Medidas De Saúde Coletiva Flashcards
A engenharia reversa mostrou que as Medidas de Saúde Coletiva correspondem a 8,6% do total de questões de Medicina Preventiva, ocupando assim o 4° lugar entre os temas mais cobrados. E olhe que interessante: dentro desse tema, é notável a preferência das bancas pelos indicadores de morbidade e de mortalidade (veja o gráfico a seguir).
- O que são Indicadores de morbidade?
- O Coeficiente de Incidência também é conhecido como
1. São medidas que contabilizam as doenças e/ou agravos existentes em um determinado espaço geográfico.
Essa contagem pode ser feita de duas formas:
1.1. Podemos contar todos os indivíduos que estão doentes naquela localidade, independentemente da causa. Quando isso acontece, temos a morbidade geral, que é representada pelo coeficiente de morbidade geral. Informa o número de indivíduos doentes para um determinado número de habitantes. Esse indicador não informa risco de adoecimento. Apenas informa a fração de indivíduos que estão doentes na localidade, independentemente da causa.
1.2. Podemos contar apenas os casos específicos de uma determinada doença ou agravo. Nesse sentido, teremos a morbidade específica, que, por sua vez, é mensurada pelas famosas prevalência e incidência!
2. Risco absoluto
Quanto aos indicadores de saúde, o COEFICIENTE exemplifica valores (1) e mede o (2)
- Relativos
- Risco
Quanto aos indicadores de saúde, o ÍNDICE exemplifica valores (1) e mede uma (2)
- Relativos
- Proporção
É o número de casos novos de uma determinada doença, ou de um agravo, em uma localidade, em um dado intervalo de tempo. É uma medida absoluta.
INCIDÊNCIA
Número de casos novos da doença supracitada em relação à população em risco dessa doença no mesmo intervalo de tempo. É uma medida relativa. Avalia o risco absoluto (ou a probabilidade) de uma população adquirir uma doença.
Coeficiente de incidência
ATENÇÃO: Embora sejam conceitos diferentes, muitas bancas utilizam os termos coeficiente ou taxa de incidência como sinônimos. Falaremos mais sobre isso a seguir.
- Coeficiente mede o…
- Incidência mede o:
- Índice mede uma…
1. Risco
2. Risco: O coeficiente de incidência verifica quantos indivíduos mudaram seus status de saudáveis para doentes em relação ao total de indivíduos que estavam expostos ao adoecimento. Assim, esse indicador avalia o risco de contrair a doença naquela população.
3. Proporção
Coeficiente medido quando é dividido o número de casos novos de uma doença em intervalo de tempo pela população exposta (ou em risco de adoecimento) durante o mesmo intervalo de tempo.
Coeficiente de incidência
O conceito correto de incidência traz sempre a população em risco no denominador!
Existem diversos tipos de incidência, mas apenas 3 são cobrados em provas de Residência Médica:
1. INCIDÊNCIA ACUMULADA
2. DENSIDADE DE INCIDÊNCIA
3. COEFICIENTE DE ATAQUE
É o tipo de incidência calculada para populações estáticas, isto é, comunidades que não apresentam fluxos migratórios significativos e cujos habitantes podem ser acompanhados ao longo de todo o período de observação. Como é possível conhecer o desfecho de todos os participantes, ela informa o risco médio de adoecimento.
INCIDÊNCIA ACUMULADA
FÓRMULA:
Número de casos novos de dengue / População em risco X 100.
É o tipo de incidência calculada para populações dinâmicas, isto é, comunidades que apresentam fluxos migratórios importantes. Utilizada para populações abertas. Não informa o risco médio de adoecimento, pois não sabemos quantos eventos, de fato, ocorreriam se todos permanecessem na localidade. Porém, informa a velocidade com que os casos novos da doença surgem na unidade do tempo, considerando um determinado número de pessoas para isso
DENSIDADE DE INCIDÊNCIA
Fórmula:
Número de casos da doença / (Número de pessoas observadas x tempo de observação)
Nada mais é do que um nome especial dado para a incidência acumulada quando o fenômeno avaliado é um surto! Como o surto é o aumento do número de casos de uma doença em uma população muito específica (como creches, quartéis ou festas de casamentos), temos que esse coeficiente é dado pela seguinte fórmula:
Número de casos novos de uma doença de uma população específica / número de indivíduos susceptíveis nessa população
COEFICIENTE DE ATAQUE
O surto é ocasionado por uma infecção transmitida por fonte comum pontual, isto é, os suscetíveis são expostos à fonte de infecção ao mesmo tempo.
É o número total de casos de uma doença (ou agravo) em uma determinada localidade, considerando um determinado
momento de uma linha do tempo.
PREVALÊNCIA
O que pode aumentar a prevalência?
Incidência
A proporção de prevalência é corriqueiramente chamada pelas bancas de residência médica de coeficiente ou taxa de prevalência.
A FÓRMULA DE PROPORÇÃO DE PREVALÊNCIA PONTUAL =
NÚMERO TOTAL DE CASOS DE UMA DOENÇA EM UMA DETERMINADA LOCALIDADE / POPULAÇÃO RESIDENTE NA LOCALIDADE X 10 elevado a N
A principal diferença entre a prevalência e a incidência reside no fato de que, na primeira, a população é avaliada em um único momento de uma linha do tempo. Por isso, também chamamos essa prevalência de pontual. Em contrapartida, na incidência, avaliamos a população ao longo de um intervalo de tempo. Logo, a prevalência…
Não afere risco
O que reduz a prevalência?
Morte e cura
Se, em determinada população, temos uma droga que cura a doença, a prevalência aumenta ou diminui?
Diminui
Se, em determinada população, temos uma droga que melhora a doença, a prevalência aumenta ou diminui?
Aumenta
Existem diversos tipos de prevalência, mas 2 são os mais comuns:
1. prevalência pontual
2. prevalência de período
É possível contarmos quantos casos de uma determinada doença, ou de um agravo, existiram ao longo de um intervalo de tempo. Esse tipo de prevalência contabiliza o número de casos existentes no primeiro dia do intervalo de tempo (prevalência pontual) mais o número de casos novos que surgem ao longo do tempo (incidência). Quando isso acontece, temos a:
Prevalência de período
Um ponto importantíssimo: quando a banca solicitar o cálculo da prevalência de período, você não deve descontar a velocidade de defecção, isto é, o número total de indivíduos doentes que a localidade perdeu naquele período: curas + óbitos + emigrações.
EXEMPLO PREVALÊNCIA DE PERÍODO
Por exemplo, suponha que um determinado município apresentou 1.050 casos de hanseníase em 01/02/2020 (prevalência pontual). Ao longo do mês de fevereiro, mais 100 casos foram diagnosticados (incidência). Em contrapartida, 10 pacientes evoluíram para o óbito, 30 receberam alta por cura e 2 saíram da localidade (emigrações). Portanto, a velocidade de defecção da doença naquele período foi igual a 42. Se a população na metade do período (14/02/2020) for igual a 11.500 habitantes, a proporção de prevalência será:
Proporção de Prevalência de Período = (1.050 casos pré-existentes + 100 casos novos) / 11.500 habitantes na metade do período x 100 = 10%.
Observe que não descontamos a velocidade de defecção. Portanto, a prevalência de período funciona como uma espécie de acumulado de casos no intervalo de tempo estudado.
A prevalência de período, apesar de incluir a incidência, NÃO informa RISCO de adoecimento. Ela apenas contabiliza os casos que existiam naquele período.
FATORES QUE INFLUENCIAM NA PREVALÊNCIA DE UMA DOENÇA
- Incidência da doença:
- Imigração de doentes
- Número de indivíduos curados ou percentual de cura da doença
- Número de óbitos ou letalidade da doença
- Emigração de doentes:
1. Incidência da doença: quanto maior a incidência da doença, maior será sua prevalência
2. Imigração de doentes: quanto maior a imigração de doentes, maior a prevalência
3. Número de indivíduos curados ou percentual de cura da doença: quanto maior o número de indivíduos curados, menor a prevalência.
4. Número de óbitos ou letalidade da doença: quanto maior a letalidade, menor será a prevalência.
5. Emigração de doentes: quanto maior for a saída de indivíduos doentes da localidade, menor será a prevalência da doença
CONCEITOS PREVALÊNCIA
Prevalência = (Incidência + Imigração) – (Curas + Óbitos + Emigrações)
Curas + Óbitos + Emigrações = velocidade de defecção
Prevalência (P) = Incidência (I) x Tempo de duração da doença (D)
A introdução de novos tratamentos que aumentam a sobrevida da doença, mas sem promover a cura, acabam por aumentar a prevalência da doença na população. Isso porque a letalidade diminui e o tempo de duração da doença aumenta.
E a incidência? Em princípio, permanece inalterada! Por exemplo, a introdução de novos hipoglicemiantes orais contribuiu para o aumento da sobrevida e da prevalência do diabetes mellitus, mas não foi capaz de alterar a incidência da doença, uma vez que o aparecimento de casos novos não é influenciado pelo tratamento
CONCEITOS PREVALÊNCIA
É importante não confundir doenças crônicas com doenças de evolução crônica. Neste tópico, estamos falando sobre doenças que não têm cura, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, infecção pelo vírus HIV, entre outras. Para essas doenças, o objetivo do tratamento é aumentar a sobrevida do paciente. Em contrapartida, nas doenças que podem evoluir de forma crônica (no sentido de terem evolução arrastada), mas que são curáveis, como tuberculose, hanseníase e sífilis, o tratamento diminuirá a prevalência da doença, porque aumentará o número de indivíduos curados.
- Alta incidência com curta duração da doença =
- baixa incidência com longa duração da doença =
- Baixa prevalência.
- Alta prevalência
USOS DA INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA
1. De uma forma geral, é utilizada em estudos epidemiológicos que têm por objetivo avaliar a etiologia de determinadas doenças ou agravos. Estudos com delineamento longitudinal do tipo prospectivo (coortes, ensaios clínicos e ensaios de campo). Doenças agudas ou de curta duração.
2. É mais utilizada no planejamento em saúde, sendo útil no dimensionamento dos recursos em saúde. É mais utilizada para mensurar a morbidade ocasionada por doenças crônicas e de longa duração. Estudos com delineamento transversal.
1. INCIDÊNCIA
2. PREVALÊNCIA
MEDIDAS FUNDAMENTAIS DE MORTALIDADE
Jogo rápido: as medidas fundamentais de mortalidade somam 11,6% do total de questões sobre os indicadores de mortalidade. Entre elas, a mais prevalente em prova é a mortalidade específica por causa, seguida da mortalidade proporcional por causa. O coeficiente geral de mortalidade é pouco prevalente.
1. Também é conhecido como taxa geral ou bruta de mortalidade, é a medida que contabiliza todos os óbitos que ocorreram em uma determinada localidade em um dado intervalo de tempo.
- Coeficiente Geral de Mortalidade
Qual principal limitação do Coeficiente de mortalidade geral?
Dificuldade de comparação entre duas regiões, principalmente quando elas possuírem estrutura etária muito distinta.
São fatores que influenciam o indicador COEFICIENTE GERAL DE MORTALIDADE:
* A estrutura etária da população: comunidades com maior número de idosos podem apresentar CGM mais elevado do que populações mais jovens, sem que isso necessariamente signifique pior nível socioeconômico ou de saúde. Por isso, antes de compararmos tais regiões, é necessário padronizarmos os coeficientes segundo a estrutura etária. O CGM não reflete a qualidade de vida justamente porque ele é influenciado pela estrutura etária da população.
* Tragédias naturais: fenômenos como tsunamis, terremotos e epidemias de grandes proporções podem aumentar esse indicador. É o que se espera para o Brasil (e para o mundo) em relação aos anos de 2020 e 2021 devido à pandemia de COVID-19.
* Proporção entre homens e mulheres: populações com maior número de homens tendem a apresentar maior mortalidade geral como reflexo da sobremortalidade masculina, principalmente por causas externas.
Por isso, ele informa um “meio termo” para a população total, mas não revela a mortalidade de segmentos específicos. É por isso que utilizamos a mortalidade específica
MORTALIDADE ESPECÍFICA
JOGO RÁPIDO: A engenharia reversa mostrou que a maioria das questões sobre a mortalidade específica deseja que o candidato identifique o numerador e o denominador desse indicador. O tipo mais cobrado é a mortalidade específica por causa.
O Coeficiente de Mortalidade Específica é a medida que informa o risco de morte especificamente em indivíduos que apresentam uma determinada característica, seja uma idade, um gênero, uma profissão, um hábito e assim por diante. De forma geral, ela pode ser calculada pela seguinte fórmula:
Número de óbitos com uma determinada característica / População que apresenta aquela característica x 100.000
MORTALIDADE ESPECÍFICA
Quando a característica de interesse for alguma doença ou agravo, nós não utilizaremos no denominador a população que já tem essa característica (isso é, a população doente); se procedermos dessa forma, calcularemos a letalidade. Para a mortalidade específica por causa, nós utilizamos a população saudável que está em risco de adoecimento.
Por exemplo, suponha que um determinado município brasileiro tenha 10.000 habitantes. No mês de janeiro de 2021, foram confirmados 150 casos de dengue. Infelizmente, 20 evoluíram para o óbito. Qual é a letalidade e a mortalidade específica dessa doença naquela localidade?
- Mortalidade específica da dengue = Número de óbitos causados pela dengue / População em risco de adoecimento x 100.000
Como todos da localidade podem contrair dengue, temos que:
- Mortalidade específica da dengue = (20/10.000) x 100.000 = 2 óbitos/1.000 habitantes.
- Letalidade da dengue = Número de óbitos pela dengue/ População doente x 100
- Letalidade da dengue = (20/150) x 100 = 13,3%.
Observe que ambas as medidas têm o mesmo numerador, porém o denominador difere consideravelmente.
Letalidade = risco de morte pela doença ou agravo na população doente (isso é, o indivíduo já adoeceu)
Mortalidade específica por causa = risco de morte pela doença na população saudável.
O denominador da mortalidade específica por causa é a população que pode ficar doente por aquela enfermidade, e NÃO a população total da localidade.
É o indicador que informa o percentual de contribuição de uma determinada característica na quantidade total de óbitos de uma determinada população ou grupo. Observe que o resultado é multiplicado por 100 porque estamos lidando com proporcionalidade.
Sua fórmula é:
Mortalidade proporcional
Mortalidade proporcional = Número de óbitos com uma determinada característica/ Óbitos totais x100
Mortalidade proporcional em indivíduos ≥ 50 anos = Óbitos de indivíduos ≥ 50 anos/ Óbitos totais da localidade x 100
Em contrapartida, se quisermos calcular a mortalidade proporcional em mulheres (um tipo de mortalidade proporcional por gênero), basta dividirmos o número de óbitos femininos pelo total de óbitos da localidade (denominador).
Mortalidade proporcional em mulheres = Óbitos em mulheres/ Óbitos totais da localidade x 100
Suponha que a fictícia cidade de Arumã contabilizou 1.000 óbitos em 2020, sendo que 150 foram por acidente de moto, 400 foram por COVID-19, 175 foram por infarto agudo do miocárdio (IAM) e 275 foram por neoplasia. Qual é a contribuição de cada uma dessas causas no total de óbitos registrados?
- Mortalidade proporcional por COVID: 400/1000 X 100 = 40%
- Mortalidade proporcional por ACIDENTE DE MOTO: 150/1000 X 100 = 15%
E assim por diante.
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A MORTALIDADE ESPECÍFICA E A MORTALIDADE PROPORCIONAL
Por exemplo, veja novamente as fórmulas desses dois indicadores e observe que o numerador é o mesmo. No entanto, eles diferenciam-se pelo denominador. Enquanto a mortalidade específica utiliza a população que apresenta especificamente a característica de interesse, a mortalidade proporcional utiliza os óbitos totais, seja em determinada localidade ou em determinado grupo.
- A mortalidade específica utiliza uma base multiplicativa de 100.000, enquanto a mortalidade proporcional é multiplicada por 100 para que o resultado seja em porcentagem.
- A mortalidade específica afere risco de morte, enquanto a mortalidade proporcional informa a contribuição daquela característica na totalidade dos óbitos. Portanto, mortalidade proporcional não afere risco de morte.
FÓRMULAS:
Mortalidade específica = Óbitos com uma determinada característica/ População que apresenta aquela característica x 100.000
Mortalidade proporcional = Óbitos com uma determinada característica/ Óbitos totais x 100
MORTALIDADE PROPORCIONAL
No entanto, nem sempre o conjunto de óbitos totais será o da localidade. Por exemplo, suponha que uma determinada cidade registrou 1.000 óbitos no ano de 2020. Desses, 120 óbitos ocorreram exclusivamente no trânsito. Ainda, desses óbitos que ocorreram no trânsito, 90 foram provocados por acidentes de moto. Qual é a mortalidade proporcional por acidentes de moto naquela cidade? E no trânsito?
Sim, existe diferença nas duas perguntas. A primeira deseja saber a mortalidade proporcional dos acidentes de moto em relação aos óbitos totais da cidade. Já a segunda, em relação aos óbitos que ocorreram exclusivamente no trânsito
Mortalidade proporcional (acidente de moto na cidade) = Número de óbitos por acidentes de moto/ Óbitos totais na localidade x 100
Mortalidade proporcional (acidente de moto na cidade) = (90/1.000) x 100 = 9%.
Mortalidade proporcional (acidente de moto no trânsito) = Número de óbitos por acidentes de moto/ Óbitos totais no trânsito x 100
Mortalidade proporcional (acidente de moto no trânsito) = (90/120) x 100 = 75%.
Observe que os acidentes de moto são responsáveis por apenas 9% dos óbitos na cidade, mas são os grandes vilões quando falamos exclusivamente sobre as mortes no trânsito, contribuindo com 75% delas. Portanto, embora o denominador da mortalidade proporcional seja o número de óbitos totais, ele depende de quais óbitos totais tomamos como referência, se são aqueles de toda a localidade ou de um grupo específico. No entanto, fique tranquilo(a) , pois a banca sinalizará isso para você.
É a proporção de óbitos ocasionados por uma doença em relação ao número de casos confirmados. Portanto, é a medida que representa o risco de morte dos indivíduos doentes.
Observações:
(1) considerar sempre o mesmo espaço geográfico e o mesmo período de observação, para o numerador e o denominador; e
(2) utilizamos os casos confirmados, e não os casos notificados, uma vez que nem todo caso notificado se confirmará como sendo pertencente àquela doença.
LETALIDADE
Coeficiente de letalidade (ou fatalidade) = Número de óbitos causados pela doença/ Número total de casos confirmados da doença x 100
Ainda, é possível inferirmos sobre a gravidade de uma doença por meio de sua letalidade. De forma geral, quanto mais grave for a enfermidade, maior será sua letalidade
É importantíssimo que você não confunda a letalidade com a mortalidade específica por uma causa
Letalidade apresenta como denominador a população que está doente.
Mortalidade específica por uma causa utiliza a população saudável.
Nada mais é do que a capacidade de um agente etiológico produzir casos graves ou fatais
Virulência
Portanto, em teoria, quanto maior for a virulência do bioagente, maior é a letalidade da doença que ele produz.
É “a qualidade do agente infeccioso de uma vez instalado no organismo do ser humano ou outros animais, produzir sintomas em maior ou menor proporção dentre os hospedeiros infectados”
Patogenicidade
É a “capacidade de certos organismos de penetrar e se desenvolver ou multiplicar no novo hospedeiro, ocasionando infecção”
Infectividade
É a capacidade que o agente infeccioso tem de produzir imunidade no hospedeiro.
Imunogenicidade
SÃO FATORES QUE INFLUENCIAM NA LETALIDADE
Características biológicas da população(imunocompetência, sexo, idade, prevalência de determinados genes)
Fatores assistenciais (experiência da equipe de atendimento, recursos disponíveis, tipos de tratamentos oferecidos, entre outros)
O rastreamento ou a testagem em massa é um dos principais fatores que influenciam na letalidade de uma doença. Isso porque temos o aumento do número de casos confirmados às custas de indivíduos assintomáticos, ou seja, com baixa probabilidade de óbito. Portanto, há um aumento no denominador da letalidade, sem que haja um aumento proporcional do numerador. Com isso, a letalidade diminui.
RELAÇÃO ENTRE INCIDÊNCIA, MORTALIDADE ESPECÍFICA POR UMA CAUSA (DOENÇA) E LETALIDADE
Letalidade de uma doença = Mortalidade específica pela doença/ Incidência da doença
ou
L = M/I
Nessa fórmula, a letalidade deve ser usada em seu valor bruto, isso é, sem o percentual. Por isso, ela vai fornecer valores entre 0 e 1.
Tipos de risco fornecidos pela incidência, mortalidade específica por uma doença e letalidade.
1. Incidência
2. Mortalidade específica por uma doença
3. Letalidade
1. Incidência: Risco de contrair a doença na população geral (ou população que está inicialmente saudável).
2. Mortalidade específica por uma doença: Risco de morrer pela doença na população geral (ou população que está inicialmente saudável)
3. Letalidade: Risco de morrer pela doença na população que já está doente.
Tipos de risco fornecidos pela incidência, mortalidade específica por uma doença e letalidade.
OBSERVAÇÕES:
1. Incidência
2. Mortalidade específica por uma doença
3. Letalidade
OBSERVAÇÕES:
1. Incidência: Do ponto de vista matemático, a incidência deve ser maior que a mortalidade específica pela doença (isso é, mais pessoas ficam doentes do que morrem). No máximo, elas podem ser iguais, isto é, todos que adoecem, morrem. Mas a mortalidade específica pode ser maior que a incidência.
2. Mortalidade específica por uma doença: Inclui 2 riscos de forma combinada: o risco de adoecer pela doença e, uma vez adoecendo, de morrer por aquela doença. Não é à toa que se L = M/I, então M = L x I. Por isso, afirmamos que esse indicador conjuga a incidência e a letalidade da doença em uma só medida.
3. Letalidade: Seu valor numérico deve estar entre 0 e 1. Dessa forma, se analisarmos a fórmula L = M/I, ela reforça que a mortalidade específica deve ser menor que a incidência; caso contrário, os valores da letalidade não ficam entre 0 e 1.
MORBIMORTALIDADE MATERNA
Jogo rápido: a engenharia reversa mostrou que 3 indicadores de morbimortalidade materna podem aparecer em sua prova de acesso direto ao R1:
» A razão de near miss materno (RNMM);
» A razão de mortalidade materna (RMM);
» A razão de mortalidade materna (RMMt) tardia.
Sem dúvidas, a RMM é o indicador mais cobrado.
É a situação em que uma mulher, “estando próxima da morte, sobrevive a uma complicação que ocorreu durante sua gestação, parto ou em até 42 dias após o término da sua gestação” (OMS, 2009). Em outras palavras, é uma mulher que, apesar de uma complicação obstétrica extremamente grave (CAV), acaba sobrevivendo (OMS, 2011). Chamamos de:
Near Miss Materno (NMM)
É a “morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez. É causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela.”
Morte materna (MM)
“Não é considerada morte materna a que é provocada por fatores acidentais ou incidentais.” (Ministério da Saúde, Vigilância do Óbito Materno, 2009)
É aquela que ocorre por complicações obstétricas durante gravidez, parto ou puerpério devido a intervenções, omissões, tratamento incorreto ou a uma cadeia de eventos resultantes de qualquer dessas causas”.
Morte materna por causa obstétrica direta
É aquela resultante de doenças que existiam antes da gestação ou que se desenvolveram durante esse período, não provocadas por causas obstétricas diretas, mas agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez”.
Morte materna por causa obstétrica indireta
É aquela que ocorre em uma mulher durante o ciclo gravídico-puerperal em decorrência de causas acidentais ou incidentais.
MORTE MATERNA NÃO OBSTÉTRICA
Observe que a soma dos casos de near miss materno com os óbitos maternos resultam nos casos com condições ameaçadoras de vida (CAV).
CAV = NMM + MM
Agora vem o voo da Coruja: os casos de near miss materno são contabilizados pela razão de near miss materno, enquanto os óbitos maternos até o 42º dia após o fim da gestação serão quantificados pela razão de mortalidade materna.
E a razão de mortalidade materna tardia? É o indicador que quantifica os óbitos após o 42º dia.
Ela contabiliza o número de casos de near miss materno em relação ao total de nascidos vivos de uma localidade (utilizamos o número de nascidos vivos como uma estimativa do número de gestantes da localidade). Portanto, ela não é uma medida de mortalidade, mas sim de morbidade materna extremamente grave.
RNMM
Razão de near miss materno (RNMM) = Número de casos de near miss/ Número de nascidos vivos x 1.000**
Mas, veja bem: para ser um caso de near miss materno, a mulher deve ter sobrevivido a uma condição ameaçadora de vida (CAV). Casos de mulheres com CPAV não são considerados como near miss.
Na teoria, você já sabe que uma CPAV é uma complicação obstétrica grave e uma CAV é complicação obstétrica muito grave (em outras palavras, é uma CPAV que evoluiu com falência orgânica). Mas, e na prática? Existem critérios para diferenciá-las?
Sim, existem, e é o que efetivamente cai na prova quando falamos de near miss materno. Por isso, preciso que você tenha muita atenção nas duas tabelas a seguir. Infelizmente, será preciso decorá-las, porque as bancas perguntam justamente os detalhes delas.
1. Lista de condições potencialmente ameaçadoras de vida no contexto obstétrico (CPAV)
2. Critérios diagnósticos de near miss materno (NMM) segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)
1. Lista de condições potencialmente ameaçadoras de vida no contexto obstétrico (CPAV)
- Desordens hemorrágicas Desordens hipertensivas
- Outras desordens sistêmicas
- Indicadores de manejo para situações severas
2. Critérios diagnósticos de near miss materno (NMM) segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)
- Critérios clínicos: cianose aguda, gasping, FR >40 <6/min, choque, oligúria, icterícia, perda consciência, ave, convulsões significativas
- Critérios laboratoriais: ph <7,1, lactato >5, bilirrubina >6,0, creatinina > 3,5mg, spO2 < 90%, PaO2 < 200, trombocitopenia
- Critérios baseados no manejo: Uso contínuo de drogas ativas, transfusão de ≥ 5 unidades de CH, IOT por + 60min, RCP, diálise.
Mais uma vez: apenas os casos com pelo menos um critério descrito na 2ª tabela são considerados casos de near miss materno (NMM). As bancas gostam justamente de saber se você sabe identificar os critérios diagnósticos de NMM e de CPAV.
RAZÃO DE MORTALIDADE MATERNA (RMM) E RAZÃO DE MORTALIDADE MATERNA TARDIA (RMMT)
QUAIS AS FÓRMULAS DE CADA RAZÃO?
1. Razão de mortalidade materna (RMM): - Para ser considerado um óbito materno, a causa da morte deve ser necessariamente uma causa obstétrica, isso é, o óbito deve estar ligado ao ciclo gravídico-puerperal, entre a concepção e até 42 dias após o parto
2. Razão de mortalidade materna tardia (RMMT) - contabilizamos as mortes a partir do 43º dia após o fim da gestação até, no máximo, o 365º dia
1. Razão de mortalidade materna (RMM) = Número de óbitos maternos/ Número de nascidos vivos x100.000
2. Razão de mortalidade materna tardia (RMMt) = Número de óbitos por causas maternas/ Número de nascidos vivos x 100.000
Agora, olha que interessante: com o avanço da medicina, é muito comum prolongarmos a vida do paciente por meio de diversas intervenções, postergando a conclusão do processo de morte. Nesse sentido, é possível que uma puérpera evolua para o óbito após o 42º dia do fim da gestação. Quando isso acontece, esse óbito não é mais chamado de óbito ou morte materna, mas sim de óbito ou morte por causa materna. Nesse sentido, a razão de mortalidade materna tardia (RMMt) é a estratégia utilizada justamente para contabilizarmos as mortes decorrentes do ciclo gravídico-puerperal que só ocorreram após esse período.
Conceitos de MORTE MATERNA
- ocorre durante a gestação ou até 42d pós parto
- depende da duração da gravidez
- não engloba óbitos acidentais ou incidentais
- relação entre mortes maternas / nascidos vivos X 100.000
RAZÃO DE MORTALIDADE MATERNA (RMM)
Se o motivo do óbito foi uma causa externa (acidental ou incidental), como atropelamento ou acidente de carro, ele não é contabilizado para as estatísticas de óbito materno. Fique atento, pois essa é uma pegadinha muito comum em provas de Residência Médica!
MORTALIDADE MATERNA TARDIA
A engenharia reversa mostrou que 100% das questões sobre RMMt querem saber qual é o intervalo máximo de tempo em que as mortes por causas maternas podem ser contabilizadas. Como vimos acima, contabilizamos as mortes a partir do 43º dia após o fim da gestação até, no máximo, o 365º dia.
MORTALIDADE MATERNA
As causas obstétricas podem ser divididas em diretas e indiretas.
- São aquelas que foram desencadeadas diretamente pelo ciclo gravídico-puerperal. Em outras palavras, são condições que a gestante, parturiente ou puérpera, não apresentaria se não estivesse no ciclo supracitado, como as infecções puerperais e as hemorragias uterinas.
- São doenças ou condições clínicas da mãe (muitas vezes anteriores à gestação), mas que foram agravadas pelo ciclo gravídico puerperal. Um exemplo clássico é o da mulher previamente hipertensa que apresenta descompensação clínica durante a gestação e acaba evoluindo para o óbito em decorrência disso.
1. Causas Obstétricas Diretas
2. Causas Obstétricas Indiretas
Quais as 5 principais causas de mortalidade materna?
1. HAS
2. Hemorragia
3. Infecção puerperal
4. Doenças circulatórias complicadas na gravidez
5. Aborto
Causa acidental é ou não é causa de morte materna direta/indireta?
Não é.
Definição de morte materna
Morte de mulher durante gestação até 42 dias pós parto, independente de duração ou localização de gravidez, porém não devido a causas acirentais/ incidentais.
Definição de morte materna tardia
Morte de mulher por causas obstétricas diretas ou indiretas, entre 43 dias e 1 ano do parto.
Relação entre prevalência e incidência na morbidade.
Prevalência = Incidência x Duração (P= I x D)
MORTALIDADE EM CRIANÇAS
Os mais cobrados são o COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL e seus 2 componentes, o coeficiente de mortalidade neonatal e o coeficiente de mortalidade pós-neonatal.
Diferenças entre: 1. nascimento vivo, 2. óbito fetal e 3. óbito infantil.
Nascimento vivo: expulsão ou extração completa do corpo da mãe, independentemente da duração da gravidez, de um produto de concepção que, depois da separação, respire ou apresente qualquer outro sinal de vida, tal como batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária, estando ou não cortado o cordão umbilical e estando ou não desprendida a placenta.
Óbito fetal: é a morte de um produto da concepção, antes da expulsão ou da extração completa do corpo da mãe, com peso ao nascer igual ou superior a 500 gramas. Quando não se dispuser de informações sobre o peso ao nascer, considerar aqueles com idade gestacional de 22 semanas (154 dias) de gestação ou mais. Quando não se dispuser de informações sobre o peso ao nascer e idade gestacional, considerar aqueles com comprimento corpóreo de 25 centímetros cabeça calcanhar ou mais.
Óbito infantil: é aquele ocorrido em crianças nascidas vivas desde o momento do nascimento até um ano de idade incompleto, ou seja, 364 (trezentos e sessenta e quatro) dias.
Doença vascular prévia
É o principal indicador dessa categoria, uma vez que contabiliza TODOS os óbitos infantis da localidade, do 0 ao 364º dia de vida, e informa o risco de óbito durante o primeiro ano de vida. Quanto maior for o valor desse indicador, piores são as condições de vida e de saúde da região.
Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI)
CMI = Número de óbitos em menores de 1 ano de idade/ Número de nascidos vivos x 1.000