg/kg em DU. Se neurocisticercose com parasita vivo, albendazol (usar ele ou praziquantel) ganha importância + corticoide (o ideal é antes do anti-parasitário, para evitar HIC).
Qual o agente causador da Amebíase?
Entamoeba hystolitica.
Qual a fisiopatologia e o quadro clínico da Amebíase?
- Forma intestinal: trofozoíta da Entamoeba hystolitoca chega ao intestino do paciente -> vive no cólon e tem a capacidade de invadi-lo -> na maioria das vezes é assintomático, podendo gerar quadro intestinal inespecífico arrastado (dor abdominal que melhora ao evacuar há 3meses), podendo evoluir com diarreia baixa invasiva (disenteria: diarreia com muco, sangue, pus) crônica e, em casos raros, ameboma = massa palpável /espessamento do cólon em imagem (em indivíduos que tem capacidade de gerar uma grande reação inflamatória e grandes granulomas de ameba -> espessamento da parede do cólon, o que pode ser percebido na palpação e/ou visível em exame de imagem).
- Forma extra-intestinal: trofozoíta da Entamoeba hystolitoca invade a mucosa do cólon e dissemina podendo chegar ao SNC, pulmão, e geralmente no fígado, onde gera abcesso hepático amebiano -> dor e QSD, febre, Sinal de Torres-Homen (dor à percussão no gradil costal direito), leucocitose neutrofíloca com desvio à esquerda, sem diarreia (geralmente quando invade não gerar diarreia).
Cite 5 diagnósticos diferenciais de amebíase.
- Colite bacteriana: disenteria por Shiguela, Salmonela, E. coli enterohemorrágica.
- Doença de Crohn
- Retocolite ulcerativa
- CA de cólon principalmente se ameboma
- Se abcesso hepático, diagnóstico diferencial com abcesso hepático piogênico.
Cite as principais diferenças entre o abcesso hepático amebiano e piogênico.
- Amebiano é mais comum em homem jovem, piogênico não tem diferença entre sexo, sendo muito pouco mais prevalente em mulher pela relação com colelitiase.
- Amebiano a lesão é única, em lobo direito e achocolatada (necrose + pus); piogênico as lesões são múltiplas, difusas podendo ocorrer em ambos os lobos e amareladas (pus).
- Amebiano não drena (se cair na cavidade peritoneal pode piorar muito o quadro e Metronidazol tem excelente resposta); piogênico (todo abcesso bacteriano = drenar), drena.
Qual tratamento do abcesso hepático amebiano?
Metronidazol.
Qual o diagnóstico do abcesso hepático amebiano?
Imagem (USG/TC/RM) evidenciando massa no fígado + sorologia (ELISA) para diferenciar de piogênico (não serve EPF pois nada impede do paciente ter abcesso piogênico e Amebíase intestinal).
Quando tratar paciente com EPF evidenciando Amebas?
Sempre que for Entamoeba hystolitica, em caso de Amebas comensais, não tratar!
Quais são as amebas comensais?
Entamoeba coli, Iodamoeba butschilii e Endolimax nana.
Qual a fisiopatologia e o quadro clínico da Giardíase?
Trofozoíta da Giargia chega no intestino, vive no delgado e tem a capacidade de gerar inflamação, aderir na parede e, ao se replicar, formar um tapete (possui um disco suctorial que cola no enterócitos e fica sugando o nutrientes) -> paciente pode se apresentar assintomático, o que é mais comum, ou com quadro inespecífico de plenitude pós prandial, dor abdominal , flatulência ou apresentar diarreia alta não invasiva (com restos alimentares) + disabsorção.
Cite 1 diagnóstico diferencial de Giardíase.
Doença celíaca.
Descreva o Ciclo de Loss e o que ele causa.
Ciclo de Loss / Pulmonar: larva (que foi liberada pelo ovo de um helminto ingerido em água e/ou alimentos contaminados) perfura a parede intestinal e ganha a circulação sanguínea à procura dos pulmões (local com O2), perfura o alvéolo e chega à luz alveolar -> como é uma corpo estranho, sua presença nos alvéolos gera tosse, o que faz com que ela seja impulsionada para o bronquíolo terminal, bronquíolo, brônquio, brônquio fonte e traqueia -> enquanto estamos dormindo, ela vai até a glote, é deglutida, chega ao intestino novamente, mas a gora se transforma em verme adulto -> Síndrome de Loeffler: tosse seca, infiltrado pulmonar migratório, “estertoraração migratória”, eosinofilia, paciente asmático pode fazer broncoespasmo.
Quais os agentes que causam Síndrome de Leoffler?
Strongyloides stercoralis
Ancylostoma duodenale
Necator americanus
Toxocara canis
Ascaris lumbricoides
Dica: mneumônico “santa”.