Dispepsia - Ed Flashcards
Caracterize dispepsia
Síndrome caracterizada por dor ou desconforto crônico ou recorrente na região epigástrica.
Principais sintomas da dispepsia
Dor epigástrica/desconforto epigástrico Saciedade precoce Plenitude pós-prandial Eructações Náuseas Vômitos
Diferencie gastrite de dispepsia
Dispepsia é uma entidade clínica, sem marcador biológico conhecido.
Gastrite é uma entidade HISTOLÓGICA E ENDOSCÓPICA que evolui usualmente sem produzir sintomas.
Paciente possui dor epigástrica associada a náuseas, plenitude pós-prandial e saciedade precoce. Principal hipótese diagnóstica?
Dispepsia não investigada. Esse paciente pode ter uma dispepsia orgânica causada por um distúrbio orgânico como úlcera, H.pilory, neoplasia, doença celíaca ou pode ter dispepsia funcional como por exemplo a gastrite nervosa. Porém NÃO HÁ LESÕES NO TGI na funcional.
Qual a principal causa de dispepsia?
Dispepsia FUNCIONAL, equivale a 70-80% dos casos. Lembrando que o paciente não apresenta lesões no TGI.
A orgânica corresponde a 20-25% dos casos. Ou seja somente em 20% dos casos há lesões que justifiquem esse quadro dispéptico.
Cite causas de dispepsia ORGÂNICA
DRGE Úlcera Péptica Dispepsia associada ao H. Pylori Gastropatias específicas Neoplasias Gastroparesia Síndrome de má absorção (doença celíaca, int. à lactose) Parasitoses Colelitíase Doenças metabólicas como DM, Distúrbios tireoidianos e eletrolíticos Medicamentos (AINES)
Indicações de EDA em um paciente com queixa dispéptica
Idade maior que 40-55 anos História prévia de cx gástrica, úlcera, neoplasia História familiar de neoplasia Sinais de alarme: FAAARMEH -Febre -Anemia -Icterícia -Vômitos persistentes -Massas ou visceromegalias -Emagrecimento -Hemorragia digestiva -Anorexia
Todos os pacientes com queixa dispéptica necessitam fazer EDA? Qual seu objetivo?
NÃO! Porque na maioria dos casos a dispepsia é funcional, então se faz se tem indicação. Seu objetivo é excluir causas orgânicas como úlceras, neoplasias.
Quais exames devo solicitar para queixas dispépticas?
EDA com indicação Hemograma Eletrólitos Glicose Parasitológico de fezes Intolerância oral à lactose Sorologias p/ doença celíaca Função tireoidiana USG para excluir possibilidade de doenças biliares e pancreáticas
Qual a conduta nos pacientes jovens e sem sinais de alarme?
Abordagem não endoscópica. TTO empírico com inibidores da secreção ácida ou procinéticos durante 4-8 semanas.
Se a queixa é dor epigástrica = IBP
Se a queixa é saciedade precoce/plenitude pós prandial = Procinéticos
Melhora dos sintomas = não necessita de investigação complementar
Ausência de resposta ou recidiva imediata = realizar endoscopia.
Como funciona o teste do hidrogênio expirado?
Pesquisa do H. Pylori em um teste não invasivo. Paciente toma um líquido e assopra em um aparalho. Se ele tem h.pylori elimina hidrogênio na expiração e capta no aparelho. Se der positivo pode tratar o H. Pylori sem a necessidade de fazer testes invasivos como a EDA. No Brasil não se faz esse teste.
Pesquisa de H.Pilory em queixas dispépticas
-Se o paciente tem sinais de alarme ou idade>55 anos = EDA
-Paciente <55anos e sem sinais de alarme tem 2 possibilidade:
Prevalência for >10% Testa e trata h.pylori, se falhar faz tto empírico com IBP e se falhar faz EDA
Prevalência for <10% faz tto com IBP, se falhar testa e trata h.pylori, se falhar faz EDA.
Dispepsia funcional
Está entre o consenso das doenças funcionais de ROMA IV. Doenças em que não se consegue encontrar uma causa orgânica, metabólica e sistêmica que explique tal queixa.
Possui sintomas dispépticos devido a falha no funcionamento do TGI ou por hipersensibilidade ou por falha motora.
Decorrente de desordens do eixo cerebrointestinal.
Explique as desordens do eixo cerebrointestinal
O SNC controla motilidade, sensação de dor. Através de neurotransmissores ocorre a coordenação entre cérebro e intestino.
Por FALHA DE PERCEPÇÃO DO SNC OU FALHA NEUROLÓGICA DE CONDUÇÃO DO TGI ocorrem esses sintomas funcionais sem haver presença de lesões orgânicas.
Existe uma complexa interação entre disbiose intestinal, alteração na função imune da mucosa, hipersensibilidade visceral e alterações motoras.
Cite desordens gastrointestinais funcionais
Pirose funcional Disfagia funcional Dispepsia funcional Náuseas funcionais Vômitos funcionais Síndrome de ruminação Síndrome do Intestino Irritável Constipação funcional
Diagnóstico da dispepsia funcional
Feito APENAS através da anamnese. Dx é clínico feito através dos critérios de ROMA IV:
Presença de pelo menos 1 dos seguintes sintomas:
-Plenitude pós-prandial
-Saciedade precoce
-Dor epigástrica
-Queimação epigástrica
Esses sintomas devem estar presentes nos últimos 3 meses e com início há pelo menos 6 meses antes do Dx
Tem que ter ausência de alterações estruturais, metabólicas ou sistêmicas.
Descartar sinais de alarme, hx familiar e pessoal, idade.
Síndrome da dor epigástrica
Dor epigástrica ou queimação epigástrica mais de 1x na semana.
Famosa gastrite nervosa
TTO: IBP pois o principal sintoma é a dor
Síndrome do desconforto pós-prandial
Paciente tem plenitude pós-prandial ou saciedade precoce pelo menos 3x na semana
Sintoma principal NÃO É A DOR
Outros achados: dor epigástrica pós-prandial, distensão, eructações excessivas, náuseas.
TTO: Procinéticos
O que causa desregulação do eixo cerebrointestinal?
Disfunção motora gastroduodenal Hipersensibilidade sensorial gástrica Fatores psicossociais Disfunção vagal Infecção pelo H. Pylori Hipersensibilidade duodenal a ácidos e lipídeos Inflamação duodenal Eosinofilia duodenal
Disritmia gástrica
Distúrbio motor que ocorre na dispepsia funcional. Fundo gástrico não relaxa, as contrações do corpo são ineficazes, piloro não relaxa. Dessa forma o paciente apresenta sintomas pois os alimentos não são esvaziados adequadamente.
Apresenta também: má distribuição pós-prandial do conteúdo gástrico, relaxamento inadequado do fundo gástrico, alteração do ritmo do esvaziamento gástrico, incoordenação motora antroduodenal, hipocontratilidade antral.
Hipersensibilidade visceral
Hipersenbilidade nas terminações sensitivas ocasionando hiperestimulação dessas terminações nervosas gerando MUITA DOR mesmo sem presença de lesões. FALHA NA VIA AFERENTE, COGNITIVA E EFERENTE.
Paciente tem menos tolerância à distenção gástrica e maior sensibilidade à estimulação sensitiva por secreção ácida e refluxo biliar.
Distúrbios psicoemocionais
Ansiosos Hx de depressão Fobia Hipocondria Abuso físico e emocional
Relação entre H. Pylori e dispepsia
Cerca de metade dos brasileiros possuem ela, é responsável pela gastrite crônica. Na maioria das pessoas é ASSINTOMÁTICA. Mas pode causar sintomas porque provoca inflamação crônica na mucosa gástrica podendo causar uma hipersensibilidade das terminações nervosas causando dor além de poder causar úlceras e neoplasias. Então a dor pela infecção do H.Pylori PODE estar relacionada com a dispepsia. Mas muitos pacientes tratam H.Pilory e não melhoram da dispepsia, logo essa dispepsia é funcional e não orgânica dependente da bactéria.
V ou F: Todos os pacientes com dispepsia e H. Pylori devem ser tratados
VERDADEIRO
Estudos recentes mostram um pequeno benefício com a erradicação da bactéria/tto da bactéria. Após tto podemos saber se era dispepsia associada à bactéria ou era funcional.
Abordagem terapêutica
TTO medicamentoso para dispepsia funcional é MUITO RUIM
TTO tem que ser individualizado conforme sintomas dominantes
- Medidas gerais (relação médico-paciente, esclarecer a doença, explorar fatores psicossociais, acompanhamento clínico, incentivo à at.físicas e mentais)
- Orientação dietética (refeições em ambientes tranquilos, mastigação lenta, fracionamento das refeições; evitar refeições copiosas, gordurosas, líquido em excesso, bebida alcóolica, tabagismo)
- TTO Medicamentoso: deve ser considerado ÚLTIMA OPÇÃO, efeito placebo é visível, individualizar o tto.
Qual a droga de primeira escolha para dor epigástrica na dispepsia funcional?
IBP. Inicia com dose baixa (20mg - metade da dose do tto pra DRGE) posteriormente pode ir aumentando, doses de 80mg não geram benefícios, pelo contrário só aumentam efeitos colaterais. Se não funcionar até 40mg tem que trocar a medicação
É possívem utilizar antagonistas dos receptores H2 também.
Qual medicação de primeira escolha em pacientes com SACIEDADE PRECOCE, DISTENSÃO PÓS-PRANDIAL, ERUCTAÇÕES E NÁUSEAS na dispepsia funcional?
PROCINÉTICOS = estimulam a motilidade gastroduodenal, acelerando o trânsito do conteúdo intraluminal.
Metaclopramida: 30mg, não pode usar mais q 2-3 semanas porque atravessa a barreira hemato-encefálica causando danos colaterais. Efeitos adversos: ansiedade, sonolência, inquietação, sintomas extrapiramidais.
Domperidona: 30m (10mg até 3x dia), mais segura que o plasil porque não causa eventos adversos centrais.
Qual é a terapia de segunda linha da dispepsia funcional? E para quem preescrevo?
ANSIOLÍTICOS E ANTIDEPRESSIVOS
Preescrevo para pessoas que não melhoram com outros medicamentos e que tem suspeita de interferência psicossocial. São medicações psicotrópicas para casos refratários.
Ex: antidepressivos tricíclicos e inibidores da captação de serotonina.
Podem ser mantidos por 6-12 meses
Resuma a orientação terapêutica da dispepsia funcional:
1o = Determinar o subgrupo clínico
Dor epigástrica - IBP
Plenitude, saciedade, distenção gástrica - PROCINÉTICOS
Misto - IBP + Procinéticos
2o = Reavaliação clínica após 4 semanas
Se o paciente melhorou - retira medicação
Ausência de melhora - aumento da dose, mudança da medicação ou associação de medicações
3o = Se os sintomas ainda persistirem
- Antidepressivos em doses baixas
- Terapia comportamental