aula 17 Flashcards
Descreva o desenvolvimento embrionário do cristalino e corpo vítreo
A vesícula ótica evolui e põe-se em contacto com a ectoderme superficial, induzindo a formação da placa do cristalino, um espessamento ectodérmico. Os lábios da placa do cristalino evoluem um em direção ao outro enquanto a placa do cristalino invagina em direção ao cérebro anterior (ao mesmo tempo forma-se a cúpula ótica por parte da vesícula ótica) até fundirem-se entre si, formando a vesícula do cristalino, que perde contacto com a ectoderme superficial. A vesícula do cristalino tem um epitélio anterior que permanece fino, e um epitélio posterior que se torna espesso e acaba por preencher completamente o lumen da vesicula do cristalino, formando as fibras do cristalino concêntricas. O crescimento do cristalino é então mantido pelas células do epitélio anterior próximos do equador, de modo que o cristalino de um animal adulto tenha uma medula (núcleo embrionário) e um córtex. Com o desenvolvimento embrionário do corpo ciliar, formam-se as fibras zonulares elásticas, que se fixam no cristalino, mantendo-o em suspensão.
O espaço entre o cristalino e a retina é ocupado pela artéria hialoidea e por uma substância gelatinosa, o corpo vítreo.
Descreva o desenvolvimento embrionário das pálpebras
As pálpebras têm sua origem a partir de pregas ectodérmicas, de situação dorsal e ventral à córnea, que evoluem uma em direção à outra até se fundirem, encerrando um espaço designado por saco conjunctival. As pálpebras voltam a abrir antes do nascimento, ou depois do nascimento no caso dos carnívoros e roedores.
Descreva o desenvolvimento embrionário da retina, íris e corpo ciliar.
A retina tem origem neuroectodérmica enquanto a íris e corpo ciliar tem origem neuroectodérmica e mesenquimatosa.
A parede do cérebro anterior (prosencéfalo), após o fechamento do tubo neural, invagina em direção à ectoderme superficial, formando os sulcos óticos, que se expandem para formar as vesiculas óticas. As vesiculas óticas aproximam-se da ectoderme superficial induzindo a formação da placa do cristalino, e voltando a invaginar na direção oposta, ganhando uma forma de cálice e formando a cúpula ótica, com uma camada externa que irá dar origem à camada pigmentada da retina, e uma camada interna que irá dar origem à camada não pigmentada da retina.
A cúpula ótica permanece ligada ao cérebro anterior através do pedículo ótico e inicialmente tem uma fissura a nível ventral, a fissura coroidea, por onde passa a artéria hialoidea destinada a desaparecer. Os lábios da fissura hialoidea evoluem um em direção ao outro, encerrando a fissura coroidea.
Entre a camada interna e externa da cúpula ótica encontra-se o espaço intrarretiniano que também é destinado a desaparecer.
A camada interna da retina nos seus 4/5s mais caudais torna-se espessa para dar origem à porção ótica da retina, que se diferencia em camadas: a camada mais interna para os cones e bastonetes, a próxima camada para neurónios bipolares, uma capa ganglionar onde se encontram os corpos celulares dos neurónios do nervo ótico, e uma camada dos axónios dos neurónios do nervo ótico. No seu 1/5 mais rostral, a camada interna da cúpula ótica permanece fina e diferencia-se para dar origem à porção cega da retina, com uma parte irídica e uma parte ciliar, contribuindo para a formação da íris e do corpo ciliar respetivamente. O corpo ciliar diferencia, por pragueamento, os processos ciliares, onde se fixam as fibras elásticas que permitem o cristalino permanecer em suspensão, as fibras zonulares. Também fazem parte da íris e do corpo ciliar o 1/5 mais rostral da camada pigmentada da retina, e estruturas de origem mesenquimatosa: o espaço entre a camada externa da cúpula ótica e da ectoderme superficial é invadida por mesênquima, que dorsalmente ao corpo ciliar dá origem ao músculo ciliar, com função de ajustar a curvatura do cristalino (foco), e próximos da íris diferenciam-se os músculos esfincter pupilar (com função de miose) e o músculo dilatador da pupila (com função de midriase). Com o fechamento da fissura coroidea, a íris passa a delimitar a pupila.
Descreva o desenvolvimento embrionário da túnica fibrosa e coróide
A túnica fibrosa é constituída pela esclerótica e córnea.
O mesênquima de origem na crista neural que rodeia o esboço ocular diferencia-se em duas camadas, que têm destinos diferentes na porção mais rostral e nos 4/5s caudais do olho. Na porção mais caudal, a camada mais profunda (mais próxima da retina) diferencia-se na coroide, camada pigmentada e altamente vascularizada do olho, que pode ser considerada uma continuação das leptomeninges. A camada mais superficial dá origem à esclerótica, constituída por fibras de colagénio entrelaçadas, sendo menos vascularizada e pigmentada que a coroide, e considerada uma continuação da dura-mater.
Na porção rostral, a camada em continuidade com a esclerótica dá origem à substância própria da córnea, que juntamente com o epitélio anterior da córnea de origem ectodérmica constitui a córnea. A camada em continuidade com a coroide dá origem à membrana iridopupilar, destinada a desaparecer. E entre a córnea e a membrana iridopupilar forma-se a câmara anterior do olho.
Descreva o desenvolvimento embrionário do nervo ótico
As paredes do cérebro anterior após o fechamento do tubo neural invaginam-se em direção à ectoderme superficial para formar os sulcos óticos, que se expandem para formar as vesículas óticas, continuando unidos ao prosencéfalo pelos pedículos óticos. São os pedículos óticos que irão dar origem aos nervos óticos. A vesicula ótica ganha uma forma de cálice, formando a cúpula ótica, com uma camada epitelial interna e uma externa, separadas pelo espaço intrarretiniano. Uma das estruturas com origem na camada interna da cúpula ótica é a porção ótica da retina, que tem uma camada ganglionar onde se encontram os corpos celulares dos neurónios do nervo ótico. Esses neurónios emitem seus axónios que confluem ao nível do disco do nervo ótico e começam a invadir o pedículo ótico. Primeiramente o pedículo ótico tem uma fissura a nível ventral, a fissura coroidea, por onde passa a artéria hialoidea. Os lábios da fissura coroidea fundem-se, fechando a fissura e encerrando e centrando a artéria hialoidea no pedículo ótico. Os axónios que constituem o nervo ótico ao invadir o pedículo ótico empurram a sua camada interna em direção à camada externa, preenchendo todo o espaço entre a artéria hialoidea e a camada interna, encerrando o espaço intrarretiniano. A artéria hialoidea vai então dar origem aos vasos centrais da retina, e as camadas do pedículo ótico vão ser substituídos pelas meninges que envolvem o nervo ótico. Na cavidade craniana, o nervo ótico converge formando o quiasma ótico, onde os axónios provenientes da capa ganglionar da retina nasal cruzam contralateralmente e os axónios da retina temporal continuam ipsilateralmente, pelos tratos óticos até o cérebro.
Descreva as malformações congénitas do órgão da visão
As malformações do olho são as mais diagnosticadas, porque são facilmente identificáveis.
Ciclopia: defeito na comunicação entre a lâmina pré-cordal e o prosencéfalo comprometendo a divisão do campo ótico e formação de dois globos ocular, é muitas vezes associada à outras malformações encefálicas.
Atrofia progressiva da retina: eventualmente leva à cegueira
Coloboma da íris: defeito no fechamento da fissura coroidea, mais frequente em Collies.
Permanência da membrana ciliar: só causa problemas se for de grande extensão ou se interferir com a miose e midriase.
Displasia da retina: pode acontecer a nível da ora serrata ou a nível do espaço que antes era o espaço intrarretiniano, pode ser adquirida no caso de infeção do vírus da panleucopnia felina
Atrofia ou agenesia do nervo ótico: o nervo ótico não tem axónios suficientes, pode ser fibroso, comprometendo a transmissão de impulsos nervosos
Malformação do quiasma ótico: fibras provenientes da retina temporal cruzam contralateralmente
Catarata congénita: opacidade do cristalino
Anoftalmia ou microftalmia: não formação do globo ocular ou globo ocular de pequenas dimensões. Pode ser hereditario, frequente em Hereford, Charolês, Collies, Schnauzers e Birmaneses, ou adquirido como na ingestão de griseofulvina por gatas gravidas ou deficiência em vitamina A em vacas ou cadelas grávidas.
Descreva a anatomia da túnica fibrosa do olho
A túnica fibrosa do olho é constituída pela esclerótica e pela córnea. A esclerótica tem uma coloração normalmente branca e é constituída por fibras elásticas e de colagénio entrelaçadas, as fibras de colagénio são organizadas em camadas paralelas. É contínua com a dura-máter encefálica e ao nível do ângulo irido-corneal tem um plexo venoso responsável pela drenagem do humor aquoso da câmara anterior do olho. A sua porção caudal é mais espessa e fica progressivamente mais fina e volta a tornar-se espessa a nível do ponto de união com a córnea, o limbo corneal. Na sua zona rostral mais espessa encontra-se o anel da esclerótica, onde se fixam os músculos retos e oblíquos do olho. Na sua porção mais caudal fixa-se o músculo retrator do globo ocular e tem uma área crivosa atravessada por fibras do nervo ótico e ramos dos vasos centrais da retina. A sua espessura e organização torna-a resistente à pressão intraocular.
A córnea é continua com a esclerótica a nível cranial, é convexa para o exterior, tendo um vértice, e delimita rostralmente a câmara anterior do olho. É transparente e coberta na sua face anterior por conjuntiva, permitindo a passagem de luz. É avascular mas ricamente inervada, e a sua face convexa é nutrida pelas lágrimas enquanto a sua face côncava é nutrida pelo humor aquoso da câmara anterior do olho. Tem um epitélio anterior de origem ectodérmica, e um epitélio posterior e substância própria de origem mesodérmica.
Descreva a anatomia da túnica vascular do olho
A túnica vascular do olho é constituída pela coroide, íris e corpo ciliar. A coróide é uma estrutura escura altamente vascularizada e inervada que se encontra entre a retina e a esclerótica. Absorve luz e tem uma zona cujo pigmento depende da espécie, o tapete lúcido, encontrado dorsalmente ao disco do nervo ciliar, que permite a amplificação da luz em ambientes de pouca luz (não existe em primatas e suínos). Nos carnívoros o tapete lúcido é celular enquanto em ungulados é fibroso.
O corpo ciliar tem uma porção contínua com a coroide rostralmente, o orbicular ciliar, sendo a sua porção mais espessa. Rostralmente ao orbicular ciliar tem uma porção mais pragueada, os processos ciliares, que servem como pontos de fixação para as fibras zonulares elásticas que permitem a suspensão do cristalino. Nos processos ciliares também se insere o músculo ciliar, que permite a focagem do cristalino através da alteração na sua curvatura provocada por movimentos nos processos ciliares. O corpo ciliar tem uma camada pigmentada e uma camada responsável pela produção de humor aquoso.
A íris é continua o corpo ciliar rostralmente e é uma estrutura altamente pigmentada, que confere o olho a sua cor característica. Tem pregas radiais e concêntricas, com um orifício central que permite a comunicação entre a câmara anterior e posterior do olho, a pupila. Tem um anel menor central, onde se encontram os grânulos da íris em algumas espécies como os equinos, e um anel maior mais periférico. A íris permite o ajuste do tamanho da pupila através da atuação dos músculos esfincter pupilar com fibras concêntricase o músculo dilatador da pupila com fibras radiais, sendo responsáveis pela miose e midriase respetivamente. A íris fixa-se à córnea através dos ligamentos pectinados. A íris limita rostralmente a câmara posterior do olho e caudalmente a câmara anterior do olho.
Descreva a anatomia da túnica nervosa do olho
A túnica nervosa do olho é constituída pela retina.
A retina tem uma camada pigmentada externa e uma camada não pigmentada interna, mais espessa. Tem uma porção cega mais rostral, constituída pela porção irídica e ciliar da retina, e uma porção ótica mais caudal, onde a camada interna corresponde à camada nervosa da retina, mais espessa, onde se diferenciam fotorrecetores (bastonetes para visão noturna e cones para visão diurna), neurónios bipolares, neurónios multipolares cujos axónios constituem o nervo ótico, e células sustentaculares. A retina tem também um ponto cego a nível caudal, na área correspondente ao disco do nervo ótico, por onde atravessam axónios para constituir o nervo ótico, e vasos sanguíneos para nutrir a retina, cuja distribuição varia consoante a espécie. A zona de transição entre a porção ótica e a porção ciliar da retina designa-se ora serrata, zona dentada e frágil onde é frequente ocorrer displasias de retina.
Em termos de nutrição da retina, os equinos são paurangióticos, ou seja, a retina é nutrida a partir de vasos de pequeno calibre que atravessam a retina ao redor do disco do nervo ótico. Outros mamíferos exceto os coelhos e equinos são holoangióticos, ou seja os vasos têm grande calibre. Os coelhos são merangióticos (têm vasos de grande e pequeno calibre que atravessam a retina ao redor do disco do nervo ótico).
Descreva a anatomia do conteúdo do olho
Entende-se por conteúdo do olho o cristalino, o humor aquoso e o humor vítreo.
O humor aquoso é produzido pelas células da camada interna do corpo ciliar e é constituído maioritariamente por água, também aparecendo na sua composição glicose, aminoácidos e eletrólitos (composição semelhante à do plasma sanguíneo). Após a sua excreção ocupa a câmara posterior do olho (entre a íris e cristalino, fibras zonulares e humor vítreo) e atravessa para a câmara anterior do olho (entre a córnea e a íris) através da pupila. É responsável maioritariamente pelo estabelecimento da pressão intraocular, podendo originar glaucomas em situações de pressão intraocular elevada, e é drenado após atravessar o ligamento pectinado a nível do ângulo iridopupilar pelo plexo venoso da esclerótica. Também tem como função nutrir a face posterior da córnea e a face anterior do cristalino.
O humor vítreo tem uma composição mais gelatinosa, sendo consituído 99% por água e 1% por ácido hialurónico. Ocupa a câmara vítrea entre a retina e o cristalino e fibras zonulares, sendo a componente de maior volume de todo o globo ocular. Também contribui para a pressão intraocular e na câmara vítrea não ocupa o canal hialoideo, onde se encontrava a artéria hialoidea (estrutura embrionária que permanece em bovinos, suínos e carnívoros).
O cristalino é transparente e permite a focagem de luz. É suspenso pelas fibras zonulares que se fixam nos processos ciliares, e tem um epitélio anterior que garante o crescimento do cristalino, e fibras (do cristalino), com um núcleo embrionário e um córtex.
É biconvexo e avascular, sendo a sua face anterior nutrida pelo humor aquoso e sua face posterior nutrida pelo humor vítreo.
Descreva as fáscias do olho
A fáscia mais externa do olho é a periórbita, membrana fibrosa forte que envolve o globo ocular e seus anexos. Sobre a periorbita encontra-se o corpo adiposo extraperiorbitário e internamente à periorbita encontra-se o corpo adiposo intraperiorbitario. A periorbita emite fasciculos de músculo liso que constituem o músculo orbitário. A fáscia superficial do olho envolve os músculos oblíquos e o músculo elevador da pálpebra superior, para além da glândula lacrimal, enquanto a fáscia profunda envolve os músculos retos do olho.
Descreva o aparelho lacrimal
A lágrima é produzida pela glândula lacrimal e pelas glândulas na terceira pálpebra, sendo espalhada pela córnea pelas pálpebras. Têm como importante função a nutrição da face anterior da córnea, e acumulam-se nos pontos lacrimais no ângulo medial do olho, onde são drenadas para canalículos lacrimais e encaminhadas para sacos lacrimais, onde podem ser armazenadas ou seguir para o que drena no chão da cavidade nasal, onde as lágrimas saem na forma de vapor de água.
Descoloração do pelo na zona medial do olho é relacionada a obstrução do canal nasolacrimal, e para verificar a obstrução é administrado pigmentos verdes e observar se aparece na cavidade nasal.
Descreva as pálpebras e conjuntiva
A pálpebra superior e inferior têm como função proteção mecânica do globo ocular e controlo da quantidade de luz que o globo ocular recebe (através da sua contração pelo músculo orbicular do olho). Sua superfície externa é revestida por pele enquanto sua superfície interna é revestida por conjuntiva. No seu bordo implantam-se os cílios e encontram-se glândulas tarsais (sebáceas modificadas que permitem que as lágrimas não caem no bordo livre da pálpebra). A conjuntiva reveste internamente as pálpebras e externamente a córnea, contínuas ao nível da fórnix. O espaço entre a conjuntiva palpebral e a conjuntiva bulbar designa-se saco conjuntival, e a conjuntiva forma a carúncula lacrimal, pigmentada, no ângulo medial do olho.
Também a nível do ângulo medial do olho, a conjuntiva é responsável pela formação da terceira pálpebra, que tem um esqueleto de sustentação (em forma de T) de cartilagem hialina em cães e ruminantes, e de cartilagem elástica em gatos, suínos e equinos.
A terceira pálpebra, ou pálpebra nictitante, tem como função a produção de lágrimas e é removida em algumas cirurgias, quando é invertida.
Trajeto desde a emissão da luz até se tornar consciente
conjuntiva bulbar » córnea » câmara anterior (humor aquoso)» pupila » câmara posterior (humor aquoso) » cristalino » câmara vítrea (humor vítreo) » bastonetes/cones » neurónio bipolar » neurónio do nervo ótico » disco do nervo ótico » nervo ótico » quiasma ótico » trato ótico » núcleo geniculado lateral » radiação ótica » área visual do córtex occipital
Ramos da artéria oftálmica externa
Artéria etmoidal externa Artéria lacrimal Ramos musculares Artéria supraorbitária Artéria ciliar posterior longa Artéria ciliar posterior curta Artéria ciliar anterior » circulo arterial maior da íris