Doença Calculosa Biliar Flashcards

1
Q

Quais são as doenças calculosas biliares?

A
  • Colelitíase = presença de cálculos na vesícula
  • Colecistite aguda = inflamação aguda da vesícula biliar, na imensa maioria das vezes por obstrução do ducto cístico por um cálculo
  • Coledocolitíase = presença de cálculos no ducto colédoco
  • Colangite aguda = infecção bacteriana do trato biliar
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2
Q

Quais são os tipos de cálculo?

A
  • Amarelo:
    . mais comum (75% dos casos)
    . formado principalmente por colesterol
    . não-pigmentado, geralmente radiotransparente
    . forma-se dentro da vesícula, por desequilíbrio na saturação do colesterol na bile (absoluto, por aumento nas concentrações de colesterol, ou relativo, por queda na concentração de sais biliares)
  • Preto:
    . formado principalmente por bilirrubinato de cálcio
    . pigmentado
    . formado dentro da vesícula, por elevação nas concentrações de bilirrubina indireta
  • Marrom ou castanho:
    . formado também por bilirrubinato de cálcio, porém em menores concentrações
    . pigmentado
    . forma-se fora da vesícula (geralmente no colédoco), pelo aumento da desconjugação da bilirrubina direta por bactérias
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3
Q

Quais os principais fatores de risco para o desenvolvimento de cálculos?

A
  • Dismotilidade vesicular
  • Níveis elevados de estrogênio e progesterona
  • Obesidade
  • Emagrecimento rápido
  • Hiperlipidemia, uso de Clofibrato
  • Doença de Chronn, ressecção ileal
  • Anemia hemolítica, cirrose
  • Obstrução/infecção biliar
  • Idade, fatores genéticos e ambientais, dieta pobre em fibras
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4
Q

Quais exames podem ser utilizados para o diagnóstico de doença calculosa biliar?

A
- Não-invasivos:
. radiografia simples
. USG
. tomografia
. colangiorressonância
- Invasivos:
. USG endoscópico
. cintilografia biliar
. colangiografia transhepática percutânea
. CPRE
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5
Q

Como a Colelitíase se manifesta clinicamente?

A
  • Maioria assintomática:
    . 85% dos pacientes não apresentam sintomas
    . a cada ano, apenas 1% dos assintomáticos irão evoluir com sintomas
  • Dor (cólica biliar):
    . aguda e contínua
    . em hipocôndrio direito ou epigástrio, podendo irradiar para escápula
    . desencadeada geralmente por libação alimentar
    . maior intensidade nas primeiras 6 horas, com queda gradual ao longo das primeiras 24h
    . ocorre por conta da contração da vesícula biliar sobre um infundíbulo obstrúido
  • Náuseas e vômitos:
    . podem aparecer no início do quadro
  • Não há febre ou sinais de inflamação, o exame abdominal é pobre (no máximo uma dor a palpação em hipocôndrio direito/epigástrio), sem massa palpável
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6
Q

Como é feito o diagnóstico de Colelitíase? Quais são suas principais complicações?

A
  • Diagnóstico:
    . USG
  • Complicações:
    . colecistite aguda
    . coledocolitíase/colangite aguda
    . pancreatite aguda biliar
    . íleo biliar (fístula colecistojejunal, com obstrução de delgado)
    . síndrome de Bouveret (fístula colecistoduodenal, com obstrução do piloro)
    . vesícula em porcelana (aumenta o risco de câncer de vesícula biliar)
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7
Q

Como é feito o tratamento definitivo da Colelitíase?

A
  • Colecistectomia:
    . Videolaparoscópica é a técnica de escolha
    . Aberta se:
    > reserva cardiopulmonar ruim (DPOC, etc)
    > CA de vesícula (suspeito ou confirmado)
    > cirrose com hipertensão portal
    > gravidez no 3 trimestre
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8
Q

Quando realizar o tratamento definitivo (colecistectomia) em pacientes com colelitíase?

A
  • pacientes sintomáticos
  • pacientes com história de complicações da colelitíase (independente do estado sintomático atual)
  • pacientes assintomáticos se:
    . presença de cálculos > 3cm
    . presença de pólipos na vesícula
    . vesícula em porcelana
    . paciente com anomalia congênita de vesícula biliar
    . paciente com anemia hemolítica
    . paciente que será submetido a cirurgia bariátrica ou transplante cardíaco

OBS: o momento ideal para a cirurgia em gestantes é no 2 semestre

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9
Q

Qual a conduta nos pacientes sintomáticos sem cálculo, mas com lama biliar?

A
  • colecistectomia profilática se:
    . episódios recorrentes de dor +
    . documentação da presença da lama biliar através de USG durante o episódio álgico, em pelo menos duas ocasiões
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10
Q

Como é a evolução da colecistite aguda? Quais suas complicações?

A
  • Evolução:
    . Obstrução permanente da vesícula > aumento da pressão intraluminal > obstrução venosa e linfática > edema, isquemia e necrose da parede > inflamação > infecção secundária da vesícula > perfuração, com complicações
  • Complicações:
    . Perfuração livre = coleperitônio (peritonite aguda)
    . Perfuração bloqueada = abcesso pericolecístico
    . Extensão da inflamação para víscera vizinha = fístula bilioentérica
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11
Q

Qual a bactéria mais frequentemente isolada na bile de pacientes com colecistite aguda (e também nos casos de colangite)?

A
  • E. coli
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12
Q

Como a Colecistite se manifesta clinicamente?

A
  • Dor (cólica biliar):
    . aguda e contínua
    . pode se iniciar em epigástrio e, posteriormente, se localizar em hipocôndrio direito. Eventualmente irradia para região escapular
    . dura mais de 6h e vai paulatinamente aumentando de intensidade
  • Náuseas, vômitos, anorexia
  • Febre moderada ou baixa
  • Exame físico:
    . Hiperssensibilidade da região subcostal direita à palpação, com defesa muscular
    . sinal de Murphy

OBS: pode haver icterícia em 10% dos casos

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13
Q

Como é feito o diagnóstico de Colecistite Aguda?

A
  • Exames laboratoriais:
    . leucócitos entre 12.000-15.000
    . discreto aumento da bilirrubina (~4mg/dl)
    . discreto aumento da fosfatase alcalina e AST
    . aumento da amilase sérica
  • USG:
    . primeiro exame a ser solicitado
    . achados característicos:
    > presença de cálculos no colo da vesícula
    > espessamento da parede da vesícula (>3mm)
    > presença de líquido perivesicular
    > sinal de Murphy ultrassonográfico
  • Cintilografia biliar:
    . método mais acurado, mas não costuma ser feito
    . não-enchimento da vesícula após 1h da ingestão do contraste sugere fortemente colecistite aguda
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14
Q

Como é feito o tratamento da colecistite aguda?

A
  • Medidas gerais:
    . internação, hidratação, analgesia, dieta zero
  • Antibioticoterapia:
    . cobrir gram-negativos e anaeróbios
    . opções:
    > beta-lactâmicos + inibidores da beta-lactamase (amoxicilina+clavulanato, ampicilina+sulbactam)
    > cefalosporina de 3 geração ou quinolona + metronidazol (ceftriaxone, ciprofloxacino ou levofloxacino + metronizadol)
  • Cirurgia:
    . colecistectomia videolaparoscópica
    . preferencialmente nas primeiras 24h
    . pacientes com 3-4 dias de evolução: muitas aderências, esfriar processo com antibioticoterapia e depois operar
    OBS: via videolaparoscópica apresenta as mesmas contraindicações da colelitíase; pacientes com risco cirúrgico proibitivo devem realizar colecistostomia
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15
Q

Quando suspeitar de Íleo Biliar? Como tratá-lo?

A
  • Suspeita:
    . na radiografia: obstrução de delgado, visualização de cálculo no delgado, aerobilia
  • Tratamento:
    . enterotomia para retirada do cálculo
    . colecistectomia no mesmo procedimento, pelo alto risco de recidiva e pela incidência elevada de câncer nesses pacientes
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16
Q

O que é a colecistite aguda alitiásica?

A
  • inflamação da vesícula biliar sem a presença de cálculos
  • ocorre em pacientes em cuidados intensivos: a dismotilidade da vesícula por conta do jejum prolongado, NPT e resposta inflamatória sistêmica desses pacientes leva a estase biliar e inflamação
  • quadro clínico: semelhante a colecistite litiásica, mas os sintomas podem ser mascarados pela sedação (suspeitar na simples presença de febre e leucocitose)
  • tratamento: colecistectomia em caráter de emergência
17
Q

O que são a colecistite enfisematosa e a síndrome de Mirizzi?

A
  • Colecistite Enfisematosa:
    . colecistite provocada por germes anaeróbios, que levam a formação de gás na parede da vesícula
    . tratamento é a colecistectomia em caráter emergencial
  • síndrome de Mirizzi:
    . compressão do ducto hepático comum por um cálculo grande presente no infundíbulo ou ducto cístico
    . icterícia e elevação da FA são mais comuns
    . tratamento envolve colecistectomia por via aberta
18
Q

Como a Coledocolitíase se manifesta clinica e laboratorialmente?

A
  • Dor (cólica biliar):
    . aguda e contínua
    . em hipocôndrio direito ou epigástrio, podendo irradiar para escápula
    . duração de 1-5h (obstrução costuma ser parcial e transitória)
  • Síndrome colestática flutuante:
    . pode não ocorrer
    . icterícia, colúria e acolia fecal podem estar presentes nos momentos em que o cálculo obstrui completamente a via biliar
  • Laboratório:
    . hiperbilirrubinemia leve, com predomínio da fração direta
    . discreto aumento das aminotransferases e enzimas canaliculares (principalmente FA)
19
Q

Quais são as principais complicações da Coledocolitíase?

A
  • Colangite bacteriana aguda
  • Colangite bacteriana supurativa
  • Abcesso hepátivo piogênico
  • Pancreatite aguda
  • Cirrose biliar secundária
20
Q

Quando e como tratar a coledocolitíase?

A
  • Quando?
    . sempre, mesmo quando paciente assintomático
  • Como?
    . se diagnosticada durante uma colecistectomia por colelitíase - exploração cirúrgica do colédoco no mesmo procedimento ou CPRE eletiva no pós-op.
    . CPRE nos demais casos, devendo-se programar uma colecistectomia eletiva no pós-op.

OBS: nos casos de abordagem cirúrgica do colédoco, sempre deve-se deixar um dreno de Kehr; se presença de cálculos intra-hepáticos ou coledocolitíase primária, realizar anastomose bilio-digestiva

21
Q

Quais as principais causas de colangite aguda?

A
  • Coledocolitíase
  • Tumores malignos
  • Estenoses benignas
  • Anastomose bilioentérica, procedimentos invasivos, obstrução por corpo estranho ou parasitas
22
Q

Como é a Tríade de Charcot e a Pêntade de Reynolds? O que elas indicam?

A
- Tríade de Charcot:
. Dor abdominal (moderada)
. Icterícia
. Febre com calafrios
> Indica colangite bacteriana aguda (não necessita de cirurgia emergencial)
- Pêntade de Reynolds:
. Tríade de Charcot +
. Hipotensão arterial
. Alteração do sensório
> Indica colangite bacteriana supurativa (necessita de cirurgia de emergencial)
23
Q

Como é feito o tratamento da colangite aguda?

A
  • Colangite bacteriana aguda (não-grave):
    . Antibioticoterapia (com resposta dramática)
    . Mesmo esquema feito para colecistite aguda
    . Desobstrução eletiva cirúrgica ou endoscópica da via biliar, após controle completo da infecção biliar
  • Colangite bacteriana supurativa (grave):
    . Antibioticoterapia (sozinha não é capaz de resolver o problema)
    . Desobstrução em caráter emergencial