Individuais Flashcards
Terapia Focada em Esquemas (TFE): Fundamentos
Terapia focada nos esquemas (J. Young et al., 1990; 1999) = terapia integrativa,
* expande os tratamentos cognitivo-comportamentais, combina estratégias cognitivas, comportamentais, psicodinâmicas, relações objetais, construtivistas e humanistas.
* Terapia esquemas pode ser breve, intermédia ou longa em função do paciente
Surge a partir da teoria de A. Beck, em particular da sua aplicação às perturbações de personalidade e perturbações psicológicas graves e crónicas.
Evolução da TC para TFE
TC e TCC são habitualmente de tempo limitado, focadas no treino de competências, na redução de sintomas e solução de problemas da vida corrente do cliente Evidência empírica da eficácia das TCC.
No entanto apresentam alguns Problemas:
* Taxa de recaída ronda os 30%, ou seja alguns clientes não são eficazmente ajudados por estes tratamentos.
* Maior fracasso na resposta ao tratamento por clientes com Perturbações de Personalidade e perturbações crónicas.
* Alguns pacientes com características de personalidade que perturbam a adesão e eficácia dos tratamentos
Exemplo A e B (1)
Evolução da TC para a TFE: Pressupostos da TC breve
TC breve destinada ao tratamento das perturbações depressivas e ansiosas
* os clientes têm acesso aos sentimentos, pensamentos e memórias com um treino breve;
* possuem problemas identificáveis nos quais se pode focar a terapia;
* os clientes estão motivados para se envolverem na terapia bem como nas tarefas que ela implica (ex. tarefas para realizar dentro e fora da sessão)
* Os clientes são capazes de se envolverem numa relação de colaboração com o terapeuta
* as dificuldades na relação terapêutica não são um problema significativo a abordar na terapia; geralmente a RT não é um ingrediente ativo da terapia
* todas as cognições e padrões comportamentais podem ser modificados através da análise de evidência empírica, debate lógico, experimentação, passos graduais e prática, estratégias típicas da intervenção cognitiva
Estes pressupostos não se aplicam a clientes com problemas crónicos e com perturbações de personalidade.
Evolução da TC para a TFE: Mecanismos de manutenção do problema
Apresentados por clientes com PPs e problemas crónicos, o que impede a TC breve de funcionar
* Menos disponíveis para fazer TPC, para aprender estratégias de autocontrolo, preferem obter orientações dos terapeutas…
* Dificuldades em aceder a pensamentos e emoções –> bloqueio de pensamentos e imagens / memórias perturbadores.
* Evitam aprofundar trabalho sobre si próprios –> evitam memorias ou sentimentos negativos.
* Evitam situações e comportamentos que são essenciais para o seu progresso. Este evitamento é uma resposta aprendida // protetora que é reforçada negativamente pela redução do afeto negativo.
* Os sintomas de ansiedade / depressão são ativados por estímulos associados à infância, mas estes memórias são evitados para evitar a emoção.
* Extrema resistência, pouca flexibilidade e menor responsividade às estratégias cognitivas e as melhorias demoram imenso tempo a emergir.
* Rigidez e desesperança em relação à mudança. Os problemas caracterológicos são egosintónicos, os padrões autodestrutivos parecem ser parte de si (história da minha vida) e é difícil imaginarem-se a ser diferentes. A mudança é ameaçadora.
* Dificuldades na relação –> espelham as relações interpessoais fora da terapia –> relação terapêutica é central para avaliar problemas e planear o tratamento. exemplo
o PPB –> dificuldade em formar RT seguras, estáveis
o PPN; Paranoide… Desligados, hostis, incapazes de colaborar..
Evolução da TC para a TFE: Conclusão
Quadros (2) e nota
Conceito de esquema: Modelo cognitivo de Beck
- Esquemas cognitivos –> estrutura cognitiva = representações nucleares e estáveis do conhecimento que o sujeito faz de si, do mundo e dos outros, e que orientam o processamento da informação; definem modos específicos de construção da realidade / estruturas de significação.
- Do ponto de vista evolutivo, os esquemas servem uma função adaptativa – organizam a nossa experiência do mundo em padrões de significado (reduzindo a complexidade / caos do ambiente), selecionando informação. Podem ser positivos ou negativos, precoces ou tardios.
- Esquemas cognitivos negativos –> processos cognitivos disfuncionais (distorções, erros e omissões nesse mesmo processamento de informação) –> produtos cognitivos que mantêm o esquema (porque diminuem a dissonância cognitiva e impossibilitam a vivência de experiências desconfirmatórias do esquema )
Conceito de esquema: Modelo da J. Young da TFE
Esquemas precoces e mal adaptados (EPM) - No trabalho com PP, Young e colaboradores definiram um conjunto de esquemas precoces mal adaptativos.
* Padrão ou tema abrangente e desadaptativos, que inclui memórias, emoções cognições e sensações corporais, em relação a si próprio e aos outros.
* Desenvolve-se na infância ou adolescência, elaborado ao longo da vida.
* Disfuncional num determinado grau e resistentes à mudança.
* Nem sempre são conscientes e quando ativados são acompanhados por elevados níveis emocionais
Tabela (2)
Os esquemas são dimensionais –> Podem ter diferentes níveis de rigidez ou resistência à mudança
Maior severidade –> maior quantidade de situações que os ativam, mais intenso é o afeto negativo, maior duração.
* Ex.1 crianças com dois pais críticos na infância… (e.g. JT; esquema de defeito pervasivo…)
* Ex.2 apenas um dos pais é critico… Pode ativar o esquema apenas na presença de figuras de autoridade do mesmo género…
Alguns autores sugerem que para cada EPM há uma esquema positivo e adaptativo correspondente (teoria da polaridade de Elliott, Elliott e Larsen, 1997) // baseado na teoria do desenvolvimento de Erikson.
Origens dos Esquemas
Necessidades emocionais nucleares não satisfeitas durante a infância, nos contextos significativos.
Todas as pessoas têm estas necessidades. Um pessoa psicologicamente saudável é alguém que consegue estas necessidades emocionais satisfeitas de uma forma adaptada.
Origens dos Esquemas: necessidades universais
- Vinculação segura aos outros /Pertença ( segurança, estabilidade, afeto, aceitação)
- Autonomia, competência e sentido de identidade
- Liberdade para expressar as emoções e desejos válidos
- Espontaneidade e jogo/ brincadeira
- Limites realistas e autocontrolo
Origem dos esquemas: como se formam os EPMs
Satisfação da necessidades emocionais nucleares em função da interação entre temperamento inato da criança e ambiente precoce –> se há frustração, formam-se os EPMs
* As experiências tóxicas/danosas da infância são as origens primárias dos EPM
* Os EMP mais fortes geralmente desenvolvem-se na família nuclear (em larga extensão as dinâmicas da família são as dinâmicas do mundo precoce da criança)
* Ao longo do desenvolvimento outros contextos ganham mais relevância
* Os EMP desenvolvidos mais tarde tendem a não ser tão poderosos e pervasivos (ex. EPM de isolamento social
Origem dos esquemas: temperamento
Cada criança tem um temperamento distinto e único desde a nascença (dimensões biológicas da personalidade).
Dimensões do temperamento emocional que supostamente são inatas e relativamente imutáveis em psicoterapia:
Labilidade ——não reatividade
Distímica ——-otimista
Ansiedade —–calma
Obsessiva ——-distraível
Passiva ———agressiva
Irritável ———risonha
Tímida ———-sociável
O temperamento é uma mistura única destas dimensões
Diferentes temperamentos expõem as crianças a diferentes circunstancias de vidas
Ex. uma criança agressiva pode suscitar mais experiencias de violência parental
O mesmo tratamento parental pode ativar reações diferentes em crianças com temperamentos diferentes
Ex. rejeição maternal criança tímida pode ficar mais dependente da mãe; (mais risco EPM) criança mais sociável pode fazer outras ligações positivas e significativas resiliência
O ambiente precoce extremamente favorável ou aversivo pode superar o temperamento emocional num grau significativo.
Um temperamento emocional extremo pode produzir psicopatologia na ausência de aparente justificação ambiental…
Origem dos esquemas: conclusão da origem dos EPMs
- Na frustração “tóxica” das necessidades de estabilidade, amor, compreensão
- Na traumatização - a criança é maltratada, criticada, controlada ou vitimizada
- Em ter “demasiado de uma coisa boa”
- Na identificação e internalização seletivas de outros significativos, com as os seus pensamentos, emoções, experiências
Domínios e tipos de esquemas precoces mal adaptativos
Young e Coautores propões a existência de 5 domínios (categorias gerais de necessidades emocionais não satisfeitas) que podem levar ao desenvolvimento de 18 EPMs
Domínios:
1. Desconexão e rejeição
2. Autonomia e desempenho prejudicados
3. Limites insuficientes
4. Orientação para o outro/ Focalização nos outros
5. Hipervigilância e inibição
1º Domínio: características, famílias, EPM
1º Domínio: Desconexão e rejeição
Domínio ligado ao sentimento de frustração com relação às expectativas de segurança, estabilidade, carinho, empatia, partilha de sentimentos, aceitação.
Estas necessidades não foram satisfeitas de um modo previsível
Famílias
Frias
Instáveis
Abusivas
Desligadas
Rejeitantes
EPM
Privação emocional
Abandono/instabilidade
Desconfiança/abuso
Isolamento social
Defeito / vergonha
1º Domínio: EPM principal
Abandono /instabilidade: perceção de instabilidade ou pouca segurança no suporte disponível e relação com os outros. Sentido de que os outros significativos não serão capazes de continuar a dar suporte, conexão, força, proteção pratica porque são emocionalmente instáveis e imprevisíveis (ex., de repente zangam-se, vão embora). Os outros não são confiáveis. Abandonarão em favor de alguém melhor
2º Domínio: características, famílias, EPM
2º Domínio: Autonomia e desempenho prejudicados
Domínio ligado a sentimentos de incapacidade experimentados pelo indivíduo no que se refere à possibilidade de se separar dos outros conquistando a autonomia necessária para sobreviver de forma independente e com bom desempenho.
Famílias
Hiper protetoras
Não reforçadora da performance com autonomia
Intrusivas/bloqueando processo de diferenciação
Emaranhadas
EPM
Fracasso
Dependência/Incompetência funcional
Vulnerabilidade ao perigo/doença
Self-emaranhado-ou-subdesenvolvido
2º Domínio: EPM principal
Dependência/incompetência: crença de que se é incapaz de realizar as responsabilidade diárias de forma competente, sem ajuda significativa dos outros (ex., resolver problemas diários, tomar boas decisões…). Experiência de desamparo.
3º Domínio: características, famílias, EPM
3º Domínio: Limites insuficientes
Possível de ser identificado pela deficiência nos limites internos, pela ausência de responsabilidade com os outros e/ou pela dificuldade de orientação para a concretização de objetivos distantes.
Prejuízos no respeito dos direitos dos outros, na reciprocidade, na cooperação e no compromisso com metas ou desafios.
Apresenta-se como egoístas, mimados, narcísicos, irresponsáveis
Famílias
Permissividade, sobre indulgência
Falta de direção
Ausência de confronto apropriado de limites
Indefinição de regras para assumir responsabilidade e cooperar, definir objetivos
EPM
Grandiosidade/ titularidade
Autocontrolo ou autodisciplina insuficiente
3º Domínio: EPM principal
Grandiosidade/ titularidade: crença de que se é superior aos outros, que se tem direitos e privilégios especiais; não se limitar pelas regras de reciprocidade que orientam a interação social.
* Insistência em que se deve ter o que se quer, independentemente de ser realista, o que os outros consideram razoável ou com custos para os outros.
* Exagerado foco na superioridade (ex., estar entre os mais bem sucedidos, mais famosos) de modo a conseguir poder e controlo.
* Pode envolver excessiva competitividade em relação aos outros, forçar o seu ponto de vista, controlar o comportamento dos outros de acordo com os seus desejos, sem empatia ou preocupação com os sentimentos dos outros.
4º Domínio: características, famílias, EPM
4º Domínio: Orientação para o outro/ Focalização nos outros
Funcionamento com foco excessivo nos desejos e sentimentos dos outros, em função da constante busca de obtenção de amor e evitar retaliação.
Muitas vezes, a pessoa abdica das suas próprias necessidades com o intuito de obter aprovação, podendo suprimir a consciência dos próprios sentimentos e tendências naturais
Famílias
Demonstração de amor condicional: as crianças devem suprimir aspetos de si mesmo para obter amor, atenção e aprovação.
As necessidades e desejos emocionais dos pais, ou a aceitação social e status, são mais valorizados do que as necessidades e sentimentos da criança
EPM
Subjugação
Autossacrifício
Procura de aprovação / reconhecimento
4º Domínio: EPM principal
Autossacrifício: excessivamente centrado de forma voluntária nas necessidades dos outros, no dia-a-dia, em detrimento das suas próprias necessidades e gratificação.
* Prevenir causar dor nos outros, evitar culpa de se sentir egoísta, manter a ligação com os outros que é percebida como necessária.
* Sensibilidade aguda à dor dos outros. Por vezes há o sentimento de que as próprias necessidades não foram adequadamente satisfeitas e o ressentimento em relação aqueles de quem cuidaram.
5º Domínio: características, famílias, EPM
5º Domínio: Hipervigilância e inibição
Refere-se ao bloqueio da felicidade, autoexpressão, relaxamento, relacionamentos íntimos e ao comprometimento da própria saúde em razão da ênfase excessiva na supressão dos sentimentos, dos impulsos e das escolhas pessoais espontâneas.
Regras e expectativas rígidas internalizadas sobre desempenho e comportamento ético geralmente integram este padrão de funcionamento
Famílias
Sombria, Exigente e por vezes punitiva
Ênfase na performance, obrigações, perfecionismo, regras, esconder emoções e evitar erros. Pessimismo subjacente e preocupação que algo escape se fracassarmos na vigilância e cuidado a todo o momento
EPM
Negativismo e pessimismo:
Inibição emocional:
Metas exigentes/inalcançáveis/hipercriticimo
Castigo
5º Domínio: EPM principal
Metas exigentes / inalcançáveis / hipercriticismo: crença profunda de que se deve esforçar por atingir metas de comportamento e rendimento muito elevadas, normalmente para evitar críticas.
* Tipicamente resulta em sentimentos de pressão ou dificuldade para descansar, hipercrítica em relação a si e aos outros, prejuízo significativo no prazer, relaxamento, saúde, autoestima, relações satisfatórias…
* Frequentemente apresentam perfecionismo: atenção ao detalhe, subestimação das boas performances; regras rígidas e “deveres” em muitas áreas da vida ( moral, cultura, ética, religião) ou preocupação com tempo e eficiência, necessidade de conseguir mais
Estilos e respostas de coping: esquema vs estratégia
A terapia dos esquemas diferencia entre esquema e estratégias que o individuo usa para lidar com o esquema. Estratégias –> estilos de coping
Os estilos de coping surgem como uma forma de lidar com os esquemas desadaptativos
Estilos de coping são em geral adaptativos na infância = mecanismos de sobrevivência saudáveis
Tornam-se mal adaptativos quando a criança cresce porque os EC perpetuam o esquema, mesmo quando as condições do sujeito mudam e há outras opções mais positivas.
Cada cliente usa diferentes estilos de coping em diferentes situações, em diferentes estádios da sua vida, para lidar com o mesmo esquema.
Assim os estilos de coping não são estáveis ao longo do tempo, embora o esquema seja.
EPM –> ameaça / frustração de necessidades emocionais nucleares
Medo de emoções intensas –> ameaça
Estilos de coping
Estilos de coping mal adaptativos: respostas comportamentais, cognitivas e emocionais.
1. processos de rendição ao esquema, (paralisia)
2. processos de evitamento do esquema (fuga)
3. processos de sobrecompensação do esquema (luta).
Exemplo: Três clientes que lidam com o esquema de defeito/vergonha com diferentes mecanismos:
1º. procura amigos e companheiros críticos
2º. evita estar perto de qualquer outra pessoa
3º. adota atitude critica e superior com os outros
Estilos de coping: Estilo de rendição
Estilo de rendição
O estilo de rendição está mais associado a processos de reforço dos esquemas: distorções cognitivas e padrões de comportamentos autoderrotistas.
Aceitação e rendição à confirmação do esquema –> aceitam que o esquema é verdadeiro
* Procura de relações que reiteram as situações geradoras do esquema
* Reagem com excessiva emoção face a situações ativadoras do esquema
* Agem de forma a confirmar o esquema // sem se aperceberem repetem os padrões do esquema
Ex. cliente com um EPM de defeito/vergonha, prestará mais atenção a pistas de rejeição por parte dos outros, menosprezando, ou até não identificando como tal, sinais de aprovação por parte do grupo. (distorce a realidade no sentido de confirmar e manter inalterado o esquema)
Estilos de coping: Estilo de evitamento
O estilo de evitamento está associado a tentativas de não entrar em contato com o sofrimento decorrente da ativação do EPM (nível cognitivo, emocional ou comportamental).
A ativação dos EPM é acompanhada por níveis elevados de afeto negativo
↓
Estratégias comportamentais, cognitivas e emocionais com as quais o sujeito tenta desviar-se de pensamentos ou situações que podem ativar o esquema e a sua experiência emocional. Podem ser processos automáticos ou intencionais. [Ex. ausência de expressão emocional face a acontecimentos traumáticos, esquecimento de dados autobiográficos significativos ( e.g., abuso)]
Evitam pensar em temas relacionados com o esquema, tenta não sentir / experienciar as emoções ligadas ao esquema,
Ex., beber em excesso, consumir drogas, envolvimentos sexuais promíscuos, sobrereações, limpar compulsivamente, workaholics.
Ex., evitar relações intimas ou mudanças de emprego…, alguns rejeitam áreas de vida onde se sentem muito vulneráveis
Estilos de coping: Estilo de sobrecompensação
O estilo de compensação está associado ao padrão oposto ao esperado no EPM.
* Os processos de sobrecompensação do esquema podem ser vistos como tentativas parcialmente bem sucedidas dos clientes para desafiar os seus esquemas.
* A sobrecompensação é uma forma de escapar à dor e ao sentimento de vulnerabilidade e desespero com que o individuo cresceu.
* Se a sobrecompensação ativa comportamentos equilibrados em algumas situações, se tem em atenção as experiências dos outros, pode levar a resultados ajustados e desejáveis.
* Mas habitualmente a sobrecompensação leva a comportamentos exagerados, desajustados / e contra-ataque.
Ex. alguns doentes que tenham experienciado privação emocional significativa enquanto crianças, comportam-se, quando adultos, de uma forma narcísica.
* Quando a sobrecompensação falha o esquema é ativado intensamente
Ex. o narcisista pode acabar por alienar os amigos e entrar num estado de privação, ativando assim o EPM primário.
Estilos de coping associados aos EPMs principais: 1º domínio
Desconexão e rejeição –> Abandono/Instabilidade
Rendição: Seleciona parceiros e outros significativos que estão indisponíveis ou são imprevisíveis;
Evitamento: Evita qualquer tipo de relacionamento intimo por medo de abandono;
Sobrecompensação: Afasta-se dos parceiros e outros significativos devido a comportamentos de possessão, controladores…
Estilos de coping associados aos EPMs principais: 2º domínio
Autonomia e desempenho prejudicados –> Dependência/Incompetência
Rendição: Pede por ajuda excessivamente; verifica as suas decisões com outros; escolhe parceiros demasiado protetores que fazem tudo por si;
Evitamento: procrastina nas suas decisões; evita agir de forma independente ou de ter responsabilidades normais de um adulto;
Sobrecompensação: demonstra auto-dependência excessiva, mesmo quando pedir ajuda a outros seria normal e saudável
Estilos de coping associados aos EPMs principais: 3º domínio
Limites Insuficientes –> Grandiosidade
Rendição: tem relacionamentos desiguais ou sem carinhos com parceiros e outros significativos; comporta-se de forma egoísta; descarta as necessidades e sentimentos dos outros; atitude de superioridade;
Evitamento: Evita situações na qual não pode sobressair;
Sobrecompensação: Dá prendas extravagantes ou contribui caridosamente para compensar pelo comportamento egoísta.
Estilos de coping associados aos EPMs principais: 4º domínio
Orientação para o Próximo –> Autossacrifício
Rendição: Envolve-se em auto-negação; faz demasiado pelos outros e não o suficiente por si;
Evitamento: Evita relacionamentos próximos;
Sobrecompensação: fica com raiva dos significativos por não reciprocarem ou por não mostrarem apreciação por si; decide parar de fazer coisas pelos outros.
Estilos de coping associados aos EPMs principais: 5º domínio
Hipervigilância –> Hipercriticismo/ Standards implacáveis
Rendição: Tenta comportar-se na perfeição; cria standards altos para si e para os outros;
Evitamento: Evita aceitar tarefas de trabalho; procrastina;
Sobrecompensação: Deita fora os standards altos e contenta-se com uma performance baixa-média
Sobrecompensação: Dá prendas extravagantes ou contribui caridosamente para compensar pelo comportamento egoísta.
Desenvolvimento dos estilos de coping
Em função do temperamento:
* Temperamento passividade –> rendição ou evitamento
* Temperamento de agressividade –> sobrecompensação
Em função da modelagem + internalização seletiva das figuras de vinculação.
Respostas de coping
São as respostas ou comportamentos concretos através dos quais os estilos de coping se manifestam
* Estilo de coping é um traço == repertório de respostas de coping que o individuo tende a usar para manter, evitar ou compensar o esquema
* Resposta de coping é um estado == resposta especifica num dado tempo
Ex. após rutura relacional. O homem com esquema de abandono –> bebe até ficar ficar embriagado (Estilo Coping evitamento + resposta de coping beber)
Muitos clientes usam uma combinação de respostas e estilos de coping (podendo oscilar entre vários estilos
Modos de esquemas
Derivam de combinações de esquemas e estilos de coping que tendem a associar-se e a serem ativados em conjunto
São estados emocionais e respostas de coping, adaptativos e não adaptativos, que todos nós experienciamos.
Modos de esquemas: categorias gerais
Grupos de 4 categorias gerais:
A. Modo criança
B. Modo de coping disfuncional C. Modo pais disfuncionais
D. Modo adulto funcional
Alguns clusters de esquemas e respostas de coping são ativados em conjunto
Ex. no modo de criança vulnerável = o afeto é de criança desamparada, frágil, assutada e triste. Neste modo o cliente pode ter ativado os esquemas de privação emocional, abandono, vulnerabilidade
Modelo focado nos estados correntes: categoria A
A – Os modos de criança são inatos e universais.
Todas as crianças nascem com potencial para se manifestarem:
* Criança vulnerável: crianças abandonada, abusada, com privação, rejeitada;
* Criança zangada: manifestação da raiva sem olhar às consequências por frustração das necessidades;
* Criança indisciplinada / impulsiva: expressa emoções, atos e desejos seguindo inclinações naturais sem ponderar consequências;
* Criança feliz: as necessidades estão satisfeitas no momento;
Modelo focado nos estados correntes: categoria B
B – Modos de coping
* Rendido/acomodado: criança passiva, desanimada, concordante com os outros;
* Protetor/desligado: desligada da dor do esquema, desligada emocionalmente, abusiva de substancias, autoestimulante, evitando pessoas e utilizando outras formas de escape;
* Sobrecompensador: ataca de volta, maltratando outros, com comportamentos extremos numa tentativa de desaprovar o esquema.
Modelo focado nos estados correntes: categoria C
C – Modos parentais disfuncionais
O cliente torna-se como os pais, internalizando-os
* Pais punitivos: pune um dos modos da criança por ser mau
* Pais exigentes: continuamente empurra a criança para altas exigências/standard
Modelo focado nos estados correntes: categoria D
D – Modo adulto saudável
Cuida e modera os outros modos
TFE (P): Objetivo
Objetivo da Terapia Focada nos Esquemas é a tomada de consciência psicológica e controlo consciente sobre os esquemas (a pessoa entender que tem um determinado esquema desadaptativas dá um maior controlo e noção à pessoa de como funciona)
O terapeuta ajuda o cliente a identificar os seus esquemas e a tornar-se consciente das memórias de infância, emoções, sensações corporais, cognições e estilos de coping associados ao esquema.
A consciência do esquema e dos estilos de coping ajudam a ganhar alguma possibilidade de controlo sobre as suas respostas;
Regular a expressão das memórias emocionais (regulação dos circuitos da amígdala), através do controlo por parte do córtex;
Aumentar o controlo consciente sobre esquemas, enfraquecer as memórias, emoções, sensações corporais, cognições e comportamentos associados ao esquema
TFE (P): Avaliação e Fase de Educação - Objetivos
Objetivos
1. Ajudar e identificar os esquemas e a compreender as suas origens na infância e na adolescência; (a identificação dos esquemas é difícil – ex. uma pessoa que aparente ser bastante confiante até podendo parecer narcísica, pode na realidade ter um esquema de insegurança, ao qual sobrecompensa)
2. Esclarecer sobre o modelo dos esquemas;
3. Ensinar e identificar e a reconhecer os estilos de coping mal adaptativos e como as respostas ajudam a manter o esquema;
4. Ensinar sobre modos esquemáticos primários e ajudar a compreender como passam de um modo para outro;
5. É importante a compreensão intelectual das operações dos esquemas, mas também o seu processo emocional.
TFE (P): Avaliação e Fase de Educação - Estratégias
Entrevista de história de vida;
Questionário de esquemas (Young); Questionários parentais; Questionário de evitamento; Questionário de Compensação.
Automonitorização;
Exercícios de imaginação que ativem o esquema ajudando a fazer ligações emocionais entre os problemas presentes e os da infância;
Desenvolver uma conceptualização do caso com foco nos esquemas;
Negociação da terapia focada nos esquemas = estratégias comportamentais, cognitivas, emocionais/experienciais/ foco na relação terapêutica
Negociação dos objetivos de terapia (o que é que a pessoa quer obter da terapia? Quais são os limites?)
TFE (P): Fase de Mudança
Articular estratégias cognitivas, comportamentais, experienciais, interpessoais de modo flexível, dependendo das necessidades do cliente;
O protocolo de intervenção não é rígido, deve ser responsivo às necessidades do cliente.
TFE (P): Fase de Mudança - Técnicas Cognitivas
- Testar a validade do esquema;
- Analisar a evidência que suporta o esquema;
- Avaliar as desvantagens e vantagens dos estilos de coping;
- Conduzir diálogos entre o lado do esquema e do lado saudável;
- Construir flashcards do esquema;
- Preencher diários do esquema.
TFE (P): Fase de Mudança - Questões para análise de evidência contra o esquema
- Alguma vez alguém o/a amou ou gostou de si?
- Já tentou ser uma boa pessoa?
- Há alguma coisa boa em si?
- Há alguém com quem se preocupe?
↓
Desenvolvimento de uma lista de boas qualidades do cliente, que pode usar como contraponto ao esquema
Neste tipo de situações tendo em conta a resposta do cliente podemos começar a ir para um caminho de auto-confirmação. Aí devemos recorrer à imaginação e não à realidade objetiva. Questões como “Como saberia se alguém gosta de si?” podem reencaminhar a consulta.
Se a evidência não desconfirma o esquema os clientes são convidados a avaliar o que podem fazer para mudar esses aspetos da sua vida -> passamos a utilizar estratégias experienciais
TFE (P): Fase de Mudança - estratégias experienciais
Confrontar os esquemas em termos emocionais (imaginação/diálogos) expressando as emoções sobre o que lhes aconteceu em criança;
Em imaginação = confrontar os adultos protegendo e confortando a sua criança vulnerável, falam sobre o que precisavam e não receberam. Exemplo: carta aos pais/cuidadores de infância;
Praticam a comunicação com outros através de imaginação e role-play (cadeira vazia), contribuindo para o seu empoderamento.
TFE (P): Fase de Mudança - estratégias comportamentais
Trabalhos de casa como objetivo de substituir respostas de coping mal adaptativas
O cliente é ajudado a perceber como algumas decisões/escolhas de parceiro perpetuam o esquema, e incentivado a fazer escolhas mais saudáveis que cortem os padrões de autoproteção;
Ajudar a planear e preparar TPC com novos comportamentos a partir do que foi trabalhado na sessão (ex. escolher aceitar um convite para sair e abdicar de jogar Xbox)
TFE (P): Relação Terapêutica (RT)
O terapeuta avalia e trata o esquema, estilos de coping e modos quando emergem na RT;
O terapeuta serve como antidoto do esquema do cliente;
O cliente internaliza o terapeuta como um adulto saudável que confronta o esquema e prossegue a vida emocional.
1. Confrontação empática: explicitando a ativação do esquema e dos estilos de coping na RT com empatia;
2. Uso da parentificação limitada: fornecer de modo apropriado e nos limites da RT, as necessidades do cliente que não foram satisfeitas pelos pais;
A forma como se olha para a relação terapêutica nesta terapia é semelhante das terapias psicodinâmicas. A interação com o terapeuta é uma reflexão dos seus padrões de relacionamento (ex. se a pessoa se mostra desconfiada de nós, assumimos que também nas suas relações pessoais, tem este papel de desconfiança)
Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT): Contexto
ACT em contexto
Primeira geração: Terapia Comportamental – foco direto na mudança comportamental
Segunda geração: Terapia Cognitiva e Terapia Cognitivo- Comportamental – foco na mudança cognitiva
Terceira geração: abordagens baseadas no mindfulness e na aceitação – foco na alteração da relação com as experiências internas
Modelos CBT - 2ª Geração (CBT2)
Modelos estruturalistas de cognição centrada no self:
* estruturas supraordenadas (hierarquicamente superiores) centradas no self (crenças sobre self; esquema do self)
* Foco no conteúdo dos esquemas / estruturas cognitivas (fantasias, pensamentos…)
Esquema do self - fornece orientação, consistência, coordenação e integração aos estados mentais.
Cognitivo-racionalistas (A. Beck)
CBT2- Mudanças de 1ª ordem
Mudanças de primeira ordem:
exploração e mudança direta das avaliações cognitivas (pensamentos automáticos) sobre a realidade e também mudança de esquemas
CBT2 - Críticas
mudança exige mudanças de 2ª ordem (nos esquemas): metacognitivas = crenças sobre as emoções sobre os comportamentos e outras cognições
A mudança cognitiva pode ocorrer através de outros meios que não explicitamente desafiando cognições desadaptativas (não há evidência que comprove que mudança efetivamente se dê devido a mudança nos esquemas);
As cognições podem mediar a mudança, mesmo quando as cognições não são explicitamente abordadas no tratamento.
Modelos CBT - 3ª geração (CBT3)
Foca-se na função que os pensamentos têm para a pessoa
Modelos centrados no processo, contexto e análise funcional
extensões das abordagens comportamentais e cognitivas, ➔ mais focadas na relação com pensamento e emoção do que no seu conteúdo (na 2º geração TCC e TC: o foco é na deteção e alteração do conteúdo desadaptativos)
a importância atribuída aos esquemas do self é drasticamente reduzida
enfase nos processos funcionais: Cognição como tendo uma função regulatória e não estrutural
foco no presente / contexto
enfase na dialética entre aceitação e mudança (há coisas que podemos mudar e outras que podemos/devemos aceitar)
CBT3: Problemas/perturbações emocionais
Não dependem de representações mentais do self (crenças do Self; esquemas do self…). Na realidade resultam da regulação disfuncional da interação entre:
1. processos voluntários (atenção e controlo executivo)
2. processos automáticos e processo associativos carregados de emoções
CBT3: Processo terapêutico concentra-se em:
funções metacognitivas: como a atenção voluntária e o controlo executivo consciente ou em processos experienciais e interpessoais –> eles parecem ser polos opostos (um exige atenção e o outro não) mas eles sobrepõe-se e interagem
CBT3: Objetivos do processo terapêutico conciliam
Objetivos do processo terapêutico - conciliam:
1. Aceitação das experiências
2. Compromisso com a mudança
3. Mudar a função dos acontecimentos psicológicos que as pessoas experienciam
CBT3: Processo terapêutico + objetivos
Quadrado (9)
CBT3: temas dos modelos de 3ª geração
As abordagens de TCC da terceira geração são caracterizadas por uma variedade heterogénea de temas:
aceitação,
intervenção experiencial
fusão cognitiva,
compromisso,
compaixão,
flexibilidade
aspetos de desenvolvimento,
valores
dialética,
emoções,
metacognição
meditação
mindfulness,
temas interpessoais, relacionamento terapêutico e espiritualidade
CBT3: Terapias - mindfulness
Tratamentos baseados em Mindfulness
Princípio: foco no momento presente e consciência sem julgamentos
Objetivo: melhorar o bem-estar emocional, aumentando a consciência de como as reações automáticas comportamentais e cognitivas, como pensamentos, sensações e emoções, podem causar sofrimento emocional.
Estratégias:
Encorajar aceitação da experiência emocional com abertura e curiosidade.
ativar a atenção voluntária, (que se concentra) no momento presente e sem julgamentos.
ACT: info
ACT - terapia de 3ª geração (surgiu nos anos 80 mas só começou a ser + usada a partir dos anos 2000) que combina mindfulness e aceitação com psicologia comportamental
Foco no contexto e função dos fenómenos psicológicos
Enfâse em estratégias contextuais e experienciais
Foco na construção de repertório eficazes, flexíveis e abrangentes
Abordagem contextual do comportamento (aberto e coberto): o que importa são os atos em contexto
ACT: Background
Background
Falta de suporte científico para os princípios cognitivos – falta de evidência/suporte empírico da associação dos princípios da mindfulness com os princípios cognitivos
TCC com forte evidência empírica no tratamento de problemas psicológicos
Sem evidência robusta em como as estratégias cognitivas aumentam a eficácia terapêutica – ou seja, não há evidência de que a mudança/melhoria ocorra devido à mudança cognitiva/utilização das estratégias cognitivas