Infecções congênitas Flashcards
V ou F: Um estrabismo bilateral fala mais a favor de alterações no desenvolvimento da criança, enquanto o unilateral fala a favor de infecção.
V.
Epidemiologia toxoplasmose:
- É uma zoonose causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, parasita intracelular obrigatório.
- A transmissão é vertical, após infecção materna primária durante a gestação ou por reativação da infecção latente em mulheres imunodeprimidas.
- O Brasil tem uma das mais elevadas prevalências de toxoplasmose congênita do mundo, com taxas estimadas de 1:3.000 nascidos vivos. Por isso, há a necessidade de detectar as gestantes com risco de infecção aguda durante a gravidez para tratamento adequado, diminuindo o risco de doença fetal.
- Quanto mais precoce a idade gestacional, menor a probabilidade de transmissão, porém, mais grave é a infecção. O contrário ocorre no final da gestação, quando a probabilidade de transmissão é maior, porém, a infecção é menos grave.
Patogenia da infecção congênita da toxoplasmose:
• Depois de replicar-se ativamente na placenta, a parasitemia atinge praticamente todos os sistemas orgânicos do feto, com exceção da hemácia. Os locais mais acometidos são as túnicas oculares e o sistema nervoso central.
Quadro clínico toxoplasmose na gestante:
• Assintomáticas ou quadro clínico inespecífico como febre, mialgia, linfadenopatia, odinofagia, exantema maculopapular e hepatoesplenomegalia (síndrome de mononucleose like).
Quadro clínico infecção congênita pela toxoplasmose:
• Cerca de 85% são assintomáticos. As manifestações clínicas, se presentes, são em sua maioria viscerais, neurológicas ou oftalmológicas. ✓ Hepatoesplenomegalia ✓ Linfadenopatia ✓ Icterícia ✓ Anemia ✓ Retinocoroidite ✓ Estrabismo ✓ Anormalidades liquóricas ✓ Crises convulsivas ✓ Hidrocefalia ✓ Microcefalia ✓ Calcificações cerebrais Tétrade de Sabin: 1) Coriorretinite; 2) Calcificações intracranianas difusas; 3) Hidro ou Microcefalia; 4) Retardo Mental.
- Sistema Nervoso Central: Áreas de necrose com calcificações generalizadas, hidrocefalia, microcefalia, convulsões, retardo no desenvolvimento neuropsicomotor.
- Olhos: Coriorretinite e estrabismo.
Diagnóstico infecção congênita pela toxoplasmose:
• Exames de Imagem o USG e TC: Calcificações intracranianas disseminadas de aspecto grosseiro no parênquima cerebral.
• Exame Oftalmológico o Fundoscopia: Coriorretinite • Exames Laboratoriais o Sorologia IgM e IgG o Teste da Avidez o PCR no líquido amniótico
− Na primeira consulta de pré-natal, deve-se realizar a sorologia materna, tanto IgG quanto IgM.
− O IgM se eleva após 1 ou 2 semanas após a infecção aguda, permanecendo positivo por 2 a 3 meses. O IgG também se eleva 1 ou 2 semanas após a infecção aguda, atingindo um pico em 3 a 6 meses, seguindo queda lenta, mas positivo pelo resto da vida.
− Dessa forma, em caso de sorologia materna positiva para IgM (independentemente do resultado para IgG), para confirmar o momento da infecção aguda, sugere- se o teste da avidez do IgG. Quando a avidez é elevada, ou seja, > 60%, afirma-se que a infecção ocorreu há mais de 3 ou 4 meses, ou seja, anterior à gestação.
Tratamento toxoplasmose congênita :
- Toxoplasmose Congênita Pirimetamina + Sulfadiazina + Ácido Folínico (12 meses)
- Toxoplasmose Congênita COM Coriorretinite ou Hiperproteinorraquia Pirimetamina + Sulfadiazina + Ácido Folínico + Prednisona (12 meses)
Epidemiologia síndrome da rubéola congênita:
- Causada pelo vírus da família Togavírus, em que o homem é o único hospedeiro.
- O risco de defeitos congênitos é maior quando a grávida adquire infecção primária durante o 10 trimestre.
- A infecção adquirida após o 40 mês de gestação, em geral, não se encontra associada a malformações fetais, nem à persistência do vírus.
- A viremia materna é seguida de infecção placentária e posterior viremia fetal.
- O programa de vacinação objetiva a prevenção da síndrome da rubéola congênita.
Quadro clínico síndrome da rubéola congênita:
- Deficiência Auditiva (80 – 90%): É a manifestação mais comum, provocada por alterações degenerativas da cóclea a do órgão de Corti (neurossensorial), ocorrendo em graus variáveis e, geralmente, bilateral.
- Retardo de Crescimento Uterino (50 – 85%): É a infecção congênita mais associada ao CIUR e baixo peso ao nascer.
- Manifestações Cardíacas (30 – 40%): As principais são a persistência de canal arterial (PCA) e estenose pulmonar.
- Malformações Oculares: Catarata (geralmente bilateral), glaucoma, retinopatia e microftalmia.
- Sistema Nervoso Central (SNC): Microcefalia, meningoencefalite, tetraplegia espástica, retardo do desenvolvimento psicomotor.
- Viscerais: Hepatomegalia e icterícia, esplenomegalia, púrpura trombocitopênica, pneumonite intersticial e lesões ósseas.
Diagnóstico síndrome da rubéola congênita:
• Gestante o Sorologia IgM e IgG
• Recém-nascido
o Sorologia IgM e IgG
− IgM positivo = Diagnóstico confirmado!
− IgM negativo e IgG positivo: Repetir a dosagem de IgG após 3 meses
▪ IgG positivo = Confirmação diagnóstica!
▪ IgG negativo = Exclusão diagnóstica!
OBS: Deve-se repetir a dosagem de IgG em caso da primeira ter sido positiva para confirmar se estes anticorpos são fetais ou maternos, transmitidos durante a gestação.
Profilaxia síndrome da rubéola congênita:
• Vacina Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola) o 1ª dose aos 12 meses e reforço aos 4 – 6 anos o Mulheres em idade fértil (12 – 40 anos) com sorologia negativa Soroconversão em 95% dos susceptíveis!
Tratamento síndrome da rubéola congênita:
• Não há tratamento disponível para rubéola congênita ou adquirida!
• Em recém-nascidos com rubéola congênita deve-se realizar completa avaliação de defeitos congênitos por meio de hemograma, RX de ossos longos, ECO, exame de imagem do SNC e avaliação audiométrica (emissões otoacústicas e BERA)
– Acompanhamento multidisciplinar!
Epidemiologia citomegalovirose:
- Causada pelo vírus da família Herpesviridae, membro do grupo herpes-vírus, do qual fazem parte o vírus Herpes-simples 1 e 2, Epstein-Barr, Varicela-Zoster e Herpes-vírus Humano 6 e 7.
- A infecção congênita ocorre mais frequentemente quando a mãe se infecta pela primeira vez durante a gestação e, mais raramente, é resultado de reativação de um processo latente.
- A maior gravidade da infecção ocorre quando a transmissão ocorre em fases iniciais da gestação, ao passo que a maior probabilidade de contaminação se dá no último trimestre.
Transmissão citomegalovirose:
- Congênita: Infecção materna primária durante a gestação, reativação da infecção latente em mulheres imunodeprimidas ou reinfecção.
- Perinatal Intraparto: Exposição a secreções vaginais.
- Pós-Natal: Leite materno (principalmente em prematuros) e transfusão de sangue ou derivados.
Quadro clínico citomegalovirose:
► QUADRO CLÍNICO
• Geralmente, assintomático ao nascimento
• Prematuridade
• Retardo de crescimento uterino (CIUR)
• Microcefalia
• Calcificações cerebrais periventriculares
• Hepatoescplenomegalia, hepatite e icterícia
• Pneumonia
• Petéquias, trombocitopenia e anemia
• Perda auditiva neurossensorial
• Corioerretinite
ATENÇÃO! A infecção congênita por CMV é a principal causa de surdez neurossensorial de causa viral na infância.