Complicações Respiratória Flashcards
O broncoespasmo geralmente surge durante a indução da anestesia, mas pode ser detectado em qualquer estágio do curso anestésico.
Gênese do broncoespasmo na anestesia
gênese pode envolver:
1) Uma reação de hipersensibilidade imediata, incluindo anafilaxia mediada por IgE.
2)um mecanismo não alérgico desencadeado por fatores mecânicos (intubação).
3) Determinados fármacos (liberação de histamina por drogas como atracúrio ou mivacúrio).
4) Hiperreatividade descontrolada das vias aéreas subjacentes.
Medidas gerais no broncoespasmo
1) Fração inspirada de O2a 100%.
2) Ventilaçãomanualdeve ser iniciada imediatamente, para avaliar a complacência pulmonar e excluir causas de pressão alta no circuito.
3)Aumentar da concentração do anestésico volátil (sevoflurano, isoflurano) é útil,com exceção do desflurano, por causa de seus efeitos irritantes nas vias aéreas, principalmente em fumantes.
4) Aprofundar a anestesia com um hipnótico intravenoso (propofol ou cetamina) também pode minorar o broncoespasmo.
Medidas específicas no broncoespasmo
Os beta-2-agonistassão drogas-chave para o alívio rápido da broncoconstrição. Seu início de ação ocorre em 5 minutos, o pico de efeito ocorre em 60 minutos e a duração da ação é de 4 a 6 horas. Eles devem ser administrados imediatamentepor meiode um nebulizador (8 a 10 puffs, repetidos em intervalos de 15 a 30 minutos) ou, se disponível, um inalador dosimetrado (5 a 10 mg/h) conectado ao ramo inspiratório do circuito do ventilador.
Os glicocorticosteróides sistêmicos não devem ser omitidos, porque aceleram a resolução das exacerbações ao diminuir a inflamação das vias aéreas. Opções incluem metilprednisona (1 mg/kg).No entanto, o benefício antiinflamatório não é imediato e provavelmente só será aparente após 4-6 horas.
AGENTES ALTERNATIVOS
Anticolinérgicos:O início do efeito leva de 20 a 30 minutos, portanto não devem ser usados em monoterapia. Uma sugestão é o
brometo de ipratrópio(500 mcg por nebulizador ou quatro a oito puffs) combinado com um β-2-agonista nebulizado produz maior broncodilatação do que um β-2-agonista sozinho e pode ser usado para tratar broncoespasmo com risco de vida.
De maneira interessante, uma das sugestões do UpToDateé a atropina(6 a 10 mcg/kg ou aproximadamente 0,4 mg no paciente adulto, IV), todavia, não podemos negligenciar o potencial de taquicardia desta medicação.
Magnésiodesempenha um papel benéfico através do relaxamento da musculatura lisa brônquica. Pode ser feito EV (dose única: 2 g em 20 min) ou inalatória (110 mg a 1.100 mg) em pacientes com broncoespasmo grave que não resolveu com β-2-agonistas.Lembrar que pode causar hipotensão e fraqueza, potencializando a ação dos bloqueadores neuromusculares.
Adrenalina no broncoespasmo
a adrenalina pode ser administrada como aerossol para tratar edema de via aérea e continua, dizendo que o broncoespasmo pode ser tratado com epinefrina via subcutânea, 300 microgramas a cada 20 minutos, máximo de 3 doses. De acordo com o autor este fármaco tem efeito broncodilatador direto e também tem o poder de reduzir a liberação de substâncias broncoconstritoras induzidas por antígeno, mediante estabilização dos mastócitos responsáveis por elas.
O UpToDate concorda com o autor da questão e diz que, para broncoespasmo refratário na sala de cirurgia, a epinefrina éadministrada por via intravenosa em bolus de 10 a 50 mcg (GABARITO DA QUESTÃO)e/ou por infusão contínua via bomba de infusão de 2 a 10 mcg/minuto.
Aparentemente não há consenso. Segundo alguns autores a epinefrina só deveria ser usada em casos de colapso cardiovascular associado, pois nesse caso a suspeita principal seria anafilaxia mediada por IgE.Um artigo educativo publicado naAnesthesiology em 2011(ver referencia abaixo) chegou ao ponto de dizer que:
“durante o broncoespasmo isolado, seu uso inalatório/sistêmico não é recomendado porque nenhum estudo comprovou sua eficácia quando comparado com β-2-agonistas como salbutamol ou terbutalina e efeitos adversos deletérios, incluindo cardiomiopatia de takotsubo, foram relatados durante o tratamento da asma.”
De maneira parecida, o livroComplications in Anesthesiaafirma a epinefrina é útil caso coexistam hipotensão e broncoespasmo.
Dose de adrenalina no broncoespasmo
administrada por via intravenosa em bolus de 10 a 50 mcg
epinefrina via subcutânea, 300 microgramas a cada 20 minutos, máximo de 3 doses.
Dose de terbutalina subcutâneo no broncoespasmo
0,25mg cada 20 minutos
Principais causas de hipoxemia
hipoventilação alveolar,alteração V/Qealteração da difusãogasosa.
Qual a causa mais comum de edema pulmonar pós obstrutiva?
Laringoespasmo
Fisiopatologia do edema agudo do pulmão pós obstrutivo
A pressão intratorácica negativa exagerada aumenta o fluxo sanguíneo para o lado direito do coração, o que por sua vez aumenta o gradiente de pressão hidrostática através do leito vascular pulmonar, promovendo o movimento de fluido para os espaços intersticiais e alveolares dos capilares pulmonares. A pressão inspiratória negativa também aumenta a pós-carga ventricular esquerda, diminuindo a fração de ejeção, o que aumenta a pressão diastólica final do ventrículo esquerdo, a pressão atrial esquerda e a pressão venosa pulmonar.Essa cadeia de eventos aumenta ainda mais o desenvolvimento de edema pulmonar por meio do aumento dos gradientes de pressão hidrostática pulmonar. Pacientes que são muscularmente saudáveisapresentam maior risco, por sua capacidade de gerar força inspiratória significativa. Tal complicação é acompanhada por dispneia, escarro espumoso rosa e infiltrados bilaterais na radiografia de tórax.A dessaturação se resolve de forma relativamente rápida(geralmente dentro de 90 minutos após resolução da obstrução).
Tratamento do edema agudo do pulmão pós obstrutivo
O tratamento geralmente é de suporte e inclui oxigênio suplementar, e pressão positiva nas vias aéreas, o que costuma ser suficiente, mas o uso de furosemida pode fazer parte do tratamento em casos mais difíceis (Barash). As recomendações de monitorização pós-operatório nesses pacientes varia de 2 a 12 horas. O edema tratado rapidamente tem resolução em 12-48h, mas pode ser fatal se a intervenção for tardia.
As complicações pulmonares pós-operatórias ocorrem em 5 a 10% dos pacientes submetidos a cirurgiasnão-torácicas e em 22% dos pacientes de alto risco.Os fatores de risco para essas complicações são:
- Tabagismo (> 40 maços/ano)
- Estadofísico > P2
- Idade > 70 anos
- DPOC
- Cirurgias do pescoço, tórax, abdome superior, aórticas ou neurológicas;
- Cirurgiascom duração prevista > 2h
- Anestesia geral com intubação traqueal
-Albumina sérica < 3,5 g/dL
- Incapacidade deandar dois quarteirões ou subir um lance de escada
- IMC > 30 kg/m2
O edema pulmonar geralmente se apresenta como hipoxemia persistente após o alívio da obstrução das vias aéreas.
O laringoespasmo e as oclusões de tubos traqueais pela mordedura do paciente são causas comuns.
A aspiração orofaríngea cuidadosa e o uso de uma cânula de Guedel no despertar evitam esta complicação. Casos extremos podem precisar dediuréticos, reintubação e ventilação com pressão controlada.