Diabetes tipo I Flashcards
Definição de Diabetes tipo I:
Doença crónica de natureza auto imune caracterizada por destruição das células beta dos ilhéus pancreáticos com consequente deficiência de insulina e hiperglicemia
O pico de incidência verifica-se entre os _______.
12 e 14 anos
Etiologia:
• Diabetes tipo 1a
• Diabetes tipo 1b
- Diabetes tipo 1a: destruição de natureza autoimune das células beta pancreáticas; conjugação de fatores genéticos, que conferem suscetibilidade, com fatores ambientais que servem como elemento desencadeador;
- Diabetes tipo 1b: causa para a destruição das células beta é de natureza desconhecida; tem essencialmente uma componente genética
Descreve as 3 fases da diabetes tipo I:
Fase 1: decréscimo de até 50% das células beta, mas glicemia normal e sem sintomas Fase 2 (Pré-sintomática): decréscimo até 20% das células beta, hiperglicemia mas sem sintomas (pode durar até um ano) Fase 3 (Sintomática): decréscimo até 15% das células beta, com ausência de produção de insulina, hiperglicemia e manifestação de sintomas
Fisiopatologia da diabetes tipo I:
Predisposição genética + fatores ambientais → circulação de formas auto-antigénicas de células beta na circulação e sistema linfático → processamento e apresentação de auto-antigénios por APCs:
- ativação de linfócitos Th1 → produção de IFNγ que ativam macrófagos que libertam TNF-α e IL-1 + produção de IL-2 que ativam células CD8+ específicas para os auto-antigénios
- ativação de linfócitos Th2 → produção de IL-4 → ativação de linfócitos B que produzem auto-anticorpos para os ilhéus pancreáticos
e anticorpos antiGAD65
DESTRUIÇÃO DAS CÉLULAS BETA E DIMINUIÇÃO DA SECREÇÃO DE INSULINA
A maioria do risco é conferido por polimorfismos nos genes HLA:
- HLA-DR3-DQ2 → maior risco de produção de auto anticorpos contra GAD65
- HLA-DR4-DQ8 → maior risco de produção de auto anticorpos contra a insulina num primeiro momento seguido da produção de auto anticorpos contra GAD65
Polimorfismos em genes não pertencentes às regiões HLA:
- IL2RA, PTPN2, PTPN22, CD25, CTLA4, UBASH3A → genes envolvidos na homeostasia e estado de ativação de linfócitos B e T;
- BACH2 → sobrevivência das células beta
- INS (pro-insulina)
Polimorfismos nos genes HLA conferem:
maior capacidade de apresentação de auto antigénios
Polimorfismos em UBASH3A e CTLA4 conferem:
Menor regulação negativa na ativação de linfócitos
Polimorfismos em PTPN22 aumenta:
a sobrevivência de células T autorreativas
Polimorfismos no INS provocam a sua expressão muito baixa no timo e, consequentemente:
uma falha na tolerância central, levando ao escape de células T autorreativas contra a insulina
Polimorfismos no BACH2 e PTPN2 conferem:
maior vulnerabilidade das células beta para a apoptose
Que fatores ambientais podem desencadear diabetes tipo I?
- Infeções virais - enterovirus tem preferência por infetar células beta pancreáticas
- Parto por cesariana - alteração da microbiota intestinal
- Uso de antibióticos no recém-nascido - alteração da microbiota intestinal
- Introdução precoce (antes dos 4 meses) de alguns alimentos (glúten, proteína o ovo, leite de vaca)
- Dieta na infância (dietas ricas em glucose, frutose, alimentos contaminados com nitratos e nitrosamina)
Evidência da correlação de infeções virais e diabetes tipo 1:
- Distribuição sazonal de diagnósticos de DMT1 correlaciona-se com períodos de maior incidência de infeções virais (outono/inverno)
- Enterovirus têm tropismo para as células beta
- Foram detetados no pâncreas de doentes
- A deteção nas fezes de crianças correlaciona-se com o desenvolvimento de autoimunidade contra as células beta.
Mecanismo envolvido no dano às células beta por infeções virais:
- citólise direta das células β infetadas
- morte (lise) das células β → libertação de antigénios de células β → antigénios a serem carregados e apresentados por APCs → aparecimento de células T CD4+ e CD8+ antigénio específicas
- resposta inflamatória → produção de IFNg → aumento da expressão de MHC-I nas células β → células mais visíveis para células T CD4+ e CD8+ antigénio específicas
- aumento da expressão de PKR nas células → degradação de MCL1 (anti-apoptótica) → maior suscetibilidade a apoptose
- Indução de stress do retículo → ativação de UPR → transcrição CHOP (fator pró-apoptótico)→ apoptose
- Stress do retículo → formação neoantigénios
Autoanticorpos contra as células β:
- Anti-GAD65 (anti-glutamato descarboxilase)
- ICA (anti-ilhotas)
- IA2 (anti-tirosina fosfatase)
- Anti-ZnT8A (anti-transportador de zinco)
- IAA (anti-insulina)
Sintomas clássicos de hiperglicemia são geralmente rápidos (dias a semanas na fase 3) e incluem:
- Poliúria (urinar frequentemente
- Polidipsia (sede excessiva)
- Perda de peso
- Dores abdominais
- Cansaço
- Cetoacidose
Critérios de diagnóstico de Diabetes:
a) glicémia de jejum ≥ ______
b) sintomas clássicos + glicemia ocasional ≥ _____
c) glicemia ≥ ______ às 2 horas na prova de tolerância à glicose oral
d) hemoglobina glicada A1c (HbA1c) ≥ _____
a) 126 mg/dl
b) 200 mg/dl
c) 200 mg/dl
d) 6,5%
O diagnóstico diferencial para DMT1 pode realizar-se pela:
- pesquisa de autoanticorpos
- níveis de péptido C e insulina
Os auto-anticorpos mais frequentes na DMT1 são:
Contra as ilhotas:
ICA (70-80%), GADA (70-80%), IA-2A (60%)
Abordagem terapêutica para DMT1:
- Injeção de insulina
- Bomba de insulina
- Transplante de ilhéus pancreáticos / pâncreas
Uma das complicações agudas mais frequentes na DMT1 é a:
Cetoacidose Diabética
A cetoacidose diabética é caracterizada por:
- Hiperglicemia
- Cetose
- Acidose metabólica
- Diurese osmótica
- Alterações eletrolíticas
Como se desenvolve a cetoacidose na DMT1?
Diminuição da insulina → Aumento da hormonas contra reguladoras (cortisol, catecolaminas, GH, glucagon) → Aumento da atividade da Lipase dependente de hormona → aumento de ácidos gordos → aumento da sua b-oxidação no fígado → ciclo de Krebs saturado → acetil-CoA desviada para a cetogénese → produção de corpos cetónicos → cetoacidose
Como pode ocorrer o aumento das catecolaminas na DMT1?
Desidratação derivada da poliúria → diminuição da volémia → aumenta da produção de catecolaminas para provocar a vasoconstrição (ex: adrenalina) → efeito anti-insulínico
Como é que as catecolaminas contribuem para a hiperglicemia?
- Diminuição da utilização de glucose
- Aumento da proteolise e diminuição da síntese de proteínas → aumento de substrato para a gluconeogénese
- aumento glicogenólise (degradação do glicogénio em glucose)
Sinais e sintomas de cetoacidose diabética:
- Poliúria
- Polidipsia
- Fraqueza ou fadoga
- Aumento da frequência e da profundidade da respiração (compensar a acidose metabólica, eliminando mais CO2)
- Hálito com “cheiro a fruta”
- Letargia e sonolência
- Náuseas e vómito
- Dor abdominal (particularmente nas crianças)
Tratamento para a cetoacidose metabólica:
- Insulina para corrigir a hiperglicemia e hipercetonémia
- Reposição de fluidos por via I.V
- Reposição do equilíbrio eletrolítico
Diabetes tipo 1 representa ________ % de todos os casos de diabetes.
10 a 15 %
Na cetoacidose diabética, quais os valores do pH arterial?
< 7,30