Aula 19 - Tendências Gerais da evolução do gasto público Flashcards

1
Q

Qual a diferença de gastos públicos e gastos governamentais segundo Flávio Riani?

A

De maneira geral, consideram-se gastos governamentais apenas as despesas realizadas pelas unidades que compõem a administração
governamental direta e indireta.

Dessa forma, seriam englobados neste conceito apenas os gastos realizados pelas esferas de governo mais suas autarquias e fundações.
Por outro lado, considera-se gasto público a totalidade dos gastos governamentais mais as despesas do governo com suas atividades econômicas produtivas, incluindo-se aí as empresas estatais.

Os gastos governamentais, portanto, são aqueles financiados pela tributação ou
endividamento público, e podem ser apresentados em diversos graus de desdobramentos,
desde a despesa total, até o gasto mais detalhado possível.

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2
Q

Quais são os 3 graus diferentes de detalhamento dos gastos governamentais quanto as despesas?

A

Despesas:
1) AGREGADAS:
2) POR CATEGORIA ECONÔMICA
3) POR FUNÇÃO

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3
Q

O que são as despesas agregadas dos gastos governamentais quanto as despesas?

A

As despesas agregadas proporcionam avaliação, como o nome indica, no nível macroeconômico dos gastos da administração pública direta e indireta e, dessa forma, ter um panorama de seus principais componentes. A agregações são feitas em Nível Federal; Agregado de Estados; Agregado de municípios.

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4
Q

Quais são as categorias econômicas das despesas dos gastos governamentais e o que é possível avaliar com elas, segundo Rani?

A

O detalhamento dos gastos governamentais por categorias econômicas permite análise
detalhada de sua qualidade, apresentando por meio de balanços gerais das unidades federativas

As categorias econômicas são: despesas correntes e despesas de capital.

As despesas correntes são os gastos necessários ao funcionamento da administração pública,
como despesas com pagamento de pagamento de pessoal, com manutenção da estrutura
funcional e com consumo de bens e serviços.

As despesas de capital, por outro lado, apesar de também diminuírem as disponibilidades
financeiras do Estado, não têm efeito sobre o Patrimônio Líquido, pois têm uma contrapartida a
redução de uma obrigação ou a constituição de um bem ou direito. Elas são, por exemplo, gastos com investimentos em capital, como obras e edificações, que caracterizam a constituição de ativos, ou gastos com amortização do valor principal da dívida
pública.

Para Riani, por meio dos gastos por categoria econômica, é possível avaliar ou
apurar:
- a situação financeira do governo, quando analisada conjuntamente com a receita;
- o peso relativo de cada componente na estrutura de gastos;
- a capacidade de poupança do governo;
- a capacidade de investimentos do governo;
- como a rigidez da composição dos gastos restringe a margem de flexibilidade do governo, interferindo diretamente na sua política de gastos.

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5
Q

O que é a classificação dos gastos públicos por funções?

A

A classificação dos gastos públicos por funções apresenta a distribuição dos gastos entre as diversas funções do Estado, que são:
* Legislativo
* Judiciário
* Administração e planejamento
* Defesa nacional e segurança pública
* Educação e cultura
* Habitação e urbanismo
* Indústria, comércio e serviços
* Saúde e saneamento
* Trabalho Assistência e previdência
* Transportes
* Agricultura
* Energia e recursos minerais
* Desenvolvimento regional
* Comunicações
* Outros

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6
Q

Pelo o que o Deficit publico é financiado?

A

DP = Spriv - Ipriv + Sext

Portanto, o DP é financiado pelas poupanças privada e externa.

E assim, a dívida pública é o acúmulo de sucessivos déficits ou superávits.

O déficit público é apurado anualmente, ou seja, mensura-se o resultado naquele ano específico
e, por isso, é uma variável do tipo fluxo. Os sucessivos déficits (ou superávits) vão se acumulando
à dívida pública, que é uma variável do tipo estoque.

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7
Q

O que é Setor Público?

A

O conceito de setor público utilizado para mensuração da dívida pública da dívida pública e do déficit público é o do setor público não-financeiro mais Banco Central.

O setor público é o setor público não-financeiro mais o Banco Central (conforme definido no manual de finanças públicas da autarquia).

O setor público não-financeiro inclui: as administrações diretas federal, estaduais e municipais; as administrações indiretas, o sistema público de previdência social e as empresas estatais nãofinanceiras federais, estaduais e municipais, além da Itaipu Binacional, Fundos públicos cuja fonte de recursos é constituída de contribuições fiscais e parafiscais.

Nessa relação de empresas estatais não financeiras, devemos excluir a Petrobrás e a Eletrobrás.
Apesar de serem empresas estatais não financeira, seus resultados não são levados em conta na
mensuração da dívida pública e do déficit público.

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8
Q

Qual a fórmula de carga tributária bruta

A

A arrecadação total de impostos no país corresponde à chamada carga tributária bruta. A
diferença entre a carga tributária bruta e as transferências governamentais é a carga tributária
líquida do governo.

Carga tributária bruta (CTB) = Total de impostos arrecadados

Carga tributária líquida (CTL) = (CTB) – Transferências do governo

Poupança do governo = (CTL) – Gastos correntes

A poupança do governonão consideras as despesas de capital. O que ela mostra é a capacidade de investimento do governo, sem pressionar outras fontes de financiamento.

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9
Q

O que é superavit público?

A

A diferença entre a poupança do governo (ou poupança pública) e o investimento público
fornece o valor do superávit público, ou déficit, se o resultado for negativo.

SUPERÁVIT PÚBLICO
= poupança do governo – gastos de capital
ou
= poupança do governo – investimentos do governo
ou
= total de impostos – transferências do governo – gastos correntes – gastos de capital

Se o resultado for negativo, há DÉFICIT PÚBLICO

Quando há superávit público, isto significa que o governo está arrecadando mais do que está
gastando, logo, está fazendo política fiscal contracionista (restringindo a demanda agregada).

Quando há déficit público, isto significa que o governo está gastando mais do que está
arrecadando, logo, está fazendo política fiscal expansiva (aumentando a demanda agregada).

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10
Q

Quais são as duas principais maneiras de se obter recursos para financiar o déficit público?

A
  1. Emitir moeda : o Banco Central (instituição emissora de moeda) emite moeda e a entrega
    ao Tesouro Nacional (União). Esta operação também pode ser conceituada como uma venda de títulos públicos ao Banco Central. Assim, o BC recebe títulos (emitidos pelo Tesouro Nacional) e entrega moeda ao Tesouro Nacional, e este utiliza esta moeda para
    financiar o seu déficit (pagar os credores) elevando a base monetária da economia.

A primeira forma de financiamento do déficit (emissão de moeda) tem a inconveniente
consequência de provocar inflação e tem a vantagem de não implicar endividamento do governo, pois ele
simplesmente “imprime” o dinheiro de que necessita.

  1. Venda de títulos públicos ao setor privado (interno e externo)
    A segunda forma tem a inconveniente consequência de aumentar o endividamento público.
    Este, por sua vez, traz uma nova categoria de gastos que é a rolagem e o pagamento dos serviços
    (juros, custas, emolumentos etc.) dessa dívida.
    E tem a vantagem de não provocar pressões inflacionárias adicionais, além daquelas que foram provocadas em momento anterior pelo excesso de gastos público
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11
Q

Qual a diferença entre os conceitos de défict primário, operacional e nominal?

A
  1. O déficit primário, como o nome sugere, é a mensuração mais básica, pois considera apenas a
    diferença entre as despesas não-financeiras e as receitas não-financeiras. Se o resultado for
    positivo, temos um déficit primário.
    Déficit Primário (DP) = Despesas não financeiras– Receitas não financeiras
  2. O déficit operacional leva em consideração o pagamento dos juros reais. Ou seja, são
    consideradas as despesas financeiras:
    Déficit Operacional (DO) = DP + juros reais da dívida pública
  3. o déficit nominal nada mais é que o déficit operacional corrigido pela inflação. Ele
    também pode ser calculado somando as despesas financeiras e não-financeiras e subtraindo as
    receitas financeiras e não financeiras.

Déficit nominal = DO + inflação
ou
(Despesas não-financeiras+despesas financeiras)
– (Receitas não-financeiras+receitas financeiras) = Déficit nominal

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12
Q

Qual a diferença de apuração do resultado fiscal “acima da linha”, e à mensuração “abaixo da linha?

A

Acima da linha: ocorre quando se mede o déficit com base na execução orçamentária
das entidades que o geram, isto é, diretamente das receitas e das despesas.

Abaixo da linha: por este método, mede-se o tamanho do déficit pelo lado do
financiamento. Em vez de se preocupar com as receitas e gastos, simplesmente, faz-se a
seguinte pergunta: quanto eu tenho que pagar (quanto eu tenho que financiar)?

Esquematizando:
Despesas - Receitas = Déficit (acima da linha)
Variação Dívida líquida Total (abaixo da linha)

segundo o critério “abaixo da linha”, quando a dívida líquida total aumenta, interpreta-se que houve resultado fiscal negativo (déficit), do contrário, quando a dívida líquida total diminui, sabe-se que houve superávit.
Os dados oficiais das necessidades de financiamento do Brasil são gerados pelo Banco Central
e o método utilizado é o “abaixo da linha”, ou seja, a partir das alterações no valor da
necessidade de financiamento (ou na variação do endividamento).

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13
Q

Qual a distinção dos três conceitos de défict da Necessidade de Financiamento do Setor Público Não Financeiro (NFSP) segundo o critério “acima” da linha?

A
  1. Déficit nominal ou total (Necessidade de Financiamento do Setor Público – Conceito
    nominal)
    : engloba qualquer necessidade de novos financiamentos para fazer frente a
    qualquer despesa. Podemos então concluir que o déficit nominal significa: gastos totais
    menos receitas totais.
  2. Déficit primário ou fiscal (Necessidade de Financiamento do Setor Público – Conceito
    primário)
    : é medido pelo déficit total, excluindo a correção monetária e cambial da dívida
    e os pagamentos de juros de dívidas contraídas anteriormente
    . De fato, é a diferença entre
    os gastos públicos e a arrecadação tributária no exercício, independente de juros e
    correções da dívida passada. Podemos então concluir que o déficit primário significa:
    gastos não financeiros menos receitas não financeiras.

    **Pode ser conceituado também como: déficit primário = déficit nominal – pagamento de
    juros nominais. **
    Consequentemente, temos: déficit nominal = déficit primário + pagamento de juros nominais.
  3. Déficit operacional (Necessidade de Financiamento do Setor Público – Conceito
    operacional)
    é medido pelo déficit primário acrescido dos pagamentos de juros da
    dívida passada
    . Em outras palavras, é o déficit nominal, excluindo a correção monetária e
    cambial. Este é o conceito considerado mais adequado para refletir as necessidades reais
    de financiamento do setor público, uma vez que o conceito nominal se apresenta inconveniente, já que é muito suscetível às variações nas taxas de inflação (elas causam correção monetária) e às variações na taxa de câmbio (causam correção cambial).
    Assim, as cláusulas de correção monetária (devido à inflação) fazem com que qualquer aumento da inflação eleve as NFSP, sem que isso signifique maiores gastos. Nos períodos de inflação elevada, era o conceito para se medir o déficit público.
    Podemos, então, concluir que o déficit operacional significa: déficit operacional = déficit primário + pagamentos de juros reais. Hoje, no entanto, com a inflação e câmbio relativamente estáveis, o déficit nominal é o mais adequado, pois é o mais amplo (receitas
    totais – gastos totais).
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14
Q

Qual a distinção dos três conceitos de superávits da Necessidade de Financiamento do Setor Público Não Financeiro (NFSP) segundo o critério “acima” da linha, (nesse caso Necessidades de Financiamento, são negativas)?

A

Os mesmos conceitos se aplicam quando falamos de superávits, assim, temos:

  1. Superávit primário: excesso de arrecadação sobre os gastos totais, excluindo os gastos
    (ou receitas) com pagamentos de juros sobre a dívida e correção monetária e cambial.
  2. Superávit operacional: resultado primário levando-se em conta, adicionalmente, os gastos (ou receitas) com pagamentos de juros reais.
  3. Superávit nominal: resultado operacional levando-se em conta, adicionalmente, os gastos (ou receitas) com correção monetária e cambial da dívida passada. Pode ser também igual ao superávit primário mais os pagamentos de juros nominais.
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15
Q

Quais os conceitos da NFSP “abaixo” da linha do Manual do BC?

A
  1. Resultado nominal sem desvalorização cambial: corresponde à variação nominal dos
    saldos da dívida líquida do setor público (DLSP), deduzidos os ajustes patrimoniais efetuados no período (receitas de privatizações e os reconhecimentos de dívida)
    .
    Exclui, ainda, o impacto da variação cambial sobre a dívida externa e sobre a dívida mobiliária
    interna indexada à moeda estrangeira (este ajuste levando-se em conta a indexação à moeda estrangeira é chamado de “ajuste metodológico”). Abrange o componente de atualização monetária da dívida, os juros reais e o resultado fiscal primário.
  2. Resultado nominal com desvalorização cambial: corresponde à variação nominal dos
    saldos da dívida líquida, deduzidos os ajustes patrimoniais efetuados no período
    (privatizações e reconhecimento de dívidas). Exclui, ainda, o impacto da variação cambial
    sobre a dívida externa (ajuste metodológico). Abrange o componente de atualização
    monetária da dívida, os juros reais, a apropriação da variação cambial sobre a dívida
    mobiliária interna – que consiste na dívida pública representada por títulos emitidos pela
    União, inclusive os do Banco Central, Estados e Municípios – e o resultado fiscal primário.
    Nota 1: veja que, mesmo considerando “com desvalorização cambial”, não se
    considera (é excluído) o impacto da variação cambial sobre a dívida externa. Para a dívida interna, contudo, considera-se a variação cambial.
    Nota 2: Segundo Fernando Rezende, ainda podemos conceituar a NFSP nominal como: a variação da dívida fiscal líquida (DFL - A Dívida Fiscal Líquida, dada pela diferença entre a DLSP e o ajuste patrimonial) entre dois períodos de tempo.
  3. Resultado primário: os juros incidentes sobre a dívida líquida dependem do nível de taxa de juros nominal e do estoque de dívida, que, por sua vez, é determinado pelo acúmulo de déficits nominais passados. Assim, a inclusão dos juros no cálculo do déficit dificulta a mensuração do efeito da política fiscal executada pelo governo, motivo pelo qual se calcula o resultado primário do setor público, que corresponde ao déficit nominal (NFSP) menos os juros nominais apropriados por competência, incidentes sobre a dívida pública. A parcela dos juros externos e incidentes sobre a dívida mobiliária vinculada à moeda estrangeira é convertida pela taxa média de câmbio de compra.
    Nota 3: o Manual do BC realmente “pula” o conceito de resultado operacional. Isto se deve à atual conjuntura econômica do Brasil, onde, em virtude dos baixos índices inflacionários, o déficit operacional perdeu sua relevância. A própria LRF (Lei de
    Responsabilidade Fiscal), em diversas passagens, faz referência somente aos resultados nominai e primário, ignorando o resultado operacional. No entanto, para provas de concursos, é claro, você deve saber os três conceitos.
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16
Q

O que é A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) e ajuste patrimonial?

A

A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) é dada pela soma das dívidas interna e externa do setor público (governo central, Estados e municípios e empresas
estatais) junto ao setor privado, incluindo a base monetária e excluindo-se ativos do setor público, tais como reservas internacionais, créditos com o setor privado e os valores das privatizações. Ou seja, estes últimos (os ativos), por serem excluídos, reduzem a dívida líquida do setor público

Ajuste patrimonial corresponde a variações nos saldos da dívida líquida não consideradas no cálculo do déficit público. Inclui as receitas de privatização e a incorporação de passivos contingentes (esqueletos), que correspondem a dívidas juridicamente reconhecidas pelo governo, de valor certo, e representativas de déficits passados não contabilizados (o efeito econômico já ocorreu no passado).

17
Q

Quais são os dois regimes para contabilização do déficit público?

A

Regime de competência: os fatos contábeis são registrados de acordo com o período em que ocorreu o fato gerador (despesa ou receita). Por exemplo, imagine que o governo brasileiro faça a compra de 10 aviões caça da França, no valor de US$ 150 bilhões. No regime de competência, a despesa será contabilizada no momento do fato gerador (momento da compra) e não quando o governo brasileiro efetua o pagamento ao governo francês.

Regime de caixa: os fatos são registrados quando se dá o pagamento ou o recebimento.
No exemplo acima, segundo o regime de caixa, a compra dos aviões só seria contabilizada
quando houvesse o pagamento ao governo francês. De acordo com o regime utilizado, pode-se chegar a diferentes valores de déficit/superávit.

No Brasil, As NFSP são apuradas pelo regime de caixa, à exceção dos resultados de juros,
que são apurados pelo regime de competência. Isso significa que as despesas públicas (exceto os juros) são consideradas como deficit no momento em que são pagas, e não quando são geradas. Isso vale para as receitas, que são computadas quando entram no
caixa do governo, e não quando ocorre o fato gerador.

18
Q

O que é Dívida líquida do setor público?

A

Corresponde ao saldo líquido do endividamento do setor público não-financeiro e do BC frente
ao sistema financeiro (público e privado), ao setor privado não-financeiro e ao resto do mundo.

Ou seja, é o que setor público não-financeiro “deve” (débitos ou dívidas) em contrapartida ao
que ele tem de crédito (créditos).

Enfim, a dívida líquida é o balanceamento entre dívidas e créditos. Estes créditos de que trata o
conceito são créditos financeiros do setor público não financeiro e do BC.

Assim, não entram como fatores de desconto para o cálculo da dívida líquida do setor público ativos reais como imóveis, ações de empresas etc.

19
Q

O que é Dívida bruta do governo geral?

A

A dívida bruta do governo geral abrange o total dos débitos de responsabilidade do governo
federal, estaduais e municipais, junto ao setor privado, ao setor público financeiro, ao BC e ao
resto do mundo

Portanto, o termo “bruta” surge do fato de não serem considerados os ativos do governo geral,
ou seja, não são abatidas as dívidas nas quais o governo geral é credor.

Os valores da dívida mobiliária do Governo Federal (que abrange dívidas securitizadas e
carteira de títulos públicos federais no BC) são calculados com base na posição de carteira, que
não leva em consideração as operações compromissadas2 pelo BC.

a) Dívida mobiliária do Governo Federal, em mercado
(-) Aplicações da previdência em títulos públicos
(-) Aplicações de fundos federais em títulos públicos
(-) Aplicações dos estados e municípios em títulos públicos
b) Operações compromissadas
c) Dívida bancária do governo federal e dos governos estaduais e municipais
d) Dívida assumida pela União Lei 8.727/1993
e) Dívida mobiliária dos governos estaduais e municipais
(-) Títulos dos estados e municípios, em tesouraria
f) Dívida externa bruta do governo federal, dos estados e dos municípios

20
Q

O que é efeito o Oliveira-Tanzi e efeito Patinkin, ou efeito Tanzi de despesa, ou ainda efeito Bacha?

A

O governo também perde poder aquisitivo com a inflação, pois esta corrói o valor da
arrecadação fiscal pela defasagem entre o fato gerador dos impostos, o recolhimento dos
mesmos e a efetiva utilização da receita fiscal pelo governo. Este fenômeno é conhecido como
efeito Oliveira-Tanzi.

Ainda em relação à arrecadação do governo, destacamos o efeito inverso ao destacado por
Oliveira e Tanzi. A contração de despesas em um momento e o seu pagamento em momento
posterior provoca uma relevante redução real dos gastos públicos. Esse é o efeito Patinkin, ou
efeito Tanzi de despesa, ou ainda efeito Bacha.

21
Q

O que é imposto inflacionário?

A

em regimes inflacionários, o governo deve a todo o momento emitir mais moeda (senhoriagem ) a fim de que os agentes possam realizar as suas transações. Imagine inflação mensal de 30% ao mês.
Se a autoridade monetária deste país não emitir mais moeda, com certeza, faltará dinheiro na
economia, devido ao fato de que os mesmos bens e serviços exigem, para o seu consumo, 30%
a mais de moeda.

Quando o governo emite moeda, tal emissão, por si só, provoca inflação . Por sua vez, quando o governo emite a moeda, o dinheiro “fabricado”, obviamente, não é distribuído aos cidadãos, ele fica sob a posse do governo para ele gastar com o quiser (receita de senhoriagem).

Em virtude da inflação, o governo emite moeda, e tal emissão de moeda provoca duas coisas: perda de poder aquisitivo da população (via aumento da
inflação) e aumento de recursos à disposição do governo (em virtude da emissão monetária).** A
esse mecanismo de transferência de renda da população para o governo, os economistas dão o
nome de imposto inflacionário.**

22
Q

Como se avalia a sustentabilidade do endividamento público?

A

Avaliamos a sustentabilidade do endividamento público a partir da relação dívida/PIB.

RELAÇÃO DÍVIDA PIB
Dívida / PIB

Um primeiro conceito relacionado à discussão da dinâmica da dívida pública é o de solvência.
Uma entidade qualquer é dita solvente se o valor presente descontado de seus gastos primários
(isto é, exclusive encargos financeiros) correntes e futuros não é maior que o valor presente
descontado de sua renda corrente e futura, líquida de qualquer endividamento inicial.

Outro conceito é o de liquidez. Uma entidade é dita líquida se seus ativos líquidos e o
financiamento disponibilizado pelo mercado são suficientes para honrar o pagamento e/ou a
rolagem do serviço e das amortizações de suas dívidas

O terceiro conceito é o de sustentabilidade. A posição de endividamento de uma entidade é
dita sustentável se ela satisfaz a condição de solvência sem que sejam necessárias maiores
correções em suas receitas e/ou gastos dados os custos de financiamento que ela encara no
mercado.

Conforme dissemos, hoje, pelo menos para fins de prova, o que interessa é nós focarmos na relação dívida/PIB. No entanto, ainda vale a pena expor aqui na aula o argumento de Bohn (o mais relevante, para concursos):
**Caso o resultado primário responda positivamente a acréscimos na dívida pública, então,
esta pode ser vista como sustentável (mesmo em ambiente de incerteza econômica). **

Por fim, o conceito de vulnerabilidade é simplesmente o risco de que as condições de solvência e/ou liquidez sejam violadas e a entidade devedora entre em crise.

23
Q

Quais são as tendências gerais observadas ao longo do tempo da evolução do gasto público
no mundo e no Brasil?

A

No Mundo
* Crescimento do Gasto Público: Globalmente, tem-se observado um aumento no gasto público como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) ao longo das últimas décadas.
Esse crescimento é frequentemente impulsionado pela expansão dos serviços públicos, como saúde e educação, bem como pelo aumento dos gastos com seguridade social.
* Envelhecimento Populacional: Em muitos países desenvolvidos, o envelhecimento da população tem levado a um aumento nos gastos com pensões e cuidados de saúde. Isso coloca pressão sobre os orçamentos públicos e tem levado a debates sobre a sustentabilidade fiscal a longo prazo.
* Investimento em Infraestrutura: Há também uma tendência crescente de investimento em
infraestrutura, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, como uma
forma de estimular o crescimento econômico e melhorar a qualidade de vida.
* Desafios de Sustentabilidade Fiscal: Muitos países enfrentam desafios de sustentabilidade
fiscal, com altos níveis de dívida pública. Isso levou a uma crescente ênfase na eficiência dos gastos públicos e na reforma dos sistemas fiscais.
* Digitalização e Inovação: O investimento em digitalização e inovação tem se tornado uma
área de foco crescente para o gasto público, visando aumentar a eficiência dos serviços
públicos e promover o desenvolvimento econômico.

No Brasil
* Crescimento dos Gastos: Assim como globalmente, o Brasil também viu um aumento
significativo nos gastos públicos ao longo das últimas décadas, especialmente em áreas
como previdência, saúde e educação.
* Reformas Estruturais: Diante de desafios fiscais, o Brasil tem implementado reformas para
tentar controlar o crescimento dos gastos públicos, como a Lei de Responsabilidade
Fiscal, as Metas de Superávit Primário e o Teto de Gastos (não entramos em detalhes, pois
são aspectos abordados em AFO, quando necessário), que buscaram limitar o aumento
das despesas federais, qualitativa e quantitativamente.
* Desafios Fiscais: O país enfrenta significativos desafios fiscais, com um alto déficit público
e uma dívida pública crescente. Isso tem exigido um equilíbrio entre o financiamento de
políticas sociais e a manutenção da sustentabilidade fiscal.
* Previdência Social: A reforma da previdência tem sido um tema central no debate sobre
gastos públicos no Brasil, visando a sustentabilidade do sistema de seguridade social
diante do envelhecimento da população.
* Investimento em Infraestrutura: O Brasil também tem buscado aumentar os investimentos
em infraestrutura como meio de impulsionar o crescimento econômico, embora muitas
vezes enfrentando limitações orçamentárias.