Capítulo 8 - Neutralidade e Super-Neutralidade da Moeda Flashcards
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Porquê que o nível de preços e a taxa pela qual eles variam são fenómenos essencialmente monetários?
Porque no longo-prazo estes são determinados por desequilíbrios no mercado monetário.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
O quê que este capítulo pretende mostrar?
Saber se as variações permantes da quantidade de moeda em circulação têm impacto nas variáveis reais, em particular no PIB real e na taxa de desemprego.
Já se sabe que têm impacto nas variáveis nominais.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
O que se quer dizer com neutralidade da moeda?
Variações permanentes da quantidade de moeda em circulação não afetam os valores das variáveis reais no longo-prazo.
No entanto, continua-se a admitir que estas possam ser alteradas no curto-prazo, desde que constituam surpresas.
Ou seja, no longo-prazo os preços relativos não variam pois todos eles se alteram na mesma proporção em resultado de choques monetários.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
O que se quer dizer com super-neutralidade da moeda?
Variações permanentes na taxa de crescimento da oferta de moeda é incapaz de influenciar variáveis reais, isto é, apenas e exclusivamente influencia as variáveis nominais.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Para Hume, como se caracteriza o longo-prazo?
É o período de tempo necessário para que o NGP se ajuste proporcionalmente à variação verificada na quantidade de moeda em circulação.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Segundo Hume, o que acontece no curto-prazo perante uma variação na quantidade de moeda em circulação?
O preços, incluindo os salários, são rígidos => ajustam-se gradualmente => acréscimos na quantidade de moeda estimulam a produção.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Segundo Hume, o que acontece perante uma variação na quantidade de moeda em circulação?
Os preços não se ajustam imediatamente aos valores de equilíbrio.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Hume concorda com a neutralidade da moeda?
Sim. Hume também defende que pode haver efeitos nas variáveis reais no curto-prazo mas não no longo-prazo.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Como Friedman provou a neutralidade da moeda?
Através da distinção entre a curva de Phillips de curto e longo prazo.
Curva de Phillips de longo-prazo: linha vertical ao nível da natural de desemprego => não há qualquer trade-off entre inflação e desemprego, apenas taxas de inflação diferentes para uma mesma taxa de desemprego.
Curva de Phillips de curto-prazo: exprime uma relação negativa entre a taxa de inflação e a taxa de desemprego. Para cada curva de Phillips de curto-prazo está associada uma e uma só taxa esperada de inflação, pelo que se houver uma alteração nas expectativas inflacionárias, transita-se para uma nova curva. No curto-prazo, o trade-off é possível porque as autoridades conseguem criar uma divergência entre a taxa de inflação esperada e a efetiva.
No ponto de interseção das curvas de curto e longo prazo, a taxa de inflação esperada é igual à taxa de inflação efetiva => está-se no longo-prazo quando isto se verifica.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Para Friedman, como se justifica a não neutralidade da moeda no curto-prazo?
A não neutralidade tem por base elementos de rigidez, mas ao contrário do pensamento dos keynesianos, Friedman considera que a rigidez se verifica nas expectativas dos agentes e não dos preços.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Como se realiza o ajustamento do curto ao longo prazo segundo a perspetiva de Friedman?
À medida que o tempo passa, os agentes económicos vão aprendendo e, por isso, as suas expectativas vão sendo mais próximas da verdadeira taxa de inflação, transitando de curva em curva até atingir a curva de longo-prazo.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Como é que as autoridades conseguem diminuir a taxa de desemprego para níveis inferiores aos da taxa natural?
Os agentes económicos são racionais e, por isso, aprendem com as suas experiências => para as autoridades conseguirem baixar a taxa de desemprego para níveis inferiores à natural, estes têm de repetir os seus choques com uma rapidez crescente, acelerada, para poderem estar à frente das expectativas dos agentes (que se baseiam no passado).
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Porquê que os choques monetários só têm efeitos nas variáveis reais no curto-prazo, segundo Friedman?
Poque são temporários e não antecipados na formação das expectativas.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Segundo Friedman, como ocorrem os ajustamentos perante uma situação de redução da taxa de desemprego? Que conclusão se pode retirar?
Situação inicial: interseção da CP de curto-prazo com a CP de longo-prazo no ponto em que a taxa de desemprego corresponde à taxa natural e a taxa de inflação é a que corresponde a esse caso.
Choque monetário: aumento da taxa de crescimento da oferta de moeda, diminuindo a taxa de desemprego para um nível inferior ao da taxa natural.
Ajustamento: agentes económicos mantêm-se com o mesmo nível de inflação, mas vão aprendendo que estão a subestimar a mesma, pelo que vao progressivamente ajustando as suas expectativas ao seu verdadeiro valor. Assim, a CP de curto-prazo vai-se deslocando para cima e, justamente, as expectativas inflacionárias vão aumentando, aproximando-se da realidade … até atingir a CP de longo prazo, mas com inflação maior.
Conclusão: o choque resultou na manutenção da taxa de desemprego (porque se voltou a atingir a CP de longo-prazo) mas com um aumento da inflação.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Que proposta apresenta Friedman para resolver o problema do aumento da inflação?
Obtenção de taxas de inflação baixas => a maximização da eficiência nas transações e a minimização das distorções e ineficiências que os valores altos de taxas de inflação introduzam no funcionamento da economia.
Ver pág. 225
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Segundo a proposta de Friedman, o que aconteceria se o ajustamento fosse instantâneo, ou seja, se a velocidade de ajustamento fosse igual a 1?
Se o ajustamento fosse igual a 1, não haveria desvios da solução de longo-prazo, uma vez que o choque de política monetária teria sido perfeitamente antecipado => movimento ao longo da CP de longo-prazo.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
A que conclusões chegam os modernos Neo-clássicos, como Lucas, relativamente à neutralidade da moeda?
No longo-prazo existe neutralidade na moeda.
No curto-prazo não existe neutralidade na moeda.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Qual é a diferença dos neo-clássicos para Friedman?
Os mecanismos de ajustamento de curto-prazo.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Segundo Lucas que choques acontecem no curto-prazo? O quê que esses choques provocam no curto-prazo? Se os choques forem exclusivamente monetários, o que acontece?
Choques monetários inesperados e choques de natureza real.
A informação destes choques transmite-se aos agentes económicos via preços. Problema: excesso de ruído à volta destes => difícil distinção entre os choques monetários (que ocorre no NGP) e os choques de natureza real (alterações nos preços relativos).
A falta de informação exata leva a que os choques monetários sejam capazes de produzir efeitos reais no curto-prazo, uma vez que os agentes económicos procuram cobrir o risco de interpretações erradas.
Se os choques forem exclusivamente monetários => moeda é neutral no curto e no longo-prazo, mesmo quando os choques são inesperados.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Para haver choques reiais no curto-prazo, os choques monetários têm necessariamente de ser surpresa?
Segundo Sargent e Wallace, sim.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Apesar das discussões entre académicos, o que se pode concluir?
Que existe neutralidade da moeda no longo-prazo e não existe no curto-prazo.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Qual é a diferença da perspetiva dos novos Keynesianos em relação às outras correntes?
Os mecanismos de transmissão e algumas das implicações.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Segundo os novos Keynesianos, os choques monetários têm efeitos reais no curto-prazo?
Sim, devido à rigidez dos salários e dos preços das mercadorias, não importando se são surepresa ou antecipados.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Segundo os novos Keynesianos, porquê que os choques monetários têm efeitos reais no curto-prazo?
Porque os ajustamentos instantâneos nos preços não sã possíveis devido a:
- Restrições institucionais (no caso dos salários);
- custos que as empresas evitam no quadro dos mercados imperfeitamente concorrenciais.
Conclusão: são as imperfeições de mercado que determinam o efeito.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Que fatores fazem a PM influenciar as variáveis reais no curto-prazo?
- Rigidez das expectativas ou de variáveis nominais;
- táticas prosseguidas e credibilidade dos compromissos assumidos pelas autoridades monetárias.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Quando é que se rejeita a hipótese da super-neutralidade da moeda? E porquê?
Os processos de ajustamento fundados na variação na quantidade real de moeda procurada e nas variações das taxas de juro explicam a não neutralidade da moeda no longo-prazo e, consequentemente, a rejeição da hipótese da super-neutralidade.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
O que acontece, segundo os autores que consideram que não há neutralidade da moeda no longo-prazo, se o BC toma a decisão de expandir a quantidade de moeda em circulação a título permanente? E quais os seus efeitos?
Expansão da qtd. de moeda em circulação a título permanente, a uma taxa de juro superior à vigente =>qtd. real de moeda procurada diminui => portefólios desiquilibrados => agentes pretendem reequilibrá-los => reduzem a participação da moeda e aumentam a de outros ativos.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Qual é o pressuposto fundamental para a moeda não ser super-neutral no longo-prazo?
Que o acréscimo da despesa não seja proporcional sobre todos os bens por não serem igualmente satisfatórios enquanto substitutos da moeda.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
O que implica, então, o aumento da moeda em circulação e a moeda não ser super-neutral?
Alteração permanente dos preços relativos =>reafetação dos recursos produtivos entre as diversas atividades e alteração na composição do produto em benefício do capital.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Que ativos prefere o público para substituir a moeda em caso de excesso de circulação desta?
Ativos capazes de conservar riqueza real de forma duradoura, fornecendo um fluxo real que não se deprecia com o tempo => priveligiem o capital => aumenta o valor de eq. entre capital-trabalho no longo-prazo e, do mesmo modo, entre capital e os encaixes reais de moeda => investimento por período de tempo maior (para manter o capital no nível do novo eq.).
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
Qual é a principal consequência da não super-neutralidade da moeda no longo-prazo?
Acréscimo do produto potencial da economia.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
O que acontece perante uma expansão da moeda a taxas juro permanentemente mais altas?
Reduz a taxa de juro de equilíbrio e acresce aos fundos que os bancos têm disponíveis para conceder crédito => aumento relativo do investimento na composição do PIB.
Se estiver em condições de pleno emprego, a redução da taxa de juro implica na mesma o aumento relativo do investimento, mas também pode implicar a diminuição do consumo real => reafetação dos fatores para a produção de capital.
Neutralidade e super-neutralidade da moeda
O que se concluiu nos estudos realizados pelo BCE sobre o impacto do aumento inesperado e temporário das taxas de juro oficiais em 100 p.b. (1.00%)?
Embora quantitativamente divergentes, são qualitativamente idênticos.
Subida das taxas de juro oficiais => contração do PIB real e dos preços.
A contração do PIB real é mais acentuada no 2º ano, diluindo-se ao longo do tempo, acabando por esgotar-se.
A contração dos preços é mais lenta no período inicial e vai acentuando-se gradualmente ao longo do tempo.
Conclusão: Efeitos permanentes nas variáveis nominais e temporários nas variáveis reais => aceitação da hipótese na neutralidade da moeda.