Augusto Comte e Émile Durkheim Flashcards
Auguste Comte foi um dos mais importantes filósofos e sociólogos franceses.
Atribui-se a ele a criação da disciplina Sociologia, bem como a corrente filosófica, política e científica conhecida como Positivismo.
Sua contribuição teórica ainda é importante, com o conceito político da “Lei dos Três Estados”.
Biografia
Auguste Comte
Busto de Auguste Comte em Paris, França
Isidore Auguste Marie François Xavier Comte nasceu em Montpellier (Hérault), na França, em 19 de janeiro do ano 1798. Era filho do oficial de taxas Louis Comte e Rosalie (Boyer) Comte, uma monarquista devota do catolicismo.
Em 1814, ingressou na “Escola Politécnica de Paris”, e, com apenas quinze anos, destaca-se como aprendiz brilhante.
Entre 1817 e 1824, foi secretário do conde Henri de Saint-Simon, grande nome do socialismo utópico, o qual teve influência decisiva na obra de Comte.
Mais tarde, em 1822, publica “Plano de Trabalhos Científicos para Reorganizar a Sociedade”. Pouco tempo depois, sofre um colapso nervoso (1826), do qual se recupera somente em 1830.
Nesse meio tempo, publicou os seis volumes do “Curso de Filosofia Positiva”.
Entre 1832 e 1842, Comte foi tutor e examinador na “École Polytechnique”; ainda em 1842, separa-se de sua esposa e inicia um relacionamento platônico com Clotilde de Vaux.
Neste contexto, Auguste Comte já vivia do favor financeiro de seus amigos e admiradores. Em 1848, criou uma “Sociedade Positivista” e entre 1851 e 1854, redigiu o “Sistema de Política Positiva”, no qual propõe uma interpretação para a sociedade humana.
No ano de 1856, publicou o primeiro volume de “Síntese Subjetiva”, o qual não completou, pois morreu de câncer em Paris, no dia 5 de setembro do ano 1857.
Principais Ideias
É importante salientar que Comte viveu sob a égide da Revolução Francesa, bem como da ciência moderna e da Revolução Industrial.
Portanto, seus ditos e escritos são referentes as intensas transformações sociais, econômicas, políticas, ideológicas, tecnológicas e científicas decorrentes da consolidação do capitalismo.
Nesse contexto, ele percebeu que os fenômenos sociais deveriam ser percebidos como os outros fenômenos da natureza.
Isso porque eles eram apenas um tipo específico de realidade teórica, o que implica que devem ser enunciadas em termos sociais.
Ele cunha o termo “sociologia”, para designar uma doutrina social baseada em princípios científicos, dividindo-a em dois campos:
os estudos das estatísticas sociais para a compreensão das forças que mantêm a coesão social;
as dinâmicas sociais em si, para o estudos das causas das mudanças sociais.
Portanto, a “Física Social” ou “Sociologia”, partiria dos princípios da observação, experimentação, comparação e classificação enquanto métodos.
Ela tinha como finalidade tudo o que é “positivo”, ou seja, o real, o útil, o certo, o preciso, o relativo, o orgânico e o simpático.
Daí surge a outra contribuição de Comte: o Positivismo. Ou seja, a visão pela qual a análise dos fatos abandona a consideração das causas dos fenômenos e pesquisa suas leis, uma vez que são fenômenos observáveis.
O positivismo pregava um modelo de sociedade organizada, na qual o poder espiritual não mais prevaleceria, ficando o governo à cargo dos sábios e cientistas.
Este novo método geral para a ciência caracteriza-se pela observação em aliança com a imaginação. Estão sistematizadas, por sua vez, segundo princípios adotados pelas ciências exatas e biológicas.
Contudo, vale notar também, o fato de Comte perceber que cada tipo de fenômeno possui suas particularidades. Isso implica dizer que há um método específico de observação para cada fenômeno.
Outra importante criação de Auguste Comte foi a “Religião da Humanidade”, com bases teológicas e a metafísicas. Isso tudo, reconhecendo a preponderância do papel histórico desempenhado pelos estágios provisórios da Humanidade, previsto na “Lei dos Três Estados”.
Seu pensamento influenciou pensadores da grandeza de Karl Marx, John Stuart Mill, George Eliot, Harriet Martineau, Herbert Spencer e Émile Durkheim.
Criador do termo “altruisme” (autruísmo), a filosofia de Comte para a humanidade se resumiria em “vivre pour autrui” (viva pelos outros).
Lei dos Três Estados
A “Lei dos Três Estados” representam as fases necessárias para a evolução humana, onde cada uma delas teria suas abstrações, suas observações e sua imaginação próprias.
A observação da evolução das concepções intelectuais da humanidade seguiria o estado ‘teológico’ ou ‘fictício’, o estado ‘metafísico’ ou ‘abstrato’ e o estado ‘científico’ ou ‘positivo’.
No primeiro, os fatos observados seriam explicados pelo sobrenatural, ou seja, entidades (Deus ou deuses), as quais comandaria os fatores que compõem a realidade.
No segundo estágio, a realidade seria pesquisada diretamente, mas ainda haveria a presença do sobrenatural (a natureza, o éter, o Povo, o capital).
No terceiro e último estágio evolutivo, o apogeu da humanidade, os fatos seriam explicados segundo leis gerais abstratas, de ordem inteiramente positiva.
Nesse viés, o fator absoluto é substituído pelo fator relativo, pois tudo seria relativo, exceto a lei absoluta da relatividade.
Principais Obras
- Curso de Filosofia Positiva (1830-1842)
- Discurso Sobre o Espirito Positivo (1844)
- Uma Visão Geral do Positivismo (1848)
- Religião da Humanidade (1856)
Curiosidade
O lema de Auguste Comte “Amor como princípio, ordem como base e progresso como objetivo” fundamentou os dizeres da bandeira do Brasil “Ordem e Progresso”.
Émile Durkheim nasceu em Épinal, na Lorena, no dia 15 de abril de 1858 e aos 21 anos de idade, ingressou na Escola Normal Superior de Paris, onde se graduou em Filosofia no ano de 1882, sob a tutela de Fustel de Coulanges.
Durkheim
Seus trabalhos teóricos começaram quando ingressou Universidade de Burdeux como professor de pedagogia e ciência social. A partir daí irá desafiar a sociedade acadêmica ao instituir um novo campo do saber: a Sociologia.
Publicou centenas de estudos sociais, acerca de temas como educação, crimes, religião e suicídio, até morrer em Paris em 15 de novembro de 1917, onde encontra-se enterrado no Cemitério do Montparnasse.
Além de ser o fundador da “Escola Francesa de Sociologia”, Émile Durkheim acumula mais alguns atributos, como constituir a Sociologia Moderna, ao lado de Max Weber e ser um dos responsáveis por tornar a sociologia uma disciplina acadêmica, ao conciliar a pesquisa empírica com a teoria, embasadas em rigorosos métodos.
Ao afirmar que “os fatos sociais devem ser tratados como coisas”, ele coloca o objeto sociológico enquanto objeto científico, posto que considerasse que só a ciência e um novo paradigma racionalista poderiam conduzir a respostas acertadas frente as mudanças sociais cada vez mais rápidas.
A grosso modo, sua obra constitui uma “teoria da coesão social”, para responder como as sociedades poderiam manter a sua integridade e coerência na era moderna, enquanto dimensões como religião e etnia pareciam desmoronar.
Segundo ele, o homem seria um animal bestial que só se tornou humano na medida em que tornou-se sociável. Assim, podemos observar o procedimento de aprendizagem, o qual Durkheim chamou de “Socialização”, como fator basilar na construção de uma “consciência coletiva”, estabelecida durante a nossa socialização.
Não obstante, um de seus principais argumentos foi o da determinança dos “fatos sociais”, os quais nos ensinam como devemos ser sentir e fazer, pois o que as pessoas sentem, pensam ou fazem não dependem totalmente de suas vontades individuais, posto que seja uma conduta instituída pela sociedade. Aqui, três propriedades são cruciais: generalidade, exterioridade e coercitividade; estas são as leis que conduzem o comportamento social, ou seja, o que governa os fatos sociais.
Sua teoria também ficara conhecida como Funcionalista, uma vez que faz uma analogia com as funções do organismo, na medida em que a existência e a qualidade de diferentes partes da sociedade, decompostas pelos papéis que exercem para manter o meio social balanceado.
Ainda neste tema, seus conceitos básicos serão “instituição social” e “anomia”. Assim, instituição social seria o conjunto de regras e artifícios uniformizados socialmente para conservar a organização do grupo e, por isso, são reacionárias por essência, (exemplo: família, escola, governo, polícia) e atuam perpetrando a oposição contra as mudanças, pela conservação da ordem.
Já a anomia seria uma situação em que a sociedade ficaria sem regras claras, sem valores e sem limites, e quando as mesmas podem ver-se incapazes de integrar determinados indivíduos estão dela afastados devido ao abrandamento da consciência coletiva. Este conceito foi utilizado, inclusive, para classificar os tipos de suicídio: suicídio altruísta, suicídio egoísta e suicídio anômico.
É de suma importância para ciência moderna sua obra “As regras do método sociológico” publicada em 1895, pois define uma metodologia de estudo que irá fundamentar toda área das ciências sociais. É aqui que estabelece as bases para a sociologia enquanto ciência, defendendo uma nova disciplina científica quando a legitimidade gerava desconfiança por grande parte dos seus pares.
Principais Obras de Durkheim
Da divisão do trabalho social (1893)
Regras do método sociológico (1895)
- O suicídio (1897)
- A educação moral (1902)
- Sociedade e trabalho (1907)
- As formas elementares de vida religiosa (1912)
- Lições de Sociologia (1912)