Exame cardiovascular Flashcards
Descreva o mecanismo fisiológico da diástole e da sístole, isto é, descreva o ciclo cardíaco.
DIÁSTOLE
Este é o momento no qual os átrios se esvaziam de sangue que irá encher os ventrículos. Esse mecanismo é composto por dois momentos:
- Fase de enchimento rápido: neste, o gradiente pressórico entre átrio e ventrículo é responsável por abrir as valvas atrioventriculares (tricúspide e mitral).
- Fase de enchimento lento: à medida que o sangue passa de uma câmara à outra, o gradiente pressórico reduz (enchimento lento), até que não mais irá propelir sangue. Neste ponto, 70 a 80% do volume atrial já passou para o ventrículo. A contração atrial irá impulsionar o restante do sangue do átrio para o ventrículo.
SÍSTOLE
Em seguida, o coração inicia a contração isovolumétrica (a pressão intraventricular ainda não foi suficiente para sobrepujar as dos vasos da base, mantendo as valvas semilunares - aórtica e pulmonar - fechadas), marcando o início da sístole ventricular** e o **fechamento da válvulas atrioventriculares, dando origem a primeira bulha – B1.
No momento em que a pressão ventricular vence a arterial, as valvas semilunares se abrem e o sangue é propelido. Da mesma forma que no átrio, à medida que o sangue deixa o ventrículo, a pressão dessa câmara se reduz. Quando a pressão arterial volta a vencer a ventricular, as valvas semilunares se fecham, dando origem a segunda bulha – B2 - e originando um novo ciclo.
Descreva:
- Como ocorre B3 e B4 e em qual fase do ciclo cardíaco
- As patologias que podem gerar essas bulhas acessórias
- Em qual foco cardíaco podem ser auscultadas (focos de base ou ápice?)
As bulhas acessórias ocorrem em momentos diferentes durante a diástole**. Em situações em que há **falência ventricular, observamos um aumento do volume diastólico final. Quando se soma a este o volume correspondente à fase de enchimento rápido ventricular, temos o surgimento da terceira bulha – B3. Nota-se, então, que B3 é resultado de uma sobrecarga de volume.
Já a quarta bulha – B4 – é produzida durante a sístole atrial. Esta corresponde a uma contração atrial vigorosa contra um ventrículo de complacência reduzida**. Há, portando, uma **sobrecarga de pressão**. As patologias relacionadas são aquelas que causam **hipertrofia** ou **fibrose ventricular.
Diferencie pulso jugular interno de pulso carotídeo.
Descreva as ondas do pulso venoso (onda a, x, c, v, y).
Com relação às ondas do pulso venoso, observamos duas ondas ascendetes – *a* e *v_ – e duas _descendentes_ _– *x e *y*.
Há, ainda, uma pequena positividade na porção inicial da onda x, a onda c.
- A onda a representa a contração atrial (átrio direito).
- A onda x reflete relaxamento do AD e, posteriormente, o abaixamento do assoalho do átrio direito com a contração do VD.
- A onda c, o fechamento da válvula tricúspide/contração ventricular, interrompendendo o descenso x (empurra a valva tricúspide em direção ao átrio).
- A onda v pelo retorno venoso com a válvula tricúspide fechada.
- A y pela abertura da válvula atrioventricular, já durante a diástole ventricular.
Para sua determinação, devemos olhar o pulso venoso ao mesmo tempo em que palpamos o pulso carotídeo esquerdo (não deve ser utilizado o pulso radial).
OBS: a onda venosa que coincide com a subida do pulso carotídeo será a onda v.
Quando ocorre ONDA A gigante?
Quando não haverá ONDA A?
Quando ocorrerá ONDA A em canhão?
- Na estenose tricúspide observaremos um aumento da onda a – onda a gigante – acompanhada de uma onda y lentificada, ambas devido à presença de obstrução mecânica entre o AD e VD.
- Na insuficiência tricúspide, temos uma intensificação da onda v, sendo mais precoce e de amplitude maior, havendo também um apagamento da onda x, sobretudo de sua porção tardia (que equivale ao começo da sístole ventricular).
- Na presença de fibrilação atrial, como não há sístole atrial, ausenta-se a onda a.
- Nos casos de dissociação atrioventricular (bloqueio atrioventricular total** (átrio se contrai com válvula AV fechada) ou **taquicardiaventricular), o AD se contrai contra uma válvula tricúspide fechada. Com isso, temos a chamada onda a em canhão, por sua magnitude. Em bloqueios atrioventriculares de 2° grau algumas ondas a não são sucedidas por ondas v, denotando que apesar da sístole atrial, não houve sístole ventricular.
Em quais patologias poderá ocorrer diminuição do pulso carotídeo?
E quando poderá ter amplitude aumentada?
- Pulsos carotídeos diminuídos são marcantes quando há obstrução severa da valva aórtica. Além de possuírem menor amplitude, têm uma porção ascendente mais lenta (parvus) e um pico mal definido e tardio (tardus), sendo chamado de parvus tardus (ou anacrótico).
- Na estenose aórtica, observamos o pulso anacrótico, que há uma pequena interrupção na porção ascendente do pulso (nó anacrótico).
- Podemos encontrar pulsos diminuídos também em casos de disfunção severa do VE, sem lentificação ou atraso da onda.
- Redução de amplitude do pulso pode ser encontrada também na presença de insuficiência mitral moderada a severa**. Além dessa característica, o pulso apresentará **ascensão** e **descida rápida.
- Amplitudes aumentadas são observadas classificamente na presença de insufuciência aórtica**, pois o VE está trabalhando com maior quantidade de sangue, isto é, o da natural da sístole e o que retornou da aorta para o VE em decorrência da patologia. Ou seja, em vez de 100ml de sangue sairá muito mais. Nesta pode ser encontrado o chamado **pulso em martelo d’água, que, além de mais amplo, possui subida e descida bastante bruscas.
Descreva pulso dicrótico.
Alterações no formato, com surgimento de duplos picos, também são indicativas de lesão de pulso dicrótico (ou pulso bisferiens) característico da insuficiência aórtica, da dupla lesão aórtica com predomínio da insuficiência no tamponamento cardíaco, choque ou IVE severa.
Descreva pulso paradoxal e pulso alternans.
Pulso alternans: alternância de pulsos com maior e menor amplitude, sendo observados em paciente com falência do VE.
Pulso paradoxal: redução da amplitude do pulso sistólico superior a 15 mmHg (Ex.: cair de 120 mmHg para 100 mmHg) quando o paciente realiza inspirações. Este é classicamente encontrado no tamponamento cardíaco, podendo ser encontrado na DPOC e na pericardite constritiva.